Com o corpo de Sophia ainda estremecendo, Giovanni a observava com olhos famintos, mas frios como aço. Havia algo selvagem em sua quietude, não era ternura, era o olhar de um predador que observa sua presa rendida, ciente de que ela não podia mais fugir. O calor no quarto parecia se condensar ao redor deles, denso e pulsante como um segundo coração.Ele a deitou sobre a cama com um gesto firme. Sem palavras suaves, sem promessas. Apenas ação. E quando suas mãos voltaram a tocar sua pele, não havia carinho, havia posse. Havia controle.— Ainda não terminei com você, Sophia. — A voz dele soou baixa, áspera, como um aviso.Ela o olhou com os lábios entreabertos, o peito arfando, o desejo ainda vibrando so
O silêncio que se instalou no quarto depois que Giovanni saiu era pesado, quase doloroso. A porta do banheiro se fechou com um clique abafado, e tudo o que restou foi o som da própria respiração de Sophia, ainda descompassada, ainda ecoando o que ele havia feito com seu corpo.Ela permanecia nua sobre os lençóis amassados, os cabelos espalhados como uma coroa de rendição. Cada parte sua ardia, não apenas do prazer, mas da ausência.Ele não era dela. E isso doía mais do que deveria.O som da água sendo ligada atrás da porta pareceu um lembrete cruel: Giovanni se lavava sozinho, em silêncio, sem convidá-la, sem sequer olhar para trás. Ele havia tirado tudo dela: a força, o cont
A luz da manhã filtrava-se timidamente pelas frestas da janela, acariciando o quarto de Sophia com uma doçura que ela não sentia por dentro. O despertador não havia tocado, mas ela já estava acordada. Na verdade, mal dormiu.A noite passada ainda estava viva em sua pele. Nos olhos, nos seus pensamentos.Ela passou as mãos pelo rosto, respirou fundo e tentou deixar tudo para trás. Precisava ser forte, pela irmã, pela mãe, por si mesma, mesmo que parte dela soubesse que já havia cruzado uma linha da qual seria difícil voltar.Levantou-se, caminhando até o guarda-roupa. Vestiu uma calça jeans escura, uma blusa branca de mangas compridas, e prendeu os cabelos em um coque frouxo. Se olhou no espelho com uma expressão neutra, quase convencida de que estava bem.Mas seus olhos… entregavam a verdade.Seguiu para a cozinha e, ao se aproximar, um sorriso genuíno, ainda que cansado, escapou de seus lábios ao ver a cena diante de si.Hanna estava sentada numa das cadeiras altas, balançando as per
Giovanni saiu da cafeteria com passos firmes, elegantes, como se cada movimento fosse uma declaração silenciosa de controle absoluto. As mãos estavam enterradas nos bolsos do paletó escuro, e seu rosto… inexpressivo. Um mármore esculpido com perfeição, sem fissuras, sem emoção aparente. Era a imagem exata do homem que o mundo conhecia: Giovanni Bianchi, calculista, intocável, imperturbável.Ao seu lado, Vítor caminhava em silêncio. O melhor amigo, advogado, confidente. Sabia que aquele silêncio não era paz, era tempestade.Porque ele conhecia Giovanni como poucos. Sabia o que se escondia por trás da fachada fria e dos gestos contidos. E naquele andar rígido, no maxilar cerrado, nos olhos que não se fixavam em nada, estava claro: algo estava fora do eixo.Sophia. A distração que Giovanni não conseguia tirar da mente. Entraram no carro preto que os aguardava na frente. Vítor tomou o banco do passageiro. Giovanni, como de costume, sentou-se no banco traseiro, em silêncio. O motorista de
O relógio parecia correr mais devagar naquela tarde. Sophia terminou de servir o último cliente, limpou as mãos no avental e olhou pela janela da cafeteria. A cidade fervilhava do lado de fora, mas dentro dela, havia apenas ansiedade. O encontro com a médica não saía de sua cabeça.Pegou sua bolsa, avisou discretamente à colega que sairia um pouco mais cedo e saiu pela porta dos fundos. Logo em seguida, chamou um táxi. O motorista, um senhor de aparência simpática, perguntou o destino, e ela apenas mostrou a tela do celular com o endereço que Giovanni havia enviado.O percurso foi silencioso. Sophia olhava as ruas passando rapidamente, tentando conter a inquietação que crescia a cada quilômetro. Quando o carro finalmente parou, ela olhou pela janela e engoliu em seco.O prédio era imponente. Alto, de fachada espelhada, com colunas elegantes e uma recepção toda em mármore branco. Pessoas bem vestidas entravam e saíam, todas em ternos alinhados, vestidos finos, saltos caros. Ela desceu
Do lado de fora, o céu começava a escurecer. A tarde morna se transformava em um início de noite frio e cinzento. Sophia não quis chamar um táxi logo de imediato. Precisava de ar, de espaço, de silêncio.Caminhou algumas quadras em direção à estação de metrô mais próxima, com os braços cruzados sobre o peito como se pudesse se proteger de tudo: da cidade, do peso do mundo… de Giovanni.Mas ela sabia que era inútil. Ele estava dentro dela agora. Presente em cada memória recente, em cada sensação, em cada marca ainda latejante sob sua pele. Ele havia invadido seu corpo, e agora ocupava sua mente.E o pior? Ela o deixará entrar. Ela quis. Quis sentir o que sentiu. Quis que ele a olhasse daquele jeito. Quis acreditar que, no fundo, havia algo mais.Mas hoje, com o olhar clínico da médica avaliando seu corpo como se fosse um dossiê, com perguntas sobre preservativos, anticoncepcionais, limites, relações… Sophia viu com clareza.Não era só prazer, era um contrato, obediência, controle.Ela
Sophia ficou alguns segundos em silêncio, alisando delicadamente os fios escuros da irmã adormecida em seu colo. Hanna tinha os traços calmos, a respiração ritmada. Inocente demais para imaginar o tipo de escolha que a irmã havia feito por ela.Amélia estava sentada ao lado, e mesmo sem pressionar, Sophia sentia o peso do olhar atento da amiga. Aquilo que carregava no peito estava à beira de transbordar fazia dias, e agora… não dava mais para esconder.— Eu aceitei, Amélia. — disse, enfim, num sussurro. — aceitei a proposta de Giovanni.Amélia demorou um segundo para reagir. Seu corpo se enrijeceu, e os olhos, antes apenas curiosos, agora estavam tomados por uma mistura de surpresa e incredulidade.— Você… — ela começou, mas a voz lhe falhou e engolindo seco, continuou: — Você se entregou a ele? Como… submissa?Sophia assentiu devagar, com um movimento quase imperceptível.— Sim.Amélia a encarou, o choque se transformando rapidamente em algo mais intenso. Ela se ajeitou no sofá, sem
A porta pesada do The Black Room se fechou atrás deles, selando Sophia em um mundo que não lhe pertencia, mas que, de alguma forma, parecia ter sido feito para ela.Seu coração batia frenético contra o peito, não por medo, mas pela promessa do desconhecido. O ar era carregado, denso com uma eletricidade que parecia vibrar em sintonia com seu próprio corpo. O perfume amadeirado de Giovanni envolvia seus sentidos, um lembrete constante da presença dominante dele, enquanto sua mão firme a guiava com precisão, pressionando a base de suas costas nuas.Ela sentia o calor dele, a força silenciosa que exalava de cada movimento, de cada toque, de cada palavra não dita.— Confie em mim, Sophia. — A voz dele veio baixa, um sussurro grave que reverberou por sua espinha como uma promessa perigosa.Ela engoliu em seco, seus dedos tremendo levemente, mas não recuou. Porque, apesar do desconhecido, apesar da tensão quase insuportável entre eles, ela queria aquilo.O quarto era um santuário de control