- Lucy... - senti alguém me sacudir, tentei responder mais meu sono e meu corpo parecia tão pesado que o que saiu foi um resmungado qualquer. - Lucy! - a voz chamou de novo.
- Uhmm... - fiz ainda sem conseguir abrir meus olhos.
- Lucy querida, acorde! - ela puxou meu corpo me fazendo virar na cama e com um grande esforço me sentei e esfreguei meus olhos.
- O que foi? - perguntei com a voz arrastada, eu devia ter esquecido alguma coisa. - Vai comer querida, - Luiza falou puxando o resto da coberta de mim.
- Que horas são? - perguntei ainda meio perdida. - O que eu estou esquecendo? - eu tinha certeza que estava esquecendo alguma coisa.
- São 11:20 e o que você deve estar esquecendo é que você voltaria para o hospital hoje para trocar de lugar com seu pai.
Levantei da cama pulando e corri pro banheiro me enfiando em baixo do chuveiro. Eu sabia que
A casa estava silenciosa, de vez em quando Henry podia escutar barulhos vindo da cozinha, com certeza era Luiza fazendo comida ou simplesmente tentando passar o tempo para não deixa-lo sozinho, ele poderia precisar de ajuda ou de algo...Desde que falara com Lucy para ir embora ele se sentiu estranho, como se tivesse arrancado metade de seu coração, como se um vazio tivesse em seu peito... teve uma única vez que ele se sentiu assim, e foi aos seus 16 anos, um tempo que ele não gostava de lembrar, um tempo doloroso... e depois de tudo o que ele dissera ele não ouvira sua voz em nenhum instante, não notou qualquer sinal de que ela estava por perto. Não queria que ela fosse, porém, ela não podia ficar, não com ele naquele estado. Ele não poderia cuidar dela, e se ela fosse sequestrada de novo? Não, ele não podia e nem queria de modo algum correr esse risco.Henry estava no sofá a muitos minutos, não havia o que fazer estando com os olhos enfaixados e c
Lucy...Henry mechia no meu cabelo enquanto eu procurava um livro para ler, ele estava ficando intediado e a cada dia que passava ele ficava mais distante então, resolvi ficar por perto e o manter ocupado, o médico disse que seria bom pra ele ter uma distração, e era o que eu tentava fazer. Já fazia duas semanas que ele estava com aquela faixa e mais tarde o médico olharia o "estado" de seus olhos, confesso que estava um pouco nervosa com aquilo, não por mim... mas por Henry.- Você parece nervosa... - Henry falou de repente, depois afastou meu cabelo depositando um beijo em meu ombro. Estávamos sentados na cama dele, simplesmente porque ele não queria sair dando voltas por aí. - Algum problema? - ele perguntou me abraçando fazendo com que nossos corpos ficassem mais próximos.- Não, não tem problema nenhum. - respondi forçando um sorriso, mesmo que ele não pudesse ver, talvez ele ainda pudesse sentir... ou não? Mas eu n
O médico tinha acabado de chegar e a cada minuto a mais que ele passava no quarto de Henry, era mais um pouco que minha ansiedade que aumentava. Eu não fazia ideia do que ele falaria, mas eu torcia para que ele desce uma boa noticia porque Henry estava realmente me preocupando e se estado dele piorasse ele poderia ficar mais distante e fechado. As únicas pessoas com quem ele ainda falava era comigo e Luiza, as vezes com meu pai ou minha mãe, mas mesmo assim era muito difícil de acontecer, mas as outras pessoas que ligavam ele não fazia a miníma questão de atender.- Senhorita Lucy...? - doutor Stevens saiu na porta do quarto.- Sim? - perguntei torcendo para que ele não tivesse vindo para me dar uma noticia ruim. - Ele está bem não é? - ele forçou um sorriso, eu realmente não conseguia esperar, principalmente ansiosa como estava.- Sim, ele está bem - ele respondeu e eu pude finalmente soltar o ar. Aquela noticia tinha s
- E então, - comecei de novo depois de um tempo. - o que vamos fazer com as cartas? - ele ficou pensativo e depois soltou um suspiro.- Fique a vontade para ler, - ele respondeu dando de ombros. - minha mãe gostava de escrever cartas e ela deve ter deixado aí para que eu lesse quando tivesse tempo, ou simplesmente só quando achasse.- Vamos lá então. - falei tentando soar o mais natural possivel, eu queria saber tudo sobre Henry, mais aquilo parecia uma invasão.- Não tem que se preocupar - Henry disse apertando minha mão, com certeza notando a tensão em minha voz.- Tem certeza?- Claro que tenho meu anjo. - sorri comigo mesma e tirei uma das cartas, e deixei o álbum aberto no meu colo, depois comecei a ler."Meu querido...Não sei nem como começar essa carta, talvez eu nem devesse escreve-la... mas gosto muito de escrever para as pessoas. E
- Como está se sentindo? - perguntei enquanto brincava com o cabelo de Henry, estava sentada ao seu lado no sofá, tinha acabado de fazer a barba dele que já estava bem grande, ele estranhou mas acabou deixando.- Bem... - ele respondeu dando um sorriso, e pegou minha mão na sua. - Mas por que a pergunta? - ele franziu o cenho.- Não quero dizer esse "bem" - respondi rindo. - Quero saber sobre seus ferimentos. - tá que eu colocava um remédio todo dia em seus olhos, mas o ferimento da barriga, ele nunca disse nada, foi no médico uma vez depois de tudo aquilo, ainda tinha uma cicatriz pequena no lugar.- Meus olhos não ardem mais, a cabeça não dói tanto e quanto a isso, - ele levou a mão livre até a barriga. - Não dói mais.- Isso é bom! - não pude deixar de sorrir, ele estava se recuperando bem e não estava mais tão distante.- É ótimo! - ele concordou com um sorriso lindo estampado no ros
O dia estava meio abafado mais não muito quente, Henry estava tentando aos poucos voltar a sua rotina depois de ter finalmente tirado a faixa dos olhos. E eu estava ali, fitando o teto e morrendo de tédio, Luiza já tinha ido embora a mais de uma hora. Soltei um suspiro alto, o que fez Henry soltar uma risada baixa. Ele estava sentado na cama enquanto eu estava ali esparramada e morrendo de preguiça.- O que foi agora? - ele perguntou rindo.- Seria bom se eu também soubesse - respondi revirando os olhos.Ele fechou o Nootbook e o deixou em cima da mesa, de repente já estava na minha frente apoiando os braços no colchão ao meu lado, ficando ainda mais perto. Um sorriso travesso apareceu em seu rosto.- Posso tentar resolver seu problema... - ele diminuiu a distância entre nós e me beijou. Uma onda de arrepios subiu pelo meu corpo, abracei ele o puxando ainda mais pra mim. Senti seu sorriso vitorioso
Desde tudo o que tinha visto ontem, eu não conseguia parar de pensar na minha mãe. Ali sentada naquele sofá, tudo o que vinha na minha cabeça eram perguntas sem respostas, se ela tinha melhorado, se ficaria bem, o que aconteceria... e o pior. O que eu faria? Eu mesma não conseguia pensar naquilo e com certeza não aguentaria, como eu iria ser um apoio para Nai, sendo fraca desse jeito?Fui até a cozinha e tomei um copo d'água, despois da visita a minha mãe nada estava bem, tudo parecia estranho, o dia estava estranho. Eu não tinha animação para nada, não consegui dormir a noite e agora estava agoniada e desesperada por uma notícia qualquer dela.- Você não tá nada bem... - escutei a voz de Henry atrás de mim, não me dei o trabalho de virar, tomei de beber a água e guardei o copo, e elese esgotou na pia ao meu lado.- Realmente não - respondi dando de ombros. Ele olhou pra frente depois soltou um suspiro alto e me puxou fa
Ver o rosto de Karina tão pálido com aquelas flores em volta, me trouxe muita angústia, era a mesma coisa que ver minha mãe no caixão a anos atrás. Tomás, Lucy e Nai não paravam de chorar, Lucy estava abraçada a mim enquanto Nai estava agarrada a Tomas, era impressionante ver o quanto essas duas tentavam disfarçar suas próprias dores para conseguir apoiar alguém.Algumas pessoas apareceram no velório, deviam ser amigos de Tomas e Karina. Eu só conseguia olhar o rosto de Karina nquanto outras pessoas ofereciam suas condolências para Lucy ou Nai e Tomas. Nunca pensei que sóbria tanto ver mais alguém em um caixão.Já passávamos das três quando um homem apareceu do lado dizendo que teriam que enterrar o corpo e que eles tinham dez minutos para se despedir. Mas o que falar nesse pouco tempo? Não dava pra dizer quase nada em tão poucos minutos. Não dava Para dize