Lá fora o céu escurecia, ainda chovia quando Lívia encerrou o seu expediente. Andava de um lado para o outro, furiosa por ter perdido tanto tempo com a coceira de Enrico. Aquilo havia sido humilhante. Sentada em sua mesa, ela deu uma última olhada na tela do computador, clicou no mouse para fechar as pastas abertas. Lívia verificou os pacientes agendados do dia seguinte e ergueu os olhos para a porta quando Enrico adentrou o seu consultório.— Deveria bater antes de entrar! — Abaixou os olhos para as folhas em sua mesa e começou a organizá-las dentro de uma pasta.— Está pronta? — Coçou o pescoço vermelho.— Ah, não! Estou muito cansada para isso…— Seria maravilhoso, mas temos que ir.Lívia deu um suspiro cansado, só queria ir para sua casa e deitar na cama quentinha ao invés de voltar para o banco de cimento gelado na prisão daquela casa. Se bem que seria melhor dormir atrás daquelas grades do que pernoitar aliviando a coceira de Enrico.— Vamos! — A voz rouca insistiu.— Estou ind
Lívia se manteve calada durante todo o tempo, estava receosa por se deitar na mesma cama em que Enrico, ela não conseguia disfarçar o seu nervosismo, estava apreensiva com o que aquele homem poderia tentar.Recém barbeado, ele saiu do banheiro, usando apenas a calça do terno. Aproximando-se, ele fitou o rosto da médica enquanto afundava no colchão. Esticou as pernas e sorriu no instante em que ela se afastou.— Já que você não quer fazer amor comigo…— Não me toque! — interveio com determinação. Lívia tinha um temperamento forte e decidido.— Eu não vou transar com você. — a fisionomia endureceu, — Dormirei fora quando quiser me divertir.— Aposto que você tem várias amantes! — Ela retrucou, sem hesitar.— Isso não vem ao caso. — ponderou e ajeitou a cabeça no travesseiro.— Bom, eu só espero que você não quebre o contrato. — disse, aturdida.— Quando eu quiser, posso resolver isso fora de casa. — Enrico botou os braços atrás da cabeça e fechou os olhos. — Eu não quero mais falar sob
Ao chegar na Clínica, Lívia entrou sem dar atenção para Enrico. Meneou o cabeça para a recepcionista e para a enfermeira que sorriu para o gângster enquanto ele ajeitava à lapela do blazer. Lívia já havia notado o interesse da enfermeira por Enrico, mas aquilo não a incomodou. — Buongiorno! — Tinha um brilho radiante nos olhos de água-marinha de Mattia quando ele a cumprimentou. — Olá! — Ela sorriu para o amigo. — Como está a paciente? — Disfarçou no momento em que percebeu o olhar comprimido de Enrico para Mattia.— Está respondendo bem à medicação. — O amigo de Lívia meneou a cabeça para o grandalhão.— Vou verificar os exames recentes dela.Lívia se afastou apressadamente enquanto Enrico a seguia.— O que está fazendo? — Ela se virou para ele, projetando o queixo. — Você não precisa me seguir enquanto eu estiver trabalhando.Lívia detestava a companhia daquele homem, queria que ele desgrudasse e lhe desse um pouco de espaço dentro da clínica. Enrico estava apegado aos eventos
Depois de conversar com o tio pelo telefone, Enrico foi até o banheiro onde lavou o rosto, precisava se acalmar. Pelo tom de voz de Don Bianchi, ele sabia que havia algo errado. Ainda no banheiro fez uma ligação e exigiu que entregasse o seu pedido em dez minutos, precisava seduzir Lívia antes que Mattia conquistasse o coração da médica. Saiu do banheiro e foi até o jardim nos fundos da clínica, onde se sentou e ligou para o conselheiro, queria saber o porquê de Don Bianchi estar tão irritado.…Após um longo plantão, Lívia retornou à sua sala e ao abrir a porta se deparou com um grande vaso de rosas vermelhas sobre sua mesa. Olhando ao redor, procurou por por pistas de Enrico, talvez ele estivesse escondido em algum lugar apenas esperando para fazer outra cena repugnante de possessividade. Aproximou-se das flores e inalou o perfume das rosas, estava surpresa, não lembrava quando fora a última vez em que recebeu um ramalhete de flores tão lindo como aquele, se é que já recebeu. Eu
Ao sentir os primeiros raios de sol que cruzavam à janela, Lívia se remexeu no colchão à procura de Enrico, esperava encontrar os olhos azuis de Enrico, mas a cama estava vazia. Levantou-se e tomou um banho gelado, estava frustrada por acreditar na mudança de comportamento repentina de Enrico. “Talvez ele tenha ido pernoitar com uma das amantes.”, o pensamento lhe ocorreu.Lívia vestiu um jeans e uma camiseta, olhou o seu reflexo no espelho e reparou no vinco entre o nariz e a testa. Ainda estava zangada consigo mesma por ter sido tão ingênua ao acreditar que Enrico mudou. No fundo, ela sabia que aquele homem era um mau caráter que vivia cercado por lindas mulheres, mas não se apegava a nenhuma. Sentiu-se feita de boba e imaginou se as outras mulheres seduzidas por. Enrico se sentiram assim em algum momento Ela arrumou as mechas castanhas que desciam em cascata sobre o ombro, pegou o cãozinho e caminhou até a porta. Ao girar a maçaneta, o cheirinho de café fresco chamou sua atençã
Em torno da casa ampla e luxuosa, cinco dos seguranças eram responsáveis por fazer a ronda e garantir a proteção da propriedade.No escritório, Don Bianchi ergueu o torso e esmurrou a mesa com o punho fechado. O consigliere moveu a cabeça negativamente para Enrico, esperava que o herdeiro da família Bianchi criasse algum juízo e parasse de confrontar o tio.— O que está acontecendo com você? — Massimo levantou as mãos para o ar, ele exibia anéis de ouro em seus dedos. — Está colocando tudo a perder para brincar de casinha.— Claro que não! — Enrico engrossou a voz. — Já disse que amo a Lívia. Eu confio na minha esposa.As gargalhadas estrondosas soaram pelo ambiente decorado com móveis de madeira. Don Bianchi pôs-se de pé. O conselheiro se afastou dando espaço para o homem corpulento passar.— Essa mulher enfeitiçou o meu sobrinho! — Don Bianchi falou com o amigo enquanto saía de trás da mesa. — Você não pode amar alguém do dia para noite, Enrico! — virou-se para o sobrinho.— Estou c
Ao final da cirurgia, Lívia sentou-se na sala de descanso, bebericava o café enquanto pressupunha que, a qualquer minuto, Enrico abriria aquela porta e seu descanso terminaria, mas ele não apareceu. Já estava tão acostumada com o seu stalker que o sumiço repentino do mafioso causou estranheza para ela. Acomodou-se na poltrona de estofado branco, os olhos passavam do relógio para a porta algumas vezes. Ouviu o destravar da maçaneta e sentiu o coração acelerar, mas o ritmo suavizou quando viu que era apenas uma das enfermeiras:— Oi, doutora!— Olá! — Lívia ajeitou a coluna no encosto da poltrona.Lívia fitou a mulher, que foi até o balcão no canto da parede, onde pegou a jarra da cafeteira.— Viu o Enrico?— O seu paciente bonitão? Deu um sorriso contido, estranhamente, precisou conter a vontade de contar que aquele bonitão era o seu marido.— Sabe onde ele está?— Vi ele saindo, doutora! — Despejou o café na xícara."Será que aconteceu alguma coisa?". Ela se levantou, " Por que el
Cravando os dentes no antebraço, um pouco abaixo do curativo, ela mordia Enrico com toda força.— Não! — Aguentando a dor, continuou segurando em seus pulsos. — Acalme-se! — vociferou.Enrico a manteve naquela posição por quase três minutos. Podia sentir o hálito quente de Lívia entre as respirações aceleradas, aquela era a única mulher que o enfrentava sem qualquer represália.Aos poucos, Lívia pareceu se acalmar sob os olhos de Enrico, que acordou as mãos, permitindo que ela baixasse os braços. Ele acariciou o rosto macio e afagou-lhe os cabelos. No ímpeto, tentou beijá-la, mas a dor lancinante o fez se encolher. Lívia havia desferido uma joelhada entre as pernas de Enrico, tomou impulso e usou os pés para jogá-lo para fora da cama. Enrico foi ao chão, contorcendo-se de dor enquanto Lívia corria para fora do quarto. Desesperada, ela desceu as escadas, pegou o cachorrinho no colo e correu para a porta. Deu de cara com um dos seguranças.— Posso ajudá-la, senhorita?— Vou levar