Eu já não sei mais onde está o limite entre o que eu sou e o que a ansiedade faz de mim. Eu sou um quadro da capacidade desperdiçada, alguém que nasceu pra muito, mas nem tanto. São tantos pensamentos que consomem o ansioso e lhe afastam da tranquilidade de viver o alcançável ao toque que eu poderia dizer que vivi mais do que 8 anos durante esse tempo que estive com esse problema.
Eu estava agora mesmo tentando ler, mas parece que as palavras só me rodeiam sem conseguir me penetrar. Isso é frustrante. As coisas só tendem a piorar como se a vida fosse uma comédia romântica de mau gosto. Sim, estou começando um livro num período de seca inspiracional. Mas eu sempre fui um cacto, então por quê não?
Talvez isso me faça bem, talvez não, mas é a única ideia. Me pego refletindo o que vale a pena ser colocado no papel dentre esses inúmeros pensamentos. Assim percebo que talvez estej
Eu literalmente não sei o que eu odeio mais: quando a ansiedade me faz pensar demais ou quando me rouba os pensamentos.Posso contar um segredo? Comecei o dia 4 ontem. É que eu não pude resistir a continuar. Grande parte do dia eu não sabia o que escrever, mas agora parece que há infinitudes para dizer.Hoje meu intestino resolveu reclamar durante a madrugada enquanto eu ainda não tinha conseguido dormir. Já passava de 2h da manhã e eu sentia muita dor. Levantei, bebi um copo d'água na esperança de acalmar o monstrengo. No final percebi que não foi uma boa escolha, pois fiquei com ânsia de vômito. Vivendo e aprendendo.Ontem uma pessoa me disse tudo o que não deveria. Que quem sofre com ansiedade é cansativo, que uma mulher precisa se cuidar pra ficar bonita, que nenhum homem gostaria de se relacionar com uma garota com tantos problemas. Bem, meu radar de "seria melhor se você tivesse ficado calada" estourou. As pess
Se você ama alguém com ansiedade, deveria se atentar ao fato de que paciência, apoio e compreensão são mais eficientes do que insistência, cobrança e crítica. Apesar da desesperança, fruto da ansiedade, não é a falta de vontade de melhorar que nos mantém mal. Os transtornos psicossomáticos parecem monstros de 7 cabeças. Como eu sempre disse, o psicológico é pior que o físico porque é muito mais difícil de ser resolvido (e acreditado).A ansiedade nos coloca no chão para em seguida nos fazer duvidar da nossa capacidade de levantar. Por isso, é essencial que não se coloque na pessoa com o transtorno a total responsabilidade pela superação, mas a consciência de que ela não está sozinha e que é capaz.Um dos fatores que mais tem me incomodado no meu quadro é a falta de vontade de sair de casa pra fazer qualquer coisa. Ou até mesmo levantar da cama. Não por ser desconfortável, porque não é. Eu realmente tenho estado satisfeita
Me sugeriram que me mudasse para VHA no ano que vem. Nova escola, novas atitudes, novo recomeço. Seria uma escolha inteligente, visto que tenho o interesse e a necessidade de passar no Enem com uma nota alta o suficiente para cursar medicina. Mas a dúvida que corrói é até onde a minha capacidade vai ser limitada pela minha saúde (ou, no caso, a falta dela)?.A fé na minha capacidade - tanto acadêmica quanto de superação - precisa ser maior que todos os poréns para que eu consiga me dispor a ir ainda mais alto. Mas onde eu encontro isso mesmo?.Essas últimas semanas tem sido difíceis. Tenho dormido tão mal que nem durante as aulas consigo pegar no sono - pra alguém acostumada a dormir 16h (ou mais, quando possível), isso é, ou uma conquista, ou uma preocupação. Tenho estado muito irritada também, tido alterações de humor consideráveis. Mas me incomoda descontar nos outros minhas frustrações. Eu mesma me policio e entristeço com a forma crítica com que tenho expressado meu
Já aposentei meus estudos para provas, visto que minhas notas são mais que satisfatórias sem muito esforço. Então de onde vem toda essa problemática? Acredito que eu esteja segura dessa resposta. Pena que eu não sou super-heroína para transformar o que está do meu corpo pra fora. Mas é fato que a cura é aprender a lidar, e ela está em mim.Eu só não entendo como não importa o quanto eu fale, eu nunca falo o suficiente. Sempre algo fica preso na garganta e acaba virando mal-estar. Então quem sabe eu solucione minha vida através da escrita. O presente que eu mais ganhei na infância foram diários. Caramba! Quantos diários! Mas nunca consegui me adaptar. Sempre vivia os dias muito rápido e acabava deixando passar. Anos depois, aqui estou eu tentando algo parecido como forma de redenção. Que ironia, não?. O problema agora não é tanto a agitação da ansiedade, mas o cansaço psicológico. Esse cansaço aplacou minhas dores com a paz da in
É certo que no passado a vida não era tão acelerada, então provavelmente também não era tão banal ter ansiedade. Mas da forma como falam os antigos, somos a geração da frescura em ver gravidade nessa forma de sentir. Eu me pergunto como eles consideram tudo isso normal. Não está certo que as pessoas, por serem tratadas como máquinas, estejam cada vez mais propícias a ser incapacitadas para que sobreviver seja possível. As exigências constantes nos dias atuais fazem com que não sejamos tratados como humanos suscetíveis a cansaços eventuais, mas que sejamos pressionados a viver uma rotina produtiva, exaustiva e patológica.Como resultado, temos adultos aposentando por invalidez, adolescentes trancando faculdades por exaustão emocional, e colapsos nervosos tão frequentes quanto o tempo ideal da troca de escova de dentes.Chega a ser engraçado alguém querer ter a vida que tenho. Eu não trabalho, não sustento uma família, não passo fome, sede ou falta de alguma. Meus pais se
Eu sinto que não faço a menor ideia de por onde começar a aprender a lidar. Ou talvez saiba e não saiba que sei. Ou talvez já esteja lidando. Os dias estão correndo mais rápido que eu e continuo com a mente na cama que vou encontrar quando chegar em casa. E que Deus a reserve para mim, sem país ou irmãos no caminho que me acrescentem obstáculos para encontrar no inconsciente minha fuga. Sim, fuga, porque o lance aqui é ser honesta com tudo o que eu tenho consciência. A verdade é o que esvazia o corpo cheio de dor. É como a água que ocupa o espaço antes ocupado pelo ar quando uma garrafa é inserida na água. E eu me sinto mergulhada numa abundância de fragmentos de conhecimento, amadurecimento, superação, evolução, cura. E se eu abrir a boca, bem, eu talvez me afogue em solução - do meu primeiro enfrentamento em muitos.Eu estou passando por tudo o que é restritamente necessário. Está sendo exigido de mim apenas o que tem me falta
Existe sempre aquilo que te instabiliza. Apesar da minha convicção (ausente, eventualmente, mas presente hoje), eu continuo sentindo necessidade de reafirmar meu valor e capacidade em algumas situações e isso suga a energia e bem-estar de uma forma danífica. Existe alguém hoje que me faz ruir. E esse alguém sou eu.A permissividade da vulnerabilidade está no indivíduo. O mundo pode estar em crise, mas a paz vem de dentro. O meu quarto bagunçado revela algumas faltas nessa ordem interior - mas talvez eu esteja ocupada colocando outras coisas no lugar. (À quem quero enganar? Em qualquer oportunidade, eu provavelmente vá dormir).Ter ansiedade é querer lidar com tudo agora quando não é possível enfrentar diretamente a questão hoje. Se a viagem é amanhã por quê eu me preocuparia antes? Eu tenho a plena segurança nisso (devia significar a minha cura), e exercito quando meu supere
Ultimamente eu descrevia meu contexto como uma incógnita determinada pela minha disposição em "abraçar" os desafios, provações, enfrentamentos. Existe sempre a possibilidade de aceitar fazer o esforço ou dormir para anestesiar o incômodo. Mas eu te prometo que ele ainda vai estar amanhã - se não em forma do mesmo problema, em forma de uma carência sua do conhecimento que deixou de ser adquirido com aquela experiência. Somos construídos pelo que vivemos. Até o que nos machuca nos faz curar. Como um bebê as vezes precisa de um tapinha para respirar.Um spoiler? Pensando na faculdade de medicina apesar da ansiedade, mas isso é algo um pouco prematuro para se decidir (não para se enfrentar mas, por hoje, deixa para amanhã)."A gente tem que enfrentar exatamente o que não estamos prontos para enfrentar. [...] Não posso deixar que o que está na minha frente para me construir me destrua" - daquelas filosofias escondidas em nós que a interação social proporciona. Apesar da impor