Anny Celik Desci as escadas com o coração acelerado, a cabeça cheia de pensamentos e as palavras de Miguel ecoando na minha mente. A pasta com os documentos ainda pesava em minhas mãos, um lembrete físico do que acabara de acontecer. Antes que pudesse processar tudo, a porta da frente se abriu e Diana entrou, o som dos saltos ecoando no mármore. Seus olhos encontraram os meus, depois deslizaram para a pasta que eu segurava, e finalmente subiram para Miguel, que vinha logo atrás de mim. — O que está acontecendo aqui? — Diana perguntou, sua voz carregada de desconfiança. Parei no pé da escada, sentindo o olhar dela alternar entre mim e Miguel. Antes que eu pudesse responder, ele desceu os últimos degraus, parando ao meu lado. — Isso não te diz respeito, Diana. — Ele falou com firmeza, mas sem hostilidade. — Não me diz respeito? — Ela riu, incrédula, cruzando os braços. — Eu acho que me diz, sim, Miguel. Afinal, nós dois temos uma história. Ou você esqueceu? Eu olhei pa
Capítulo Dezesseis!Miguel Ylmaz Aksoy A porta se fechou atrás de Anny, levando com ela qualquer resquício de controle que eu ainda tivesse. Meu corpo inteiro estava tenso, e a sala parecia pequena demais para conter a tempestade que se formava dentro de mim. Diana permaneceu no meio do salão, seus olhos fixos em mim, ardendo com uma mistura de raiva e mágoa. — Então é isso? — ela disparou, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina. — Você vai simplesmente deixá-la ir e me rejeitar de novo? Passei a mão pelo cabelo, tentando organizar meus pensamentos, mas a única coisa que eu conseguia enxergar era o rosto de Anny. Seus olhos determinados, a firmeza com que ela se colocou diante de todos... Ela ainda era a mulher que me desafiava, que me fazia querer ser melhor, mesmo quando eu não sabia como. — Diana... — comecei, mantendo minha voz o mais calma possível. — Eu nunca pedi nada disso a você. Ela riu, um som amargo e cheio de desprezo. — Claro que não pediu, Miguel! Voc
Anny O som do relógio preenchia o silêncio do meu escritório. Os ponteiros pareciam arrastar-se, como se estivessem zombando da minha tentativa de manter o foco nas papeladas espalhadas pela mesa. O setor jurídico do hospital estava sob minha responsabilidade, e aquele trabalho burocrático deveria ser o suficiente para ocupar minha mente. Mas não era.Cada assinatura, cada carimbo, cada página revisada apenas reforçava o vazio que Miguel havia deixado. Por mais que eu tentasse me convencer do contrário, ele ainda estava em mim. Suas palavras, seus gestos e de como estava arrependido. Tudo isso insistia em ecoar dentro de mim, como uma melodia impossível de ignorar.O telefone tocou, tirando-me dos pensamentos.— Doutora Anny, — a voz da minha secretária soou do outro lado da linha. — Um dos advogados chegou para a entrevista. Posso deixá-lo entrar?Não me lembrava de ter agendado uma entrevista com advogados para hoje, mas talvez fosse algum detalhe que havia escapado em meio à rotin
Miguel Ylmaz Aksoy O escritório de Anny era um espaço funcional e organizado, mas havia algo na energia daquele lugar que me deixou inquieto. Talvez fosse ela, com seu ar de profissionalismo e determinação, que sempre conseguia me desarmar. Ao sair de lá, o calor do momento ainda queimava sob minha pele, mas logo fui interrompido por uma figura inesperada no corredor: Marc. Ele estava encostado na parede, braços cruzados, como se já esperasse por mim. — Miguel — chamou, sua voz cortante e carregada de tensão. — Precisamos conversar. Eu sabia que esse encontro era inevitável. Não era segredo para mim que Marc nutria sentimentos por Anny, mas vê-lo ali, me encarando como se pudesse me despedaçar com o olhar, trouxe à tona a rivalidade que sempre pairou entre nós. — Se quer conversar, Marc, faça isso rápido. Tenho mais o que fazer. Ele bufou, claramente irritado com minha postura. — O que exatamente você quer, Miguel? — perguntou, sua voz carregada de sarcasmo. — Porque, since
Anny Celik Miguel me olhava como se o mundo ao redor não existisse, e, mesmo tentando ignorar, eu sentia meu corpo reagir àquela intensidade. Sentada à frente dele no restaurante, senti como se estivéssemos presos em uma bolha onde nada mais importava. Ele tinha esse poder, e isso me assustava. O jantar seguia como um jogo de xadrez. Cada palavra trocada era um movimento calculado. Ele sempre foi assim, mestre em manipular o tabuleiro, mas eu estava determinada a não ser a peça que ele comandava. — Você ainda não respondeu à minha proposta — ele disse, sua voz baixa e carregada de expectativa. Desviei o olhar para o vinho no meu copo, girando-o levemente entre os dedos. — Duas noites por semana para jantar, Miguel? Depois de tudo? É sério? Ele apoiou os cotovelos na mesa, inclinando-se um pouco mais perto. O cheiro do perfume dele invadiu meus sentidos, uma mistura de notas amadeiradas e algo perigosamente familiar. — Sim, Anny. Duas noites. Não estou pedindo muito. Me
Anny Celik Ao chegar à porta do meu apartamento, senti uma estranha inquietação. A luz do corredor era fria, quase clínica, mas não era isso que me incomodava. Olhei para a fechadura digital, um novo sistema que eu não lembrava de ter instalado. Franzi a testa, confusa, e levantei a mão para tocar o teclado, mas parei ao ouvir passos atrás de mim. — Anny — a voz grave de Miguel soou próxima, e antes que eu pudesse me virar, senti sua mão firme pousar na minha cintura. Um arrepio percorreu minha espinha, mas me forcei a ignorar. — O que está fazendo aqui? — perguntei, girando levemente a cabeça para encará-lo. Ele não respondeu de imediato. Em vez disso, esticou o braço e digitou a senha no painel com a facilidade de quem fazia isso há anos. Um som suave indicou que a porta estava destrancada. — O que foi isso? — perguntei, minha voz carregada de incredulidade. Ele abriu a porta com um movimento elegante e virou-se para mim, os olhos brilhando com aquela mistura de autoco
Anny Celik O som do abajur se estilhaçando no chão fez meu coração saltar. —Droga!—murmurei, inclinando-me para recolher os pedaços, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, a porta do quarto se abriu com um movimento brusco. Miguel entrou rapidamente, os olhos escaneando o quarto até me encontrar ao lado da cama, vestindo apenas uma camisola de seda. O tecido fino caía sobre minha pele como uma segunda camada, e o olhar dele percorreu meu corpo de cima a baixo com intensidade suficiente para fazer meu rosto arder. — Está tudo bem? — perguntou ele, com a voz rouca, mas carregada de preocupação. Apressada, peguei o lençol da cama e o envolvi ao redor de mim, tentando criar alguma barreira entre nós. — Estou bem. Só derrubei o abajur, não precisava entrar assim. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas ele não parecia se importar. Ele deu alguns passos em minha direção, seus olhos ainda presos em mim como se eu fosse a única coisa naquele quarto. — V
Miguel Ylmaz Acordei com a luz da manhã invadindo o quarto. Minha cabeça ainda rodava, mas não por conta de bebida, e sim pelo que havia acontecido na noite anterior. Por um momento, senti um sorriso surgir nos lábios. Eu e Anny finalmente nos entregamos ao desejo que vinha nos consumindo. Mas a alegria durou pouco. Rolei na cama, ainda nu, esperando vê-la ao meu lado, talvez envolta nos lençóis, com aquele sorriso travesso que me enlouquecia. Franzi a testa. "Talvez esteja no banheiro", pensei, tentando afastar a sensação incômoda que começava a surgir. Levantei-me, vesti a calça rapidamente e comecei a procurar pelo apartamento. — Anny? — chamei, olhando pela cozinha. Nada. Fui até a sala. Silêncio absoluto. O apartamento parecia abandonado. Voltei para o quarto e foi então que vi o papel dobrado sobre o travesseiro. Peguei-o, ainda com as mãos trêmulas, e li. "Quando sair do meu apartamento, não esquece de trancar. Obrigada pela noite, mas não se esqueça: ontem eu só te