Capítulo -1 Clara

Alguns anos depois...

Vim para o Estado Unidos, foi um desafio muito grande, não tinha experiência de nada, vim para focar e estudar, pois queria ser alguém, e quem sabe assim tentar encontrar os meus pais.

Passei seis meses focada estudando, sempre tirando as melhores notas, consegui aprender falar inglês coerente, assim não ficava tão perdida. Acredito que essa experiência me deixou muito motivada, após acabar com intercâmbio eu já sabia de muitas coisas. O meu visto ainda estava livre foi aí que decidi encontrar um emprego, assim teria um bom dinheiro para quando eu voltasse para o Brasil, sempre mandando cartão para irmã Cida, contando de como estava.

Em um dos dias da minha procura fui parar na cafeteria, lá trabalhei por alguns meses, porém eles exploravam muito, por eu ser brasileira, acabei procurando algo melhor. Foi quando conheci a Vivian, ela com seu jeito descontraído, me viu sentada no banco enquanto eu descansava para poder voltar a minha procura de emprego, o lugar que eu estava morando teria que sair logo por conta do contrato. Então teria que procurar um lugar para morar e trabalho.

Me lembro como hoje ela estava com a Valentina, pequena ela ria pelas brincadeiras que a Vivian fazia. Ali começamos a nós conhecermos, eu me apaixonei pela Valentina. Uma criança doce e amável. Contei um pouco sobre a minha história e ela não pensou duas vezes em me oferecer um quarto no apartamento dela. Na hora eu fiquei surpresa, e sem muita opção acabei aceitando, agora só precisava trabalhar. Ela me disse que tinha uma amiga que estava precisando de uma força em uma loja de brinquedos. Ela naquele momento estava me salvando. E assim foi morar com Vivian e pequena Valentina.

Ela me contou um pouco sobre sua vida, e via o quanto ela era forte por suportar tudo isso sozinha, criar uma filha sozinha, trabalhar e ainda manter alegria! Ali eu tinha um espelho a ser seguida, a força de vontade dela me entusiasmava. Mesmo nos piores momentos Vivian nunca deixou a sua alegria. Eu falava do Brasil para ela e o sonho dela era que fossemos nós três.

Então tínhamos feito uma meta para viajar, ela queria muito conhecer e tentar dar uma vida melhor para sua filha e focamos em seguir a metas para assim chegamos e não teríamos problema. Por mais que ela seja estrangeira seria interessante ela conhecer um pouco do Brasil. Alguns meses antes de viajarmos ela estava passando mal e mesmo dizendo que estava tudo bem, dava para perceber que tinha algo errado com ela, até que uma das consultas ela descobriu a doença e isso me deixou desolada, ela tinha a Valentina que apenas iria fazer seis anos, ela tentou lutar contra a doença mais já estava no estado avançado, ela só queria ver a filha dela feliz, e ver crescer, e isso ela não poderia fazer.

E foi aí que ela me deu a missão de cuidar da Valentina como minha filha, um papel que não saberia como exercer direito, já tinha o convivo com a Tintin desde seus dois aninhos. Mas daria minha vida pela da Valentina...

Acordo em meios aos gritos, e não tenho tempo para raciocinar direito e vou em direção do quarto da minha pequena! Consigo ouvir e sentir o quanto ela estar com medo! Entro em seu quarto, e já abraçando o seu corpo pequeno.

— Calma meu amor, eu já estou aqui... — falo repetidas vezes para a Tintim sentir segura em meus braços e acalmar o seu coraçãozinho.

— Eu quero a minha mamãe, tia! — ela diz chorando, e isso parte o meu coração. A Vivian morreu tem dois meses, e a Valentina vêm tendo esses pesadelos, ela não consegue aceitar que a mãe não estar mais aqui, eu tento me manter forte para poder conversar com ela e continuar explicando para que ela possa entender onde a mãe estar.

— Meu amor, eu já expliquei a mamãe estar no céu, ela estar dentro do seu coração, em sua cabecinha, ela teve que ir mora no céu meu amor. A tia estar aqui para cuidar de você minha pequena.

— Eu sinto muita falta da minha mamãe... — ela diz chorando.

— Eu sei meu amor, até mesmo eu sinto falta da sua mamãe, ela era a única amiga que tia teve. Agora eu só tenho você, pequena! — confesso abraçando mais forte.

— Tia, agora a senhora vai ser a minha mamãe?— ela me pergunta, e a verdade é que isso é difícil de dizer, por mais que eu tenha prometido a minha amiga que cuidaria da Tintim como minha filha, mais não quero tomar o seu lugar.

— Eu serei a sua segunda mamãe, você aceita? — a pergunto e ela abre um pequeno sorriso em meios às lágrimas.

— Sim, eu vou pedir para o papai do céu não levar à senhora!— ela diz me fazendo ficar emocionada.

— Oh, meu amor, ele não vai me levar, ele me deu uma missão mais incrível desse mundo!— falo a fazendo ficar curiosa.

— Qual foi à missão tia?— ela me pergunta.

— Cuidar de você meu amor! Você me ajudar a realizar essa missão?

— Sim!— ela diz mais animada.

— Então o que acha de dormir comigo em minha cama?— pergunta e ela começa a coça os olhos fazendo um sim com a cabeça. O pego em meus braços e vou em direção do meu quarto, a coloco em minha cama, ajeito na minha cama desligo a luz e me junto a ela que se aconchega em meus braços, ela solta um suspiro baixinho se entregando ao sono novamente.

Senhor me dá força para seguir em frente.

Fico me lembrando de como conheci a Vivian, eu tinha finalizado meu estudo e estava à procura de emprego, pois a bolsa que tinha ganhado quando sair do orfanato já tinha finalizado, eu gostei e foi bom para meu conhecimento, ela sempre comunicativa me ajudou e daí então nós tornamos grandes amigas, ela gostava do que fazia, ela era artista mais também trabalhava em um restaurante, assim tirava o sustento dela e da Tintin, pois a vida de espetáculo nunca foi fácil e nem sempre rendia bem. Na época que ela iniciou no restaurante, ela tinha se envolvido com pai da Tintin, eles só tiverem um lance, que acabou ele quebrando o coração dela, e indo embora a deixando grávida, a mãe dele ainda ameaçou a minha amiga, até mesmo cartas ela enviou dizendo que o seu filho tinha se casado e já estava construindo a família dele com filhos.

Na época que a conheci a Tintim tinha apenas dois aninhos, naquela época fiquei apaixonada pela pequena. E me empenhei para ajudar a minha amiga. Desde então nunca mais nos separamos, ela virou uma irmã mais velha, ela sabe de onde eu vim e nunca me julgou, pelo contrário sempre manteve o carinho por mim. O nosso propósito era voltar para o Brasil nos três, mas infielmente nem tudo saiu como planejamos, mas antes dela morrer tinha me pedido para cuidar da pequena, ela fez toda documentação para que eu pudesse ter a tutela da Valentina definitiva.

Então com isso estou me preparando para voltarmos para o Brasil.

Só esperando as documentações que ficaram em andamento para ter a guarda da Valentina, e juntando o dinheiro do antigo trabalho da Vivian, e do meu para poder fazemos nossas vidas lá quando chegamos. Eu sei que nada será fácil, mas não iria me deixar abater.

Assim, quando chegamos posso correr atrás de um trabalho. Já tinha informado a irmã Cida, ela vai me ajudar, já tem até uma indicação de trabalho para mim, o que me deixou bastante esperançosa. Só estou esperando a liberação para seguimos para o Brasil.

Eu estou contando os minutos para voltarmos, quem sabe podemos viver melhor, e fazer a minha pequena feliz.

Sinto o corpo da pequena relaxado, ela já estar dormindo, ela tem poucos traços da Vivian. Como pode um pai renegar assim uma filha? A pequena é tão preciosa. Acabo adormecendo enquanto fico alisando seus cabelos...

Acordo com meu celular tocando. Abro meus olhos e tento sair da cama para não acordar a pequena.

Chego ao corredor atendo a ligação. E quase caiu de tanta emoção! Advogada conseguiu a liberação para irmos embora! Ela disse que já conseguiu reservar a passagem para hoje à noite, então eu tenho pouco tempo para organizar as nossas coisas! E avisar a irmã Cida que já estamos voltando!

Só Deus sabe o quanto eu estava esperando por essa notícia.

Deixo a pequena dormindo e vou para banheiro e tomo um banho para me desperta e após começar organizar tudo! Ligo para orfanato e por sorte consigo falar com a irmã Cida, que ficou emocionada por saber que finalmente estou voltando. Ela disse que já estava tudo certo, e até mesmo viu uma casinha perto, assim ela pode me ajudar com a Valentina. A agradeço e informo que assim que chegar ao Brasil eu irei ao orfanato.

Já estou finalizando as malas da pequena e algumas coisas que vamos levar de lembrança de sua mãe. Vou à cozinha e preparo nosso café, e volto até o meu quarto. Chego à pequena continua dormindo, vou até ela e começo a beijar sua cabecinha e fazendo cosquinha em sua barriguinha e ela começa abrir um sorriso lindo!

— Bom dia, minha pequena! Eu tenho uma mega novidade! Mas só contarei quando você levantar para tomar café da manhã comigo! — assim que falo ela começa a pular na cama!

— Vai tia conta! Eu tô curiosa! É de comer?— ela fica me perguntando.

— Não, meu amor! Essa mega novidade não é de comer! Mais é algo que estávamos planejando algum tempo! — confesso e nos sentamos e começo a montar o prato, ela está com olhos brilhando. Nem parece que teve um pesadelo durante a madrugada.

— Tia é a viagem que a mamãe sempre falava?— ela me pergunta, é muito esperta essa Tintin.

— Sim, meu amor, agora pouco recebi uma ligação de que já podemos viajar, e vamos sair hoje à noite! Estar preparada para viajar comigo?

— Sim!

— Então vamos terminar o nosso café e tentar deixar tudo organizado, já fiz a sua mala e só faltam poucas coisas!

— Eu posso levar o cobertor e o travesseiro da mamãe?

— Claro que pode! Até mesmo já tinha separado! Agora coma tudo para ficar fortinha!

Terminamos o nosso café da manhã, deixo tudo organizado a cozinha, e vamos para meu quarto. Eu não tenho muita coisa, mais faço questão de cuidar bem das que tenho e guardo tudo com a Tintim! Até mesmo algumas cartas e diário da Vivian, quando a Valentina tiver idade para compreender darei a ela o diário de sua mãe.

Colocamos as malas na parte da sala, e termino de deixar tudo arrumado. Essa casa é alugada e assim que sairmos já tem pessoas que viram morar. Por isso gosto de deixar tudo organizado. Na hora do almoço, faço algo forte assim, no jantar só lanchamos, não quero passar mal e nem deixar a pequena enjoada.

Algumas coisas que separei para doação avisou a dona da casa, e ela disse que um rapaz viria pegar para levar para doação. Foi à parte mais dolorosa o ver levando as coisas da Vivian. Mas eu não podia levar tanta coisa assim para o Brasil. Apenas peguei algumas coisas pessoais para ficar de lembrança para Valentina.

Após o jantar a Tintim tirou um cochilo. E nessa hora me b**e um nervosismo.

Será que eu estou fazendo o certo?

Será que a Tintim vai se adaptar no Brasil?

Infelizmente a minha liberação para permanecer no país já acabou, também não sei se conseguirei ficar por aqui sem a minha amiga!

Tudo parece doloroso!

Você tem que ser forte Clara! Grito em pensamento...

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