Apertei os lábios tentando me controlar. Eu sabia que cenas como aquela poderiam acontecer, mas eu não era obrigado a ficar calmo diante dela.Tínhamos acabado de sair da clínica onde a Sula foi pedi um anticoncepcional e eu parei no posto para abastecer o carro. Eu tinha acabado de comprar o Jipe do pai do Damon. Aquele carro, de certa forma, era como alguém da família e quando o Damon me falou que o pai estava querendo trocar o carro por um modelo mais moderno, não pensei duas vezes. Naquele momento era o ideal pra mim. Eu não podia investi em um carro novo, tinha gastado muito com a reforma do apartamento e minha volta para a polícia ainda era recente. Eu não queria usar o dinheiro que a Sula tinha herdado da parte dela na mansão. Aquele dinheiro seria para custear os estudos dela e para alguma eventualidade.No posto tinha uma lojinha de conveniência e uma barraquinha de doces na entrada da loja. E foi lá que a Sula se enfiou demorando uma eternidade para escolher uma simples ba
Acho que o Rafael estava desconfiado que eu estava aprontando alguma coisa. Eu não sabia menti pra ele e agora sempre que meu telefone tocava ou a Gabi enviava uma mensagem eu ficava tensa. Ele não deixou passar em branco. Se aproximou e me olhou fixamente. — Tá acontecendo alguma coisa, bebê? Cruzei os dedos atrás das costas. — Não. Ele franziu a testa. — Então porque você está assim, tensa e não para de olhar para esse telefone? Virei as costas e comecei a lavar os pratos. — Não é nada, é que a Gabi está com uns probleminhas ai e estamos conversando. Ele demorou calado. — Sei. Terminei de lavar os pratos e virei para ele. Esperava que tudo aquilo não fosse em vão, porque eu poderia estar criando um problema com ele por causa de uma suspeita sem provas nenhuma. Me aproximei e o abracei. — Você não confia em mim, Rafa? Ele retribuiu o abraço e me beijou no pescoço. — Claro que confio, minha linda. Mas fico preocupado se eu te vejo diferente ou pensando em alguma coisa
Quem visse minha vida nos últimos meses duvidaria que se tratava da vida da Sulamita Ramazan de alguns anos atrás.Eu mesma me surpreendia com a avalanche de coisas que a vida estava apresentando para mim.Eu, que era uma menina triste, sozinha e sem conhecimento de nada da vida, a não ser por alguns livros que eu lia, agora tudo vinha ao vivo e em cores para perto de mim.Eu estava encantada e ao mesmo tempo um pouco receosa de não conseguir dar conta de tanta coisa ao mesmo tempo.O Rafael tentou me acalmar, ao me encontrar chorando quando foi me buscar na primeira aula de direção, na auto escola perto do nosso apartamento.— Que foi, bebê? O que aconteceu?Deixei ele me abraçar e me levar para o carro e sentei assoando o nariz com raiva.— Não vai dar certo, eu não vou aprender a dirigir!Ele segurou minha mão e me olhou com calma.— O que foi? Quer me contar?Respirei fundo.— Aquele instrutor ficou me olhando como se eu fosse burra e disse que eu não tinha jeito para isso.Ele ap
Franzi a testa observando o comportamento da Sula.O que ela pretendia?Desde a hora que eu tinha chegado do trabalho há duas horas atrás que ela estava estranha, a começar pelas roupas. Ela vestia um vestido curto e quase transparente. Nada parecido com as roupas que ela costumava usar no dia a dia, muito menos à noite em casa.Naquele momento eu retirava os pratos da mesa e ela vez ou outra me olhava meio tímida. Observei que o cabelo dela estava mais liso e brilhante. Ela tinha ido ao salão? E não era só isso. Ela estava maquiada e usava um batom vermelho que estava meio borrado depois de ter jantado.Olhei-a mais detalhadamente, tentando confirmar minhas suspeitas. Aquela garota estava tentando me seduzir? Não!Segurei o riso e me aproximei dela por trás lavando os pratos na pia.Fiquei de pé atrás dela, mas não a toquei. Ela queria guerra?— Deixa isso ai, amanhã você arruma.Falei baixinho, próximo ao ouvido dela e senti que ela estremeceu.Se eu bem entendi o que minha menina q
Fiquei surpresa quando o Rafael chegou do trabalho na sexta feira e apenas anunciou que viajaríamos no fim de semana.— Nós vamos viajar? Pra onde?Ele ria com meu entusiasmo.— Os pais do Damon tem uma casa em Angra do Reis e ele nos convidou para irmos no fim de semana.Pulei nas costas dele e ele me carregou para o quarto.— Oba! Adorei.— Falei com o Leo e a Alina também.Fiz um biquinho de dengo pra ele.— Vamos convidar a Gabi e o Lucas? Por favor.Ele sentou na cama e tirou as botas.— Você adora essa garota, não é?Sentei ao lado dele.— E você não gosta do Lucas, não é?Ele me olhou surpreso.— Não! não é que não gosto. Ele só me deixa um pouco nervoso, mas já estou me acostumando.— Que bom.Ele tirou a roupa e ficou completamente nu na minha frente.Não consegui disfarçar que ele ainda me deixava meio tonta quando o via daquele jeito.Ele captou meu olhar e sorriu.— Que foi?Mordi os lábios.— Nada. É que você é tão bonito com essas tatuagens.Ele estendeu a mão pra mim.
Onde o Damon estava com a cabeça?Observei ele andando pela areia da praia em direção à nossa barraca e quase não acreditei ao ver quem caminhava ao lado dele.Merda!A mulher loira, muito alta e magra, metida num fio dental vermelho quase invisível se aproximou sorridente.— Rafael! E se jogou nos meus braços.Cautelosamente impedi que ela passasse os braços em volta do meu pescoço e cumprimentei-a com um beijo de cada lado do rosto.— Oi Viviane.Ela olhou para o Damon rindo.— Olha como ele fala comigo Dam? Oi Viviane! Fale direito gatinho. Me chame de Vivi.Pelo canto do olho observei a Sula parada ao meu lado, provavelmente esperando o desfecho daquela conversa.Eu ia matar o Damon. Por que diabos ele tinha que trazer aquela mulher ali?— A Viviane está hospedada aqui também, ela perguntou por você e eu disse que você estava aqui.Fuzilei-o com o olhar.— Que bom!A Sula segurou no meu braço e se aproximou. Abracei-a e a puxei para perto de mim, olhando para a Viviane.— Então V
Tinha algo muito errado.Não tinha porque a Alina e o Leonardo virem me buscar na faculdade. O Rafael sempre fazia aquilo, ou então eu voltava de ônibus. Mesmo tendo concluído as aulas de direção, eu ainda estava um pouco receosa de sair sozinha de carro. Preferia treinar um pouco mais.Sai da aula, andando rapidamente pelo corredor da faculdade. O Léo nem tinha perguntado se a aula tinha terminado. Apenas disse que estava me esperando no portão. Será que tinha acontecido alguma coisa com minha mãe?Com as pernas já tremendo, me aproximei do portão e avistei a viatura da Alina parada na frente e o Léo me aguardando ao lado dela.Olhei de um para o outro nervosa.— O que está acontecendo? Que cara é essa de vocês?Eles se olharam apreensivos.— Então...Meu Deus! Então tinha acontecido alguma coisa realmente.— Então o que? Fala logo Léo!— Temos que ir ao hospital.Meu coração acelerou.— Porquê? Foi nossa mãe? Ela tentou se matar de novo?Alina se aproximou e pegou minha mão.— Se a
O Rafael saiu do coma três dias depois.Foi uma espera angustiante, pois não nos deixaram ficar esses dias no hospital e também não me permitiram entrar na UTI, pois nas duas vezes que fiz isso, a pressão dele aumentava muito.Naquela dia o hospital me avisou que ele tinha acordado pela manhã, mas que eu só poderia vê-lo no final da tarde depois que ele passasse por uma bateria de exames e constatasse que estava realmente bem.Eu entendia todo aquele protocolo, mas minha vontade era ver logo o Rafael acordado e poder falar com ele.A ida dele para o quarto estava programada para as 17:00, mas duas horas antes eu já estava no corredor do quarto esperando. Dentro da minha bolsa estava o celular dele, a corrente de prata que ele nunca tirava, e a aliança que tinham passado para mim no dia do acidente.A Gabi tinha me ligado e disse que daria um tempo para ele chegar no quarto e que mais tarde viria com o Lucas.Tentei não pensar no resultado do teste de DNA que tínhamos ido buscar esc