Cameron
Enquanto descíamos para almoçar, senti uma onda de contentamento ao ver Eron tão animado. Ele estava cheio de energia, conversando sobre as coisas que havia aprendido na escola e os novos amigos que havia feito. Era reconfortante vê-lo assim, tão feliz e seguro, e isso me deu coragem para abordar um assunto delicado durante o almoço.
“Eron,” comecei, esperando o momento certo para falar, “quero te contar sobre um pequeno lobo que conheci hoje. Ele está preso em uma cadeira de rodas, e seu pai e eu decidimos que queremos ajudar.”
Eron, sempre curioso, franziu a testa, olhando para mim com seus grandes olhos atentos. “Por que ele está em uma cadeira de rodas, mamãe?”
“Ele sofreu um acidente, Eron,” expliquei com cuidado, olhando para Ragnar que concordou comigo em omitir os detalhes. “É órfão, e não tem ning
RagnarEnquanto me preparava para entrar no quarto de Eron, virei-me para Cameron e Eron, que ainda estavam parados na porta do quarto. “Desçam,” ordenei, minha voz firme e sem espaço para discussão.Cameron, no entanto, tentou argumentar, a preocupação evidente em seus olhos. “Ragnar, afaste-se. Pode ser perigoso…”“Não,” interrompi, meu tom resoluto. “Eu sou o único que pode lidar com isso. Se algo acontecer, você precisa tirar o nosso filhote daqui, Cameron.”Ela hesitou, mas então, com um leve aceno de cabeça, concordou. Pegou Eron pela mão, que relutantemente começou a descer as escadas com ela. Assim que desapareceram de vista, voltei minha atenção para o quarto de Eron, onde o ar parecia denso e pesado, carregado de uma energia estranha.Entrei no quarto e imediatamente senti algo diferente,
CameronCom Ragnar e a equipe fora, em busca de pistas sobre quem havia trazido aquela ameaça para nossa casa, eu me vi sozinha com Eron. O silêncio que ficou após a saída deles pesava no ar, mas eu sabia que precisava manter a calma e ajudar Eron a superar o medo que ainda o assombrava.“Eron,” chamei suavemente, me agachando para ficar à altura dele, “o que você quer fazer agora?”Ele me olhou com seus grandes olhos, ainda um pouco assustado, mas determinado. “Eu não quero mais ficar naquele quarto, mamãe. Quero escolher um quarto novo. Um onde eu possa ficar perto de Riuk, se ele vier morar com a gente.”A compaixão e o orgulho por ele cresceram em meu peito, mas eu sabia que precisava ser honesta. “Riuk não pode morar aqui, Eron.”“Por quê? Ele vai ser treinado por você e pelo papai. Por que não pode morar
RagnarCheguei em casa às oito da noite, ainda sentindo o pulsar dos acontecimentos do dia. O peso das descobertas e a frustração por alguém ter conseguido se infiltrar tão perto de mim, de minha família, ainda latejava em minha mente. O silêncio que reinava na mansão sugeria que Cameron e Eron já haviam jantado e estavam se preparando para dormir. Subi as escadas lentamente, a tensão ainda presente em cada músculo.Quando cheguei ao quarto de Eron, me surpreendi ao encontrar o espaço vazio. Uma inquietação me atravessou, mas continuei a procurar, indo de um quarto a outro. Por fim, ao me aproximar do quarto próximo ao de Cameron, encontrei o que procurava. Ela estava deitada na cama com Eron, lendo uma história para ele, sua voz suave enchendo o quarto com uma calma que contrapunha o tumulto dentro de mim.Encostei-me no batente da porta, observando a
CameronApós deixar Eron na escola, Ragnar me levou até a casa das matriarcas. Durante o trajeto, a ansiedade começou a crescer dentro de mim, o medo de que Riuk pudesse rejeitar minha ajuda pesando em meus pensamentos. Ragnar, percebendo minha inquietação, colocou a mão sobre a minha e me olhou com aquele jeito calmo e firme que sempre conseguia me tranquilizar.“Ele está desesperado por cuidados, Cam,” disse ele, com confiança. “E você é a pessoa mais indicada para cuidar disso. Acredite em si mesma.”Seu apoio aqueceu meu coração, e um sorriso apareceu em meus lábios. “Obrigada, Ragnar,” respondi, inclinando-me para dar-lhe um beijo antes de sair do carro. Era uma pequena promessa, um lembrete de que eu tinha alguém ao meu lado.Assim que entrei na casa das matriarcas, fui recebida pelo doutor Galler e o fisioterapeuta Fr
RiukEu observava tudo com uma mistura de ceticismo e desconfiança. As outras crianças corriam e riam ao redor, animadas com a atenção dos lobos que estavam ali para avaliá-las. Mas para mim, aquilo era apenas mais uma prova de que eu era diferente, que minha condição me isolava dos outros.Cameron, ou a Luna Suprema, como ela disse ser, estava ao meu lado, me observando com aquela expressão que eu não conseguia decifrar. Havia algo nos olhos dela que era difícil de ignorar, uma combinação de preocupação e determinação que fazia com que eu me sentisse... importante, de um jeito que não estava acostumado.Os lobos finalmente se voltaram para mim e para ela, indicando que eu era o último a ser avaliado. Cameron apoiou a mão sobre a minha, um gesto que deveria ser reconfortante, mas que me fez recuar automaticamente. Eu não est
CameronAinda estava emocionada com a intensidade do olhar de Riuk. Pude ver a esperança brilhando em seus olhos, a vontade quase desesperada de acreditar que voltaria a andar. Aquele pequeno vislumbre de confiança me encheu de determinação. Não podia decepcioná-lo.Deixei Riuk com seus pensamentos e corri até a matriarca Helena, que estava organizando alguns papéis em seu escritório. Quando entrei, ela levantou os olhos e sorriu, mas notei um traço de cansaço em sua expressão.“Helena, eu vou terminar os relatórios de todas as crianças hoje mesmo,” comecei, minha voz mais firme do que eu imaginava. “E gostaria de pedir autorização para levar Riuk para minha casa todas as tardes. Quero acompanhá-lo no treinamento e na readaptação.”Helena franziu o cenho, claramente surpresa com meu pedido. “Cameron, não sei se é certo dar esse trabalho a você. Já tem tantas responsabilidades como Luna…”“Não é trabalho algum,” interrompi, determinada. “Já converse
RagnarEnquanto observava a interação entre Cameron, Eron, e Riuk, não pude deixar de admirar a forma como minha Luna conseguia se conectar com o menino. Era evidente que, apesar de tudo o que tinha acontecido com ele, Riuk possuía uma força interior que eu raramente via em alguém tão jovem. Sua postura, mesmo na cadeira de rodas, exalava uma espécie de determinação que me surpreendia. Ele estava receoso, sim, mas seus olhos não mostravam sinais de covardia. Ao contrário, havia uma firmeza neles, um brilho que dizia que ele estava pronto para enfrentar qualquer coisa que aparecesse em seu caminho. E isso, sem dúvida, me deixava satisfeito.Quando chegamos em casa, Cameron se inclinou para Riuk, sua voz suave, mas cheia de autoridade maternal. "Riuk, você está com fome?"Ele assentiu em silêncio, e ela imediatamente tomou a dianteira. "Então vamos
CameronLevantei-me da mesa em silêncio, deixando Ragnar e Eron. Algo dentro de mim não podia simplesmente ignorar o que Riuk havia dito. Fui atrás dele, seguindo o som suave da cadeira de rodas se afastando até que o encontrei parado em frente a uma grande janela, seus olhos perdidos no horizonte, como se buscassem respostas que ele não conseguia dar. Parecia tão pequeno, tão frágil... e, ao mesmo tempo, havia uma força silenciosa nele que me intrigava.Sem dizer uma palavra, me sentei no chão, encostando as costas na parede perto de onde ele estava. Não forcei uma conversa. Apenas fiquei ali, com ele, esperando que se sentisse à vontade. O silêncio entre nós era pesado, cheio de perguntas não ditas e dores mal compreendidas.Depois de alguns minutos, ele finalmente me olhou, seus olhos refletindo um mar de emoções. "Eu nã