Capítulo 06

Olívia Bianchi –

Andei apressada pelos corredores do hospital indo em direção ao quarto da minha avó.

Assim que abri a porta, vi uma médica e mais alguns enfermeiros em volta dela e a cena me assustou.

—Vovó! – Pedi vendo a enfermeira se virar para mim e levar o dedo indicador aos lábios como pedido de silêncio.

—Senhorita Bianchi, me siga! – Disse ela saindo do quarto e então, fui atrás dela. Andamos até as escadas, pois, era um lugar mais afastado e então a mulher tocou meu ombro, respirando fundo.

—Senhorita Bianchi, eu sinto muito! – Quando ela disse aquilo, me assustei e então, ela continuou. — Não podemos manter a sua avó aqui. O pagamento está atrasado desde o mês passado e ela precisa de mais uma cirurgia no coração.

Quando a médica disse aquilo, senti meu chão desabar.

—Doutora, por favor, aguente só mais um pouco! Eu voltei a trabalhar a pouco tempo e logo receberei. Estou fazendo o que posso. – Falei com uma voz de súplica, sentindo meus olhos marejarem.

Minha avó era tudo para mim, eu não poderia perdê-la. Precisava conseguir dinheiro para pagar o tratamento dela, era o mínimo que eu podia fazer por ela ter me criado sozinha por todos esses anos.

De repente, a médica se aproximou e segurou minhas mãos.

—Não está sobre o meu controle. Eu fiz o que pude. – Disse ela levando a mão até o jaleco, me estendendo um cartão em seguida. —Esse é o melhor cardiologista que conheço. Essa clínica recebe algumas pessoas ao ano para tratamento gratuito. Pode falar com ele se quiser. Boa sorte!

Ela falou aquilo e sorriu fraco, se retirando em seguida.

Olhei para o papel em minhas mãos e então, me encostei na parede sentindo as lágrimas quente descerem sobre meus olhos.

—O que faço? – Me questionei entre lágrimas, sentindo um aperto em meu coração.

A hipoteca da casa estava atrasada, meu armário estava quase vazio e eu ainda tinha que trabalhar bastante para ter ao menos o dinheiro para pagar o hospital.

Sequei meus olhos e me movi decidida a dar um jeito.

Peguei meu celular e liguei para algumas pessoas para pedir emprestado, mas sem sucesso.

Minha última tentativa era Henry Stuart, meu ex-noivo.

Peguei meu telefone em mãos e disquei o número dele, ouvindo chamar algumas vezes e quando eu estava prestes a deixar meu orgulho vencer e desligar o telefone, ele atendeu.

—Alô! – Disse ele do outro lado da chamada.

Ao fundo havia um barulho alto de música e vozes de mulheres. Aquilo me deu nojo, pois me fez recordar de quando o encontrei no apartamento dele com outra em sua cama.

Triste lembrança!

Respirei fundo e deixei que minha voz saísse fraca.

—Henry onde você está? – Perguntei o ouvindo dar um riso de sarcasmo.

—O que foi? Se arrependeu de me largar? Eu sabia que me ligaria. – Disse ele com deboche.

—Preciso falar com você. Onde está? Vou até ai! – Falei o ouvindo respirar fundo.

—Me diz aonde você está que eu vou até você. – Disse ele com um timbre alegre.

—Eu estou no hospi...- Antes que eu terminasse de falar, meu celular foi arrancado da minha mão e jogado no chão com fúria.

—Ei! – Resmunguei me virando e ao ver que era Archie, o olhei assustada. —Senhor Simons o que está fazendo?

—Está tão desesperada ao ponto de se humilhar? – Perguntou ele com os olhos escurecidos.

—Sim eu estou. E o que isso tem a ver com você?

—Eu pago! – Disse ele me deixando confusa.

—O quê?

—Se vai se vender para qualquer um, eu pago por você. – Disse ele com a voz furiosa me deixando com raiva. E então, ele continuou. —Não era o que estava fazendo? Ligando para um qualquer para pedir o dinheiro do tratamento?

—Isso não é da sua conta. Acha que todos tem a vida fácil como a sua? É a minha avó quem está falecendo e eu preciso pagar por essa conta. – Falei irritada dando alguns passos indo em direção ao quarto dela e antes de chegar a porta, meu braço foi brutalmente puxado.

—Eu disse que pago pelo tratamento da sua avó e todas as suas despesas atrasadas. – Disse ele me olhando furioso.

—Eu não sou surda. E aí, acha que vou dormir com você por isso?

—Eu não disse isso, mas também não sairá de graça. – Disse ele me fazendo soltar um riso desacreditado.

Virei o rosto para o lado e respirei fundo, evitando perder a linha. E então, voltei a encará-lo com raiva.

—É melhor do que ele então? – Perguntei o vendo travar o maxilar e se aproximar, me prendendo na parede.

Ele levou um braço ao lado do meu corpo me prendendo enquanto guardou a outra mão no bolso da calça.

—Eu assumo tudo e acabarei com seus problemas! – Disse ele me olhando fixamente. —Case-se comigo por dois anos e tudo o que tenho também será seu.

—O quê? – Perguntei mostrando-me assustada. —Senhor Simons, o senhor é meu chefe.

—Isso não importa. – Disse ele como se realmente não tivesse problema. —Eu preciso arrumar uma esposa e você precisa de dinheiro. Aceite ou assistirá sua avó morrer mais rápido sendo expulsa daqui.

Quando ele disse aquilo, respirei fundo e virei meu rosto, fechando os olhos para não o encarar.

Ele parecia estar certo; eu precisava continuar o tratamento da minha avó e não tinha condições. E como eu realmente precisava daquele dinheiro, a oferta acabou parecendo interessante.

Virei o rosto para o olhar, vendo-o se desprender da parede e se afastar para me olhar.

—Posso resolver isso agora mesmo em apenas uma ligação! – Disse ele tirando o celular de dentro do bolso do terno. —Com alguns segundos, coloco sua avó no melhor hospital da cidade, sendo tratada pelos melhores médicos. Ela terá tudo o que precisa, não só ela como você também. É você quem decide.

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