Assim que Janine fechou a porta, Viviane entrou no carro para voltar para casa. Mas a verdade era que não estava pronta. Pelo menos não totalmente.
Novamente sentia-se sem rumo, da mesma maneira como se sentira quando chegara naquela casinha sem nenhuma resposta. Naquele momento, contudo, a situação era diferente. Todas as suas perguntas tinham sido respondidas, não apenas as dúvidas relacionadas àquele romance que tanto atiçara sua curiosidade, mas, também, todas as ruas sem saída de uma vida inteira finalmente a levavam a algum caminho.
Sorrindo, em meio a algumas lágrimas emocionadas, Viviane deu partida no carro. Preparava-se para sair dali cheia de novas esperanças, mas um carro parou ao lado do dela. Por um momento pensou que poderia ser Janine, dec
Ele tinha chegado. O mal, que tanto era anunciado pelas nuvens que Aldo enxergava, já não era mais uma promessa. Era uma realidade. Ele sabia disso porque uma ventania forte e repentina surgiu, começando a tornar o céu uma verdadeira bagunça. Via as folhas das árvores secas caindo no chão, o bater das asas dos pássaros fugindo em disparada, as cortinas voando longe... Nada disso era um bom sinal. Aldo sabia que algo estava errado. Mais que isso, sabia que o problema era com Viviane. Tinha, portanto, uma escolha a fazer. Poderia ficar parado, sentado ali em sua cadeira de balaço, com uma maldita cerveja na mão, fazendo o que
Não iria chorar. Não na frente dele. Não de novo. Não iria se tornar a frágil donzela em perigo, pois sabia que era o que ele queria; sabia que ele gostava da brincadeira de caça e caçador, que gostava de cada minuto de terror que proporcionava. Não. Não daquela vez. Por Lúcia... Não fazia ideia de como sairia viva, de como conseguiria escapar, mas era uma sobrevivente. Lutaria novamente até a morte. Dele ou dela. Quem fosse mais forte venceria. E, apesar de ele ser maior, ela tinha uma vantagem sobre ele: total controle de sua própria mente. Enquanto mantivesse a sanidade, estaria segura.
A busca parecia eterna. Tal qual a agonia. Apesar de viver um vida solitária, Janine conhecia bem as pessoas da vizinhança e sabia exatamente quem costumava alugar suas casas, cabanas e chalés, e até mesmo quem tinha algum imóvel à venda. Thales Moreno era um homem com uma condição financeira muito boa, portanto. poderia se dar ao luxo de comprar uma pequena propriedade em Serenia, mesmo que fosse temporária. Porém, apesar da ajuda ser de grande utilidade, eles já tinham visitado pelo menos seis pessoas, e todas afirmaram que não tinham feito negócio com ninguém no último mês. Sempre havia a possibilidade de alguém estar mentindo, talvez como uma exigência do próprio comprador — ou locatário &mda
Viviane respirou fundo, esperando a dor. Queria que, ao menos, a morte fosse rápida. Jimmy já lhe provocara muitas dores, e ela não sabia se estava preparada para mais. Sempre ouvira que quando uma pessoa estava prestes a morrer, sua vida passava diante de seus olhos por breves quatro segundos. Sabia que quatro segundos era um período curto demais para que revisse todas as coisas que tinha aprontado, portanto, não teria tempo de se arrepender de nada. Então, apenas três coisas preencheram sua mente enquanto esperava pelo que achava ser inevitável: o sorriso de Lúcia, que nunca mais veria novamente; não teria outra oportunidade de fazer amor com Mac, e o perdão de Aldo, que jamais receberia. Passara toda sua vida remoendo o passado e esquecera-se de aproveitar o presente, de valorizar cada segundo ao lado das pessoas que amava e nem ten
Mais uma vez havia uma arma apontada para sua cabeça. Na primeira tivera sorte, mas não acreditava que o mesmo aconteceria. Um raio nunca caía duas vezes no mesmo lugar. E estava mais do que acostumada a raios e tempestades. Sentia que seu coração batia na velocidade da luz, em uma relação inversamente proporcional ao movimento dos ponteiros do relógio, que pareciam manter-se inertes, fazendo o tempo demorar mais a passar, apenas para torturá-la. Jimmy caminhava lentamente em direção a ela, balançando o corpo de um lado para o outro, dançando a música que ele mesmo cantava:"Pleased to meet youHope you guess my nameWhat is puzzling youIs the nature of my game..."[1]
Thales nem tentou resistir, não tentou fugir ou argumentar. O silêncio era sua melhor escolha diante daquelas circunstâncias. A escuridão estava dentro de seu corpo, e somente ele poderia buscar a luz. A ambulância não tardou a chegar. Aldo foi prontamente atendido e colocado em uma maca. Felizmente estava consciente, e o tiro tinha atingido seu ombro. Janine foi com ele na ambulância para que Viviane pudesse conversar com a polícia — que chegou logo depois — para explicar tudo que tinha acontecido. Os homens de Germano algemaram Thales, enquanto Mac abraçava Viviane e colocava uma jaqueta ao redor de seus ombros. Ainda estava assustada e tremendo, embora tentasse bancar a forte. Ao perceber que ela não desabava nem em uma situação como aquelas, M
O céu finalmente parecia mais calmo. Uma brisa fresca e serena assumira o controle, mandando embora o vento gelado e forte. As nuvens cinza lentamente se dissipavam, como se anunciassem que o tempo estava mudando. Não apenas o clima, é claro... Elas também anunciavam que novos tempos de boa aventurança estavam a caminho. E Viviane sentia isso. Sentia que as tempestades de sua vida estavam prestes a se tornar chuvas bem-vindas de verão, sem maiores danos, sem temores, sem consequências irreversíveis. E as boas notícias já começavam a chegar, pois, após uma cirurgia de sucesso, Aldo estava fora de perigo. Ele já estava no hospital há três dias, e sua aparência melhorava a olhos vistos. Viviane ficara com ele o tempo todo; Lúc
Havia rastros de nuvens no céu... Anoitecia lentamente, e estrelas bem pequeninas começavam a surgir, tímidas, despontando na escuridão. Havia rastros de esperança no coração de Viviane. Eram como frágeis fagulhas de um fogo já extinto, que pouco a pouco começava a deixar apenas poeira em seu lugar. Tinha plena noção de que era senhora de suas próprias escolhas. Não que essas escolhas tivessem sido sempre as mais corretas, mas tinha as cicatrizes para lembrar de cada uma delas. E por mais que merecesse todas as consequências, por mais que desistir soasse tão tentador, havia uma criatura angelical, adormecida no banco de trás do carro, que merecia ao