Barth
Vila dos Lobisomens - Mundo humano
— Um dia você será o Alfa, Bartholomeu — dizia seu pai, com o ar de superioridade costumeiro, enquanto o filho o observava apertar a mão de um vampiro engravatado —, você deve aprender a diplomacia com os vampiros, e isso nos garantirá paz e prosperidade.
— Como pode haver paz e prosperidade usando uma coleira, como um cão domesticado! — o jovem gritou, algum tempo após a saída do vampiro, enfim explodindo, perante a passividade de seu pai. Mas antes que pudesse pensar no que disse, foi surpreendido por garras afiadas que lhe acertaram a face, rasgando-lhe a pele, em cortes diagonais que iam da testa até o queixo, e fazendo-o recuar com caninos e garras expostos.
— Dobre a sua língua, rapaz! — bradou seu pai, enquanto sangue pingava da mão que desferiu o golpe — Não lhe dei a liberdade de contestar minhas decisões. Você é o herdeiro Alfa, mas enquanto eu estiver vivo, não admitirei sua insubordinação!
Por um instante ele quis revidar. Seria o pretexto ideal para que seu pai o matasse e nomeasse outro sucessor, talvez um que compartilhasse suas convicções, mas refreou o ímpeto, recolheu caninos e garras e, engolindo seu orgulho, se ajoelhou em reverência, e enquanto o corte em seu rosto cicratizava e sumia rapidamente, ele deixou escapar por entre os dentes um amargo "Sim senhor!"
Há anos os Lobisomens se tornaram subordinados dos vampiros. Os documentos históricos apontam como causa disso, a grande guerra, que foi vencida pelos sanguessugas, onde as raças que passaram a ser consideradas inferiores, se tornaram vassalos.
Enquanto o pai, arrogante demais para perceber a centelha de rebelião que faiscava na atitude de Barth, dava a discussão por encerrada, o olhar do jovem, voltado para o chão, dizia o contrário, e transbordava de ira. Os pergaminhos antigos falavam dos Lobisomens como uma raça altiva, orgulhosa e gloriosa, ou seja, nada daquilo que estavam se tornando.
Por um instante desejou que os caçadores invadissem aquele local e acabassem com tudo e com todos.
Seus tutores sempre lhe falavam sobre raças que não aceitaram o resultado da guerra, e foram dizimadas por Vampiros e demônios, e que a diplomacia de seu pai, salvou os lobisomens da ruína e ainda garantiu a eles um lugar de destaque na nova política. Mas um deles, o General Sigmund Nash, seu mestre de defesa pessoal e artes marciais, lhe dizia para se preparar, porque mesmo que os Lobisomens passassem mais uma geração de vassalagem, isso iria terminar. E que Barth poderia ser aquele que levaria sua raça de volta à glória.
Aquela profecia ampliava sua vontade, e lhe fazia se dedicar a tornar se mais forte. Não queria ser líder, não queria glória, mas não via a hora de poder chutar uns traseiros sanguessugas.
Não podia fazer nada sobre o título de Alfa de seu pai, que conferia a ele poder sobre seus atos, e se dedicava a fortalecer seu instinto e seus dons para o momento em que o título lhe fosse passado.
Na primeira oportunidade que teve, aproveitando que Lord King o deixou para executar trabalhos burocráticos, Barth se esgueirou para fora do palácio, em direção ao dojo do general Nash.
— Eu vou ficar mais forte que qualquer um, pai — ele pensou —, o senhor não terá orgulho de mim, mas foda-se o seu orgulho de merda!
A caminho do dojo, Barth viu crianças brincando no lago na entrada da mata, e sentiu inveja deles. Ele, por ser o herdeiro Alfa, nunca pôde brincar daquele jeito. Sua infância, tinha sido cheia de questões burocráticas, como visitas e aparições em eventos, sempre junto de sua mãe, que adorava ostentá-lo. Por ser mãe do primogênito do Alfa, ela tinha os privilégios de primeira dama, e fazia questão de mostrar isso para as demais Esposas. Ele era praticamente um troféu, e sua mãe não suportava a idéia de vê-lo brincando com os irmãos menos favorecidos.
Mesmo sem a aprovação de sua mãe, ele sempre dava um jeito de fugir, para se juntar aos seus irmãos em alguma brincadeira, mas sempre era pego, e via eles sofrendo represálias por terem brincado com ele. Esses castigos constantes que sempre sofriam, fez com que seus irmãos passassem a evitá-lo, inventando desculpas para recusar sua companhia.
Eve, sua irmã mais velha, nunca brincava, e vivia sempre sozinha, apenas observando. Barth sabia porque ela não gostava dele. Sua mãe lhe contou que ela, sendo quatro anos mais velha, era o centro das atenções do pai, e na falta de um primogênito, sua mãe recebia os privilégios de primeira dama. Assim, quando ele nasceu, a vida dela mudou, e seu pai passou a ter olhos somente para ele. Barth sabia que não tinha o amor de seus irmãos, e que tinha apenas alguns raros amigos, que mal podia ver. O único que confiava de verdade era o General Nash, seu tutor e mestre, que escutava suas queixas, e o aconselhava com as palavras certas no momento certo.
Nash era um híbrido — seu pai era um demônio da alta classe, e sua mãe uma lobisomem, única filha de uma das familias Alfa. Para resolver esse impasse, todos da família foram condenados à morte, menos sua mãe que estava grávida. Os Lobisomens sabiam que híbridos são raros, e ele seria uma excelente arma no caso de haver revolta, então ele foi poupado e treinado para ser General.
À medida em que foi crescendo, Nash demonstrou grande aptidão com armas, com artes marciais, e desenvolveu também seus poderes de demônio, mas sempre os usou só em último caso.
Ele sempre demonstrou estar sob o controle do Alfa, o que prova a força do seu lado lobisomem, mas, os outros tutores e líderes do clã, sempre se mantiveram desconfiados quanto à sua lealdade.
Chegando ao dojo, Barth estranhou o fato de não encontrar Nash, já que nesse horário ele sempre estava lá. Saindo, seguiu na direção da casa de seu mestre, e encontrando a porta aberta entrou. Um barulho em uma das salas chamou sua atenção e ele, instintivamente, se esgueirou até a parede e, se aproximando furtivamente da porta, olhou para dentro. O General estava sentado, e na mesa à sua frente tinha uma caixa com algumas fotografias. Em uma das mãos ele segurava a foto de uma mulher, e na outra um copo de Whisky sem Gelo já praticamente vazio.
— Dizem que quando nascemos, todos recebemos uma maldição que nos persegue pro resto de nossos dias — disse o Homem sentado à mesa, com tom de voz embriagado, percebendo a presença de Barth —, e esta é a minha, Barth. E quase foi minha ruína tbm.
— Mas ela é linda mestre — disse o jovem, aproximando-se —, porque diz que ela é sua maldição?
— Ela era humana — respondeu Nash, sem tirar os olhos da mulher na fotografia, com a voz carregada de dor e culpa, deixando transparecer que ela era importante para ele, e que ele a perdera —, e eu pensei que conseguiria escondê-la de seu pai, mas não fui forte suficiente.
— E o que aconteceu com ela? — Perguntou Barth, cheio de curiosidade. Ver o temido General Sigmund Nash, conhecido por seus inimigos e companheiros de batalha como "Besta Infernal", naquela situação, o fez querer saber mais sobre aquela mulher, mas depois de um breve silêncio recuou — Se não quiser não precisa falar, mestre, eu volto outra hora.
— Por favor, fique! — disse Nash, voltando o olhar para ele — eu quero te contar tudo, faz parte do seu treinamento. Se você quer ser senhor do seu futuro, é preciso ter ciência do passado.
— Os Lobisomens venceram muitas batalhas sob o meu comando — continuou ele, após ter a atenção total de Barth, que sentou-se na cadeira ao lado —, nossos senhores, os Vampiros, não entendiam como um jovem lobisomem podia ser tão feroz e hábil em combate, e como podia liderar tão bem. Seu pai, se aproveitou disso e ganhou a confiança deles, se tornando uma espécie de embaixador do submundo, contando também com suas habilidades diplomáticas.
"Os vampiros sempre prezaram pela discrição, e não gostam de chamar a atenção para si, ainda mais depois que os caçadores apertaram o cerco contra o submundo, então eles tratavam de eliminar todos que colocassem essa discrição em risco, como era o caso de alguns vampiros. Para isso resolveram nos usar como cães de caça.
"Criamos um grupo especial de caça e extermínio dessas ameaças, e eu era o responsável por liderá-lo."
— Uma vez recebemos uma ocorrência em um povoado isolado — Nash , continuou após encher novamente o copo —, completamente tomado por Vampiros, que estavam mantendo humanos reféns, para se alimentar, e estavam chamando atenção, o que logo atrairia a ira dos caçadores. Para essa missão eu fui sozinho, pois era uma missão furtiva. Meu objetivo era entrar na vila, e eliminar todos ali, vampiros e reféns humanos, sem exceção. Vampiros que entram nesse tipo de frenesi, não conseguem mais se controlar, e os reféns se saíssem com vida, poderiam contar sobre os vampiros a outros humanos, o que geraria um caos sem precedentes.
"A minha vida toda eu fui visto por todos como uma arma. Me apelidaram de Besta Infernal, e eu agia como tal, sem misericórdia e sem remorso, e naquela missão não foi diferente, eu eliminei todos os vampiros, um por um. O último deles, tinha tatuagens que mostravam que era um graduado, provavelmente o líder do bando, e estava na maior e mais luxuosa casa do lugar. Eu já tinha eliminado todas as sentinelas do local, e observando o interior eu vi Amélia, sentada em uma cadeira reclinável e presa a tubos que estavam extraindo seu sangue aos poucos.
"Mesmo debilitada, ela era linda, e por um instante eu me perdi em sua beleza, o que foi suficiente para não ver o inimigo me golpear fortemente, me lançando contra a parede ao lado de onde ela estava, estilhaçando toda mobília no caminho. Eu caí desnorteado, sem reação enquanto ele se aproximou para desferir o golpe fatal, mas enquanto ele movimentava os braços, um pedaço de madeira atravessou seu coração, pelas costas, fazendo-o desaparecer em fogo e cinzas.
"Quando os restos dele se dissiparam em fumaça, eu pude vê-la ainda com os tubos no braço, segurando a estaca, com espanto e ódio em um olhar feroz, mas quando a adrenalina baixou, ela caiu, e eu por impulso, me levantei e a segurei."
— Eu vejo em seus olhos, que você matou todos eles — ela disse, em meus braços, me olhando nos olhos —, tanto monstros quanto reféns, e sei que tem que me matar também, mas eu preciso que me ajude a enterrá-los antes.
— E porque eu faria isso? — respondi sem conseguir desviar o olhar.
— Digamos que me deve uma — ela disse sorrindo, antes de desmaiar.
"Aquele sorriso me desarmou. Ela não me viu como um monstro, ou como uma arma. Ela me viu como um herói, que os livrou daquele sofrimento, e a livraria também. Nunca ninguém sorriu pra mim daquela forma, e eu me apaixonei. Quando ela acordou eu a havia levado para um lugar onde ia para ficar sozinho, que nem mesmo seu pai conhecia, e cuidado de suas feridas.
"Contei a ela que enterrei todos os mortos, e que quando ela estivesse forte o suficiente, a deixaria ir, mas, para minha surpresa, ela disse que queria ficar, e que queria que eu ficasse com ela, pois ela não tinha mais ninguém, e que esse novo mundo, que ela acabara de conhecer, era assustador demais e eu a deixava segura.
"Nós vivemos bons momentos ali, e nos amamos ardentemente. Eu passava os dias sendo General Nash, a Besta infernal, e as noites sendo Sigmund, o amante de Amélia, e consegui manter esse segredo por muito tempo, até que o pior aconteceu.
"Eu fui seguido por um jovem Lobisomem, que caçava perto da cabana onde eu me encontrava com ela. Ele nos viu juntos e eu decidi matá-lo para proteger nosso segredo, mas Amélia não permitiu. Ela segurou meu punho, enquanto ele fugia."
— Para piorar a situação — Nash continuou a narrativa, depois de uma breve pausa para respirar. Sua voz estava mais carregada de dor, como se estivesse chegando em uma parte dolorosa da história —, aquele jovem era filho de um membro importante do Conselho de Líderes, e quando cheguei no dia seguinte, eles tinham instaurado uma reunião extraordinária e alguns guardas me escoltaram até lá.
"Eu não estava com medo. Estava feliz por tê-la conhecido, e por ter vivido tudo o que vivemos. Morreria feliz, sabendo que morri por ela. Mas a minha morte não estava nos planos de seu pai, e ele nunca aceitaria uma humana no clã.
"Ele disse na frente de todos, que não repudiava minhas atitudes, e que eu não havia cometido crime nenhum, exceto o crime de contar a ela sobre o submundo. E que pra provar, de uma vez por todas, a minha submissão à Vontade Alfa, eu mesmo deveria matá-la. Naquele momento, eu vi o quanto um Alfa pode ser poderoso e cruel, e nem todo o meu poder de demônio, foi capaz de evitar a persuasão, eu sabia que só tinha uma forma de salvá-la de mim, eu a ajudaria a fugir, e depois me mataria."
— E você a matou? — Barth perguntou, temendo pela resposta.
— Não — o General respondeu com um leve sorriso, divertindo-se com a impaciência do jovem — ela foi esperta. Aliás ela sempre foi incrivelmente esperta.
— Eu não teria alternativas se nós a tivéssemos encontrado — ele continuou, após um breve devaneio de lembranças —, mas quando chegamos na casa, ela havia desaparecido e eu nunca mais a encontrei pessoalmente.
— O Senhor disse que não a encontrou pessoalmente — disse o jovem, mais aliviado depois do desfecho da história —, então teve contato com ela de outra forma.
— Você é bem observador Barth — disse o General sorrindo —, eu tive de recorrer a métodos que sempre abominei, e desesperado para saber onde e como ela estava, eu comecei a treinar algumas habilidades demoníacas que sempre suprimi.
— Após algum tempo de treinamento — ele continuou, após mais um gole da bebida —, eu desenvolvi uma técnica apurada de projeção espiritual, e mesmo sendo vigiado vinte quatro horas por dia, eu projetava meu espírito até ela, através dessa foto.
— O senhor estava indo até ela antes de eu chegar? — Barth disse, meio desconcertado com a possibilidade de estar atrapalhando algo — Me desculpe mestre, eu...
— Não, Barth — o General disse, olhando para ele com lágrimas nos olhos —, mesmo que eu quisesse, eu nunca mais poderei ir até ela.
— Eu sinto muito, mestre — o jovem disse, sentindo a dor de Nash —, mas o que aconteceu?
— Eu tentei ir até ela essa madrugada — ele respondeu pausadamente, com a voz embargada pela dor, como se contar-lhe aquilo fosse muito doloroso para ele —, mas o meu espírito não alcançou o dela.
— Eu não sei exatamente o que isso significa, mestre, mas pela sua reação, não deve ser nada bom — Barth disse.
— Não, não é — disse o general, colocando as duas mãos no rosto, em desespero —, temendo pelo pior, eu fui até ela pessoalmente. Eu a encontrei à beira da morte.
— Mas o que aconteceu com ela? — o jovem perguntou, colocando a mão no ombro de Nash.
— Vampiros, Barth — Nash respondeu, levantando-se de sobressalto. Seus olhos se tornaram profundamente negros e suas feições demoníacas, como o jovem nunca havia visto antes. Essa era a Besta infernal de que as lendas falavam, e ele pode sentir a opressão do poder híbrido de seu mestre —, eles a encontraram e a mataram, mas antes de morrer, ela me contou algo que havia me escondido por vinte anos.
— Ela me disse que quando nos separamos, ela estava grávida — ele continuou, depois de se acalmar e voltar ao normal —, e contou também que ela deu nosso filho para adoção, temendo que lorde King pudesse encontrá-los. Mas por algum motivo, os vampiros estavam atrás dele, e a mataram quando viram que ela não sabia onde ele estava.
— Temos que encontrar o seu filho então mestre! — Barth disse, levantando-se também — Ele é um híbrido também, mas seu sangue humano, pode deixá-lo imune ao controle do alfa. Ele pode ser nossa esperança na luta para tomar o poder de meu pai e voltarmos a ser independentes dos vampiros.
— Eu não posso, Barth — o general disse, pegando o jovem de surpresa —, as ordens de seu pai foram de eliminar Amélia e tudo o que pudesse expor as criaturas sombrias. Se eu encontrar o nosso filho...
— Você terá que matá-lo — Barth completou a pausa de seu mestre, enquanto andava de um lado para o outro como se estivesse pensando.
— Eu irei então — continuou o jovem, decidido, após pensar —, está na hora de ser o que me treinou para ser, mestre!
— Eu sei o quanto é forte e habilidoso Barth — Nash disse, se aproximando e colocando as mãos em seus ombros enquanto o olhava nos olhos —, mas você irá entrar no meio de uma guerra ancestral, e dará as costas para sua família. Tem certeza que quer fazer isso?
— Nunca tive tanta certeza de algo com eu tenho disso! — Barth disse empolgado, enquanto se transformava. Seus músculos triplicaram de tamanho, aumentando sua altura para mais de dois metros, Garras e dentes pontudos e afiados surgiram, e seus olhos mudaram para um vermelho cor de sangue — Está na hora de retomar a glória que meu pai deixou de lado ao se rebaixar para os sanguessugas. Eu serei um alfa melhor que ele, ou morrerei tentando!
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Eve Vila dos Lobisomens - Mundo humanoOlhando pela janela na direção do lago, ela o viu caminhando com passos apressados e decididos, provavelmente seguindo na direção do dojo, que era onde ele passava a maior parte de sua vida.O ódio que ela sentia em seu peito era latente, e aquelas crianças brincando no lago, a fizeram se lembrar de porquê o odiava tanto.Era uma manhã ensolarada como aquela, e ela brincava no lago despreocupadamente, enquanto sua babá a observava. De onde estava viu o momento em que um empregado da casa principal veio chamá-las, e ao chegarem em casa, viram que sua mãe estava arrumando as malas, e disse para a babá juntar as suas coisas também, pois, teriam que se mudar.Ela tinha apenas quatro anos, e não entendia porque tinham que deixar aquela casa, e nem porque o seu pai não iria junto com elas e passou a vê-la com menor frequência, até que parou de aparecer.O nascimento de um bebê, o prime
MattCidade de Nova York — Mundo HumanoDois dias atrás— Não está se esquecendo de nada, Matthew? — a garota lhe disse de trás do balcão, após entregar-lhe um copo com café-com-leite e um pacote de papel quase cheio, um pouco engordurado e com um cheiro delicioso e instigante — Você me deve alguns desenhos!— Você sabe que eles não são de graça, não sabe, Lilly? — Matt perguntou, após tomar um gole da sua bebida.— E você acha que os meus pastéis são? — ela perguntou, fechando o semblante e cruzando os braços ofendida.— Lógico que não, sua besta! — ele disse, rindo da carranca que ela fez — Você sabia que fica linda quando tá nervosa.— Não adianta me adular, Matt — ela respondeu, fazendo um biquinho —, quero meus desenhos!— Oownn! — ele fez um som, zombando do drama dela — Eu não resisto a esse biquinho!Colocando o copo e o pacote em cima do balcão, ele pegou um envelope que havia deixado
MattCidade de Nova York - Mundo humanoDois dias atrás— Matt, é você quem está aí? — a voz de Lilly o fez despertar, e ao abrir os olhos viu que estava em seu quarto. Sentou-se na cama meio confuso, e só quando se levantou, que percebeu que estava completamente nu — Estamos precisando de você lá em baixo!— Sou eu sim, Lilly — ele respondeu —, vou tomar um banho e já desço!Olhando para um relógio na parede de seu quarto, viu que eram dezessete e trinta, e não fazia idéia de como chegara até ali. Uma
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