A manhã de sexta-feira amanheceu com um céu azul perfeito, como se a própria natureza quisesse abençoar a chegada da família Aguilar à propriedade dos Bellucci. Observei da janela do quarto enquanto o carro subia a estrada sinuosa, meu coração batendo com uma mistura de nervosismo e alívio. Era reconfortante ver rostos familiares depois da semana caótica que tivera.Christian aguardava ao meu lado na entrada principal, elegante como sempre, mas com uma tensão sutil na maneira como ajustava repetidamente o relógio de pulso.— Relaxa — disse a ele. — Eles não mordem.— Seu pai pode não gostar muito de mim depois da última vez...Não tive tempo de responder, pois o carro parou e minha família desembarcou em uma explosão de energia. Annelise foi a primeira, praticamente saltando do veículo com um grito animado, seguida por meu irmão Matheus, que assoviou impressionado ao ver a mansão. Meus pais vieram por último, minha mãe ajeitando o cabelo nervosamente, meu pai com uma expressão que ten
A mansão parecia diferente naquela noite. As luzes suaves criavam um ambiente acolhedor no salão de jantar principal, que raramente era usado para reuniões tão íntimas. A mesa comprida de madeira escura havia sido arrumada com a melhor porcelana da família, taças de cristal cintilavam sob o lustre, e arranjos discretos de flores frescas completavam o cenário.Minha família parecia quase cômica em seu deslumbramento. Matheus tirava fotos discretamente com o celular, enquanto minha mãe passava os dedos sobre os talheres de prata como se temesse quebrá-los. Annelise, por outro lado, havia se adaptado ao ambiente luxuoso com uma facilidade surpreendente, especialmente depois de descobrir que ficaria sentada ao lado de Marco durante o jantar.— Seu avô vai se juntar a nós? — perguntei a Christian, que verificava os últimos detalhes com o mordomo.— O médico o liberou para o jantar. — Ele consultou o relógio. — Deve estar chegando a qualquer momento.Como se invocado por nossas palavras, a
O café da manhã na mansão Bellucci tinha um ar quase irreal. A elegante sala de refeições matinais, com suas janelas amplas permitindo que o sol da manhã inundasse o ambiente, parecia saída de uma revista de decoração. Eu tentava manter a compostura enquanto observava a mãe de Christian, Isabella Bellucci, cortar meticulosamente uma fatia de pão como se estivesse realizando uma operação delicada.Ela não havia parado de falar desde que desceu para o café, seu sotaque italiano sutilmente acentuado quando convinha — principalmente quando falava sobre a "importância das tradições familiares". Cada palavra era cuidadosamente escolhida, cada gesto perfeitamente calculado. Ao contrário de Giuseppe, cuja nobreza vinha de uma autenticidade natural, Isabella exalava uma aristocracia forçada, como se estivesse constantemente lembrando a todos sobre sua posição.— É uma pena que tenhamos chegado apenas ontem — ela comentou, olhando diretamente para mim. — Mal tivemos tempo de conhecer a noiva do
A noite era surpreendentemente quente para a Serra Gaúcha naquela época do ano. O céu estrelado se estendia como um manto de luz sobre a propriedade, e a lua cheia refletia na superfície da piscina infinita localizada em um dos terraços mais afastados da mansão – um lugar que Christian havia me mostrado mais cedo, garantindo que raramente era usado pela família.— Esse negócio é aquecido? — perguntou Annelise, mergulhando a mão na água com cautela.— Trinta e dois graus, para ser exata — respondi, descalçando os sapatos. — Privilégios dos bilionários.Annelise já estava tirando o vestido leve, revelando o biquíni que aparentemente vinha usando por baixo da roupa o dia inteiro, como se tivesse planejado esse momento.— Então, isso é uma despedida de solteira? — Ela ergueu a garrafa de champanhe que havia "pego emprestado" da adega, seu sorriso travesso iluminado pelo luar. — Meio sem graça, não acha? Sem strippers, sem jogos constrangedores...— Perfeito para mim — respondi, entrando n
Eu estava mesmo fazendo isso.Andava de um lado para o outro na antessala do salão de festas do Hotel Milani, um dos lugares mais luxuosos da cidade, tentando convencer a mim mesma de que aquilo era uma boa ideia. Contratar um gigolô para fingir ser meu noivo? Deus me perdoe, mas eu não tinha escolha.Meu ex-noivo estava prestes a se casar. E não com qualquer pessoa, mas com a minha ex-melhor amiga. Sim, eu fui duplamente traída, num pacote "compre um, leve outro" que eu nem sabia que estava assinando. Se existisse um programa de fidelidade para otárias, eu já teria acumulado pontos suficientes para resgatar um tapa na cara e uma passagem só de ida para o fundo do poço.Ignorar o casamento? Era o que eu queria. Mas Elise fez questão de me ligar pessoalmente! Claramente ela estava querendo rir de mim, me humilhar. Mas eu não podia perder aquela briga. Então disse que iria. Mas pior: eu disse que iria acompanhada pelo meu noivo incrivelmente gato e rico!— Rico? — Ela riu, parecendo não
Meu coração congelou, ao ver Elise novamente, olhando diretamente para mim como se estivesse pronta para me desvendar, me desmascarar, me humilhar. Mas para meu alívio, ela logo foi puxada para os preparativos finais. A cerimônia estava prestes a começar.Eu já esperava que assistir à cerimônia fosse um pesadelo, mas, sinceramente? Nada poderia ter me preparado para aquilo. Sentada no banco, segurando firme a mão de Christian, eu tentava manter minha expressão neutra enquanto Elise e Alex trocavam votos de amor eterno. A cada "você é o amor da minha vida", minha vontade era de me levantar e gritar "TRAIDORES".Cada frase me atingia como um tapa. E se eu fechasse os olhos por um segundo, conseguia me lembrar do dia em que Alex me disse exatamente as mesmas palavras.Minha mão apertou a de Christian com tanta força que meus próprios dedos doeram.— Se continuar apertando assim, vou acabar sem circulação, amorzinho — ele sussurrou.— Desculpa. Estou tendo um leve surto interno.— Perceb
Se eu achava que a festa de casamento era luxuosa, então o que dizer do lugar para onde Christian me levou depois?Uma penthouse absurda, no topo do Hotel Milani, com uma vista panorâmica da cidade, piscina privativa e uma decoração que gritava "eu sou rico e não preciso nem olhar os preços no cardápio".E eu… bem, eu estava completamente deslumbrada. Mas também atordoada, como se a noite inteira tivesse sido um filme em que eu não pertencia ao elenco principal.— Céus… — soltei, girando no meio da sala, absorvendo cada detalhe do ambiente. Um minibar gigantesco, um sofá maior do que meu quarto inteiro, um lustre que provavelmente valia mais que meu carro. Bem, eu não tinha um carro. Mas valeria menos que aquele lustre, se eu tivesse.E, claro, uma piscina iluminada de borda infinita que parecia ter saído de um filme.— Isso aqui é insano! Como você pode bancar uma coisa dessas? Se você gasta essa grana toda com cada cliente, tá saindo é no prejuízo, viu?Christian riu, aquele riso gr
Meu coração bateu mais forte.Ele soltou o cinto, abriu a calça e a deixou cair, revelando a cueca preta colada ao corpo. E eu juro que quase esqueci de respirar. Cada músculo, cada linha do corpo dele parecia esculpida para o pecado. Ele sabia disso.Ele nadou até mim com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo. Mas seus olhos diziam outra coisa. Ele estava com fome. De mim.Por um instante, hesitei. Um estranho que fingia ser rico durante o dia e que agora me olhava como se eu fosse especial. O que eu estava fazendo? Mas então lembrei de Alex, da forma como ele olhou para mim na festa, do jeito como Elise sorriu com pena, como se eu fosse patética demais para encontrar alguém como Christian por conta própria. Precisava disso. Precisava me sentir desejada novamente, mesmo que fosse por um homem que eu estava pagando.Quando ele chegou perto o suficiente, suas mãos deslizaram pela minha cintura sob a água, os dedos traçando um caminho lento pela minha pele arrepiada.— Você está