Ao sentir os primeiros raios de sol que cruzavam à janela, Lívia se remexeu no colchão à procura de Enrico, esperava encontrar os olhos azuis de Enrico, mas a cama estava vazia. Levantou-se e tomou um banho gelado, estava frustrada por acreditar na mudança de comportamento repentina de Enrico. “Talvez ele tenha ido pernoitar com uma das amantes.”, o pensamento lhe ocorreu.Lívia vestiu um jeans e uma camiseta, olhou o seu reflexo no espelho e reparou no vinco entre o nariz e a testa. Ainda estava zangada consigo mesma por ter sido tão ingênua ao acreditar que Enrico mudou. No fundo, ela sabia que aquele homem era um mau caráter que vivia cercado por lindas mulheres, mas não se apegava a nenhuma. Sentiu-se feita de boba e imaginou se as outras mulheres seduzidas por. Enrico se sentiram assim em algum momento Ela arrumou as mechas castanhas que desciam em cascata sobre o ombro, pegou o cãozinho e caminhou até a porta. Ao girar a maçaneta, o cheirinho de café fresco chamou sua atençã
Em torno da casa ampla e luxuosa, cinco dos seguranças eram responsáveis por fazer a ronda e garantir a proteção da propriedade.No escritório, Don Bianchi ergueu o torso e esmurrou a mesa com o punho fechado. O consigliere moveu a cabeça negativamente para Enrico, esperava que o herdeiro da família Bianchi criasse algum juízo e parasse de confrontar o tio.— O que está acontecendo com você? — Massimo levantou as mãos para o ar, ele exibia anéis de ouro em seus dedos. — Está colocando tudo a perder para brincar de casinha.— Claro que não! — Enrico engrossou a voz. — Já disse que amo a Lívia. Eu confio na minha esposa.As gargalhadas estrondosas soaram pelo ambiente decorado com móveis de madeira. Don Bianchi pôs-se de pé. O conselheiro se afastou dando espaço para o homem corpulento passar.— Essa mulher enfeitiçou o meu sobrinho! — Don Bianchi falou com o amigo enquanto saía de trás da mesa. — Você não pode amar alguém do dia para noite, Enrico! — virou-se para o sobrinho.— Estou c
Ao final da cirurgia, Lívia sentou-se na sala de descanso, bebericava o café enquanto pressupunha que, a qualquer minuto, Enrico abriria aquela porta e seu descanso terminaria, mas ele não apareceu. Já estava tão acostumada com o seu stalker que o sumiço repentino do mafioso causou estranheza para ela. Acomodou-se na poltrona de estofado branco, os olhos passavam do relógio para a porta algumas vezes. Ouviu o destravar da maçaneta e sentiu o coração acelerar, mas o ritmo suavizou quando viu que era apenas uma das enfermeiras:— Oi, doutora!— Olá! — Lívia ajeitou a coluna no encosto da poltrona.Lívia fitou a mulher, que foi até o balcão no canto da parede, onde pegou a jarra da cafeteira.— Viu o Enrico?— O seu paciente bonitão? Deu um sorriso contido, estranhamente, precisou conter a vontade de contar que aquele bonitão era o seu marido.— Sabe onde ele está?— Vi ele saindo, doutora! — Despejou o café na xícara."Será que aconteceu alguma coisa?". Ela se levantou, " Por que el
Cravando os dentes no antebraço, um pouco abaixo do curativo, ela mordia Enrico com toda força.— Não! — Aguentando a dor, continuou segurando em seus pulsos. — Acalme-se! — vociferou.Enrico a manteve naquela posição por quase três minutos. Podia sentir o hálito quente de Lívia entre as respirações aceleradas, aquela era a única mulher que o enfrentava sem qualquer represália.Aos poucos, Lívia pareceu se acalmar sob os olhos de Enrico, que acordou as mãos, permitindo que ela baixasse os braços. Ele acariciou o rosto macio e afagou-lhe os cabelos. No ímpeto, tentou beijá-la, mas a dor lancinante o fez se encolher. Lívia havia desferido uma joelhada entre as pernas de Enrico, tomou impulso e usou os pés para jogá-lo para fora da cama. Enrico foi ao chão, contorcendo-se de dor enquanto Lívia corria para fora do quarto. Desesperada, ela desceu as escadas, pegou o cachorrinho no colo e correu para a porta. Deu de cara com um dos seguranças.— Posso ajudá-la, senhorita?— Vou levar
O relógio marcava dez horas da noite, Lívia ainda estava no banheiro. Espalhou o hidratante corporal e vestiu um pijama de flanela azul. Ainda estava incomodada com as indagações sem sentido de Enrico. Ele praticamente a acusou de roubar o tal documento.Levantando os braços, arrumou o cabelo num coque mal feito, fechou o botão na altura da gola da camisa, não queria que ele visse qualquer parte de seu corpo enquanto dormia.Ao retornar ao quarto, evitou trocar qualquer tipo de amenidades com o marido, estavam casados há poucos dias e já viviam em um pé de guerra. Lívia caminhou pelo carpete macio e, antes de deitar-se, colocou um travesseiro entre ela e o marido para evitar que ele a tocasse ou tentasse beijá-la novamente.Enrico repousou a cabeça sobre os braços e fechou os olhos, não impediu que Lívia delimitasse o espaço em sua cama. Ele abriu os olhos novamente e os manteve fixos no teto branco, à voz do tio ainda ecoava em seu subconsciente, as dúvidas plantadas pelo tio e pelo
De frente para o computador, Enrico mantinha os seus olhos concentrados na tela brilhante. Chocado, ele leu e releu o e-mail diversas vezes. Tinha investigado tudo sobre o passado da médica antes de propor um casamento por contrato.Enterrando os dedos nos fios curtos, jogou os cabelos para trás enquanto movia a cabeça negativamente.— Não, a Lívia não seria capaz. — recusou-se a acreditar. — Meu detetive não falou nada sobre o envolvimento de Lívia com alguma gangue.No fundo, Enrico não queria acreditar que Lívia o trairia.Pondo-se de pé, perambulou pelo quarto. Era como se estivesse preso dentro de uma jaula, completamente perdido em seus pensamentos. Para ele, a traição era vista como um ato condenável e que mancha a reputação de uma pessoa para o resto de sua vida.As palavras do tio e do consigliere se repetiam, deixando Enrico ainda mais confuso.— Ela não faria isso comigo! — Pegou a pistola e colocou na cintura. — Lívia nunca me trairia.Os seus planos estavam fixos na vida
Quando o carro de Enrico parou em frente a clínica, um de seus homens notou a movimentação estranha lá dentro.— Tem algo errado, chefe!— Fiquem aqui e me deem cobertura. — deu a ordem aos dois seguranças.Ao descer do carro, Enrico correu direto para a porta de vidro quando ouviu as vozes alteradas que vinham lá de dentro.Chegando na entrada, percebeu o tumulto, todas as pessoas, funcionários e pacientes, olhavam aflitos para uma mesma direção, Enrico olhou na mesma direção e viu a mulher acuada aguardando o seu fim. O homem transtornado estava a um passo de atingi-la quando o som da arma disparando fez com que as pessoas em volta se abaixassem buscando proteção. O homem caiu sentindo o sangue quente escorrer pelo ferimento aberto em sua perna, sentiu o impacto do crânio se chocando contra o chão quando o homem alto apareceu desferindo golpes contra sua cabeça. Os gritos ecoaram no local, Enrico forçou a sola do sapato sobre a cabeça do homem mantendo-o no chão com o peso de seu
Enrico não conseguia entender como pôde baixar a guarda daquela maneira, deveria ter mirado no coração daquele homem no primeiro disparo, ao invés disso, deixou que Lívia o distraísse com palavras duras que traziam de volta a lembrança da perda. Seu erro poderia custar à vida da mulher que amava, a sensação da perda havia deixado de ser apenas uma lembrança e estava agora diante dos seus olhos com a possibilidade real de perder Lívia para sempre. Dominado pelo pânico, Enrico empunhou o cano da pistola na direção da equipe médica da clínica.— Ajudem! — Ele ameaçou os dois médicos e a enfermeira que ainda estavam escondidos atrás das cadeiras junto aos outros pacientes. — Se não fizerem nada, matarei todos vocês! Aquela onda de sentimentos deixou Enrico mais agressivo. O seu estado emocional era de extrema tensão, já não se importava com mais nada, só queria sua amada de volta.— Cazzo! Façam o que mandei! — Enrico estava mergulhado num estado de extremo desespero.Mattia ainda est