Ouvi o som da porta se abrindo e olhei pelo espelho quem chegava. E esperava qualquer coisa, menos um homem... Ou melhor, menos “aquele homem”.Nossos olhos se encontraram na imagem do espelho. Senti um frio na barriga e fiquei imóvel. Ele também pareceu surpreso, pois ficou um tempo sem dizer nada, apenas me observando.- Eu... Acho que o senhor está no banheiro errado. – falei educadamente.Ele era Heitor Casanova. Via dezenas ou centenas de pessoas por dia. Claro que não lembraria de mim. Ainda assim, meu coração batia tão forte que eu conseguia escutá-lo fora do meu peito. Será que eu o temia, mesmo não estando no território dele? Por que ele me deixou tão nervosa?- Quem não sabe ler é você, pelo que me lembro. – os olhos verde-claro continuaram dos meus.- Como pode olhar ao seu redor, este banheiro é feminino, senhor.- Quem, em são consciência, tatua “Bon Jovi” na cervical? – olhou atentamente o símbolo que eu tatuei há muitos anos. - Me diga que foi uma bebedeira na adolescên
- Claro que não. Dormir é para os fracos. – brincou. – Então, como vai na entrevista novamente hoje à noite, não vai poder jantar comigo.- Não mesmo.- Que tal um almoço? Eu jantaria com você, já que não trabalho na Babilônia esta noite. Mas pelo visto não vai dar certo...- Daniel, não... Sou grata pela sua indicação de emprego, mas não quero me envolver... E está fora de cogitação iludir você. - É só um almoço entre amigos.- Não somos amigos.- Puxa vida... Você acaba de quebrar meu coração em mil pedaços.- Melhor assim, acredite.- Não... Não é melhor assim. Não pode ao menos tentar me dar uma chance, Babi?- Você mesmo disse que tem alguém... Então não entendo porque tudo isso.- Eu não tenho ninguém... Só tive medo que você fugisse de mim. No entanto... Está fugindo da mesma forma.- Não é fugir... Eu tive um relacionamento duradouro... E embora terminado, ainda não estou completamente curada. Não quero fazer mal a alguém como me fizeram.- Isso é fugir, sim.- Daniel...- Ok
- Bárbara Novaes.Ele vestia camisa branca. O blazer estava sobre o encosto da cadeira. Era loiro, pele clara e a barba bem feita, que o deixava incrivelmente sedutor. Os olhos eram azuis e seu olhar profundo.- Eu li seu currículo.- Fico feliz em saber.- Ainda não trabalhou em empresas de grande porte, não é mesmo?- Não... Ainda não. Mas é o que mais desejo.- Vou fazer algumas perguntas. Pode me responder sinceramente?- Com certeza.- O que sabe sobre a Perrone?- Quer sinceridade?- Por favor...- Praticamente nada. A não ser que é nova em Noriah Norte e que é uma filial.- O que sabe sobre vinhos?- Que são muito bons... E uma das minhas bebidas prediletas. Mas depois do chope com sabor que provei na semana passada, deixou de ser o primeiro lugar da minha lista.- Chope com sabor não está nem perto do que fabricamos. – Ele sorriu.- Eu sei... Sinto muito.- Eu pedi sinceridade. Se quer saber, estamos indo bem. Até agora ninguém foi tão sincero.Ótimo. Por um momento eu achei q
- Simples, porque não era sua avó e nada sua. Mandy é um amor e vai lhe deixar uma bela casa no meio do mato, com uns bons hectares de terra, que você pode vender.- A questão é que Mandy não vai morrer tão cedo. Ela está bem pra caralho para a idade que tem. – Salma falou e notei sua palidez.- Não fale assim da minha avó, Ben. E você, Salma... O que tem?- Não vou trabalhar... Estou péssima. Enjoada... E com dor na barriga. Devo ter pego uma virose.- Ou comido algo que não devia. – Ben falou irônico, como sempre. – Vá se arrumar, Babi. Nós vamos sair.- Eu não vou sair.- Vai sim. É uma ordem. – Salma disse.- Vou cuidar de você.- Não vai mesmo... Se não for com Ben eu boto você para fora.- Não quero.- Você tem meia hora. O Hazard nos espera. – Ele disse saindo.- Não posso ir ao Hazard sem você, Salma. Nós duas descobrimos aquele lugar.- Babi, faz quase um ano que eu não vou lá. Meu emprego na noite ocupa todo meu tempo. E não quero que você e Ben deixem de ir lá por minha cau
- Ele é um pedaço de mal caminho. – Olhei para Ben, tentando não ficar encarando o desconhecido.- E você bem decidida, amiga. – Ele riu. – Vai que seu sexo oral está aí... Não se sabe, não é mesmo?Suspirei:- Fazer sexo com um desconhecido?- Quer o que? Fazer uma entrevista antes? Não seja tapada, Babi. Você não é mais criança. E escute o que eu digo: sexo é sexo.- Sabe que só fiz isso com Jardel... E estou quase virgem de tanto tempo sem fazer depois que ele morreu. Então se eu disser que não estou insegura, estaria mentindo. Nem sei mais sobre a arte da conquista.- Nada mudou, amiga. Você olha para ele, ele para você... E se ele não vier, você vai até ele.- Bem, na minha época a mulher não ia até o homem.- Passado, baby. Não existe mais isso. Os interessados que se joguem. Se você não for, tem outras que irão... Até mesmo eu iria até aquele tesão se não fosse seu melhor amigo. – Ben olhou para ele e jogou um beijinho.O homem sorriu e levantou o copo novamente.Desviei o olha
- Não tenho colherinha... Mas tenho um carro, se serve. – Olhou para mim.- Serve sim...Ele pegou minha mão e fomos até o bar.- Bebe comigo?- Sim, claro.- O que posso pedir para você?- Pedir eu mesma peço. Mas pode pagar, se quiser.- Com certeza.Chamei o barman e pedi uma taça de vinho tinto. Eu e Ben nem chegamos a abrir o espumante. Mas se eu bem conhecia meu amigo, ele não iria embora dali se não fosse com Tony. E digo que era bem difícil resistir a Ben. Aposto que o amigo de Sebastian tomaria minha parte da bebida.- Sou Tales.- Bárbara.- Vou confessar que você me chamou a atenção no exato momento que pisou seus pés aqui.- Nunca o vi por aqui... Se bem que faz um tempo que não venho.- Minha primeira vez... De muitas. – Sorriu.- Gosta de Bon Jovi?- Não sei se entra na minha lista de músicas hoje em dia. Mas Saturday Night é um clássico.- Sem dúvida. Ainda não saí desta década que passou... Ao menos no gosto musical. Mas Bon Jovi literalmente esteve e sempre estará no
Sem bolsa, dinheiro, celular, cartão de crédito que nem cheguei a usar e com minha dignidade e auto estima na sola do pé, caminhei por 45 minutos até chegar em casa.Nem sei como subi as escadas, pois dava um passo para frente e dois para trás, tentando me jogar degrau abaixo, na esperança de morrer numa queda de menos de um metro.Abri a porta e caí no sofá. Salma ainda estava com uma cara péssima e pálida. Ben não sabia o que era mau humor, tristeza ou depressão. A cara dele era sempre de alegria e mesmo quando o pior acontecia, ele ria de si mesmo e seguia como se nada tivesse acontecido. Quem dera eu tivesse um pingo da autoconfiança dele.Eles estavam tomando café da manhã. Salma ainda usava roupão, como se o não tivesse passado a noite para ela.- E então, como foi? Ele fez oral? – Ben perguntou.- Você gozou? – Salma arregalou os olhos, curiosa.- Precisou de colherinha? – Ben levantou.- Gozei... Talvez uma cinco vezes... Gozei como nunca tinha gozado antes. – falei.- Jura? A
Tomei um banho demorado e quando pensava em Salma e Bem e me tremia de raiva. Coloquei um roupão sem calcinha para minha intimidade respirar e se recuperar da noite que passou.Liguei para minha avó e expliquei que fui roubada... Na saída do Hazard, é claro. Jamais diria a verdade pra ela. Não tinha coragem dizer que o homem fez sexo comigo, depois levou minha bolsa. Por sorte, ela disse que o cartão estava bloqueado. Então o ladrão sem vergonha não teria como usar. Óbvio que ela me fez prometer que iria até a delegacia fazer uma denúncia.Mais tranquila por ele não poder gastar o cartão de crédito pelo menos, acabei adormecendo, já que a noite havia sido longa e cansativa.Acordei sentindo uma dor insuportável na barriga. E já sabia o que era: cólica menstrual. Certamente o sangue desceria em breve.Tentei levantar e percebi que já estava escuro. Peguei o remédio que estava próximo de mim, numa gaveta e tomei com um gole de água.Esperei por mais de quinze minutos e tudo que consegui