03

EVA NARRANDO

Jackson Denver é meu pesadelo em forma de homem. Ele é sexy, bonito, tem um olhar intimidador e sabe escolher os melhores ternos e melhores perfumes. Ele malha, dá pra ver pela camisa social. Mas a pior coisa que poderia ter acontecido... Foi eu ter conhecido ele.

Sou uma pessoa alegre, sempre fui, mas sou muito explosiva. Se as pessoas não atendem minhas expectativas, acabo fazendo besteira, e isso é prejudicial pra mim. Com ele, já fiz besteira duas vezes: A primeira, foi mostrar os seios de forma irracional, porque ele disse que eu não tinha. A segunda, foi beijá-lo no estacionamento, porque ele disse que eu era infeliz e devia beijar mal. Sinceramente, às vezes me acho mais infantil que ele.

Agora, ele está com a porta da sala aberta, e acabou de derrubar café na camisa branca. Ele se levantou, foi até o armário e tirou uma camisa branca, limpa, e começou a retirar a outra.

Ele removeu a camisa do corpo e eu fiquei observando aqueles malditos músculos. Meu Deus... Como um homem pode ser tão bonito e tão irritante ao mesmo tempo? Denver borrifou perfume no tanquinho e no pescoço, depois, colocou a camisa limpa e fechou os botões cuidadosamente. Porra, eu queria ser aquele perfume para tocar aquele corpo... Respira, Eva, Respira. Ele se olhou no vidro da janela de seu escritório e ajeitou a camisa.

— Eva! — Eu virei para frente, e vi que havia uma pessoa sentada na minha sala. Arregalei meus olhos no susto e me lembrei que estava conversando com uma funcionária.

— Me desculpa, eu me distraí, sério, me desculpa mesmo! Pode repetir tudo de novo? — Questionei.

— Eu posso, mas por que você ficou... Você tava olhando para o insuportável do Denver? — Neguei com a cabeça de forma lenta.

— Eu estava perdida em meus próprios pensamentos, só isso. Por favor, vamos começar de novo?

A funcionária concordou com a cabeça e retomamos a conversa, e dessa vez, eu tentei não olhá-lo pela porta.

O tempo passou, e chegou a hora do almoço. Eu fui para um lado e Denver para o outro... Mas acabei voltando mais cedo e comecei a ouvir a discussão de Denver no telefone.

— Mãe, por favor, para! — Ele disse. — Eu já falei que eu não posso ir! Terminei com ela, sim. Para de me xingar! Olha, se a senhora continuar me tratando assim, eu vou desligar o telefone. Mãe, eu não sou um incompetente! Não fala isso pra mim! Eu nem fiz trinta anos ainda, dá pra você ficar calma?

Pelo visto, o término do namoro dele que eu causei, teve reações adversas demais.

Denver desligou o telefone e arremessou na parede, espatifando o aparelho. Eu me levantei e fui até a sala dele, e ele me olhou, surpreso.

— Eu vou com você. — Falei.

— Do que você está falando? — Questionou, confuso. Eu suspirei.

— Vou com você onde sua mãe quer que você vá acompanhado. — Ele me olhou bastante sério.

— Você me fodeu, sabia? Eu tinha finalmente estabilizado minha vida amorosa com alguém, e minha mãe tinha saído do meu pé. Eu iria apresenta-la no jantar de pré-casamento do meu irmão... — Bufei. — Agora eu não vou mais.

— Denver, me desculpa. Olha, eu tô falando sério, vou com você nesse jantar e finjo que sou sua namorada. Não tem problema. Eu acho que eu te devo isso, afinal. — Ele cruzou os braços e me olhou, com bastante raiva.

— Eva, você não faz meu tipo. Gosto de garotas certinhas, eles vão perceber. — Eu cruzei meus braços, o olhando.

— Você também não faz meu tipo, mas eu iria com você pra te ajudar e me redimir, tá? Estou tentando ser legal. Mas já que você não quer... — Dei os ombros. — Brigue e ouça sua mãe reclamar até a morte.

Saí andando, mas ele foi mais rápido e pegou meu punho.

— Feche a porta do meu escritório, vamos conversar melhor sobre isso.

Eu fechei a porta e virei de frente pra ele. Ele soltou meu braço, e foi se sentar na mesa, como se fosse uma reunião de negócios. Me sentei em uma cadeira à frente da mesa também e nos olhamos. Ele abriu uma página no computador e começou a digitar.

— O que você tá fazendo? — Questionei.

— Um contrato. Você vai assinar essa merda e vai ir comigo no jantar. — Eu caí na risada.

— Vai me fazer assinar um contrato pra ir em um jantar com você? Você é louco? — Falei, ainda rindo.

— Todo cuidado com você é pouco, Eva. Me diga, o que você quer que eu coloque nesse contrato? — Questionou e me olhou nos olhos.

— Coloque: Sem toque físico além do necessário para parecermos um casal. — Ele deu os ombros e digitou isso.

— Ok. Mais alguma coisa?

— Não. — Falei.

Ele digitou algumas coisas, e depois, imprimiu. Entregou para mim e me olhou nos olhos.

— Agora você assina. Você vai no pré-casamento e no casamento comigo. São três meses, e se eu precisar de uma namorada, você vai estar lá. — Ergui as sobrancelhas em surpresa.

— Isso me parece bem maior do que eu pensava. Me ofereci para um jantar, não para... — Ele me interrompeu.

— Você me deu um beijo e estragou um namoro que duraria muito tempo. Quer meu perdão? Assine essa merda. — Ele empurrou a caneta em minha direção.

Com muita raiva, eu assinei. Empurrei a caneta e o papel em direção a ele, e bufei.

— Amanhã, as sete, vou te pegar para o jantar. — Falou. Eu girei meus olhos e concordei com a cabeça.

— Tá.

No dia do jantar, eu me vesti de acordo com o que ele pediu. Coloquei um vestido chique, colado em cima e um pouco mais aberto embaixo. Saltos não tão altos, já que ele é um inseguro por causa da própria altura... E uma maquiagem bonita. Duvido que alguém fique tão bem de vermelho quanto eu nessa festa. Meu decote está de matar, também.

Ouvi uma buzina na porta da minha casa e fui para o lado de fora. Jax estava me esperando, sentado no carro. Assim que entrei, ele me olhou e sorriu.

— Tá bom pra você? — Questionei.

— Você está linda, Eva. Obrigado. — Ele sorriu e virou o rosto para frente.

— Como seus pais são? — Eu perguntei, tentando quebrar aquele silêncio horrível que estava no carro.

— Insuportáveis, Eva. Você vai conhece-los. Nada está bom pra eles, então, por favor, não leve pro pessoal. — Suspirou. Eu olhei para baixo.

— Sinto muito.

— Eu também. Mas é família, e eu não posso fugir disso. — Afirmou.

Ele ligou a música do carro, e assim, pudemos ir em silêncio. Ainda estou me sentindo mal por ter feito ele terminar com a namorada. Eu definitivamente não devia ter dado aquele beijo nele... Principalmente porque nem eu mesma consigo esquecer esse beijo.

Tenho olhado para Jackson Denver com outros olhos desde que meus lábios tocaram os dele. Deus, por quê? Isso é uma espécie de castigo por ter quebrado algum coração por aí? Porque definitivamente, gostar dele e olhar pra ele desse jeito, é um castigo, considerando que ele me odeia e bom, eu o odeio também.

Chegamos no salão. Era realmente chique, dei graças a Deus por ter frequentado todas as aulas de etiqueta que minha mãe obrigou. Ele desceu do carro e abriu a porta para mim, me oferecendo a mão. Eu saí do caro e então... Entrelaçamos nossos dedos. Eu fiquei nervosa só por pegar na droga da mão dele.

— Olha pra mim. — Eu o olhei nos olhos, e ele tirou uma caixinha de anel do bolso. — Tentei escolher algo que combinasse com você.

— O que é isso? — Ele pegou minha mão, e encaixou o anel com um topázio azul e diamantes.

— É um presente. Um anel de compromisso. Não se esqueça que aqui, você é minha. — Ele disse, depois de colocar o anel no meu dedo.

Eu fiquei pensativa, enquanto caminhávamos para dentro.

— Como conseguiu acertar o tamanho do meu dedo? — Ele sorriu de forma maliciosa.

— Tenho seis anéis seus na minha sala. Você sempre tira enquanto conversa comigo e esquece lá.

— Então por isso que meus anéis de bijuteria estão acabando. — Suspirei. — Ok, então.

Entramos no grande salão. Jax me levou até uma mesa onde os pais dele estavam sentados, e me apresentou.

— Olá. — Sorriu ao falar.

— Ah, pelo visto vocês se acertaram. Que bom, filho. — A mãe dele disse. Jackson Denver está amedrontado? Essa é a cara que ele faz quando está com medo.

Nos sentamos lado a lado e a mãe dele parecia um robô pior do que ele. Ela era perfeita, e gente perfeita é muito irritante.

— Como você aguenta isso? — Sussurrei no ouvido dele. Ele virou o rosto e sussurrou de volta, no meu ouvido.

— Por que você acha que sou afastado da minha família, hm?

Ele afastou o rosto do meu ouvido, e sorriu, como se tivéssemos falado algo romântico um para o outro.

— Por que você não me leva pra dançar na pista de dança, Denver? — Questionei. Ele concordou com a cabeça.

— Ok, senhorita, façamos a sua vontade. Com licença, mãe, pai. — Eles sorriram e concordaram com a cabeça.

Jackson Denver, ou apenas Jax, é um homem extremamente magoado pela família. Agora eu entendi o motivo de tanta cara feia.

Chegamos na pista de dança. Ele levou a mão até minha cintura, e a outra, segurou minha outra mão. Começamos a dançar e seu rosto estava bem perto do meu.

— Sua família é insuportável. — Eu falei. — Entendi porque você é chato.

— Ah, obrigado pela parte que me toca. Preciso conhecer sua família para entender o motivo de você ser insuportável também. — Ele falou e eu o olhei com cara feia.

— Eu não sou insuportável. Você não aguenta alguém divertido perto de você, porque parece um robô de inteligência artificial. — Ele riu de mim.

— Eu acho uma graça quando você me chama de robô, sabia? — Eu suspirei ao ouvir. — Finge que gosta de mim pelo menos aqui na pista de dança e dá um sorriso.

— Quer que eu finja que gosto de você? Então eu vou fingir.

Eu sorri de forma doce para ele. Passei meus dois braços ao redor do pescoço dele, e o olhei nos olhos. Eu senti suas mãos apoiadas em minha cintura, enquanto dançávamos ao som da música.

Eu me permiti tirar a máscara de ódio por alguns instantes. Seria melhor que eu só o odiasse, mas não, eu gosto dele, gosto muito. Fechei meus olhos e aproximei meu rosto do dele, e ele roçou o nariz em minha bochecha.

— Assim está melhor. — Ele disse. — Cuidado com esses olhares, Eva, ou vai acabar se apaixonando por mim de verdade.

— Eu acho mais fácil acontecer o contrário. Porque eu sou uma pessoa bem sem sentimentos também, por mais que eu não pareça. — Afirmei e ele riu. Que ódio.

— Não se apaixone por mim, Eva Sparks, estou avisando.

— Não se apaixone por mim, Jackson Denver, estou te avisando também. — Falei, tentando parecer vitoriosa e convicta.

A verdade é que a forma como ele me olha, faz com que meus joelhos virem gelatina. Jax me quebra só com um olhar... Imagina se ele sabe disso?

Continuamos nossa dança, e infelizmente, os olhares que deveriam ser fingidos, eram bastante realistas. Estou admirando o rosto do homem com quem divido um ódio e um amor profundo... E assinei um contrato para fingir que sou sua namorada.

O que mais pode dar errado?

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