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4. Vingança é Um Prato Que Se Come Frio

“Ettore Bianchi”

Observo a lágrima solitária escorrendo pelo rosto de Liz, caindo sobre o contrato recém-assinado. A satisfação me faz sorrir.

Passei mais de dois anos ao lado dela. Já a vi chorar antes, claro. Mas é a primeira vez que não sinto o impulso de enxugar suas lágrimas.

Há alguns anos, eu teria movido montanhas para evitar sua dor. Hoje, cada gota que cai é uma pequena vingança.

— Parabéns, piccola — digo, deixando o apelido sair com um veneno sutil. — Acabamos de dar o primeiro passo para o nosso futuro.

Ela finge coçar os olhos antes de levantar o rosto para me encarar.

Aqueles mesmos olhos que, um dia, prometeram amor eterno, agora estão vermelhos, vulneráveis. Exatamente como os meus estavam da última vez que nos vimos.

Perfeito.

— Tudo pronto, Max? — pergunto, me levantando com calma.

— Quase — ele responde, estendendo uma pasta para Liz. — Aqui está seu cronograma até o casamento. Provas do vestido, detalhes da cerimônia…

Ela apenas assente, sem dizer nada, aceitando o conteúdo sem reclamar.

Ignoro o olhar perdido e tiro do bolso uma pequena caixa de veludo.

— Isso agora é seu — anuncio, abrindo a caixa com o anel.

Pego sua mão e deslizo o anel em seu dedo. A pele dela continua suave. Familiar.

Por um segundo, uma lembrança antiga ameaça me distrair. Mas a espanto como quem afasta uma mosca inconveniente.

— Perfeito — murmuro, soltando sua mão. — Temos um jantar esta noite. Nossa primeira aparição oficial como casal.

— Posso ir embora? — ela pergunta, ignorando o que digo. — Preciso resolver algumas coisas.

A encaro por alguns segundos. Parte de mim quer negar, só para vê-la engolir o orgulho. Mas não posso parecer controlador tão cedo.

— Espero que não cometa nenhuma besteira — digo, voltando a me sentar. — Passarei na sua casa às sete.

— Certo — ela responde, erguendo-se rapidamente. — Com licença.

Max se apressa para acompanhá-la até a porta, e enfim fico sozinho. Estico o pescoço, sentindo a tensão nos ombros, e deixo escapar um suspiro pesado.

Era isso que eu queria desde que soube do maldito testamento. Desde o momento em que comecei a planejar como faria Liz se tornar minha esposa.

Então, por que ainda não me sinto completo?

— Parabéns, conseguiu o que queria. Está satisfeito? — Max pergunta ao voltar para a sala.

— Ainda não — respondo, me levantando e indo até o bar no canto. — Isso foi só o começo.

Enquanto me sirvo uma dose de whisky, Max me observa com aquele olhar que já conheço bem: metade preocupação, metade desaprovação.

— Ettore, é isso mesmo que você quer? — ele pergunta quando volto a me sentar. — Mesmo sendo por conveniência, casamento é algo sério.

— Você já sabe a resposta — digo com calma, levando o copo à boca. — E, além disso, já está feito. Liz assinou.

— Sim, mas…

— Não tem “mas”, Max — corto, seco. — Você não estava lá. Não viu o que eu vi. Se fosse você, se estivesse no meu lugar, vendo a mulher que ama nos braços de outro homem, sorrindo, dizendo que nunca te amou… faria o mesmo.

Termino o whisky de uma vez, como se isso apagasse a lembrança.

Liz nem sequer tentou explicar. Nem fingiu constrangimento. Só disse que nunca me amou, que eu era uma distração. Que aquele homem podia dar o que eu nunca conseguiria.

Então sorriu, pegou na mão dele e foi embora, me deixando sozinho naquele maldito jardim onde eu planejava pedi-la em casamento.

Dois dias depois, eu estava em um avião para Londres, pronto para esquecer Liz Montesi e tudo o que ela representava para mim.

— Só estou dizendo para ter cuidado — Max insiste, me puxando de volta. — Vingança é um prato que se come frio, mas pode envenenar quem o serve.

— Me poupe dos clichês — reviro os olhos, irritado. — Sei exatamente o que estou fazendo.

— Bem, de qualquer forma, estarei ao seu lado — ele diz, se levantando. — Seja para brindar o fim dessa guerra ou para te consolar quando Liz partir seu coração de novo.

— Vai se foder — murmuro, sem nem olhar.

— Também te amo, Ettore Bianchi — ele responde, rindo enquanto sai. — Até mais tarde.

Balanço a cabeça em negativa, observando Max sair da minha sala.

O conheci em Oxford, pouco depois de chegar a Londres, na época em que tudo que eu queria era sumir do mapa e fingir que o mundo havia acabado.

Max me viu no fundo do poço. E, por algum motivo que ainda não entendo, mas sou grato, decidiu me puxar de volta.

Ele me lembrou que o mundo ainda girava lá fora, mesmo quando o meu parecia ter travado no pior momento.

Algumas horas depois, pontualmente às oito, estaciono em frente ao prédio de Liz.

Ela surge logo em seguida, usando um vestido preto simples, mas que destaca suas curvas como se tivesse sido costurado direto na pele.

Ela continua linda. E isso torna tudo mais fácil… e mais difícil ao mesmo tempo.

— Está atrasada — digo, abrindo a porta do carro.

Liz morde o lábio e me encara. Por um segundo, acho que vai retrucar, que vai cuspir aquele orgulho que sempre admirei nela. Mas não.

Ela apenas abaixa o olhar e entra no carro com a passividade de quem foi treinada para obedecer. Isso deveria me satisfazer, mas só me entedia.

Fecho a porta, dou a volta e assumo o volante.

O trajeto até o restaurante é silencioso. Liz mantém os dedos entrelaçados sobre o colo, olhando pela janela como se fosse realmente interessante.

Quando chegamos, coloco a máscara social. Abro a porta do carro, puxo a cadeira, sorrio como se tivesse escrito um manual sobre boas maneiras.

A encenação perfeita para o público perfeito.

Os herdeiros das famílias rivais. O casal improvável. A união estratégica. O amor fabricado em moldes empresariais.

— Todos estão olhando — Liz murmura, sem tirar os olhos do cardápio.

— Era de se esperar. Somos a fofoca preferida da noite — respondo, sorrindo como se estivesse elogiando o vestido. — Agora, que tal parar de agir como se estivesse prestes a ser enterrada?

Ela engole em seco e força um sorriso tão convincente quanto campanha eleitoral.

— Claro. Só… estou me acostumando com esse teatro.

— Tenho certeza de que vai se sair muito bem — digo, mantendo o tom leve, educado, venenoso. — Afinal, conseguiu fingir que me amava por mais de dois anos. Enganar o resto do mundo vai ser brincadeira de criança.

Sei que a provocação atingiu exatamente o ponto que eu queria. Agora resta saber quanto tempo essa máscara de submissa vai durar… e quando a verdadeira Liz Montesi vai decidir aparecer.

Ela respira fundo, desviando o olhar. As mãos apertam o guardanapo com tanta força que parece que ela está tentando impedir a própria dignidade de escorrer pelos dedos.

— Ettore, o que aconteceu naquela tarde…

— Não. — Corto, sem desviar o olhar da taça de vinho recém-chegada. — Não vamos entrar nesse assunto. Vi e ouvi tudo o que precisava. Três anos atrás. Quando ainda me importava.

Ela assente, como se já esperasse por isso.

Aproveito o momento e me inclino sobre a mesa, devagar, até ficar perto o suficiente para que só ela escute.

— O que quer que você queira falar, sei que serão só desculpas mal ensaiadas. Tentativas patéticas de amenizar o que vem pela frente — murmuro, antes de levar a taça à boca e saborear o vinho como se fosse sangue. — E para sua infelicidade, Liz… não vai funcionar.

Ela me encara por alguns segundos, os olhos arregalados, como se minhas palavras tivessem doído mais que um tapa.

Quando finalmente abre a boca para responder, é outra voz que surge por trás de mim.

— Ettore, que surpresa te encontrar aqui.

Reconheço a voz imediatamente, sabendo exatamente quem está atrás de mim sem precisar me virar.

E isso certamente vai me trazer dores de cabeça que não estavam planejadas para este momento.

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