Capítulo 04

Majú...

Eu estava no banho quando escuto uma gritaria, fico assustada e resolvo desligar o chuveiro e me aproximar da porta para ouvir. Me dou conta que a briga é por minha causa, parece que o tal Lyon não me quer aqui, me sento na privada e fico tentando pensar rápido em o que fazer.

Sem ter ideia alguma ainda, me arrumo e decido ir embora daquele lugar, não quero ficar em um lugar que não sou bem vinda e muito menos quero ser motivo de briga entre os irmãos.

Saio do banheiro dando de cara com três homens, dois eu não conhecia o outro era o Kadu, eles param de brigar na hora e ficam me olhando, respiro fundo tomando coragem de falar afinal aqueles dois caras não tinham cara de boas pessoas e eu tinha certeza que não eram, eu não era boba, aonde estive mais cedo atrás do irmão de Kadu com ele era uma boca de fumo, com certeza eles eram envolvidos com coisa errada, eu sei disso porque cansei de ir em uma boca com minha tia atrás de Ricardo.

— Bom dia... Digo sem jeito. — Kadu posso falar com você rapidinho?

Kadu dá as costa ao irmão e vem até mim.

— Não precisa brigar, eu vou embora e já estou muito agradecida por você ter me tirado do hospital...

— Não!!!! Você não vai embora Majú!!

— Kadu... É sério, eu não estou pedindo permissão, eu só estou lhe agradecendo e lhe informando que não vou ficar aqui.

Kadu respira fundo frustrado, me dá as costa colocando as duas mãos na parede e fechando os olhos como se tivesse pensando em algo.

Vou até o quarto onde estão minhas coisas e coloco dentro dela as roupas sujas que acabei de tirar, fecho a bolsa e me encaminho para sair daquela casa. Quando chego na sala os três ainda estão lá mais o silêncio é o que predomina no local, Kadu está de frente para a janela olhando para o nada e os outros dois homens estão perto da porta conversando baixo.

— Kadu? Ele me olha. — Vou indo tah?

— Vai pra onde Majú? Você não tem ninguém!

— Eu dou meu jeito. Muito obrigado por tudo. Dou um abraço nele.

— Pera aí, já sei! Ele diz tirando o celular do bolso. — Eu tenho um amigo que é o frente na comunidade do rio das pedras, tenho certeza que ele vai te proteger lá.

Quando ele começa a procurar o número do tal amigo o irmão dele começa a falar.

— Você está se envolvendo em uma briga que não é sua Kadu, essa garota tem cara de encrenca!

— Tarde demais Lyon, não vou deixar ela morrer! E não precisa se preocupar, já vamos sair do seu morro!

O tal de Lyon me parece ficar nervoso, o outro homem que está com ele segura o seu braço tentando o acalmar mas é em vão.

— Não preciso me preocupar? Você é um moleque mimado do car∆lho!! Quando vierem atrás dela, vão vir atrás de você também e essa porr∆ vai sobrar pra mim por que não vou deixar fazerem nada com você!!! Tem noção da merda?

— Fod∆-s€ se vão vir atrás de mim Lyon, você não precisa fazer nada!!

— Você deve tah muito afim de comer essa bocet∆ para tah se arriscando assim, só pode!!!

Eu fico chocada com o que ouço, é aquele momento que a ficha caí sobre o perigo que estou correndo de ser estuprada e morta, eu não conheço essas pessoas, acabei de conhecer o Kadu. Droga! Eu estava com tanto medo do que Ricardo poderia fazer comigo que aceitei ajuda de um completo estranho.

Largo tudo dentro daquele apartamento e saio correndo desesperada, na minha cabeça só vinha a fala daquele homem dizendo que Kadu estava afim de me comer, será?

Desço morro correndo e começo a entrar em vários becos tentando sair das ruas principais, eu só queria sair daquele lugar, entro em um beco que tem uma escadaria mas quando vou me preparar para descer sinto uma pontada na cabeça e simplesmente apago.

Lyon...

Eu não queria meu irmão envolvido nessa porr∆, mas ele é teimoso. Quando vi a cara da menina percebi na hora que Kadu só poderia está interessado nela porquê não é possível um ser se envolver num bagulho desse de graça.

Kadu tava muito puto nunca vi meu irmão assim, a menina fala algo com ele e depois vai para o quarto, Kadu não fala nada fica pensativo demais pro meu gosto.

Quando ela saí do quarto dizendo que vai embora vejo o desespero nos olhos do meu irmão, ele diz que vai ligar para um amigo da Rio das pedra, eu sei quem é esse amigo e apesar de sermos aliados não sou muito fã dele.

Do nada a mina surta e saí correndo, olho para Fael que até então só estava ali para apaziguar a situação.

— Do nada a mina surtou! Digo sem entender nada.

— Do nada? Tah de sacanagem Lyon! Você praticamente chamou a garota de put∆. Fael pede pelo rádio para acharem ela!

— Eu não disse nada demais, sensível demais essa aí!

— O seu mal Daniel é achar que todas as mulheres são iguais as put∆s que você pega e que todos os homens são babacas igual a você!

Esse merdinha diz isso e me dá as costa me deixando mais puto ainda, quando vou falar com ele o rádio de fael toca.

— Se liga só Fael, achamos a mina no beco da Lafayette mas num sei se tah viva não!

Porr∆! Meu corpo gela na hora, se alguma coisa acontecer com essa garota Kadu não vai me perdoar nunca.

— O que aconteceu com ela Cleitin? Kadu fala tomando o rádio da mão de fael.

— Sei não patraozinho, só sei que chegamos aqui na escadaria e ela estava caída.

— Tô chegando aí.

Saímos do meu apê correndo, subi em minha moto enquanto kadu e fael vão de carro. Assim que chegamos no local o circo já estava armado, a rua estava cheia nem dava para vê a menina de tanta gente ao redor dela.

— Se afastem ¶orra!!! Kadu grita. Ele coloca a mão no pescoço dela para sentir seus batimentos. — Ela está viva cleitin, quer me matar do coração ¶orra!! Nessa hora eu volto a respirar e nem tinha me dado conta que tinha parado!

Ordeno para os meninos chamarem o dr que temos aqui na comunidade e resolvo pegá-la no colo e levar para a casa que tenho aqui na parte baixa do morro.

Não demora muito e o dr aparece, ele fica com ela e Kadu no quarto e depois de um tempo eles aparecem na sala.

— E aí, ela acordou? Pergunto logo.

— Ainda não! Kadu diz de cabeça baixa.

— Eu aconselho levarem ela para um hospital, seu irmão disse que mais cedo ela havia batido a cabeça, não sabemos o que ocasionou essa queda da escada dela, se foi um desmaio ou ela tropeçou. Seus sinais vitais estão bem, mais o cérebro dela não posso dizer com está.

Olho para meu irmão esperando uma posição.

— Se ela for para um hospital o tio dela vai matar ela! Não sei o que fazer. Ele fala andando de um lado para o outro.

— Dr preciso que organize tudo em um hospital para o atendimento dela, sem ficha, sem perguntas, sem nada! Eu pago o que tiver que pagar!

Kadu me olha assustado, mas eu tinha que fazer isso não por ela mais sim por ele, ele é meu irmão e eu faria qualquer coisa para vê-lo feliz.

— Que foi? Pergunto. — Se tú tá afim dela eu é que não vou deixar ela morrer!

— Eu não estou afim dela Lyon! Eu só não quero que ela morra, ela é sozinha... Sei lá, meu sentimento por ela é como de irmãos entende? Tenho essa necessidade de protegê-la não sei explicar.

— Se você diz! Só acho estranho essa sua super proteção, conheceu a garota hoje e já está praticamente dando a sua vida por ela.

— Lyon você escutou pelo menos alguma coisa do que eu disse quando cheguei aqui? Parece que você só escuta o que quer cara! A garota não tem ninguém por ela, não sei o que aconteceu com os pais dela mais sei que ela mora com uma tia que não tem condições de enfrentar o marido, marido esse que quer matar a Majú e que tipo de ser humano seria eu se deixasse isso acontecer?

Ele me dá uma lição de moral e eu fico quieto igual um trouxa!

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