O dia estava começando a me deixar no meio termo, pensava na Mikaella e relembrava das férias que ficamos juntos. E agora sentado na mesa da cozinha com uma garrafa de uísque do armário de bebidas do meu pai, apenas deixava tudo muito mais mórbido, sempre que começava a beber eu refletia sobre as coisas, sobre tudo em mim.
Não estou feliz, mas também não estou triste. Não quero desistir de esperar por ela, só que também não estou motivado a seguir em frente. Não estou com vontade de ficar dentro de casa sofrendo, nem de sair para conhecer outras garotas. Porque tudo que reparo nelas é que elas não são a Mia, quando olho para elas eu penso: minha Mia é mil vezes melhor.
Giro o copo com a bebida dentro e tomo um gole, o uísque queima minha garganta e deixa minha mente um pouco entorpecente, me pego encarando mais uma vez a garrafa na minha
De sexta-feira, o bistrô fica mais movimentado com a chegada do final de semana as pessoas gostam de sair para comer fora. Mais uma vez fiquei no balcão servindo o que estava nas vitrines e anotando os pedidos entre as mesas, o sr. Matteo ainda não havia aparecido para trabalhar, mesmo sabendo que as coisas estavam indo muito bem, o ambiente havia mudado desde que ele parou de vim trabalhar. Eu sabia que o luto possuía muitos estágios e que era difícil perder alguém que você ama, porém não consigo imaginar como ter sido para o Lucca e o Matteo, ele amava muito a esposa que qualquer pessoa conseguia ver isso. Eles eram o casal que todo mundo queria ter com a pessoa amada, Matteo e Lena eram perfeitos um para o outro, ela sempre era gentil, um doce de mulher, ela constantemente me recebeu de braços abertos em sua casa, mesmo quando eu e o Lucca fizéssemos coisas suspeitas como algumas brigas, ela nunca m
Quando voltei para o bistrô Kayla já não estava mais lá. Meu horário também já tinha acabado e por conta disso arrumei rápido minhas coisas e fui embora. Não quis ir direto para casa, em geral depois do trabalho eu não vou para casa, fico quase uma hora e meia andando sem rumo pelo calçadão da praia com a Skyla ao meu lado, era o momento que eu fazia a caminhada com ela, sempre andava com uma bola de tênis na mochila pra brincar com ela por um tempo.Me sentei em um banco de frente pra praia e retirei da mochila a bola, joguei quase na água para Skyla correr e buscar. Ficamos brincando com isso por uns quinze minutos, até que se sentou ao meu lado um senhor de quase setenta anos. Ele trajava roupas de frio, com um suéter grosso azul, uma gravata borboleta vermelha e uma boina com aba curvada, em seu rosto um óculo quadrado marrom com lentes grossas lhe ajudava
A noite chegou e a lua refletia seu brilho nas ondas, Skyla estava deitada no chão perto do banco, a temperatura caiu um pouco e resolvi voltar para casa, pensando na conversa com o senhor e como ele poderia saber o meu nome. Aquilo foi extremamente sinistro.— Sky, vamos nessa. Está ficando tarde — chamei estalando o dedo para ela. Skyla se levantou rápido, com as orelhas arqueadas e veio caminhando com preguiça na minha direção e bocejou.— Quando disse que estava tarde, não quis dizer tão tarde assim — comentei enquanto caminhava. — Não deu nem vinte horas ainda, Sky.Ela chacoalhou seus pelos como se não ligasse para o que eu disse. O caminho todo para casa passei olhando para trás, a sensação de que estava sendo seguido voltou e ainda mais depois daquele senhor saber o meu nome, minha paranoia ficou mais aflorada. Comecei também a
— Chegamos — anunciei alegre, sem soltar seu braço. — Melhor lugar para se estudar.— Com um bando de crianças gritando e brincando — retrucou rindo, indo em direção as mesas. — Claro, pode servir. Tem uma vista bem bonita.— Wishfells é completamente feita com ótimas vistas — me gabei e me sentei ao seu lado. — Não existe nenhum outro lugar melhor.— Você não sai muito daqui, não é? — perguntou com ar de pena. — Existe um mundo fora daqui, talvez perceba que existe outros lugares melhores sim.— Eu dei a volta ao mundo — contei cruzando os braços na frente do peito. — Três vezes antes dos meus dez anos de idade e Wishfells continua sendo o melhor lugar.— Caramba! Ok, então — cedeu e deu de ombros. — Vamos estudar.Kayla retirou o roteiro d
Fomos para o ginásio no meu carro, encontrei a Skyla parada ao lado dele, mas assim que viu Kaya ela saiu correndo. Chamei ela várias vezes, só que ela já desapareceu virando a esquina, ainda não conseguia entender o motivo que ela não gostava da Kaya.— Posso ligar o rádio? — perguntou Kaya já mexendo nas estações.— Claro, quem iria te impedir? — comentei com sarcasmo.Ela sincronizou em uma estação que tocava músicas no estilo MPB e Bossa nova. Durante o caminho ficamos em silêncio, Kayla cantarolava uma música ou outra que tocava. Eu gostava da sua voz, era meiga e macia, me recordava de sereias que encantavam os marinheiros com suas vozes para a morte.— Você tem uma linda voz para cantar — elogiei.— Obrigada. É de família — informou.— Vou querer um show parti
Após ouvir aquelas três palavras minha mente não prestou atenção em mais nada durante toda a partida de futebol. Apenas trabalhava nas ideias que surgiam, cultivando dúvidas e preocupação.Não via a hora do jogo terminar para poder saber o que o Lucca queria falar sobre a Mia. Talvez ela finalmente estaria voltando para casa, talvez ela já estivesse em casa! Me controlei para não sair no meio do jogo e ir verificar se ela não estava de verdade em casa, eu já conseguia projetar na minha cabeça: ela usando seu short favorito preto, com uma camiseta de seriado já desgastada, os cabelos presos com algumas mechas saindo em forma de protesto. Suas covinhas surgindo ao sorrir por estar me vendo, seus olhos castanhos ou violetas, não me importava, brilhavam e eram cheios de vida que eu sempre me perguntava se estava olhando para eles ou para uma abertura do Paraíso de
O Sol dava contraste alaranjado no horizonte da praia, abrindo espaço para o azul escuro da noite, as estrelas e a Lua não apareciam muito, cobertas pelas nuvens pesada. Provavelmente choveria mais tarde.Pelo carro conseguíamos ver o deque com várias pessoas dançando e o barulho da música eletrônica tocando. Estacionei o carro na esquina, um pouco afastado da multidão, não queria ter prejuízo na qual meus pais me dariam um sermão quando eles voltassem de viagem. Antes de sair do carro, peguei o saquinho com os baseados já prontos. Eu sempre os escondida no estofamento do banco do carona, quase nem dava para ver caso a polícia me parasse.— Você fuma? — perguntei a Kaya, lhe oferecendo um.— Sim — respondeu com naturalidade, pegando um. Os garotos pegaram os deles e foram fumando, me ofereci para acender o da Kayla pelo isqueiro, por&eacu
Eduardo começou a brigar com um dos amigos dele e alguns outros rapazes do nosso colégio vieram e entraram na briga. Nicholas me atingiu no rosto, senti a minha bochecha arder. Foi o gatilho que eu necessitava para explodir de raiva e agressividade. Tudo aconteceu rápido, comecei a socar o seu rosto de forma pesada fazendo nós dois cairmos no chão. Eu em cima dele, meus socos surgiam sem parar, os sussurros acobertavam qualquer barulho ao meu redor, apenas ouvia que eu devia bater mais forte, mais forte e mais forte, que ele estava me matando todas às vezes. O rosto do Nicholas ficou ensanguentado, depois do sexto soco seu nariz quebrou e meus dedos quebraram depois do décimo. Mesmo assim eu não parei, não conseguia. Sua cabeça girava de um lado para o outro a cada soco cruzado que eu dava, minhas mãos estavam espessas e escorregadias por causa do sangue. O meu por sua vez fervia, eu queria quebrar cada oss