“Patrício”Eu quase a beijei de novo! Ficar sozinho com essa garota estava se tornando um problema bem sério e agora nós estaríamos juntos e sozinhos pelas próximas horas no espaço confinado de um carro. Fiquei aliviado quando a porta do elevador se abriu na garagem do prédio.Eu tinha quase certeza de que ela estava flertando comigo e quando eu perguntei se ela não me amava, foi uma brincadeira, eu estava esperando uma resposta atrevidinha e mal educada, mas ela ficou desconcertada, daquele jeitinho encantador, com as bochechas coradas e os olhos arregalados. Eu começava a ter dificuldade para me afastar dessa garota.Chegamos ao meu carro e eu abri a porta pra ela. Ela olhou bem para o carro e depois me encarou.- Um super esportivo? Sério? – Ela balançou a cabeça em reprovação e entrou no carro.- Minha filha, isso aqui não é um carro, é uma máquina! – Falei quando sentei ao seu lado e passei a mão pelo painel do carro. – É um Aston Martin DB12! Um V8, 4.0, biturbo, minha linda! De
“Lisandra”Eu me senti tão confortável na casa do Patrício, que foi como estar em minha própria casa. A casa era linda, arejada, cheia de luz e o Romano e a Wanda eram incríveis. Mas o que mais me surpreendeu foi como o Patrício foi gentil e agradável comigo, e o quanto ele se lembrava de coisas da minha infância, coisas que eu achei que ele simplesmente nem tinha notado.- Pronta para ir? – O Patrício parou atrás de mim enquanto eu admirava o jardim próximo ao paredão de pedra no quintal.- Ah, não sei não, eu poderia ficar morando com o Romano e a Wanda. E essa casa é incrível! – Suspirei vendo algumas borboletas dançarem sobre as flores.- Pra isso você teria que morar comigo! – A resposta dele me pegou de surpresa e ele percebeu e explicou. – Eles moram comigo, então para morar com eles, você teria que morar comigo também. Uma coisa é certa, não haveria monotonia nessa casa.- É melhor irmos, antes que você comece a gritar comigo e estrague a harmonia da casa. – Me virei rindo e e
“Patrício”Eu fiquei esperando a Lisandra na sala do apartamento e pensando como era fácil lidar com ela, como ela era divertida, calorosa e amigável com as pessoas. Havia sido muito agradável e muito natural almoçar com ela ali na cozinha da minha casa, como se sempre fizéssemos isso. A Lisandra era um raio de sol de verão, quente e acolhedor. E isso era muito perigoso.E quando ela voltou para a sala, eu achei que ia ter um colapso. Ela estava usando uma saia vermelha, com pequenas flores brancas estampadas e uma blusinha branca que deixava uma faixa de sua barriga à mostra e evidenciava o alto dos seus seios. A saia era mais comprida e soltinha, mas tinha um recorte na perna esquerda que ia quase até o alto da coxa, que aparecia torneada entre os babados que contornavam o recorte. Ela era como a visão da rosa da primavera, a mais bela e mais rara flor do mundo.Eu não podia deixar que o seu encanto me dominasse, precisava me controlar e manter distância. Precisava me lembrar da gar
“Patrício”O resto do dia Lisandra e eu nos evitamos, mas eu pude ver as olheiras enormes que ela tinha pela noite conturbada que tivemos. Eu havia sido mesmo um idiota com ela, mas eu era um idiota com ela há muitos anos já.À noite quando a vi chegar no jardim para a ceia de natal, eu senti como se meu coração errasse as batidas. Ela usava um vestido vermelho de um tecido leve que ia até os joelhos, a saia era esvoaçante e o seu colo se insinuava pelo decote em vê, as mangas eram compridas e soltas e ela usava nos pés uma sandalinha rasteira cheia de brilho dourado. Seus cabelos negros dançavam com a brisa da noite e o seu sorriso era como uma constelação cheinha de estrelas brilhantes.Durante toda a noite eu a observei de longe, eu não ousei me aproximar. Pela primeira vez no dia ela estava sorrindo e eu não queria estragar isso. No fim da noite, já no meu quarto, eu olhava para a caixinha vermelha com um laço branco sobre a minha mesinha de cabeceira. Eu passei a noite com ela no
“Patrício”O Flávio saiu caminhando na frente e fiz um gesto cavalheiresco para que a Lisandra passasse à frente, mas foi um típico gesto de provocação. Eu segui logo atrás, mas deveria ter ido à frente dela, porque observar aquelas pernas perfeitas logo abaixo da bainha do shorts que ela usava não ajudava a me acalmar. Entramos no escritório da casa e o Flávio fechou a porta e nos encarou.- O que vocês dois pensam que estão fazendo? – Flávio nos observava e o seu tom não era amigável.- Maninho, a culpa é dele. – Lisandra tentou jogar tudo em cima de mim, mas ela me provocava bastante, inclusive, dessa vez foi ela quem começou.- Chega, Lisandra! – O Flávio alterou a voz com ela e ela fez um beicinho. Não gostei que ele falou alto com ela.- Flávio... – Eu ia abrir a minha boca grande para defendê-la, mas ainda bem que o Flávio me interrompeu.Gente! Nesse momento eu me dei conta do quanto estava sendo hipócrita, pois eu falava alto com ela o tempo todo! Nossa, se minha soubesse dis
“Lisandra”Eu estava cansada, não tinha tido uma boa noite de sono desde que cheguei à fazenda. E a suposta trégua que o Patrício e eu fizemos estava me desgastando muito, pois nós continuávamos discutindo quando ninguém estava olhando e quando ele era gentil comigo eu sabia que era apenas porque o Flávio pediu e isso me magoava.Com a minha falta de sono, eu ia a cozinha todas as noites, depois que todos já tinham se recolhido, e o encontrava lá. Eu ia em busca do leite com canela, mas como ele estava lá eu não queria preparar, para não dar a ele a chance de implicar comigo. Estranhamente ele se levantava e ele mesmo preparava o leite pra mim e depois saía da cozinha. Isso não fazia sentido, era um gesto gentil que ele não precisava ter, pois ninguém estava olhando.Outra coisa que não fazia sentido foi o presente de natal que ele me deu. Eu nem esperava que ele me desse nada, mas eu mandei fazer um par de abotoaduras para ele, quando ele ainda estava viajando. Seria uma forma de me
“Patrício”Quando olhei para aquela bandeja e vi que só tinha empanado de camarão ali eu quase tive um ataque cardíaco. Isso poderia matá-la e ela nem se deu conta do que estava comendo, porque eu sabia que quando ela estava chateada ela apenas comia sem prestar atenção ao quê. Ela começou a se coçar e a ficar levemente inchada. Ela precisava da injeção rápido. Eu coloquei a bandeja sobre a mesa e fui até ela.- Você consegue andar? – Eu tentava me controlar, mas estava desesperado. Ela ficou de pé, meio vacilante. Eu passei o braço por sua cintura e começamos a caminhar, mas eu estava com pressa e quase a carregava pela casa. – Sua injeção está no seu quarto? – Ela fez que sim, já começava a parecer com um pouco de dificuldade para respirar e eu me apressei ainda mais.Chegamos ao quarto e eu a coloquei na cama, comecei a revirar o quarto. Parecia que eu tinha voltado no tempo, fui sentindo um desespero enorme, vendo a reação alérgica se desencadear e a injeção não aparecia. Aí me le
“Lisandra”Quando a boca dele tocou a minha eu senti como se milhares de borboletas batessem suas asas delicadas dentro de mim, não apenas dentro do meu estômago, mas dentro de mim inteira eu senti aquela revoada delicada e gostosa que me deixou arrepiada.No segundo seguinte, foi como se o meu coração parasse de bater e eu senti medo que ele simplesmente se afastasse com raiva, como aconteceu no meu quarto quando eu tinha quinze anos. Mas ele não se afastou, ele me beijou mais e mais.Então eu me senti em queda livre, como se eu tivesse pulado em direção a ele e nada mais pudesse me deter, nada mais pudesse me impedir de tocá-lo. Meu coração acelerou, meu corpo tremeu, minhas mãos procuraram por ele nervosas. Eu me desliguei do mundo naquele instante e foi como se eu entrasse num mundo novo, um mundo em que só existíamos nós dois.Aquele beijo foi tudo o que eu mais desejei em toda a minha vida. Eu nunca quis mais nada como eu queria aquele beijo e agora eu o queria ainda mais. Foi q