O Rafael sabia que minha reação seria a pior possível, por isso antes de me contar toda a história, ele me fez entregar a arma e a chave do carro para ele.Estávamos parados em um local deserto afastado do centro de Istambul, que ele fez questão de me levar.Meu coração estava a mil por hora e eu sentia meu corpo inteiro tremendo de ódio. Como um homem podia ser tão cruel?— Ela falou tudo, Rafa? Será que o desgraçado não fez nada com ela mesmo?O Rafael também estava péssimo. Fumava um cigarro atrás do outro e parecia que não dormia há dias. Naquele momento, eu não tinha condições de pensar nele e na Sula como namorados, o que me importava naquela hora era matar Hilal Ramazan.— O que vamos fazer? Não podemos deixar ela naquela casa.— Falta pouco cara, vamos fazer do jeito que planejamos. Lembre-se que ele e o avô dela tem a guarda legal dela.Eu não aguentava mais aquele segredo.— Ele não é avô dela.O Rafael me encarou como se eu tivesse ficado louco.— Como assim? Não entendi.E
Eu não queria deixar ele ir. Eu não entedia por que eles tinham que viajar novamente?— Para, Sula, assim não vou conseguir sair daqui.Segurei na camisa dele.— O que você vai fazer lá? Por que eu não posso ir?Ele pensava que eu não sabia. Eu ouvi o Léo conversando com a Alina. Eles iam fingir que traziam mulheres traficadas para a Turquia com a intenção deprender meu avô. Pra mim, não foi novidade descobrir que aquele monstro traficava mulheres. O que ele tinha feito comigo era quase pior que isso.Eu não queria era que o Rafael se metesse naquela história. Aquilo poderia dar errado.Ele se afastou e segurou meu rosto entre as mãos.— Fique calma, princesa, vai dar tudo certo.— Não quero ficar aqui sozinha.Ele me beijou por um longo tempo— A Alina vai ficar com você, e lembre-se do que eu disse: não fale nada, mantenha-se calada entendeu?— Eu entendi.Ele respirou fundo e pegou meu telefone anotando um número.— Se acontecer alguma coisa comigo você liga para esse número. O no
Hoje eu sairia daquela clínica.Não dava mais para esperar. Conferi os documentos em minha bolsa. O importante estava ali. Minha identidade e meu passaporte. Tinha sido uma mão de obra distrair a faxineira e conseguir pegar os documentos na sala da direção da clínica. Agora faltava o mais difícil: O dinheiro. Mas hoje meu plano daria certo.Era dia da Joane fazer depósito no Banco e infelizmente o dinheiro não chegaria ao seu destino. Não era minha pretensão roubar. Eu ia devolver um dia, mas agora eu precisava chegar a Turquia e aquele era o único jeito. O próximo passo era conseguir uma arma.Olhei para todos os lados e quando ela saiu do carro e entrou no escritório, eu passei lentamente ao lado do carro como se estivesse passeando pela clínica e rapidamente entrei no veículo, me escondendo agachada no banco de trás.Tudo tinha sido bem arquitetado e não daria certo se a louca da Vanusa não fizesse a parte dela.Esperei por quase uma hora, até vê-la aparecer na porta da clínica car
Minha mente estava vazia. Não conseguia pensar em nada, ou melhor, eu só conseguia pensar na Sula.O que foi que deu errado?Como a polcia tinha descoberto aquele plano?Leonardo achava que a Alina tinha nos entregado, mas eu não acreditava naquilo. Tinha algo mais por trás daquela denuncia.Desde o início daquela ideia maluca do Leonardo, eu ja estava desconfiando que o avô dele estava maquinando alguma coisa. Ele não deu a menor importancia para os detalhes da operação, apenas insistiu em saber locais e horários da viagem de embarque.Hilal Ramazan, por algum motivo, tinha nos entregado para a polícia. Qual o obejetivo dele? Por que nos queria fora do jogo?Uma ideia passou pela minha cabeça. Ele pretendia fazer alguma coisa com a Alina ou a Sula enquanto estavamos presos ali?Meu corpo gelou e meu coração disparou dentro do peito. Me senti um inútil ali preso, sem saber o que estava contecendo e sem poder fazer nada.Esperava que a ideia insana que o Leonardo teve de pressionar a
Estacionei o carro em frente ao Inter Continental Istanbul, an IHG Hotel, e olhei para o ponto piscando na tela do meu celular.— Ela está aqui.Descemos e avançamos pelo hall de entrada no hotel em direção à recepção.Quando solicitamos um quarto, a moça nem se dignou a levantar os olhos e apenas falou que o hotel estava lotado.Leonardo olhou pra mim e fez sinal para que eu ficasse calado. Enfiou a mão no bolso e se aproximou do balcão.— Eu repito moça. Precisamos de um quarto. Tem certeza que não tem um vazio?A moça olhou disfarçadamente as notas colocadas em baixo do teclado do computador e nos encarou surpresa.— Perdão senhores, vou verificar. Aguarde um momento.Ela voltou com o cartão do hotel nas mãos.— Conseguimos um quarto vago.Sorri cinicamente pra ela.— Obrigada pelo empenho, senhorita.Ela estava obviamente constrangida. Com certeza com medo que alguém descobrisse que tinha aceitado o suborno. Naquela hora, não tínhamos tempo para pensar no caráter da recepcionista.
— Ele morreu Rafa? Por favor, fala que ele morreu!O Rafael me abraçou com força.— Respire fundo e tente ficar calma.Estávamos no apartamento do Léo e eu apenas notei que tinha uma mulher ali conosco. O Léo tinha nos deixado ali e disse que foi buscar a Alina.Ela se aproximou de mim e falou baixo.— Sim. Ele está morto. Eu o matei.Olhei para o Rafael, procurando respostas sobre quem era aquela mulher.Ele apertou os lábios e respirou fundo.— Olhe bem pra ela, meu amor.Confusa fitei o rosto da mulher em minha frente. Ela me encarava meio nervosa e meu coração começou a bater acelerado.O cabelo era bem curtinho, diferente da foto que eu tinha, mas os olhos não tinham como esconder. Eram iguais aos meus.Será que... era minha mãe?Analisei bem a mulher magra e abatida, vestida com uma calça larga e a jaqueta do Leo por cima de uma blusa branca fina.Me soltei do Rafael e fiquei frente a frente com ela.— Você é... minha mãe?Ela começou a chorar e as mãos tremiam, mas não deu um
Leonardo conseguiu esconder a participação da mãe no assassinato de Hilal e a polícia classificou o crime como sem suspeitos.Providenciamos as passagens de volta para o Brasil e dentro de uma semana, arrumamos apenas nossos pertences pessoais e deixamos aquele país que tanto tinha nos causado tristeza.A Zaila veio conosco e ela não deu muitas informações sobre onde ia se estabelecer no Rio de Janeiro. Disse apenas que tinha parentes e que já tinha um lugar para morar.A Alina estava visivelmente aliviada de poder voltar para casa, mas eu percebi que Leonardo estava calado e pensativo. Com certeza estava apreensivo com o rumo que o casamente deles poderiam tomar, agora que não havia mais nenhum perigo para ela.De certa forma, eu ainda estava um pouco preocupado, pois o miserável do Zaruk tinha sumido após a morte de Hilal e eu sabia que ele poderia querer cobrar uma vingança. Era melhor ficar alerta.Chegando ao Rio fomos para o apartamento que Leonardo tinha comprado para estabele
Me aproximei devagar da porta do banheiro e girei o trinco. Estava fechada. Tentei ouvi algum som lá dentro. Nada.Fazia mais de meia hora que ela estava trancada lá dentro e eu não sabia o que fazer.Será que ela passou mal e desmaiou?Comecei a ficar nervosa.Bati na porta devagar.— Mãe...Silêncio.— Mãe, por favor, responde.Ouvi um gemido e o som de soluços.— Vá embora daqui, eu não mereço viver! Meu Deus! O que ela estava fazendo?— Mãe! Por favor abre a porta, eu estou ficando com medo.— Não vou mais atrapalhar você e seu irmão, eu não sirvo pra ser mãe de vocês.Ela não ia abrir a porta. Eu não podia perder tempo.Peguei o telefone e liguei para a Alina.Ela demorou para atender. Com certeza devia estar tão abalada quanto eu, devido à prisão do Léo e do Rafael.— Alina! Por favor me ajuda!— O que aconteceu criança?— Minha mãe. Ela se trancou no banheiro e disse que vai se matar.— Calma Sula, estou indo.Não sei como aguentei esperar a Alina chegar. Meu coração batia fei