— Vou matar aquela vadia. Juro por Deus que vou matá-la — Annelise declarou assim que entrou no quarto, fechando a porta com força atrás de si. — Como ela teve a ousadia?Eu estava sentada na beirada da cama, olhando desolada para o vestido agora arruinado. A mancha de vinho tinto havia se espalhado pelo corpete e parte da saia, transformando o branco imaculado em um desastre escarlate. Minhas mãos tremiam, e eu lutava para respirar normalmente.— Precisamos focar, Anne — consegui dizer, engolindo o nó na garganta. — Não temos tempo para vingança agora.Annelise parou de caminhar de um lado para o outro e olhou para o vestido, depois para mim, avaliando a situação.— Qual a chance de conseguirmos outro vestido?— Nula. — Balancei a cabeça, sentindo o pânico crescer. — Nem mesmo Vivian conseguiria um milagre desses em cima da hora.Minha irmã mordeu o lábio, o cérebro claramente funcionando a mil por hora. Enquanto a observava tentando encontrar uma solução, algo começou a se formar em
Os olhos de Christian não deixaram os meus em nenhum momento enquanto eu avançava pelo tapete, meu pai ao meu lado. A mistura de emoções em seu rosto era indescritível – surpresa, admiração e algo mais profundo que não consegui identificar. Quando finalmente cheguei ao altar, meu pai apertou minha mão uma última vez antes de entregá-la a Christian.— Você é a noiva mais linda e mais inusitada que já vi na vida — ele sussurrou, seu sorriso genuíno iluminando seus olhos.— Achei que combinaria com o tema dos vinhos Bellucci — respondi, tentando soar casual apesar do coração acelerado.Christian riu baixinho, um som que apenas eu pude ouvir.— Sempre surpreendente, Zoey Aguilar. É isso que mais admiro em você. Nunca sei o que esperar, apenas que será extraordinário.O celebrante começou a cerimônia, sua voz serena ecoando entre as videiras. O sol da tarde lançava uma luz dourada sobre todos nós, criando uma atmosfera quase mágica. Mantive meus olhos fixos em Christian, com medo de olhar
A festa de casamento se estendeu até o anoitecer, quando as últimas taças de champanhe foram esvaziadas e os convidados finalmente começaram a se despedir. Meus pés doíam nos sapatos de salto que eu havia usado por horas, e meu rosto quase doía de tanto sorrir para as fotografias.— Acho que sobrevivemos — comentou Christian, enquanto subíamos a escadaria principal da mansão.— Quase não acredito — respondi, ajustando uma das pétalas que ameaçava se soltar do vestido. Eu deveria ter me trocado. Usado um vestido diferente para a recepção. Mas o vestido customizado fez tanto sucesso que Vivian me obrigou a ficar com ele até o final.A adrenalina do dia começava a diminuir, dando lugar a um cansaço que se espalhava por meus músculos.Quando chegamos ao corredor que levava aos quartos, parei automaticamente. Uma nova realidade se apresentava: éramos oficialmente marido e mulher. Para onde eu deveria ir agora? Meu quarto de hóspedes, onde minhas coisas estavam, ou...— Pensei que poderíam
Acordei com os primeiros raios de sol infiltrando-se pelas cortinas entreabertas, minha cabeça ainda pesada pelo vinho da noite anterior. Demorei alguns segundos para registrar onde estava – e mais importante, com quem. Christian dormia profundamente ao meu lado, um braço ainda frouxamente ao redor da minha cintura. Observei seu rosto relaxado no sono, tão diferente da expressão controlada que mantinha quando acordado.Cuidadosamente, me desvencilhei de seu abraço e levantei. Tínhamos um voo para pegar – para a Itália. A ideia ainda parecia surreal, quase cômica. Eu, que nunca havia sequer saído do Brasil, agora embarcaria para uma lua de mel em Montepulciano.Por sorte, eu tinha um passaporte válido. Eduardo havia insistido que toda a equipe de RP da Vale do Sol tivesse documentação internacional em ordem, alegando possíveis viagens a feiras de vinho no exterior. Uma das poucas coisas úteis que ele havia feito por mim, afinal.Enquanto me vestia, Christian acordou, seus olhos encontr
O jato particular dos Bellucci pousou suavemente no aeroporto internacional de Milão. Através da janela, vi o sol da manhã italiana lançando uma luz dourada sobre a cidade que, até então, eu conhecia apenas por revistas de moda. Um calafrio de excitação percorreu minha espinha, apesar da exaustão das doze horas de voo – durante as quais Isabella Bellucci fez questão de compartilhar em detalhes seus pensamentos sobre como uma esposa adequada para um Bellucci deveria se comportar.— Não era para irmos direto para Montepulciano? — perguntei a Christian, baixinho, enquanto coletávamos nossas malas.— Mudança de planos — respondeu ele, com um suspiro resignado. — Mamãe insistiu em uma parada estratégica na capital da moda.Isabella se aproximou, elegante mesmo após o voo transcontinental, nem um fio de cabelo fora do lugar.— Queridos, já fiz reservas no Hotel Millani. O mais exclusivo de Milão. — Ela olhou diretamente para mim. — Ninguém visita a Itália sem passar por Milão. Especialmente
O pôr do sol italiano tingiu o céu com tons de laranja e rosa enquanto nosso carro subia por uma estrada sinuosa ladeada por ciprestes. Depois de doze horas num voo com meus sogros e um dia exaustivo em Milão, meu corpo implorava por descanso, mas meus olhos se recusavam a fechar por um segundo sequer – não quando havia tanta beleza ao meu redor.— Estamos quase chegando — disse Christian, apontando para uma curva à frente.Quando o carro finalmente contornou a última curva, perdi completamente o fôlego. À nossa frente, banhada pelo ouro do sol poente, erguia-se uma villa toscana que parecia saída diretamente de um filme. Construída em pedra dourada, com janelas altas emolduradas por persianas verdes, a casa se estendia majestosamente no topo da colina. Videiras perfeitamente alinhadas desciam pelo vale adjacente, criando um padrão hipnótico de verde e terra.— Villa Bellucci — anunciou Christian, um toque de orgulho genuíno em sua voz que raramente demonstrava ao falar da mansão no B
A mesa na varanda principal havia sido preparada com um cuidado que só os italianos dedicam a uma refeição. Velas tremulavam suavemente na brisa noturna, iluminando a louça antiga e os talheres de prata polida que reluziam sob as estrelas. O aroma que vinha da cozinha era uma sinfonia de ervas frescas e molhos lentamente apurados.Lucia apareceu carregando uma travessa de antipasti – azeitonas escuras, queijos locais, presunto curado e tomates pequenos que pareciam joias.— Buon appetito, signori — disse ela com um sorriso caloroso antes de se retirar.— Ela realmente se superou — comentou Christian, puxando a cadeira para mim. — Lucia sempre reserva seus melhores pratos para ocasiões especiais.— Parece que nossa chegada é uma grande ocasião para ela — respondi, observando a atenção aos detalhes.— É a primeira vez que trago uma esposa aqui. — Brincou ele, servindo-se de um pouco de azeite em um pequeno prato. — Isso merece uma celebração adequada.Christian abriu uma garrafa de vinh
Permaneci deitada entre as vinhas, meu corpo ainda pulsando de desejo enquanto Christian se afastava para atender a ligação do avô. O vestido rasgado mal cobria meu corpo, a lingerie preta com detalhes vermelhos brilhando sob o luar. A brisa noturna acariciou minha pele quente, trazendo-me lentamente de volta à realidade.Os minutos se arrastaram enquanto observava as estrelas acima, minha mente uma confusão de pensamentos contraditórios. O que estávamos fazendo? Este casamento tinha prazo de validade – seis meses, não mais. Era apenas um acordo comercial, não era para me envolver. Para Christian era fácil. Sempre seria apenas sobre atração, sexo. Para mim, não era tão simples assim.Christian retornou, guardando o telefone no bolso. Seus passos eram calmos enquanto se aproximava, seu semblante preocupado à luz da lua.— Está pensando demais — observou ele, sentando-se ao meu lado entre as vinhas. — Consigo praticamente ouvir as engrenagens girando na sua cabeça.Ajeitei o vestido ras