Capítulo 1.2

— Não adianta discutirmos sobre isso, foi votado e assinado, não seremos nós a ir contra algo tão grande, além do mais não ganharíamos essa batalha, pois é cômodo e conveniente para os velhotes. — Apoio as mãos no encosto da poltrona expondo a verdade. —Não é conveniente nos envolvermos com algo tão grande com Donzel esperando um deslize de nossa parte, afinal, isso geraria polêmica e pode abalar alianças fiéis que discordem com nossos atos. Seria imprudência da nossa parte deixar que isso aconteça debaixo dos nossos narizes dando a possibilidade de Donzel atacar sem medo já que nossas alianças estariam enfraquecidas.  

— Dante tem razão. — Jack resolve dar um parecer em meio a sua passividade sobre a situação. — Não adianta tentarmos mudar as regras principais, temos apenas que dar um fim no homem que chamamos de pai de uma maneira que pareça natural ou simplesmente vamos ter que forçá-lo a quebrar as regras para o bem de todos. 

— Não vamos soltá-lo para deixar que ele quebre as regras  — Royal afirma com convicção. 

— Não mesmo — Max balança a cabeça em negativo. 

— Não estou falando de soltá-lo, estou apenas dizendo que precisamos tirá-lo dos nossos caminhos ou ele nos destruirá. Vocês sabem que para Donatel somos apenas peões manipuláveis. A partir do momento que ele perceber que perdeu nosso total controle, investirá pesado contra nós, pois para ele mais vale morrer demonstrando poder do que sucumbir por nossas mãos. — Jack se levanta passando as mãos no cabelo. 

— Jack está certo, veremos o que podemos fazer o quanto antes — Max diz. 

— A verdade é que deveríamos ter deixado Eva matá-lo quando teve a chance. — Royal diz. 

— Isso não importa no momento, o que importa é que estamos aqui e juntos resolveremos o que será melhor para todos. — Eva se levanta segurando os papéis com certa força. — Não podemos mudar o passado, mas podemos mudar o futuro. 

A sua frase pega todos de surpresa inclusive eu, pois aquela visão otimista dos fatos não fazia parte do nosso mundo ou de nós. 

— O que foi? Disse algo errado? — questiona percebendo o choque estampado no rosto dos meus irmãos. 

— Não temos essa visão esperançosa que você tem Eva, tendemos a analisar tudo o que pode acontecer de ruim e não o que pode acontecer de bom — Max explica.

— Temos que nos apegar às esperanças que nos restam, afinal o que seria de nós sem elas? — Eva balança os ombros e compreendo seu ponto de vista, para ela era simples ver o mundo em cores e cheio de vida, para nós que fomos privados disso não é tão simples.  

— Você é engraçada, estranha mas engraçada. — Royal diz a observando com curiosidade e sei que ele vê em Eva o nunca viu em ninguém. 

 Perseverança e obstinação.  

— Tenho alguns assuntos para resolver, discutimos sobre Donatel em outro momento — Royal se levanta e sai da sala atendendo uma ligação e Jack aproveita para se levantar, mas nego indicando que ele permaneceria ali.  

— O que foi? Não está satisfeito com a reunião familiar? — Jack provoca, mas ignoro.

— Precisamos conversar. 

— Para quê? Não bastou toda sua história? O que quer mais irmão? Terminar o que começou no passado? — Jack não mede suas palavras atingindo um ponto frágil demais que me faz recuar por um momento. 

— Jack... Você está indo longe demais — Max o repreende e ante que possa dizer algo Eva se levanta irritada.  

— Estou decepcionada com você Jack. Aonde foi parar aquele homem carismático e cheio de atitudes que conheci ao chegar aqui? Não desconte sua raiva em quem faz de tudo para protegê-lo, você não é esse moleque mimado e mesquinho que está se mostrando. — Vejo sua expressão de indiferença morrer diante das palavras de Eva. — Está culpando Dante pelas atitudes de Donatel. 

— O que você sabe sobre nós? — ele questiona. 

— O suficiente para saber que você não é essa pessoa que fica distribuindo ódio gratuito entre seus irmãos. Você é melhor do que essa casca que está criando para afastar a todos. 

— Compreendo toda a sua história, mas defender o homem que lhe acertou um tiro no peito é um pouco... — Antes de terminar a frase Eva desfere um tapa em seu rosto. 

— Sim, defendo o homem que atirou na tentativa de me proteger, pois sei que no passado ele foi tão vítima quanto você está sendo agora, e mesmo você sabendo que ele está fazendo de tudo para ajudá-lo, e que ele não pode mudar a sua situação, você insiste em machucá-lo para tentar amenizar o seu egoísmo, então sim Jack, eu defendo e vou continuar defendendo Dante. 

Jack leva a mão ao rosto surpreso com a atitude de Eva.

— Você é melhor do que isso, Jack. Estou decepcionada por te admirar tanto. 

Jack abaixa a cabeça sabendo que passou dos limites, mas ao erguer o olhar me prontifico em afastar Eva e tomar o seu lugar, pois sabia que não estava agindo com razão e sim com a escuridão das emoções que o tomavam deixando seu olhar sanguinário o suficiente para atacar. 

— Vocês acham que sabem de alguma coisa, mas na verdade não sabem nada. Julgar e apontar é fácil, mas não sabe do que terei que abrir mão para concluir a porcaria do desejo daquele velho. — Cospe com tanto ódio e dor que me preocupa seriamente.

— Se não sabemos é porque você não permite, pois sempre estivemos aqui por você. — Eva conclui e Jack ri com escárnio. 

— Jack vá tomar um banho, pois está fedendo a álcool e suor, antes que fale algo que se arrependerá depois, você tem um imenso respeito por Eva e sabe disso, não ataque ela sem motivos, compreendo toda a sua revolta e você sabe que estou tentando fazer tudo ao meu alcance para reverter a situação, mas não é tão simples assim.

Mesmo alterado pela bebida o que era visível ele presta atenção em cada palavra e volta sua atenção para Eva com pesar. O que fazia Jack respeitar tanto Eva eu também não sabia, mas ele tinha uma grande admiração por ela para recuar daquela maneira.   

Sem dizer mais nada ele baixa a cabeça e sai do quarto nos deixando ali, Max ainda observava tudo em silêncio e apoio a mão na testa sentindo minha cabeça doer. 

— Tudo bem?  —Eva questiona preocupada e meneio a cabeça a em concordância, mas não era totalmente verdade já que as palavras de Jack tinha acertado na ferida aberta em meu peito fazendo-a sangrar.   

— Donatel conseguiu desestabilizar Jack, pois ele sabe que retirando uma peça do jogo se torna mais fácil atingir os outros. — Max afirma se levantando e apoia a mão no ombro fazendo uma careta. 

— Ele não vai conseguir Max, Donatel não vai tirar mais nada nosso, nem que isso custe minha vida. 

— Dante! — Eva repreende e volto meu olhar para ela. 

— Vamos. — Concorda e seguimos para sala em silêncio absoluto, talvez ele estivesse refletindo sobre tudo o que aconteceu e eu só conseguia me lembrar do fato de ser o culpado pela morte dos pais dela e ainda mantê-la nesta casa.  

— Ivi. — Chamo sua atenção e ela me observa preocupada. — Você não precisa mais ficar aqui se não quiser, eu a amo, mas não vou prendê-la nesta casa. — Tudo aqui era da boca para fora, afinal, eu prenderia ela naquela casa pro resto das nossas vidas se essa fosse a garantia de que a teria ao meu lado para sempre, mas bem sei que prender um pássaro que nasceu para ser livre em uma gaiola é a mesma coisa de matá-lo e sinceramente não quero isso.  

— E quem disse que eu quero partir Dante? Já fiz isso por fodidos onze anos e hoje percebo que não têm mais sentido. Aprendi a te amar acima das minhas mágoas, vingança e dor. Aprendi que não importa o que aconteça ou quanto tempo passe você sempre terá meu coração.

— Saiba que não adianta se arrepender depois, você é minha e já teve sua chance de ir embora, a partir de agora não abrirei mão de você jamais minha doce e amada Eva. — Subo meus dedos pela pele macia dos seus braços vendo os pelos do seu corpo se arrepiarem em contato com o meu toque, o delicioso cheiro do seu perfume invade meus sentidos me fazendo apreciar ainda mais aquele momento, um cheiro suave, doce e floral que a deixa tão sexy que me faz querer tomá-la aqui e agora. 

— Sabia que não teria volta desde o momento em que o vi pela primeira vez, pois tive a certeza de que nunca deixei de te amar — Antes que Eva diga algo mais envolvo meus dedos em sua nuca puxando seu corpo em direção ao meu. 

— Te dei a chance de deixar tudo e ir embora mesmo que isso fosse contra todos o meu ser, mas saiba que jamais oferecerei essa opção novamente, pois você é minha mulher e a única coisa que quero nesse momento é senti-la enquanto ouço seus gemidos de prazer. — Colo nossos lábios em um beijo profundo e intenso descendo minha mão livre por sua cintura fina, contornando seu corpo esbelto até a curva no seu quadril, apertando sua bunda farta com força fazendo seu corpo se apertar ao meu e um gemido de ansiedade escapar de seus lábios. 

As mãos de Eva sobem por dentro do meu terno tocando meu abdômen com calma por cima da camisa, suas unhas compridas brincam com meus músculos fazendo o desejo se acumular entre minhas pernas. Seus dedos finos soltam dois botões da minha camisa permitindo que eu sinta sua mão deslizando por meus músculos em direção às minhas costas.   

Subo minha mão da sua nuca para seu rosto deslizando o polegar por seus lábios inchados, seus olhos repleto de desejo só me faz querer tomá-la ainda mais, porém apreciar aquelas duas pedras preciosas sedentas era realmente interessante e satisfatório. 

— Maravilhosa. — Sussurro com os lábios próximos aos seus e seus lábios entreabertos roçam nos meus enquanto deslizo meus dedos pelas maçãs vermelhas de seu rosto. 

— Estamos na sala garanhão. — Mordendo suavemente meus lábios inferiores aperto ainda mais meus dedos em sua bunda. 

— Venha. — Segurando sua mão a puxando para a biblioteca que fica próximo às escadas. 

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