O dia do casamento de Leonardo com aquela delegada não terminou bem para nenhum de nós dois. Ele tinha me ligado contando do atentado que eles sofreram ao chegar em casa. Mesmo aquilo terminando com os dois numa lua de mel ao pé da letra, ele estava preocupado com o andamento das coisas. Aquele ataque demonstrou que aquele casamento tinha sido em vão e que agora não só a Alina corria perigo, mas ele também poderia acabar pagando pelo escolha de não tê-la matado no Brasil.Quando eles saíram da mansão após o casamento eu fui até o quarto que sempre ocupava quando precisava dormi ali. De certa forma, eu já me sentia meio familiarizado com aquele quarto e o fato de saber que a Sula estava ali perto me tranquilizava.Naquela noite porém, algo me inquietava.Já era tarde e a casa estava em silêncio.Levantei devagar e andei pelo corredor no escuro mesmo.Na porta do quarto da Sula parei e ouvi ruídos lá dentro. Eu deveria entrar?Talvez ela não estivesse se sentindo bem. Mas por que não m
— Você sabia que ele batia nela?Encarei Leonardo no dia seguinte assim que entrei no apartamento.Ele parecia tão surpreso quanto eu.— Claro que não! Ela nunca disse nada.Passei a mão pelo cabelo agoniado.— Precisamos tirar ela de lá cara, é sério!Leonardo também estava preocupado.— Merda, falta apenas duas semanas pra ela fazer dezoitos anos, mas estou com medo dele aprontar algumas coisa.Alina apareceu na sala. Bastava olhar para a cara deles para saber que aquele casamento tinha começado no sentido exato da palavra. Com noite de núpcias de verdade.— Oi RafaelSorri divertido com olhar que eles trocaram entre si— Oi Alina.Leonardo não parecia tão feliz para quem tinha acabado de casar.— Se arrume delegada, vamos voltar pra casa.Ela arqueou uma sobrancelha irônica.— Para minha prisão, você quer dizer não é?— Que seja, mas vamos logo, você vai me ajudar a tomar conta da minha irmã.Resolvi intervi na discussão daqueles dois. Me aproximei da Alina. Ela era uma estranha, m
Meu coração estava apertado. As coisas estavam saindo do meu controle e aquilo não ia terminar bem.Observei a Sulamita dormindo em minha cama e pela milésima vez, eu me recriminei pelo que a gente estava vivendo. No entanto, se me perguntassem se eu faria tudo igual eu responderia que mil vezes, sim. Mil vezes eu a amaria do mesmo jeito que eu a amava agora.Eu era o homem certo para ela? Não.Meu coração estava ferido e dentro dele só havia espaço para a vingança que eu planejava há dez anos. Mas ela chegou e conquistou metade do meu coração, metade da minha alma e metade da minha vida. Eu não conseguiria respirar sem ela.Passei por diversas fases de sentimentos com ela. Primeiro, me achei um monstro por desejar uma menina de quinze anos e eu com vinte e sete, depois passei a achar que ela precisava de mim e agora por fim, eu sabia que era eu que precisava dela.Quando aquilo começou? No exato momento em que Leonardo me apresentou sua irmã, que tinha parado de falar do nada e que p
Fazia Quatro anos que aquele grito estava preso em minha garganta e precisou aquele momento de tensão para que ele eclodisse.Não aguentava mais de vontade de falar, mas a voz vinha e parecia presa em algum lugar dentro do meu peito. Agora era chegada a hora. Eu não suportaria perder o Rafael e eu sabia que só aquilo impediria que ele saísse por aquela porta e talvez nunca mais voltasse. Ele não podia enfrentar aquele homem sozinho, ele não sairia vivo de lá.O corpo dele tremia em contato com o meu e eu sabia que ele estava tão emocionado quanto eu.Ele me afastou dele e me olhou entre surpreso e feliz.— Você falou Sula, você falou meu nome!Ele encostou a boca na minha e pressionou devagar.— Fala de novo!Eu sorri para ele.— Rafael...Ele me beijou novamente.— De novo!— Rafael... meu Rafael!Ele me abraçou e me levantou no ar, rodopiando comigo dentro do quarto.— Eu sabia, eu sabia que você não tinha problema nenhum.Eu tinha sim. Sérios problemas, mas perto dele tudo parecia
Nos dois dias que fiquei no Brasil, entrei em contato com as mulheres que Zaruk tinha acertado para a contratação forjada. Elas iriam como se fossem trabalhar na fábrica de tecidos de Hilal e era ali que meu serviço começava. Eu seria responsável por assinar suas carteiras e registrar o contrato de trabalho com a fábrica. Não foi difícil conseguir carteiras de trabalho falsas e redigir um contrato qualquer, sem efeito legal. O importante era quando a polícia chegasse até elas, as encontrassem com documentos falsos e nenhum vínculo com a empresa de Hilal Ramazan. O passo seguinte seria a cargo da Alina. Ela deveria se informar se a polícia estava a par da transação e passar informações falsas sobre o local e o dia do embarque, impossibilitando que eles pudessem impedir a viagem.Para isso ela teria que se encontrar com o Lucas.O encontro aconteceu na casa dela e eu prometi que ficaria escondido no quarto, para que ele não soubesse da minha presença ali no Brasil.Da minha posição no a
Eu entendia a reação do Leonardo.Para ele era muito mais difícil do que pra mim. Eu conheci a Sula sem falar, ele não. Ele viu a irmã perder a voz de uma hora para outra e de repente voltar a falar.Ele avançou pra cima dela, branco feito uma folha de papel. Cego pela raiva, a teria agredido se eu não o segurasse antes.— Para Leonardo, solta ela.Ele parecia desesperado. — Por que fez isso comigo, Sula? Por que não disse que podia falar?A Sula tremia de medo e me olhou procurando abrigo. Ela não teria coragem de falar. Eu sabia que teria que ser eu.— O Rafael sabe.Alina estava assustada e tentava segurar Leonardo que esmurrava a parede.Uma coisa era certa. Ele não ia aceitar aquele relacionamento tão fácil.A Sula tremia agarrada comigo e Alina tentava acalmar Leonardo.Ele virou-se e foi em direção à irmã. Agora parecia triste.— Por que me fez sofrer tanto se você podia falar?Ela se desvencilhou dos meus braços e abraçou o irmão que não retribuiu o abraço.— Você acha que eu
O Rafael sabia que minha reação seria a pior possível, por isso antes de me contar toda a história, ele me fez entregar a arma e a chave do carro para ele.Estávamos parados em um local deserto afastado do centro de Istambul, que ele fez questão de me levar.Meu coração estava a mil por hora e eu sentia meu corpo inteiro tremendo de ódio. Como um homem podia ser tão cruel?— Ela falou tudo, Rafa? Será que o desgraçado não fez nada com ela mesmo?O Rafael também estava péssimo. Fumava um cigarro atrás do outro e parecia que não dormia há dias. Naquele momento, eu não tinha condições de pensar nele e na Sula como namorados, o que me importava naquela hora era matar Hilal Ramazan.— O que vamos fazer? Não podemos deixar ela naquela casa.— Falta pouco cara, vamos fazer do jeito que planejamos. Lembre-se que ele e o avô dela tem a guarda legal dela.Eu não aguentava mais aquele segredo.— Ele não é avô dela.O Rafael me encarou como se eu tivesse ficado louco.— Como assim? Não entendi.E
Eu não queria deixar ele ir. Eu não entedia por que eles tinham que viajar novamente?— Para, Sula, assim não vou conseguir sair daqui.Segurei na camisa dele.— O que você vai fazer lá? Por que eu não posso ir?Ele pensava que eu não sabia. Eu ouvi o Léo conversando com a Alina. Eles iam fingir que traziam mulheres traficadas para a Turquia com a intenção deprender meu avô. Pra mim, não foi novidade descobrir que aquele monstro traficava mulheres. O que ele tinha feito comigo era quase pior que isso.Eu não queria era que o Rafael se metesse naquela história. Aquilo poderia dar errado.Ele se afastou e segurou meu rosto entre as mãos.— Fique calma, princesa, vai dar tudo certo.— Não quero ficar aqui sozinha.Ele me beijou por um longo tempo— A Alina vai ficar com você, e lembre-se do que eu disse: não fale nada, mantenha-se calada entendeu?— Eu entendi.Ele respirou fundo e pegou meu telefone anotando um número.— Se acontecer alguma coisa comigo você liga para esse número. O no