“Irina”Eu saí depressa daquela delegacia e entrei no carro que estava estacionado do lado de fora o mais rápido que pude. O que aquele homem estava fazendo ali? Eu nunca esquecia um rosto, ainda mais um rosto como aquele, tão lindo, e, embora eu o tivesse visto uma única vez, eu tinha certeza de que ele era o antigo dono da casa que comprei para o Lucas.Mas ele estava com a Anabel, suas mãos entrelaçadas. O que isso significava? Será que ele sabia quem eu era? Acho que não, dificilmente um homem classe média saberia quem eu era e eu duvidava muito que minha enteada ficasse falando de mim. Ele não me viu, eu tenho certeza, porque ele estava totalmente focado na Anabel e eu me virei depressa quando o vi. Mas vejam só, a Anabel estava se misturando com a ralé. O velho ficaria possesso!- Vai buscar um café pra mim! – Ordenei ao motorista que imediatamente saiu do carro. Eu precisava fazer uma ligação.- Gaspar, aquela casa que você me vendeu. Quem era mesmo o antigo dono? – Eu pergunte
“Ricardo”Eu entrei na casa do Patrício de mãos dadas com a Anabel e minha mãe veio correndo e a abraçou.- Minha querida, como você está? – Minha mãe examinou a Anabel e fez uma careta de desgosto quando viu a fina marca no seu pescoço. – Minha nossa, isso foi longe demais. Vem, vamos nos sentar.Minha mãe saiu caminhando abraçada a Anabel, que tentava assegurá-la de que estava bem. Eu me sentei no sofá ao lado da Del e só então prestei atenção nos braços enfaixados da minha irmã.- Isso realmente é necessário? Você está parecendo a Múmia de Tutâncamon. – Eu ri e ela fechou a cara pra mim.- Parece que eu voltei no tempo e estou vendo vocês dois chegarem da escola esfolados por brigarem na rua! Meu deus, onde foi que eu errei na sua educação, Adèle? – Minha mãe olhou para a minha irmã com desgosto.Adèle sempre arrumava briga na escola, sempre ia tirar satisfações e batia mais do que apanhava. E eu sempre chegava de olho roxo porque tinha ido defender minha irmã mais nova.- Em minha
“Ilana”Era o fim do mundo, euzinha passando a noite numa cela imunda de delegacia! Eu ia reclamar muito com o velho, aquele advogado incompetente que ele arrumou não servia pra nada.- Meninas, vocês estão liberadas! – Um policial se aproximou da cela e abriu a grade.Eu não havia pregado os olhos a noite inteira, mas finalmente ia sair dali. Eu me levantei daquele canto imundo em que eu me sentei depois de não conseguir mais ficar em pé e caminhei para a porta.- Você não, Barbie Malibu! Só as boas meninas. Meninas más continuam de castigo. – O policial barrou a minha saída e liberou as três prostitutas que tagarelaram a noite inteira naquela cela.- Ai, gatooo! Já tava na hora, eu já estou ficando com sono. – A vermelho papel crepom saiu saltitando.- Não reclama, Rubi, vocês gostam muito do hotel aqui. – O homem riu como se fosse velho conhecido delas.- Ai, gatoo, você não aprende? É Rrrr-uby! – A vermelho papel crepom puxou bem o r e acentuou ainda mais o Y.- Vocês tratam a gen
“Ricardo”Depois que saímos da casa do Patrício, eu levei a Anabel pra casa e a cobri de carinho e cuidado. Ela precisava saber que era amada e querida e eu me esforcei ao máximo para que ela se sentisse assim e eu consegui tirar as preocupações da cabeça dela, pelo menos naquela noite. Mas na manhã seguinte ela já estava distraída e cabisbaixa de novo.- Moça bonita, o que foi? Divide comigo o que está te deixando assim. – Eu a tirei da cadeira onde ela estava sentada ao meu lado, a coloquei no meu colo e afaguei os seus cabelos.- Tudo o que aconteceu ontem me preocupa, Rick. – Ela suspirou. – Eles são pessoas ruins e eu me odiaria se por minha culpa eles fizessem mal a qualquer um de vocês, mas especialmente você! – Ela tocou o meu rosto com cuidado. – E olha como ele deixou o seu olho. Você não deveria ter entrado na frente.- E deixar aquele monstro encostar em você, Ana? Jamais! Eu sempre vou entrar na frente para detê-lo. Onde já se viu, dar um soco em uma mulher, com a violênc
“Anabel”Melissa e eu fomos para o meu apartamento, acompanhadas pelo segurança apenas, encontraríamos a escolta policial lá, pois eles fariam uma verificação no prédio antes que chegássemos. Eu tinha certeza que daria tudo certo, afinal eu não estava sozinha e me sentia bastante segura com todo aquele aparato de segurança que o Rick e o Flávio providenciaram.Contudo, quando eu entrei no prédio e vi que o porteiro do dia era o informante do Leonel, eu comecei a ficar insegura. Mesmo assim eu não comentei nada, com tantas pessoas ao meu redor, eu duvidava que o Leonel pudesse aparecer. Haviam quatro policiais do lado de fora do prédio, além de dois na portaria, o segurança que ficou na porta do apartamento e a Melissa que entrou comigo. O que poderia dar errado?Nós começamos a arrumar tudo e, à medida que o tempo passava, eu comecei a ficar mais nervosa, a sentir uma inquietação. Aquele lugar realmente não podia ser mais a minha casa, eu estava apavorada, mesmo tendo tantas pessoas p
“Leonel”Mas que inferno! Quando aquele porteiro imbecil me ligou eu achei que era a minha grande chance de colocar as mãos na bastardinha. Ele me deu todas as informações da entrada de serviço e ainda me deu a chave que abria a porta de serviço do apartamento dela. Não tinha como dar errado, mas deu! Eu só não sabia como.Assim que eu saí daquele elevador eu percebi a movimentação policial e ouvi o policial dando uma prensa no porteiro. Então eu me escondi na salinha do zelador, aquele lugar minúsculo, cheio de baldes e vassouras e produtos de limpeza. Tão logo foi possível eu verifiquei e a polícia já não estava mais com o porteiro, então eu o chamei e ele me ajudou a sair do prédio pela garagem que estava deserta, eles ainda estavam procurando dentro do prédio.Do carro eu liguei para o Isidoro e dei a ordem para que ele fosse para a minha casa e lá eu reuni a todos os funcionários e a Ilana e orientei que todos deveriam confirmar para quem quer que fosse que eu não tinha saído de
“Ricardo”Já estava na hora do almoço e a Anabel ainda não tinha me ligado para dizer que estava segura em casa e isso estava começando a me preocupar. Mas eu estava tentando me manter focado no trabalho, haviam várias pessoas cuidando dela, o que poderia dar errado?- Eu posso entrar na sala do diretor de auditoria? – A Lisandra apareceu na porta fazendo graça.- Oi, gata! Desceu lá de cima para visitar um pobre mortal? – Eu me levantei para abraçá-la.- Estou com saudade do meu amigo! – Ela fez um biquinho e eu ri.- Foi você quem arrumou um marido que não sai do seu pé. – Eu brinquei e ela riu.- Mas o meu marido hoje tem um almoço com clientes e eu resolvi almoçar com o meu amigo. O que você acha?- Como nos velhos tempos? – Ela fez que sim. – Adorei! Vamos, eu estou mesmo com fome.Nós saímos do prédio juntos, caminhando até o restaurante que ficava há uns três quarteirões do escritório. A Lisa me contava sobre como ela estava adorando ser mãe e como o Patrício era um pai dedicad
Cheguei em casa depois de um dia puxado e meus pais estavam me esperando na sala. - Catarina, senta aí que precisamos conversar. – Meu pai falou e parecia bem nervoso. - Pode falar, pai, o que aconteceu? – Perguntei ao meu pai cansada, eu tinha trabalhado o dia todo, ido pra faculdade à noite e, ao chegar em casa, a única coisa que eu queria era tomar um banho e cair na cama. Mas não foi possível. - Catarina, chegou o convite de casamento da sua prima. – Minha mãe falou. - Aquela mulherzinha não é minha prima! – Falei já ficando nervosa. - Catarina, ela é a sua prima. – Minha mãe falou. – É melhor você parar com esse ataque de infantilidade. A Melissa já bateu nela e fez um escândalo aqui em casa. Agora chega! Ela é filha da minha irmã, portanto é sua prima. - Me desculpa, mãe, mas ela não é nada pra mim. – Tentei manter a calma. – Ela ficou com o meu namorado na minha cama, isso não é coisa que se faça. Eu namorava o Cláudio há quatro anos, ele foi meu primeiro namorado, e o en