Diana já estava na mansão usando seu uniforme. Adelaide havia lhe passado todas as regras e as principais eram ficar longe da vista de Enzo Montanari e manter Elena entretida o máximo de tempo possível.

Lógico que ela ficou horrorizada com essas regras, mas como precisava do emprego ela teria que seguir tudo a risca.

Neste momento ela estava com Elena no jardim embaixo de uma árvore. A menina estava fazendo alguns desenhos e lhe mostrando.

A maioria dos desenhos era dela com a irmã e o pai longe. Agora Diana estava entendendo a garotinha e isso a fez se lembrar de sua filha buscando atenção do pai que simplesmente a ignorava.

- Não se preocupe meu anjo que sempre cuidarei de você.

A menina levanta e a abraça.

- Nossa que abraço gostoso!

Diana retribui sorrindo, pois era nítido que ela havia apegado a garota.

- Diana, você tem filhos?

A garota pergunta enquanto desenha.

- Tenho uma filha de dez anos.

- Onde ela está?

- Ela está estudando no instituto de cegos.

- Por quê?

- Porque ela é cega.

- Por que ela é cega?

- Porque aconteceu algo muito ruim com ela e a deixou assim. Mas não se preocupe que um dia ela irá voltar a enxergar.

A menina continua desenhando até que entrega o desenho para Diana.

- Fiz este desenho para ela.

O desenho era sobre um jardim com o pôr do Sol.

- Nossa que desenho lindo! Eu vou mostrar ele pra ela.

- Como ela vai ver se é cega?

- Eu falo o que estou vendo para ela poder imaginar.

Diana fica pensativa por um tempo até que ela olha para o relógio.

- Vamos lá pra dentro tomar um lanche?

A menina levanta empolgada e Diana pega todas as coisas dela as colocando dentro da caixa organizadora e a leva para o quarto. No caminho ela encontra com Aurora que mal olha na cara dela.

"Esse pessoal aqui tem uma educação que é uma maravilha."

Ela pensa enquanto entra no quarto da menina. Só o quarto da garota era maior que a sua casa inteira.

Diana guarda a caixa e dá uma ajeitada no quarto. Depois ela desce para poder ficar com Elena que estava comendo.

Adelaide vem até Diana sorrindo.

- É estranho você ter conquistado a garota logo de primeira. Ela é muito retraída.

- Ela sente falta de carinho. Não sei o que está acontecendo aqui, mas vou fazer de tudo pra dar o carinho que ela merece.

Elena termina de comer e vai até Diana que a pega no colo.

- Está pronta para mais uma aventura?

A menina sorri a abraçando e Diana lhe faz algumas cócegas.

- Vamos acampar no quintal.

- Eba!

A menina fica animada e Diana a leva até o quarto onde ela pega algumas bonecas e Diana pega alguns lençóis.

- Agora vamos lá naquela árvore montar a nossa barraca.

Diana sobe na árvore e amarra o lençol na árvore, depois ela desce e prende as duas pontas com uma pedra. Ela pega outro lençol e forra o chão para que a menina poder sentar e ela senta junto da garota que brinca um pouco. Depois ela conta uma história para a garota dormir e assim que a menina pega no sono Diana fica olhando para o vazio pensando e acaba se lembrando de quando havia engravidado.

Sua mãe havia falecido quando ela era pequena e seu pai era muito severo. Quando ela engravidou com 15 anos, o seu pai a expulsou de casa e ela viveu nas ruas até o nascimento da menina. Depois Damien apareceu e a levou para a casa que ela morava até os dias atuais.

Perdida nessas lembranças Diana começa a chorar sem perceber. Ela não se permitia a tal ato por ter prometido a si mesma a ser mais forte, mas ela desabava as vezes.

Enzo havia voltado do trabalho mais cedo. Aquelas reuniões havia lhe deixado com um péssimo humor e ao chegar em casa, a primeira coisa que ele vê é a barraca improvisada que Diana havia montado e isso o deixou irritado. Então ele vai até a barraca e encontra a nova babá sentada de costas para ele.

- Que palhaçada é essa aqui!

Ele grita e isso acaba acordando Elena e assustando Diana que enxuga suas lágrimas e se levanta rapidamente e o encara com chama nos olhos.

- Você está pensando que é o quê?

Ela o encara e logo o reconhece do outro dia e ele também a reconhece.

- Sou Enzo Montanari, o dono disso tudo aqui.

- Grande coisa, pois isso não te dá o direito de sair gritando com as pessoas.

Ela devolve no mesmo tom agressivo e, certa forma, Enzo gosta disso.

Adelaide escuta a gritaria e corre para o jardim e vê os dois se enfrentando com Elena no meio completamente assustada.

A menina começa a chorar e Diana a pega no colo.

- Viu só o que você fez, seu italiano fajuto.

- Olha só como você fala comigo, senão...

- Senão o quê? Tá pra nascer o homem que vai me ameaçar.

Diana o encara e Enzo parece não recuar. Ela vê Adelaide correndo na sua direção desesperada.

- Diana, por favor se controle. Ele é o patrão.

- Por mim pode ser até o presidente ou até o próprio Papa. Não vou permitir que ninguém me trate assim.

Diana pega a menina e a leva para o quarto deixando Enzo bufando de raiva.

- O que essa abusada está fazendo aqui?

- Ela é a nova babá, senhor Montanari. Hoje é seu primeiro dia de trabalho.

- Primeiro e último, pois faço questão de demiti-la pessoalmente.

Enzo sai pisando duro e encontra Diana descendo as escadas, pois ela já havia acalmado e colocado Elena para dormir.

Ela encara Enzo e seu semblante se fecha.

- O que quer agora?

Ela fala de forma agressiva.

- Quero que pegue as suas coisas e suma da minha casa.

Enzo esperava que Diana implorasse pelo emprego igual aos outros que ele demitia, mas a atitude dela mais uma vez o espantou.

- Vou com o maior prazer do mundo. Deus me livre trabalhar para um azedo amargurado de merda.

Ela sai pisando duro e ele fica a olhando. De alguma forma aquela atitude o atraia.