Me senti feliz por perceber que ele, pelo menos, repensou na maneira como tratou a mãe. Afinal, ele foi lá para vê-la e saiu brigando com Deus e o mundo. Não dá. Mas decidi ir além. Eu preciso.— Sei que é difícil para você, Henry, e sei que o assunto da sua mãe não tem nada a ver comigo, e sim com você. — Ele negou, me interrompendo.— Desculpa, amor. Não queria ter falado daquele jeito. Você tem a ver com tudo que se refere à minha vida. Mas, na boa, minha mãe sempre te renegou como minha esposa, e agora você vem tentar defendê-la?— Isso é sobre quem eu sou, Henry. Não é sobre o que os outros me fazem ser. Não mudo meu jeito pelo modo como sua mãe me trata. Para mim, o certo é o certo, e não há vírgula que mude isso. Você precisa aceitar que sua mãe viveu a vida inteira em prol de você e da Bárbara. Sabemos que ela fez tudo por vocês, até mais do que devia. Era até chato, e você não venha dizer que não incomodava ela tentar saber tudo da sua vida. Até mesmo depois de casado, ela li
Eu e Henry nos olhamos abismados. Afinal, não é nada normal ver Elisângela aqui. Chega a ser estranho. Ela estava sentada ao lado da Bárbara, com a Mia em seu colo. Brincava com ela, dava beijos em sua barriguinha, e a Mia gargalhava, soltando risadas gostosas. Sorri observando a cena. Nunca imaginei presenciar algo assim, mas fiquei feliz em ver o quanto ela é carinhosa com a minha pequena.— Converse com ela e, pelo amor de Deus, evite desentendimentos. — Sussurrei para Henry, tentando evitar que elas nos ouvissem. Minha intenção era não descer para não causar nenhum climão, mas parece que foi em vão.— Mel, meu amor, cadê meu abraço, amiga? — Bárbara se levantou assim que nos avistou. Ela veio até o pé da escada, e eu não tive outra opção senão descer. Fui com Henry, enquanto Bárbara me recebeu de braços abertos. Sorri para ela, e Elisângela se levantou com Mia ainda nos braços.— Oi, amor, como passou a noite? — Perguntei, ainda no abraço de Bárbara.— Amor? Como assim amor? — Henr
ElisângelaNo dia anterior...Após a saída da minha filha do hospital, eu e Eduardo conversamos muito sobre tudo o que pretendemos para o futuro. Enfim, chegamos à conclusão de que só daremos continuidade ao nosso relacionamento se Henry estiver de acordo. Não dá, não suportaria ficar ainda mais distante do meu filho, e Eduardo me compreendeu. Sinto um vazio enorme no peito ao tomar essa decisão, mas acredito que será a escolha mais prudente.Eduardo se dispôs a permanecer por perto, pelo menos como amigo e fiel companheiro, mesmo que não fiquemos juntos.Deixei Eduardo à vontade para ir embora e aproveitei para deixá-lo livre para fazer o que quisesse com sua vida. Afinal, ele não é obrigado a passar a noite toda em um hospital. Sei como isso pode ser desconfortável. Mas, surpreendentemente, ele decidiu ficar. Passou a noite inteira ao meu lado, segurando minha mão e ouvindo minhas lamúrias. Foi uma noite difícil, marcada pela insônia. Não consegui pregar os olhos, pois só conseguia
Sentir aquele abraço em família mexeu profundamente comigo, com meu coração. Jamais imaginei que pudesse sentir o que estou sentindo agora, até porque era hipócrita demais para admitir meus erros.Enquanto ainda estávamos abraçados, Ricardo entrou pela porta da casa.— Bom dia. Perdoem a invasão, preciso falar com vocês. — Ele disse, e todos nós nos alertamos. Henry o olhou, se aproximou dele e abriu os braços.— Desculpa por ontem, irmão, de verdade. Eu não deveria nem ao menos ter pensado que você poderia esconder algo de mim. — Ricardo sorriu e foi ao encontro do abraço do meu filho.Penso que meus filhos estão cercados de pessoas amorosas e sábias, muito mais sábias do que eu fui como mãe deles. Eles são unidos, mais do que eu poderia imaginar. Têm amizades que são para a vida toda, e isso é uma das melhores coisas que alguém pode ter: ser rodeado de bons e fiéis amigos. Bárbara e Melissa sorriram enquanto observavam a cena, e eu continuei abraçando os ombros da minha nora. Quero
HenryMinha mãe avisou que iria até a casa da mãe da Renata, e me senti no dever de acompanhá-la. Queria evitar qualquer mal-estar e, principalmente, protegê-la. Minha vida deu um salto hoje. Estou feliz e só quero que a Renata nos deixe em paz. É tudo o que precisamos para viver essa felicidade. Falo, principalmente, do fato de ver minha mãe finalmente aceitando a Melissa como minha esposa, algo que eu já não tinha mais esperanças de acontecer.Não sou uma pessoa esperançosa, nunca fui. Sou mais da prática. Sinceramente, não esperava isso dela, ainda mais depois de todo esse tempo. Agora, me sinto no dever de aceitar o Edu ao lado da minha mãe. Se é para ela ser feliz, que assim seja. Só precisamos que a Renata nos dê paz para finalmente dizer o bendito "amém". Caramba, é só uma pessoa, mas ela está me provocando pânico. Não por mim, mas pelo medo do que ela possa tentar contra a Melissa, que, pelo visto, se tornou seu alvo principal.Saímos juntos: eu, Ricardo, Bárbara e minha mãe.
— Brenda, tente nos entender. A Renata está destilando o caos na minha família. Minha mãe passou mal na frente dela, Brenda. Mas ela simplesmente ignorou a situação, virou as costas e foi embora. Isso é cruel, você não acha? Eu jamais faria isso com você, se fosse o caso. — Argumento, e ela fica pasma.— Isso não é possível, Elisângela… Meu Deus, não. Minha filha seria incapaz de agir friamente dessa maneira. — Ela coloca as mãos na cabeça, apavorada. Era evidente que estava surpresa.— Pois ela fez, infelizmente. Sempre tive a Renata como uma filha, sempre a tratei com carinho. Mas, pelo visto, o carinho e o amor não são recíprocos. Quando falei a ela que não estava enxergando, ela perguntou se eu estava fazendo o tratamento e, prontamente, respondi. Mas ela simplesmente disse que estava indo embora, e foi. Nunca imaginei isso. Foi o auge para eu perceber que ela não tem escrúpulos. — Minha mãe fala, pensativa, enquanto Brenda demonstra revolta por ouvir algo assim sobre a filha.— S
HenryO dia passou rápido. Parece que tudo flui melhor quando estou bem com a Melissa. Ela consegue me tirar das preocupações e dos problemas que carrego. O dia fica mais leve só de saber que sairei do trabalho e irei para casa encontrá-la, junto com a minha vidinha, minha princesa. Por alguns momentos, esqueço os problemas que me atormentam. E não posso negar: estou soltando fogos por estar em paz com minha mãe. Saber que poderei ir à casa dela, levando minha esposa e minha filha para aquele belo almoço de domingo, me enche de esperança. Na verdade, sinto falta do que nunca tive, já que nunca fizemos esse tipo de programa em família.Hoje, na loja, tive uma surpresa. O Lennon apareceu no final do expediente para buscar a Cristal. Pelo visto, minha irmã bancou o cupido e deu certo. Não vou negar: por mais que eu saiba que minha esposa me ama, acho até melhor ele ter alguém na vida dele. Assim, ela pode dedicar toda a atenção para mim. Sou injusto, ciumento e nem tento negar — gosto da
Enquanto ela ficou na sala comendo guloseimas, fui até o quarto trocar de roupa. Não gosto de ficar de calça em casa, nem de camisa, mas, como ela estava aqui, preferi manter a camisa. Quando voltei para a sala, percebi que estavam passando cenas eróticas no filme.— Acho melhor mudar esse filme. — Comentei, observando as cenas. Bárbara parecia se divertir com meu incômodo, tanto que abriu um sorriso malicioso.— Ah, para de ser chato e senta aqui. — Sorri e balancei a cabeça em negação.— Vou pegar um suco. Você quer? — Perguntei, já me dirigindo à cozinha.— Desde quando se bebe suco comendo bombons e pipoca? Cadê o refri que você prometeu?— É só uma opção, mas já trago o refrigerante.— Só se for para depois precisar de uma lavagem estomacal. — Ela respondeu, rindo. Fui até a cozinha e, de propósito, demorei mais do que o necessário. Não me sentia nada confortável assistindo a um filme com conteúdo sexual ao lado dela. Aproveitei o tempo para dar uma olhada no celular.— Está evit