Laila
Estava sentada em minha mesa, quando o Henrique veio até a porta que ligava a sua sala à minha, ficando parado no vão da porta, com um olhar interrogativo.
Voltei a olhar para o computador, pois a vontade de rir da sua cara era muito grande e eu não queria me entregar tão facilmente. Tentei manter uma expressão séria.
- Você está franzindo os lábios. – Ele comentou, ainda no mesmo lugar.
- O que isso quer dizer? – Perguntei sem olhar para ele, fingindo digitar algo.
- Fala logo, o que aconteceu entre você e o Nicolas? – Perguntou de forma direta. – Ainda estão vivos, pelo que posso constatar. – Brincou.
- Encerramos a reunião, simples assim.
Eu não estava mentindo, no fim das contas. Nós realmente encerramos a reunião, pensei de forma mal
NicolasEu não estava querendo acreditar o quanto fui idiota, ao ponto de ter casado com a Natasha, quando nem mesmo grávida ela estava! Seria o cúmulo da falta de bom senso, mas eu acredito que foi exatamente isso que aconteceu.- Você vai acabar com o tapete. - Laila falou da cadeira em que estava sentada em minha sala, de frente para a minha mesa. – Parece um animal enjaulado, andando assim, de um lado para outro.Quando a Natasha saiu há alguns minutos atrás, após soltar aquela sujeira em nosso colo, nós dois entramos em minha sala, sendo acompanhados por meu irmão.- Estou tentando me acalmar, para não tomar uma atitude precipitada. – Expliquei o meu comportamento.- Mais uma, eu diria. - Henrique fez questão de salientar, com certeza se referindo ao meu casamento precipitado. – Mas antes de entrar de verdade ne
LailaA semana após o aniversário da Veronica passou voando. Mas os dias costumavam passar rápido, quando estávamos felizes, era normal, pensei com um grande sorriso no rosto, enquanto enviava o último e-mail do dia, ansiosa pelo o final do expediente daquela sexta-feira.O Nicolas me deixaria em casa, como vinha fazendo todos os dias, não apenas ao final do expediente, mas também pela manhã, para me levar para a construtora.Nós estávamos muito felizes juntos e eu me sentia muito segura, não apenas dos seus sentimentos por mim, mas também do meu lugar ao seu lado, uma vez que ele fizera questão de deixar claro para todos, que nós estávamos juntos.Eu também havia deixado claro que agora estava mais madura, mais consciente da minha força, pois desde o primeiro dia em que fi
NicolasOlhei para a Laila ao meu lado e, ao sentir-se observada, ela olhou em minha direção, abrindo um grandioso sorriso. Nós estávamos felizes, e era visível para todos que nos cercavam.- Ansioso pelo fim do jantar. – Comentei baixinho, para que as pessoas ao nosso redor não ouvissem.- Você está muito assanhado, senhor Nicolas. – Laila respondeu, dando um leve tapa em meu braço.- Você parece uma senhora de setenta anos falando, Laila. – Henrique brincou.- Você conseguiu ouvir? – Laila perguntou, horrorizada.Não consegui me conter, e ri da sua expressão. A Laila estava sentada entre eu e o meu irmão, e acredito que apesar de ter ouvido as palavras dela, as minhas não foram ouvidas, eu tinha certeza. Caso contrário, também estaria fazendo graça sobre i
Laila Estava no banheiro do quarto do Nicolas, quando senti que a porta foi aberta. Abri os olhos, que tinha fechado, pois estava lavando os cabelos e vi que se tratava do Nicolas, como eu havia imaginado. Sorri, e me virei de costas, para continuar a minha tarefa. Presumi que ele desejava usar o banheiro, e pensei em dar maior privacidade, tanto a ele, quanto a mim mesma, uma vez que o box era de vidro transparente. Mas ele abriu a porta do box e entrou, me surpreendendo ao pegar as minhas mãos e afastá-las do meu cabelo, substituindo-as pelas suas. Ele começou a massagear meu couro cabeludo com pericia, me deixando apenas aproveitando o momento de intimidade. Quando se deu por satisfeito, ligou novamente o chuveiro, e massageou novamente, até sair toda a espuma. Repetiu o processo com o condicionador, e depois que já estava com meus cabelos completamente limpos e cheirosos, ele encostou seu corpo no m
NicolasDepois que deixei a Laila em frente ao edifício no qual moravam suas novas amigas, decidi passar em uma cafeteria e comprar alguns muffins para dona Célia, para dar a ela quando fosse deixar a Laila em casa.Me senti mal por deixa-la, junto a Larissa, esperando por tanto tempo. Já tinha mandado mensagem para o Henrique, agradecendo por ter ido deixa-las em casa, visto que o motorista da família tinha folga aos domingos e eu demorei tanto.Claro que foi por uma boa causa, pensei com um sorriso. Uma ótima causa. Mas evitaria deixar pessoas esperando por nós da próxima vez que resolvesse ajudar minha garota a lavar os cabelos.Entrei em uma cafeteria já no bairro em que eu morava, pois sabia que era famosa por oferecer sobremesas de ótima qualidade. Claro que o fato de o preço ser um dos mais altos da capital não tinha nada a ver com o
LailaEntrei em casa me sentindo totalmente sem chão. Não acreditava que o Nicolas estava novamente caindo nas graças da Natasha. Depois de tudo o que ela fez e estava fazendo, dificultando o divórcio, se esquivando de falar com ele, agora eles simplesmente se encontravam para tomar um café.Não conseguia aceitar, na verdade. Por que acreditar que aconteceu, é claro que eu acreditava. Contra fatos, não há argumentos. Ou melhor, contra fotos que mostram o casal junto, não tinha como negar que estavam de beijinhos e abraços.O que mais doía era a mentira, pensei indignada.- Boa noite, vovó. – Falei ao entrar na sala de estar e beijar seu rosto fofinho.- Boa noite, Laila. Está tudo bem?- Sim. – Menti. – Tudo tranquilo.Minha vó estava fazendo o que
NicolasEu diria que saí da casa da Laila transtornado de raiva, mas acredito que tenho muito controle sobre mim mesmo, pois diante da cena que vi diante de mim, disse muito menos do que senti vontade de falar e dei meia volta, ao invés de fazer com que a Laila me ouvisse, e pudesse se arrepender do que acabara fazendo.Dirigi para casa de maneira lenta e controlada, apenas respirando forte, para acalmar as batidas do meu coração, que parecia que iria sair pela boca.Muita coisa tinha acontecido, em um dia que até eu ir deixar a Laila na casa das amigas dela, estava simplesmente perfeito e eu só podia lamentar.Cheguei em casa e, para meu completo alivio, não encontrei ninguém pelo caminho, indo direto para o meu quarto e me joguei pesadamente na cama.Mas estava inquieto demais para me acalmar, e apesar de ser uma noite relativamente fria, eu sentia o s
Laila Passei toda a manhã criando coragem para falar com o Nicolas, mas idealizar o que fazer é fácil, difícil é por aquilo em prática, essa era a verdade. - Você bem que poderia me ajudar com a Júlia, Laila. – Henrique falou. Eu estava em sua sala, aguardando enquanto ele assinava alguns documentos, para encaminhar aos outros diretores. - Eu já não aguento mais esse assunto, Henrique. Quanto mais a Júlia. – Falei entediada. - Não tenho culpa se não consigo falar com ela pelo telefone e não encontro nenhuma oportunidade para que possamos conversar. Ninguém colabora. – Reclamou, fazendo um gesto amplo com os braços. - Por que ninguém acredita nesse sentimento que você diz ter por ela, simples assim. - Por que você está de pé? – Percebi que ele mudou de assunto. – Parece nervosa hoje. - Não mude de assunto. – Fugi da pergunta. Estava mesmo me senti