“Lisandra”Era tudo o que eu não precisava que acontecesse, que o Alessandro me visse naquela situação com o Patrício, porque eu tinha certeza que o Patrício ia jogar a culpa em mim. Eu estava andando de um lado para o outro na minha sala, pensando em muitas formas de me desculpar com o Alessandro, jurar que nunca mais ia acontecer e pedir que ele não contasse para ninguém.Mas por outro lado eu queria muito reclamar por ele ter entrado e atrapalhado o que estava acontecendo, eu tinha certeza que o Patrício ia me beijar de novo e o que eu senti quando ele me deu aquele beijo na orelha, nossa, foi como se tudo se revirasse dentro de mim.Eu precisava me acalmar, eu precisava pensar. Me sentei e olhei para a tela do computador, minha mente estava em branco, então eu respirei fundo e repeti isso até me acalmar um pouco. Não, eu não estava me acalmando, precisava falar com alguém. Saí da minha sala e fui até a mesa da Manu.- Preciso falar com você! – Sussurrei e ela me olhou preocupada.
“Lisandra”O restante da tarde foi como um borrão, eu não vi o Patrício, ele ficou trancado em sua sala o resto do dia. Eu me concentrei no trabalho, mas não deixei de pensar no que a Catarina havia dito, que o Patrício tinha ido me procurar.- Lisa, vamos? – Manu apareceu na porta e me chamou.- Pode ir, Manu, eu ainda preciso ficar. – Respondi sem tirar os olhos da tela.- Então eu vou te esperar. – Manu entrou na sala.- Não, precisa, pode ir, isso aqui pode demorar. – Respondi.- O que você está fazendo?- Conferindo um contrato e é dos grandes.- Então fica com a chave do carro.- De jeito nenhum, Manu. Eu pego um taxi.- Não, Lisa, ou você fica com o carro ou eu sento e te espero.- Não, precisa, Manu, eu levo a Lisandra em casa. – Patrício saiu da sua sala nesse momento.- Bom, se é assim, eu já vou. – Manu sorriu e saiu.O Patrício foi até a porta da sala e depois de um minuto voltou e parou em frente a minha mesa.- Nós precisamos conversar. – Ele nem me olhava nos olhos.Eu
“Patrício”No outro dia cheguei ao escritório bem cedo, passei a noite pensando na Srta. Lisandra e o amiguinho do marketing. Quando finalmente me convenci de que o amiguinho do marketing não era mais um problema, pois eu o mandei para outro país, o dia já estava clareando.Deixei um bilhete na mesa da minha assistente, para que ela fosse a minha sala assim que chegasse. E ela foi. Hoje ela usava uma saia creme com uma camisa turquesa de tecido leve e mangas compridas. Era impossível não notá-la, o contraste do turquesa da blusa com o negro dos seus cabelos chamava a atenção de qualquer um para ela.- Bom dia, Sr. Guzman. Em que posso atendê-lo? – Ela parou em frente a minha mesa com aquela postura profissional que só fazia deixar mais apagada a lembrança da menininha que eu conheci. É, ela era uma mulher agora e eu me dei conta de que insistir em vê-la como uma garota era causa perdida.- Lisandra, sente-se, nós precisamos conversar. – Tentei parecer o homem que eu era, decidido, que
“Lisandra”Ainda bem que já é sexta e vamos para a fazenda da família da Manu depois do trabalho. O Sr. Guzman também vai estar lá, mas lá eu nem preciso falar com ele. Sr. Guzman... eu já notei que ele fica irritadinho por eu chamá-lo assim é a minha pequena vingança por ele ser um idiota comigo.- Bom dia, gata! O sorriso te cai bem. – O Rick entrou na copa do escritório, onde eu me servia de uma xícara de café, e me deu um beijo no rosto.- Ah, é que nós teremos uma semana inteirinha na fazenda, paz e sossego. Não é demais? – Olhei para ele com um sorriso ainda maior.- É, eu espero mesmo que seja, mas com você e o Patrício juntos, nunca se sabe. – Ele riu, estava me provocando.Eu mostrei a língua pra ele e, depois que ele pegou o seu café, fomos em direção às nossas salas. Nos separamos na mesa da Manu e eu me virei rapidamente para falar com o Rick, mas ele já tinha desaparecido em sua sala, então me virei novamente para a minha e foi aí que o desastre aconteceu.Eu trombei com
“Patrício”Aquela garota sempre foi atrapalhada, e ficava ainda mais atrapalhada quando tinha boas intenções. Claro que o café foi um acidente, mas estava muito quente e queimava, queimava muito e eu precisei tirar a camisa. Aí ela me deu um banho de água gelada e no processo ela se molhou. Mas isso foi pouco, ela resolveu ser uma boa samaritana e correr para buscar uma toalha, se atirando sobre mim no caminho de volta.E aí então ela saiu de cima de mim e me permitiu ver mais do que eu deveria ver. Sua blusa estava transparente e grudada no corpo, seus mamilos estavam rígidos naquele sutiã de delicada renda, suas formas eram mais que convidativas e eu precisei me apegar ao que eu fazia sempre para afastá-la, ser um grosso e maltratá-la. Eu tentava evitar olhar para ela, pois a visão da sua blusa molhada expondo o seu corpo era uma tentação da qual eu precisava fugir.Em meio ao caos, ela queria sair da minha sala. Mas eu não podia permitir que ela saísse da minha sala assim, por mais
“Lisandra”Eu não sei se eu estava mais constrangida ou mais irritada com o Patrício. Ele conseguia ser um fofo e no segundo seguinte ele era um idiota! Depois de ficar duas horas dentro da sala dele, com uma toalha enrolada no corpo no lugar da minha blusa, eu achava que nada no mundo poderia ser pior, não haveria nada que fizesse as coisas entre nós ficarem mais tensas. Mas nada é tão ruim que não possa piorar. - Lisa, estou com um problema e preciso da sua ajuda. – Manu entrou na minha sala na hora do almoço, hora em que deveríamos estar nos preparando para ir pra casa, pois o Alessandro determinou que o expediente terminasse mais cedo.- Claro, cunhadinha, o que foi?- Sabe os alfajores que encomendei para o casamento? Os que vão substituir os bem casados? Houve um atraso e só vão ficar prontos no fim do dia. E o Flávio e eu temos horário para falar com o padre Floriano lá na minha cidade. – Olhei para a Manu sem entender. O nosso expediente terminaria mais cedo e nós havíamos co
“Patrício”Eu quase a beijei de novo! Ficar sozinho com essa garota estava se tornando um problema bem sério e agora nós estaríamos juntos e sozinhos pelas próximas horas no espaço confinado de um carro. Fiquei aliviado quando a porta do elevador se abriu na garagem do prédio.Eu tinha quase certeza de que ela estava flertando comigo e quando eu perguntei se ela não me amava, foi uma brincadeira, eu estava esperando uma resposta atrevidinha e mal educada, mas ela ficou desconcertada, daquele jeitinho encantador, com as bochechas coradas e os olhos arregalados. Eu começava a ter dificuldade para me afastar dessa garota.Chegamos ao meu carro e eu abri a porta pra ela. Ela olhou bem para o carro e depois me encarou.- Um super esportivo? Sério? – Ela balançou a cabeça em reprovação e entrou no carro.- Minha filha, isso aqui não é um carro, é uma máquina! – Falei quando sentei ao seu lado e passei a mão pelo painel do carro. – É um Aston Martin DB12! Um V8, 4.0, biturbo, minha linda! De
“Lisandra”Eu me senti tão confortável na casa do Patrício, que foi como estar em minha própria casa. A casa era linda, arejada, cheia de luz e o Romano e a Wanda eram incríveis. Mas o que mais me surpreendeu foi como o Patrício foi gentil e agradável comigo, e o quanto ele se lembrava de coisas da minha infância, coisas que eu achei que ele simplesmente nem tinha notado.- Pronta para ir? – O Patrício parou atrás de mim enquanto eu admirava o jardim próximo ao paredão de pedra no quintal.- Ah, não sei não, eu poderia ficar morando com o Romano e a Wanda. E essa casa é incrível! – Suspirei vendo algumas borboletas dançarem sobre as flores.- Pra isso você teria que morar comigo! – A resposta dele me pegou de surpresa e ele percebeu e explicou. – Eles moram comigo, então para morar com eles, você teria que morar comigo também. Uma coisa é certa, não haveria monotonia nessa casa.- É melhor irmos, antes que você comece a gritar comigo e estrague a harmonia da casa. – Me virei rindo e e