Cameron
Eu não consegui dormir bem a noite, perturbada pelos eventos do dia anterior. Meus dedos já estavam bem melhores, graças à rápida cicatrização dos lobisomens, mas as queimaduras ainda estavam vermelhas e sensíveis. Fui até o banheiro retirar as faixas para deixar os dedos respirarem. Olhei para as queimaduras e suspirei, sentindo a leve dor que persistia.
Voltando ao quarto, abri o armário em busca de algo para vestir. Queria evitar qualquer comentário crítico de Ragnar sobre minhas roupas. Mesmo que eu não considerasse nenhuma delas vulgar, sabia que ele poderia achar o contrário. Escolhi uma calça de ginástica preta e coloquei um top, vestindo uma blusa fina de tule preto por cima. Olhei-me no espelho e sorri. Eu me sentia linda. Calcei meus tênis e amarrei o cabelo curto em um rabo de cavalo, alguns fios soltos emoldurando me
CameronSubi as escadas com passos decididos, ainda sentindo a intensidade do treino com Ragnar. Cheguei à porta do quarto de Eron e bati levemente antes de entrar. Ele estava dormindo, encolhido sob as cobertas, parecendo um anjinho. Entrei devagar, tentando não o assustar."Eron, acorda," chamei suavemente. Ele resmungou e se mexeu, tentando se esconder ainda mais debaixo das cobertas."Vamos, Eron, é hora de levantar," insisti, abrindo as cortinas para deixar a luz da manhã entrar. O quarto se iluminou e Eron se escondeu ainda mais, resmungando."Saia daqui!" ele resmungou, a voz abafada pelas cobertas."Não vou sair," respondi, sentando-me na beirada da cama. "Vamos, acorda." Fiz cócegas nele, e ele começou a gargalhar, tentando se livrar do meu ataque."Para, para!" ele ria, finalmente tirando a cabeça debaixo das cobertas e me olhando."Levante-se. Hoje começaremos seu treinamento
RagnarFui para o escritório e comecei a andar de um lado para o outro, a mente fervilhando de pensamentos sobre como resolver a questão com Eron. Sabia que o menino estava em adaptação a Cameron, mas seus comportamentos estavam cada vez piores. Estava imerso em minhas reflexões quando ouvi batidas na porta."Entre," autorizei, sem olhar para a porta. Senti o cheiro de meu filho e me virei.Eron entrou, a cabeça baixa, parecendo menor do que realmente era. "O que está fazendo aqui, filho?" perguntei, tentando manter a voz firme, mas sem ser intimidante."Eu vim pedir desculpas pelo que fiz," ele disse, a voz baixa. "Não vai se repetir. Eu prometo.""Assim espero, filho." Fiquei espantado com suas palavras e me ajoelhei, ficando na altura dele. "Por que você fez isso, Eron? O que está acontecendo com você?"Ele me olhou, os olhos cheios de confusão e tristeza. "Estou irrita
CameronEu estava no gramado com Eron, observando-o enquanto se divertia. Meu objetivo era entender melhor sua postura e percepção, aplicando testes sem que ele soubesse. Ele corria, ria e fazia o que eu pedia sem questionar, uma mudança bem-vinda comparada ao nosso começo turbulento."Você está indo muito bem, Eron," elogiei, enquanto ele completava mais uma volta ao redor do gramado. "Mas o sol está ficando forte. Precisamos nos hidratar e ir para um lugar mais fresco."Andamos até perto da casa, onde a movimentação com a chegada das coisas novas para a cozinha era intensa. Peguei uma garrafinha de água e entreguei para o menino, pegando uma para mim em seguida e virando-a na boca."Já está cansado?" perguntei, vendo-o se sentar no chão."Um pouco. Não gosto muito de correr aqui fora. Nunca tenho ninguém para brincar," ele respondeu, parec
RagnarEstava no escritório, concentrado em revisar alguns relatórios, quando ouvi batidas na porta. "Entre," falei. Gabriel entrou, a expressão séria."Trouxe a tutora que escolheu," ele anunciou. "Ela está esperando para ser apresentada a Eron."Olhei para o relógio e me dei conta de como o tempo havia passado rapidamente. "Nossa, não percebi como a hora voou."Gabriel assentiu, compreensivo. "O trabalho não te larga, não importa onde você esteja."Levantei-me da cadeira. "Ela está no hall de entrada?" Questionei."Sim, pedi para ela aguardar lá. Assim não terá que ficar passeando por sua casa, terá acesso somente aos locais específicos."Caminhamos juntos pelo corredor, a tensão no ar quase palpável. Ao chegar ao hall, vi a mulher de postura firme e olhar acolhedor esperando. "Boa tarde, senh
CameronChegamos à casa central, onde as matriarcas se reuniam para trabalhar toda a dinâmica da alcateia. A casa era imponente, com uma fachada de pedra e grandes janelas que deixavam entrar a luz do sol. O jardim ao redor estava bem cuidado, com flores coloridas e caminhos de pedra que levavam à entrada principal. Assim que entramos, fui tomada por uma mistura de admiração e inquietação. O lugar exalava tradição e poder, e eu sabia que Ragnar me trouxera aqui com intenções claras."Vamos, Cameron. Está na hora de conhecer seu novo ambiente de trabalho," Ragnar disse, com firmeza, mas sem olhar para mim. Ele saiu na minha frente, e admirei o lugar por mais alguns segundos antes de segui-lo.Caminhamos pelo hall de entrada, decorado com tapeçarias antigas e retratos de antigos alfas e matriarcas. A atmosfera era de respeito e reverência, algo que n&at
CameronA matriarca Helena me levou para a área externa da casa, onde várias lobas estavam descascando alimentos e picando legumes e verduras. O som rítmico das facas e o murmúrio baixo de conversas preenchiam o ar. "Esta é a área de alimentação para lobos desgarrados e errantes," explicou Helena. "A produção é feita diariamente. Hoje estamos enfrentando dificuldades com a mão de obra e desperdício de alimentos. Você tem alguma alternativa para resolver essa situação? Na verdade, a senhora sabe cozinhar?"Algumas lobas riram baixinho, mas meu rosnado baixo e ameaçador as fez calar-se instantaneamente. Minha postura era rígida e forte, e deixei que meu poder se expandisse, fazendo com que todas se calassem e me observassem com atenção.Olhei rapidamente ao redor, analisando a situação. "A forma c
CameronHelena me levou até uma sala reservada, um ambiente acolhedor com paredes forradas de livros antigos e uma janela que deixava a luz suave do fim da tarde entrar. Pude sentir a tradição e a história impregnadas no lugar. Ela me pediu para sentar em uma poltrona confortável e serviu uma xícara de chá fumegante, o aroma suave e reconfortante."Obrigada," disse, pegando a xícara. A observava enquanto ela se sentava em frente a mim, parecendo ponderar sobre como começar."Vou te contar um pouco sobre a história do alfa, mas acredito que ele terá mais informações do que eu." ela começou, o olhar distante enquanto relembrava."Eu sei, mas ele ainda é muito fechado e preciso saber mais para que não cause nenhum problema." ela voltou seus olhos para mim. "Sabe como é uma união de segunda escolha." ela confirmo
RagnarObservei Cameron sair da sala, seu olhar baixo, evitando me encarar, e estranhei. Quando a porta se fechou, me sentei em frente à matriarca Helena, minha mente ainda cheia de perguntas sobre a conversa que havia acabado de interromper."O que ela fez de errado?" perguntei, direto ao ponto, esperando alguma crítica ou problema.Helena franziu a testa, surpresa. "Errado? Não houve nada de errado, Alfa. Pelo contrário, ela é formidável.""Formidável?" repeti, surpreso."A nova Luna é extremamente competente e ponderada," continuou Helena. "Ela tem um alto poder de resolutividade e consegue atrair a atenção de todos, fazendo com que entendam claramente o que diz. Ela reorganizou toda a área de alimentação com uma eficiência impressionante. É um diamante bruto, Ragnar. Se souber lapidá-la, a alcateia central e a Alian&cc