“Samantha”Eu estava cada vez mais nervosa. A medida que o carro avançava em direção ao meu destino eu me sentia mais desamparada, com medo e angustiada. O motorista do taxi, um senhor muito gentil inclusive, me observava pelo retrovisor, sem tirar os olhos do trânsito, e dirigia devagar sem pressa, talvez pela idade, tomava cuidado para não causar um acidente.Meu telefone tocou e eu o peguei na bolsa, era o Enzo, eu não podia atendê-lo agora, não conseguiria. Mas ele insistiu. Ele sempre insistia e eu sempre atendia. Pensei bem e se não o atendesse, levantaria suspeitas. Claro que o Michel já deveria ter voltado para a empresa, mas provavelmente pensou que eu estivesse em outro setor e não estaria alarmado ainda. Talvez ainda estivesse me procurando dentro da empresa. Assim, era melhor eu atender o Enzo.Quando ele me disse que estava com a minha mãe, eu não podia acreditar, então ele a colocou na linha comigo e eu ouvi a voz dela. Eu não consegui me conter mais, comecei a chorar e
“Flávio”Mas eu vou te contar viu, essa incursão no Morro do Pipote era só pra cumprir três mandados de prisão por homicídio e virou uma lambança. Três traficantes mortos e dois policiais feridos, tudo porque não queriam que a gente entrasse. Culpa desse bandidinho do Sandro que resolveu colocar uma boca de fumo aqui. E eu só resolvi cumprir esses mandados pessoalmente porque um deles era o gerente da boca de fumo do Sandro e eu queria informação sobre o tal de Rômulo.Pelo menos nenhum civil foi atingido. As pessoas ficam falando de bala perdida, mas isso não existe, o que existe é bala achada e achada por gente inocente, uma coisa que me deixa realmente chateado. Mas felizmente dessa vez nenhum civil inocente foi alvejado. Só que um dos sujeitos que estavam pedidos nos mandados morreu, era um soldado do Sandro. Os outros dois nós prendemos. Menos seis bandidos na rua.- Bora lá, tropaa! – O sargento da polícia militar que veio nos dar apoio estava reunindo seus homens. – Delegado, a
“Samantha”Eu estava aliviada por ver minha mãe bem. Foi uma grande sorte o Enzo encontrar com ela, foi uma dessas coisas que ninguém consegue explicar e uns dizem que é sorte e outros dizem que é providência divina. Mas com certeza posso dizer que esse garoto me salvou de novo. Depois que eles contaram tudo o que aconteceu no shopping e que o Heitor confirmou que a Nicole que estava com a minha mãe era a mesma Nicole ex namorada dele, tudo fez sentido.E agora estávamos a caminho da delegacia, a minha mãe, o Enzo, o Heitor e eu. Sinceramente eu só queria ir pra casa, mas o Flávio pediu que fôssemos até lá, então não tinha jeito.- Heitor, por que o Flávio pediu que fôssemos até a delegacia? – Perguntei ainda não me conformando em não poder ir pra casa.- Sam, você foi vítima de uma armação do Rômulo, um falso seqüestro é verdade, mas com nítido intuito de te obrigar a ir até ele. Além do mais, o celular da sua mãe foi furtado e usado pra isso. – O Heitor repetiu a mesma coisa, mas eu
“Nicole”Combinei tudo tão bem com o Rômulo, era um plano perfeito. Ele sumiria com a Samanthinha e eu teria tempo para seduzir e envolver o meu pote de ouro chamado Heitor.Marquei com a chata da Perla em um shopping afastado, assim não correria risco dela encontrar com nenhum conhecido, inventei que eu não tinha carro e esse shopping ficava perto da minha casa e a idiota acreditou e foi me encontrar, para que eu não tivesse que gastar com taxi ou pegar ônibus.Assim que ela chegou, pedi o celular dela emprestado para ligar para o “meu paizinho”, dizendo que o meu havia descarregado. Ela, muito prestativa, me emprestou o telefone desbloqueado. Com todo o cuidado eu liguei para o Rômulo e depois que tinha encerrado a ligação, devolvi o telefone, ela o deixou sobre a mesa e se virou para chamar o garçom. Foi mais fácil do que pensei, nem precisaria roubar a bolsa toda.Já tinha um soldado do meu irmão ali por perto para nos ajudar. Ele passou e pegou o telefone sem ela perceber, levou
“Heitor”Depois de todo o estresse dos últimos dias, especialmente tudo o que aconteceu no dia anterior, acordar com a minha deusa em meus braços, dormindo tranquilamente era um bálsamo para todo o desgaste e todo o medo que eu senti.A luz do sol brilhava sutilmente por uma fresta aberta na cortina do quarto. Eu não me cansava de admirar o quão linda a Samantha é, como a pele dela brilha sob o sol, como se faiscassem pequeníssimos pontos de luz. Meus dedos desenhavam círculos sobre sua pela sedosa e aveludada.Ela estava dormindo placidamente com a cabeça em meu peito, uma perna jogada sobre a minha e um braço passado ao redor da minha cintura. Sua boca, que parecia um morango maduro e pronto para ser colhido estava entreaberta e seus longos cílios negros enfeitavam seus olhos fechados. Seus cabelos cacheados estavam espalhados entre nós e sobre a cama. Samantha é lindíssima!Mas era mais que isso. Samantha é uma mulher forte, determinada e que ama de forma desmedida e sem preocupaçõ
“Samantha”Depois que o Rômulo deixou de ser um problema, eu estava me sentindo muito mais leve e feliz. Eu tinha ao meu lado o homem que eu amava e que, não apenas dizia, também demonstrava para mim todos os dias que me amava igualmente.Heitor estava empenhado em fazer meus dias felizes, mas só de tê-lo por perto eu já me sentia a mulher mais feliz do mundo, me sentia vivendo uma vida perfeita por ter o meu amor comigo. Eu dormia em seus braços todos os dias e acordava com seus olhos brilhando pra mim, nada poderia ser mais perfeito do que isso.A semana fluiu assim, ele possuía meu corpo todas as noites antes de dormir e me amava todas as manhãs antes de sairmos da cama. Eu estava mal acostumada com seus beijos e toques e carinhos.No trabalho eu consegui adiantar tudo para que pudesse me ausentar por uns dias. Quando a quinta feira chegou, eu estava uma pilha de nervos e completamente ansiosa pelo casamento que se realizaria no sábado. Não pensei que eu fosse ficar assim, que esse
“Samantha”Ao nos aproximarmos do veículo e vi quem era a motorista do veículo, minhas pernas quase fraquejaram, senti um nó no estômago e tive que parar e respirar fundo para não vomitar. A motorista estava coberta de sangue e cacos de vidro.O carro era dirigido pela Isabella que, com certeza, estava sem o cinto de segurança, pois com o impacto da batida, ela voou pelo parabrisa e seu corpo ficou metade sobre o capô enrugado do carro e a outra metade dentro do carro. Havia sangue e ela estava gemendo de dor. Não poderíamos tocar nela, para não piorar as lesões, mas a cena era angustiante.Ouvi o Rick no celular ligando para a emergência e o Heitor se aproximou tentando acalmá-la. Era como se eu estivesse suspensa observando a cena sem participar dela.- Calma, Isabella, a ajuda já vem. – Heitor falava calmamente, abaixado na altura dos olhos dela, mas ela gemia e tinha parte dos cabelos caídos sobre o rosto.- Heitor, aii, meu amor, você vai cuidar de mim? – Isabella falou com a voz
“Heitor”Quando eu me deitei ao lado da Sam, ela já estava dormindo. Agradeci ao Joaquim por ter cuidado dela enquanto eu explicava tudo o que aconteceu aos outros e me deitei ao seu lado, observando o seu sono. Em algum momento eu dormi e quando acordei, no escuro do quarto, percebi que ela não estava ali. Fui ao banheiro e a vi parada debaixo do chuveiro, tremendo e de olhos fechados.Deus, há quanto tempo ela estava ali? Fechei a água depressa e a enrolei em uma toalha, mas foi só quando a peguei no colo que ela abriu os olhos e me olhou. Ela estava tremendo. A levei para o quarto, a sequei e a coloquei na cama, a cobrindo com uma manta leve. Entrei debaixo da manta e a puxei para junto do meu corpo.- O que você está fazendo? – Ela sussurrou, tentando se afastar.- Estou cuidando da minha mulher. – Respondi baixinho e mantive meus braços firmes em torno dela.- Eu não sou sua mulher. – Ela respondeu e eu suspirei. Desde o momento em que ela me mandou ir com a Isabella para o hospi