TRAGÉDIA FAMILIARRodolfoSei que deveria parar e respirar como uma pessoa sensata, mas quem disse que sou sensato? Sou de agir no calor da emoção mesmo, e devo ter herdado isso do inútil do meu pai. Entrei no carro e dei ordem aos seguranças para me levarem até a residência da minha mãe. No caminho, liguei para Andrew, que faz alguns trabalhos ilegais. Agora, preciso da ajuda dele; quem quer ser forte nessa vida precisa ter seus contatos, e eu tenho os meus, digamos que bastante diversos, por necessidade.**LIGAÇÃO**— Fala! — atendeu Andrew.— Andrew! — ele sorriu ao ouvir minha voz.— Tá aí, o sumido apareceu. O que manda, Rodolfo?— Como vão as coisas, Andrew? Ainda efetua aqueles trabalhos?— Para o grande Senhor Barros, faço. O que manda?— Tenho um trabalho mamão com açúcar para você.— Pode mandar, patrão.— Estou indo tirar aquele velho de dentro da casa da minha mãe, fica de campana para sumir com ele — avisei a ele, que gargalhou.— Quer que eu apague teu pai? Tu é canalha,
LeticiaO dia passou e eu praticamente dormi o dia todo. Quero estar descansada para quando Rodolfo chegar; estou muito ansiosa por isso e quero deixá-lo tranquilo, tenho certeza que ele ficará pleno de felicidade ao saber da gravidez. Ele queria tanto que isso acontecesse; havia dias em que ficava até mais ansioso do que eu.Beirando a noite, fui ver TV, quando recebi uma ligação da Selena.**Ligação**— Boa noite, Selena, já estava com saudades.— Boa noite, minha linda — a voz dela estava embargada, parecia triste.— Está tudo bem, Selena?— Sim, está, mas o Rodolfo não conseguirá vir. Então, pediu para que eu enviasse o jato para você vir. Pode, por favor, arrumar suas coisas e vir de imediato?— O que aconteceu, Selena?— Os seguranças já estão a postos, Letícia. O seu embarque é imediato. Vem.— Estou vendo o jornal. O que aconteceu? Estão falando em tragédia na família Barros? O que aconteceu, Selena?— Letícia, por favor, desligue a TV e venha de imediato.— Onde está o Rodolf
— SELENA, FALA O QUE ACONTECEU? — implorei por respostas, a ansiedade crescendo.— O Adolfo baleou o Rodolfo… — ela voltou a limpar os olhos, visivelmente abalada. — Foi muita covardia, Lê. Ele atirou por trás. Perdoe-me por não conter as lágrimas, mas o Rodolfo é como um irmão para mim — explicou, enquanto as lágrimas começavam a cair do meu rosto também. Tentei não imaginar a cena, pois seria muito pior. Meus batimentos cardíacos já estavam acelerando.— Sei disso, e você e o Tadeu são como irmãos para ele, Selena. Eu te entendo. Eu devia estar ao lado dele.— Não, nem pensar. Com tudo que se passou, acho que foi Deus que te deixou bem longe daqui.— Deixe-me ver ele. Me ajuda, me leva até ele — supliquei, desesperada por estar ao lado de Rodolfo.— Você vai, depois que o médico vir aqui — disse Selena, pegando em minha mão e colocando-a sobre a minha barriga. — Fizeram os exames e confirmamos que o bebê está bem. Agora só precisa ficar calma. Tudo que você precisa saber é que Rodol
AngelaRelembrando…Quando vi meu filho cair desfalecido, foi como se minha alma saísse do meu corpo. Vê-lo no chão me deixou paralisada, sem reação. Mas, ao olhar para o homem com quem jurei amor eterno, segurando aquela arma, um súbito ímpeto de fúria tomou conta de mim.— Ficou louco? Você atirou no meu filho, seu louco! — gritei, partindo para cima dele transtornada. Comecei a bater em seu rosto, desesperada ao ver Gustavo e Tatiane tentando reanimar meu filho caído no chão. Rodolfo, meu filho mais velho, estava ali, inerte, e tudo que eu conseguia pensar era que ele poderia estar morto.— Chame a polícia, chame a ambulância, AGORA! — esbravejei, percebendo que Tati já estava fazendo isso.— Me solte, Angela! Pare com essa loucura! Você ficou louca, mulher? — ele tentou me conter enquanto eu continuava a desferir tapas e murros.— Você mexeu com o meu filho! Eu te defendi para que ele não te matasse — gritei, enquanto continuava a agredi-lo. — E você teve a coragem de apontar uma
LEMBRANÇAS DE RODOLFORodolfoTudo aconteceu num piscar de olhos. Num momento estava de pé, e no seguinte, já me encontrava no chão, os gritos agudos da minha mãe ecoando ao meu redor. A partir daí, mergulhei em um silêncio profundo e nada mais vi ou ouvi. Após algum tempo, senti alguém sacudindo meu corpo vigorosamente. "Droga, isso deve ter agravado o ferimento nas costas", pensei, mas o que realmente me incomodou foi sentir a mão pesada de Andrew batendo quase que estapeando meu rosto. Claramente, ele estava descontando a frustração de ter sido derrotado por mim meses atrás, numa inocente partida de boxe.À medida que recobrei a consciência, consegui receber ajuda enquanto ainda estava acordado. No entanto, meu maior temor era deixar minha mãe sozinha com aquele velho; temia que algo pudesse acontecer a ela. Jurei para mim mesmo que iria até o inferno buscar a alma daquele homem, só para ter o prazer de mandá-la de volta.— Ameaça o velho maldito — rosnei para Andrew, que, apesar d
CARTA DO SEU BEBÊLeticia Trouxe duas cartas para Rodolfo: uma que escrevi com a ajuda da psicóloga um tempo atrás sobre o processo de tentar conceber um filho, e a outra era a minha surpresa para ele. No dia que escrevi aquela carta, ele estava comigo e eu chorei horrores enquanto a redigia. Fui até o quarto ao lado no hospital, peguei minha bolsa e retornei ao quarto de Rodolfo.— Voltei, amor — anunciei, fechando a porta e sorrindo.— Tranca e veste sua fantasia — brincou ele, tentando aliviar o clima.— O que é isso? Você mal consegue se movimentar, seu lerdo — rebati, rindo levemente de seu humor típico.— Mas você consegue. Não é essa a surpresa? — ele continuou, provocando.— Pare com isso, Rodolfo — falei, sentindo-me envergonhada. Esse homem só pensa em sexo.— Já estou com saudades, amor, deita aqui comigo — convidou ele, mudando o tom para um mais doce.— Lembra da carta que escrevi com a psicóloga? — perguntei, e ele assentiu, seu rosto adotando um semblante mais sério.—
DIAS DEPOIS…GUSTAVOTenho andado muito pensativo sobre tudo o que tem acontecido. Comecei a observar minha família mais de perto e a refletir sobre tudo que ocorreu. Percebi que minhas brincadeiras com Letícia muitas vezes passaram dos limites. Confesso que me senti atraído por ela desde o primeiro momento em que a vi, mas, ao perceber o interesse do meu irmão por ela, me dei por vencido, mesmo sabendo que o que os unia inicialmente era um contrato. Contudo, o tempo foi passando, continuei com minhas brincadeiras e, hoje, vejo que não era adequado. Nunca imaginei que ela se apaixonaria pelo Rodolfo. Ele é muito sistemático e todos sabemos disso, mas ele se tornou um patrão melhor após a chegada de Letícia em sua vida. Não só um patrão, ele se tornou um amigo melhor, um irmão melhor. Eu sempre admirei esse cara, mas hoje admiro muito mais e espero um dia conseguir ser um pouco do que ele é; isso já me bastaria. Eu estava sentado na beirada da piscina quando Tati se aproximou.— Pensat
Fogo no hospitalLeticiaEstava disposta a fazer aquele homem ficar louco. Ele merecia essa recompensa depois de tudo que passamos, e meu corpo também merecia, pois já não aguentava mais segurar meus desejos por ele. Meu corpo o queria, clamava por ele, agora mais do que nunca.Apareci na porta e sorri, fazendo charme enquanto Rodolfo parecia hipnotizado. Ele sorriu ao me avistar, mas logo seu sorriso cedeu lugar a um semblante mais travesso, revelando o verdadeiro safado que ele é.Apareci de corpo inteiro para ele, caminhando com cuidado nos saltos para não tropeçar e perder o encanto. O chicote em minhas mãos me dava um ar poderoso, e adorei isso. Rodolfo parecia surpreso.— Caralho, que porra de gata maravilhosa — ele exclamou, tirando os lençóis e me chamando para me aproximar.— Acha que será fácil domar essa gata, amor? — perguntei, batendo o chicote em sua perna, provocando-o a reagir com um pulo.— Sei que não, minha senhora não é nada fácil, e isso que me deixa louco — ele r