Ragnar
O cheiro de sangue ainda impregnava o ar, e isso me enfurecia tanto quanto me aterrorizava. Mesmo depois do médico chegar e começar a examinar Cameron, meu corpo inteiro estava em estado de alerta, o lobo dentro de mim à beira de perder o controle. Ela estava deitada na cama, pálida, os olhos cheios de medo, mas tentando disfarçar para não me preocupar ainda mais. Eu conhecia aquele olhar. Era o mesmo que ela usava quando tentava proteger os meninos de algo que ela sabia que os machucaria.
O médico levantou os olhos do ultrassom portátil que estava usando e soltou um suspiro curto. “Parece que estamos lidando com vasos sanguíneos sensíveis. Isso pode ser comum em algumas gravidezes, especialmente com qualquer tipo de estimulação, mesmo que não tenha havido penetração.” Ele me olhou diretamente, a voz baixa, mas firme. “Mas q
CameronEra um alívio saber que os exames confirmaram que estava tudo bem. Meu bebê estava seguro, e a única questão era a sensibilidade das minhas veias, que sangravam mais do que o normal. Isso eu podia controlar. Eu faria de tudo para proteger Enoch, mas o que me incomodava profundamente era o distanciamento que Ragnar havia imposto entre nós.Ele estava sempre por perto, me vigiando como se eu fosse de vidro prestes a se partir. Quando não havia ninguém comigo, ele estava na poltrona ao lado da nossa cama, trabalhando em silêncio. Mesmo quando estávamos sozinhos, não se aproximava de mim.Não me tocava. À noite, me cercava de travesseiros, quase como se estivesse criando uma barreira protetora ao redor de mim. Perguntava repetidamente se eu estava confortável, mas não se deitava comigo.Na terceira noite daquela situaç
RagnarEla não tinha ideia do quanto eu a desejava. Cada movimento dela, cada toque, fazia meu corpo incendiar. A forma como os cabelos dela caíam pelos ombros, a suavidade de sua pele, o cheiro que invadia meus sentidos... Eu queria Cameron. Mais do que qualquer outra coisa no mundo. E, justamente por isso, eu me afastava.Eu a segurei firme, meus braços envolvendo seu corpo enquanto a pegava no colo. Ela era tão leve nos meus braços, e, ao mesmo tempo, tão poderosa sobre mim. Levei-a de volta para a cama com cuidado, deitando-a delicadamente sobre o colchão. Mas quando tentei organizar os travesseiros ao redor dela, a barreira que eu insistia em manter. Cameron me encarou com aqueles olhos que sempre me desarmavam.Com um movimento decidido, ela começou a jogar todos os travesseiros no chão, um por um, sem dizer uma palavra no início.Assim que ela acabou, ela me enca
CameronAcordar com os travesseiros ao meu redor de novo trouxe aquela sensação familiar de frustração. Eu entendia que Ragnar só queria cuidar de mim, mas me manter à distância não fazia sentido. Estar ao lado dele era o que me acalmava, o que me fazia sentir segura. Eu precisava encontrar uma maneira de convencê-lo a parar com isso, a deixar o medo de lado.Levantei-me devagar, o corpo ainda um pouco pesado pelo sono, e fui para o banheiro. Fiz minha higiene matinal com a cabeça cheia de pensamentos, tentando imaginar como eu poderia fazê-lo entender que seu toque me acalmava, que sua presença era tudo o que eu queria e precisava. Voltei para o quarto e comecei a andar de um lado para o outro, meus pés descalços roçando o carpete macio enquanto eu refletia sobre isso.O cheiro dele chegou antes que seus passos ecoassem no andar. Parei de andar
RagnarEu podia ver pela expressão no rosto da Cameron que meu "plano" de não tocá-la durante toda a gravidez não caiu muito bem. O olhar dela estava cheio de decepção, e isso me incomodou mais do que eu gostaria de admitir. Não queria deixá-la chateada, principalmente agora. O simples fato de vê-la contrariada fazia meu lobo inquieto. Mas, para aliviar a tensão, tentei transformar o momento em uma brincadeira. Talvez fosse o jeito mais fácil de ela relaxar um pouco."Nem que eu quisesse, Cam," disse, forçando um sorriso e tentando soar despreocupado. "Não conseguiria ficar tanto tempo longe de você." Meus olhos focaram nos dela, esperando que minhas palavras fizessem efeito.Ela pareceu absorver o que eu disse, e notei seus ombros relaxando levemente. Isso já era alguma coisa. Ver a tensão deixando seu corpo me trouxe um certo alí
CameronEstava deitada na cama, os travesseiros macios me cercando enquanto meus dedos deslizavam pela tela do celular. Pesquisava inspirações para o quarto de Enoch, querendo que tudo fosse perfeito para ele. Cada imagem que eu encontrava me encantava. As cores suaves, os detalhes delicados... tudo transmitia a pureza e a doçura que eu imaginava para o meu bebê. Conforme me perdia entre fotos de móveis, papéis de parede e pequenos detalhes de decoração, o mundo ao meu redor desapareceu. Era como se, por um momento, todo o estresse da gravidez e as preocupações tivessem ficado para trás.Foi só quando senti um impacto leve ao meu lado que voltei à realidade. Mallory se jogou na cama, quase me fazendo derrubar o celular. Olhei para ela, surpresa, e a repreendi no mesmo instante."Mallory!" exclamei, com os olhos arregalados, mas logo caímos na risada
CameronA sensação de proteger minha irmã sempre foi natural, quase instintiva. Ao tentar suavemente convencê-la a ir com calma com Gabriel, senti que havia algo mais profundo ali. Talvez Mallory estivesse apenas projetando seus sentimentos, buscando conforto e segurança em alguém que simbolizava estabilidade. Ela queria ser amada, e eu entendia essa necessidade mais do que queria admitir. Havia dias em que Ragnar, com seu jeito reservado, me fazia sentir esse mesmo vazio, mesmo sem querer. Quando ele se afastava, a ausência era palpável, e a vontade de ser desejada, amada intensamente, crescia dentro de mim.Mudamos de assunto quando a porta se abriu suavemente e Ragnar entrou no quarto. Seu olhar sério denunciava que ele trazia notícias importantes."Vocês parecem mais tranquilas." ele falou e nós rimos. "Ou estão tramando algo.""Jamais, cunhado. Aprende
RagnarA resposta dela é quase imediata. Ela me beija, e eu sinto, no calor dos seus lábios, na firmeza de seus braços ao meu redor, que estamos completos. O desejo dela é o mesmo que o meu, e eu a abraço, segurando-a contra mim como se quiséssemos finalmente apagar qualquer rastro do passado que ainda pairasse entre nós.Ela encontra meu olhar, seus olhos intensos, e diz suavemente, mas com uma certeza quase feroz, “Sim. Quero me unir a você, Ragnar. Dessa vez, por escolha própria, quero deixar para trás o peso daquela primeira união.” Ela toca o lado do meu rosto, e eu retribuo o gesto, acariciando sua pele, uma resposta silenciosa que compartilha o que não digo em palavras.“Podemos fazer depois do aniversário de Rubi, o que acha? Daqui um mês, quem sabe?” ela propõe, e eu concordo, assentindo. Ela se levanta, seu semblante se ilumina
RagnarA noite está carregada de um silêncio profundo e reverente enquanto nos dirigimos para o local da cerimônia. Dentro do carro, o peso de uma reflexão solene repousa sobre todos nós. Mesmo os meninos, geralmente cheios de energia e perguntas, permanecem em silêncio. Riuk, mais quieto do que o normal, parece absorto em pensamentos, e me pergunto se ele consegue compreender, mesmo que vagamente, a grandeza do sacrifício de Max.Ao meu lado, Cam toca minha mão com um carinho que me faz lembrar do porquê a escolhi para estar sempre comigo. Levo sua mão aos meus lábios, e o sorriso que ela me oferece é como uma chama em meio à escuridão dessa noite. Segurando sua mão, me sinto mais centrado, mais forte, e isso me conforta quando estaciono o carro no local onde nossa alcateia aguarda em silêncio.Abaixo do céu crepuscular, nossas fileiras parecem eter