Capítulo 06

— Ei... Shiii... Calma, sou eu! Calma pirralha, acorda.

Eu abro os olhos e me dou conta que tudo não passou de um sonho, estou chorando de soluçar e me tremendo toda, Lyon está com as costas na cabeceira da cama sem blusa, eu estou com minha cabeça apoiada em seu peito com suas mãos apoiando minha cabeça e minhas costas meio que em um abraço. Enquanto choro sou acalmada por ele e nesse pouco tempo em seus braços consigo observar suas tatuagens que aliás são muitas, algumas cicatrizes e consigo sentir seu cheiro amadeirado, as batidas do seu coração acalma o meu que nesse momento estar mega acelerado.

— Deita um pouco que vou pegar um copo de água pra você e depois você me conta que sonho foi esse. Confirmo com a cabeça.

Ele saí do quarto e não demora muito volta com a água, depois de alguns goles eu conto o sonho que tive, apesar de não ter visto o rosto das pessoas que me perseguiam eu tinha certeza que era a mando do Ricardo.

— Não precisa ficar com medo pirralha, aqui você está protegida.

— Eu... Sei... Disse soluçando. — Mas uma hora eu vou ter que ir embora.. Sair da sua casa, do complexo, tenho uma faculdade pra começar.

— Faculdade? Você parece tão nova pra faculdade. Eu continuo em seus braços sentindo seu carinho em minha cabeça.

— Daqui a dois meses eu começo a cursar medicina...

Contei a ele sobre as duas universidades que fui aprovada mas não falei sobre eu ser nova, por que? Não faço ideia, mas achei melhor deixar em off a minha idade assim como ele também não fez questão de voltar atrás sobre eu ir embora. Acabei pegando no sono novamente e quando acordei me dei conta que eu estava sozinha na cama. Me levantei e fui direto ao banheiro fazer minha higiene matinal, saí do banheiro e procurei ele pelo apartamento mas ele não estava, me sentei no sofá pensativa.

Apesar da noite mal dormida, hoje eu me sentia bem melhor, as dores de cabeça haviam passado e as dores no corpo também, resolvi dar um jeito naquele apartamento e fazer algo para almoçar já que aquele lugar estava uma imundície. Coloquei uma música no meu celular e comecei a arrumação, já estava na cozinha fazendo almoço quando escutei um barulho vindo da sala, na hora meu coração acelerou e eu peguei a faca que estava em cima da pia e segurei com toda força, fiquei encolhida no canto da geladeira esperando alguém aparecer.

— Epa, Epa, Epa... Calma aí pirralha! Ele se aproxima de mim lentamente e tira a faca da minha mão, meu corpo estava tenso mas ele se relaxou assim que ele me abraçou. — Já disse para ficar tranquila que aqui você está segura.

— Desculpa, é que...

— Vem, senta aqui. Ele me leva até o sofá. — Porque arrumou a casa e tá fazendo comida? Era pra você está descansando.

— Eu estou bem, estava casada de não fazer nada, mexi na sua geladeira.

— Estou surpreso de você ter achado alguma coisa. Disse rindo. — Porque pelo cheiro, com certeza você achou algo.

—Tinha peito de frango na geladeira e algumas coisas na dispensa então fiz um fricassê.

—Frica o que? Perguntou sem entender nada

— Vem! Vou te servir.

Coloquei o fricassê no prato pra ele e levei até a mesa da sala onde ele estava sentado, sentei em uma cadeira a sua frente e fiquei esperando ele experimentar ansiosa, ele me olhou com uma sobrancelha levantada e eu não entendi o motivo.

— Cadê a sua comida? Ele questiona.

— Eu como depois, não estou com fome.

— Aí pirralha, se tú não comer eu também não como! Enfatizou e eu bufei.

Fui até a cozinha e coloquei um pouquinho de comida pra mim, mas realmente eu estava sem fome. Eu nunca fui de comer muito, minha tia sempre chamava minha atenção e me forçava a comer, talvez seja por isso que sou magrinha.

Eu beliscava a comida e observava ele comer, estava esperando ele dizer algo, hora ou outra ele me olhava mas não falava nada e isso já estava me deixando louca até que ele larga o garfo apoiado no prato e me encara.

— P0rr@! Essa parada de frica sei lá o que é bom mesmo. Tú manda bem na cozinha pirralha.

— Minha tia fazia muito e eu amava, então um dia ela me ensinou a fazer. Mas são poucas coisas que sei fazer. Digo mexendo a minha comida com o garfo mas sem comer.

— Tú sofre daquela doença que as modelos tem? Aquela que elas vomitam? Ele me pergunta me analisando.

— O quê? Anorexia? NÃO! Claro que não, por quê a pergunta?

— Tú tá mexendo a comida pra lá e pra cá e não come nada, é magrela, sei lá ué.

— Lyon! Já disse que estou sem fome, eu não sou anoréxica e também não sou tão magra assim!

— Cara, tú é magra sim, tú tem quantos anos? 14/15?

Sério que eu aparento ter só isso? Fico encarando ele pensando mais uma vez se falo minha idade pra ele e outra vez resolvo mudar de assunto. Me levanto pegando meu prato e o prato dele que já tinha terminado de comer e vou levando para a cozinha.

— Não tenho nem 14 e nem 15 anos! Me limito só dizer isso.

Enquanto estou lavando a louça Lyon está na sala vendo tv e consigo escutar perfeitamente quando a repórter diz:

“ Uma mulher identificada como Teresa Garcia Soares foi encontrada morta em seu apartamento, o suspeito do crime é o seu esposo Renato Souza Soares que encontra-se foragido. Teresa tem uma sobrinha que encontra-se desaparecida a alguns dias...”

Nesse exato momento eu deixo o copo que estava em minhas mãos cair no chão fazendo Lyon aparecer rapidamente na cozinha. Meu rosto está repleto de lágrimas, minhas mãos estão tremendo e eu não consigo pronunciar uma palavra se quer.

— Pirralha, o que aconteceu, se machucou? Ele olhava cada pedacinho do me corpo procurando algum corte.

— É minha tia Lyon!

— O que tem ela? Ele pergunta sem entender nada.

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