— Luiza, dá pra ver que você tá falando de coração. Por isso que a gente insiste em te chamar pra sair! Não importa onde vamos ou quanto custa. Mesmo que a gente te leve pra comer num food truck, você não vai olhar a gente de cima! Esse é o jeito que a gente te conhece! — Falou Vinícius, um pouco emocionado.— Claro que não! Vocês já esqueceram de como eu tava quando comecei meu negócio? Hoje em dia, o mercado é assim: a gente tem que falar bonito, sorrir e se curvar pra conseguir qualquer coisa. Quem disse que eu desprezo alguém? — Respondi, bem à vontade, até porque a sinceridade do Vinícius me agradava.— A gente nunca se enganou com você! Sempre soubemos que você é direta, fala a verdade e faz o que tem que ser feito. E é isso que faz a gente te admirar! Na nossa turma, você sempre foi como uma deusa pra gente! — Ele afirmou com convicção.Dei um sorriso satisfeito:— Sério?— Sim! Uma pena o que aconteceu entre você e o Vitor... Se não tivesse acabado assim, ia ser ótimo ver vocês
— Só de não ser igual à Rita já tá bom! — Comentei, soltando um sorriso meio preocupado. — Você nem imagina! Esses dias ela tem me cercado lá em baixo do prédio, não faço ideia do que ela quer.— Essa Rita é mesmo difícil de lidar, hein? Melhor manter distância. Quando ela cisma com alguém, é dor de cabeça na certa! — Disse Vinícius, levantando-se. — Luiza, vou indo. Quando você voltar, me liga. Dessa vez eu organizo tudo! Fica tranquila, só vai ter gente de confiança.— Já vai mesmo? — Perguntei, levantando meio a contragosto.— Quando você voltar, a gente conversa direito. Não vou tomar mais o seu tempo de trabalho agora. — Disse ele, decidido.Eu o acompanhei até a porta do elevador e combinamos de nos ver de novo quando eu voltasse de Cidade A.Vinícius realmente parecia ser uma pessoa objetiva, focada no que fazia, sem perder tempo com enrolação. Além disso, sabia ser discreto.Depois que ele se foi, chamei Amanda para perguntar sobre a visita de Rita de manhã.Amanda me contou qu
Descemos juntos para o jardim dos fundos, onde havia um grande espaço aberto.O lugar era cercado por árvores altas, dispostas de maneira harmoniosa, criando uma bela paisagem verde ao redor do jardim. E logo atrás, havia uma pequena faixa de praia privativa!Apesar de morar na Quinta do Lago há tanto tempo, eu nunca tinha tido tempo para explorar essa parte da propriedade. À esquerda, numa encosta, havia uma plantação de árvores frutíferas e, logo abaixo, uma enorme horta.Esse jardim dos fundos realmente seguiu o plano do meu pai. Ele fez questão de plantar flores de diversas espécies ao redor de todo o pátio. A cada estação, havia diferentes variedades florescendo, perfumando o ar.Só quando cheguei ao jardim dos fundos percebi que muitas das flores frescas que enfeitavam os cômodos da casa vinham do nosso próprio jardim.Enquanto caminhávamos em direção ao jardim, Ivana e Jenny não paravam de rir e conversar, girando ao nosso redor como duas borboletas.Naquele momento, senti uma t
Eu estava prestes a perguntar mais alguma coisa, mas a mão de Daniel apertou a minha, claramente sugerindo que eu não continuasse.Logo ouvi o chamado de Ivana:— Vovô, eu trouxe papai e mamãe pra ver as árvores que você plantou! A vovó disse pra você terminar logo pra gente poder jantar mais cedo!Respirei fundo, tentando me recompor, e olhei em direção ao meu pai. Ele usava um chapéu de palha e tinha uma toalha pendurada no pescoço. Estava suado, com a pele tão escura que parecia carvão. Mas seu corpo parecia mais forte agora. Antigamente, meu pai tinha um ar intelectual, mas hoje parecia um verdadeiro camponês!— Pai, você está tão queimado! — Disse eu, rindo, enquanto apontava para o rosto dele.Ele, ao ver que eu e Daniel havíamos chegado, ficou todo feliz. Com um gesto orgulhoso, apontou para o pomar atrás dele e disse:— Olha o que conseguimos! Como eu não ia me bronzear? Isso é o que significa trabalhar de verdade!Em seguida, ele apontou para algumas plantas podadas em formas
Quando meu pai percebeu que eu o olhava, rapidamente voltou a sorrir:— Se for para arrumar os livros, eu mesmo preciso voltar para organizá-los. Tem algumas coisas que não são mais necessárias.Ao ouvir isso, percebi que ele já estava cedendo. Então, aproveitei o momento e continuei:— Uma vez que resolver isso, você se livra dessa preocupação. Não vamos precisar ficar pensando naquele lugar todo ano. Não é um incômodo desnecessário?— Dizem que as folhas caem onde as raízes estão, não é? A voz dele soava melancólica.— Pai! Eu não sou sua raiz? Onde eu estiver, vocês também deveriam estar! — Falei com firmeza.Ele apenas sorriu, sem responder. Parecia ainda estar ponderando sobre o que fazer.Daniel, entendendo o que eu queria dizer, entrou na conversa:— Pai, a Luiza está certa. Fiquem tranquilos e vivam aqui de uma vez por todas. Já está decidido. Outro dia, mando alguém ir com você para ajudar a arrumar tudo e resolver a venda da casa.— Não precisa mandar ninguém. Quando for a h
Eu sorri e disse:— Estou pensando em levar isso para Cidade A amanhã. Vou dar de presente para o António, é da nossa própria fazenda, tem um significado especial, você entende, né?— Eles, coitados, não tiveram nem um filho. Se o filho deles estivesse vivo, estaria com a mesma idade que o nosso... — lembrei-me da expressão de António, e uma inquietação tomou conta de mim. Murmurei. — Será que a dona Moura está bem de saúde?Daniel assentiu com a cabeça:— Então leve. Leve também uma cesta para o Marcelo. Amanhã te levo ao aeroporto.Para ser sincera, fiquei aliviada. Daniel nunca contrariava minhas vontades.Sem que percebêssemos, o céu já havia escurecido. Se não fosse pela falta de visibilidade, provavelmente continuaríamos no pomar, aproveitando o momento.Daniel deu uma ordem:— Pronto, Ivana, Jenny, chega por hoje. Se não voltarmos logo, sua avó vai vir nos procurar aqui no pomar!Meu pai pediu a alguns funcionários que colhessem algumas jacas grandes e as levassem para dentro da
Na verdade, mesmo que ele não tivesse me lembrado, eu teria ligado para o Marcelo assim que chegasse à Cidade A. No telefonema, ele ficou eufórico ao saber que eu estava na cidade e insistiu:— Deixa o Bryan te buscar, e vamos jantar em casa esta noite!Depois que desliguei, Hugo comentou:— Eu sabia que ia ser assim, por isso nem me preocupei em arranjar seu jantar. Eu ainda tenho um compromisso mais tarde, então dessa vez você está por conta própria!— Fiquem à vontade! — Respondi com um sorriso travesso. — Não é fácil quando se tem família, né?Mateus, com uma expressão de desdém, respondeu rapidamente:— Vai com calma, pensa na sua reputação. Estamos aqui trabalhando para você e nenhum de nós tem família. E você ainda fica se exibindo?Ri e logo rebati:— Ah, para com isso! Eu nunca disse que vocês não podem ter família! Estou apenas dando o exemplo, sabia? Um bom desempenho no trabalho vem de um equilíbrio com a vida familiar. Ter sucesso é saber conciliar os dois! E, falando niss
Eu dei um sorriso meio sem graça e, tentando argumentar, falei:— Pai! Como assim não estou no seu cronograma? Olha só, eu voltei pra casa!Bryan, carregando a cesta de frutas, completou:— Isso aqui é da sua filha. Frutas fresquinhas da nossa terra.— Pai! Essas são do pomar da Quinta do Lago, colhidas ontem à noite! — Acrescentei rapidamente. — A Ivana escolheu pra você!— Ah, é? — Marcelo sorriu satisfeito. — Vai, lava essas frutas logo, quero provar! E aquela pequena espertinha, está bem?— Está legal! Na próxima vez, vou trazê-la para te ver. — Respondi, sabendo o quanto eles adoravam a Ivana. Afinal, com aquele jeitinho dela de conquistar todo mundo, quem não gostava?— Então não demore. O inverno aqui em Cidade A é complicado. Agora que está no começo do outono, o clima está perfeito! — Comentou Marcelo. Depois, perguntou. — E como estão as coisas na empresa por aqui?— Está tudo indo muito bem. O Daniel deixou tudo nas mãos de gente confiável. Por isso, não preciso vir com tant