RAOULO celular toca o alarme do despertador e eu simplesmente desligo e volto a dormir.Não quero ir ao colégio hoje. As aulas do último ano parecem sempre repetitivas. Posso adivinhar cada explicação dos professores. Isso é um saco.O celular toca novamente.Quando estou prestes a desligar definitivamente, meus olhos encontram a sacola sobre a mesa de cabeceira.— Droga! Não posso faltar hoje. — Saio da cama resmungando.Os chocolates na sacola é a prova que minha amiga está nos dias em que matar um se torna possível para ela. Carmine precisa dos seus remédios.Quando saio do castelo em direção aos carros estacionados, vejo que o carro que nos leva já não está mais aqui. Claro que não. Estou atrasado, a obrigação do motorista é garantir a carona da minha amiga, mesmo que eu não esteja.Não demora para um motorista se oferecer para me levar quando me vê no uniforme ridículo do colégio. O fato de todos se vestirem iguais é tedioso.— Acelera — ordeno quando entro no carro.O homem obe
Finalmente Carmine dormiu. Tive que ouvir muito hoje por causa de uma vadia que nem sei quem é direito. Ela não falou o que a garota alegou para atacá-la, preferiu me xingar com todo seu estoque de palavrões. Mas eu vou descobrir. Assim que colocar as mãos na pessoa que teve a ousadia de machucar minha Chapeuzinho, ela vai me dizer até o que eu não perguntar. Sei que as merdas que aquelas alunas disseram não passa disso: merdas.O pescoço da minha amiga está arranhado. E ela teve que tomar remédio para dor por causa dos puxões no cabelo.Um braço quebrado é mínimo que aquele idiota merece por ter dado uma de maluco. Ao invés de separar as duas, ele aproveitou para machucá-la. Tenho certeza que foi pelo fora que ela deu nele pouco antes de começar a namorar o sonso do Diego.E realmente foi injusto culparem apenas ela. Tenho que ligar para o meu pai e pedir que interfira, ou terei que incendiar aquela escola.Saio devagar da cama para não acordá-la. Deixo os livros e caderno no mesmo l
RAOULDepois de tudo que aconteceu hoje, estou mais que disposto a um pouco de ação. Só espero que Henry realmente me mostre um pouco disso. Porque se ele vier com alguma negociação verbal será nele que vou descontar minha frustação.Seguimos até um lugar relativamente deserto. É um galpão em uma parte da cidade que parece abandonada. Pelo caminho ele me conta que vamos encontrar um policial corrupto que anda extorquindo pequenos comerciantes. Um deles é uma senhora que foi uma das primeiras a lavar dinheiro para nossa família. Pelo menos é o que fiquei sabendo.Quando chegamos, Henry me deixa com o verme que permanece covardemente ajoelhado.Fico olhando para ele sem interesse. Até que uma voz me chama:— Ei, garoto! — Olho e vejo uma velha meio curvada, com cabelos totalmente brancos e um vestido florido brega, tanto quanto a bolsa enorme que também tem estampas florais. Ela se aproxima.Não falo nada. Sua presença não é problema meu.Ela para ao meu lado e aponta o verme.— Aquele
CARMINECorro pela floresta. O vento forte balança meus cabelos, mas não derruba meu capuz vermelho, por mais que suas pontas voem para todo lado. Depois de muito correr, encontro uma parede. É a terceira vez que encontro a mesma parede. Esse lugar não tem saída. Decido correr perto dela até encontrar uma porta ou o seu fim. Os galhos arranham meu rosto e meus braços, manchando-os de um carmesim intenso, meu sangue. Ouço uivos assustadores que fazem meu coração disparar. Estou fugindo de um lobo. Sei que estou.Finalmente chego a uma porta, que abro com dificuldade. O que? Agora estou em um quarto. É o quarto do meu melhor amigo. Não uso mais o capuz e não estou ferida, estou com um vestido vermelho justo e curto, e meus cabelos estão livres pelas minhas costas e ombros.Raoul sai do banho com um toalha enrolada na cintura, os cabelos molhados pingam na sua pele e minhas mãos coçam por tocá-lo. Eu me lembro desse dia. Foi preciso berrar alguns comandos na minha mente para não encar
Horas depois...Com meu tênis surrado, short jeans e cropped vermelho espero no portão até o carro preto surgir virando a esquina.Mexo nos cachos recentemente pintados.Me pergunto o que Raoul vai achar deles assim... Porra! Não importa o que ele vai achar. Aquilo foi um sonho. Só um sonho.Meu coração disparado ri na minha cara de acordo com o que o carro se aproxima e o rosto que conheço bem aparece na porta aberta para mim.Não foi um sonho. Foi apenas minha mente me mostrando o que Diego quis dizer. Eu sou cega... Na verdade, era. Agora vejo claramente que a amizade já não é apenas isso faz algum tempo. Pelo menos não para mim.Eu quero voltar a ser cega.Por favor, todos os deuses do universo, devolvam minha cegueira.Que inferno!— E esse visual, a procura de namorado novo? — Raoul comenta me olhando entrar no carro.— Por que não? — rebato de mau humor.— Eu me lembro de alguém jurando que nunca mais namoraria e me implorando para nunca mais deixá-la se envolver com nenhum bab
RAOULCarmine com TPM e depois de um termino. Essa versão eu não conhecia. É calada, e quando fala só sai um monte de coisas estranhas.Amor? Pergunta estranha.Não tenho planos de me envolver nisso. Ainda mais com as garotas que aceitam ficar comigo sabendo como sou, sabendo que não tenho nada a oferecer, que só as uso para me satisfazer.Às vezes tenho vontade de ouvir um não, só para saber qual é a sensação.Mas parece que nunca vai acontecer.Eu já pensei sobre o meu futuro. Nos meus planos, eu pretendo me casar, em um futuro distante. Será com ela: Carmine. É a única mulher que suporto além do sexo. E não, eu nunca transei com ela. Minha amiga virgem não pode perder a virgindade com alguém egoísta como eu. Apesar de que, confesso, já tive vontade de conhecer suas curvas sinuosas...O que estou pensando?Carmine colocou “minhocas” na minha cabeça com essa pergunta.E se eu me apaixonasse por você?Ou talvez seja o pai dela com essa história de me pedir para namorar. Porque sempre
CARMINEA letra daquela primeira música que ouvimos ainda me persegue. Eu sempre gostei de músicas mais depressivas durante a TPM. Mas dessa vez, elas só me fizeram pensar na minha mais recente descoberta.Quando olho para o que a vida vem se tornandoTudo se resume a amar vocêÉ isso.Tudo realmente se resumiu a isso. Eu estava tão cega, e a porra de um sonho abriu meus olhos.É tudo culpa de Diego. É culpa de todos. Até meus pais falavam que acabaríamos juntos. Agora não consigo parar de ter esses sonhos. Toda noite, sem descanso, ele vem assombrar meu sono. Ele traz um amor que nunca vai se tornar real. Ele me ama de todas as formas, em todos os lugares e em várias posições. Meus sonhos são sempre assim: quentes, indecentes. E eu não estou mais conseguindo lidar com isso. Não estou mais conseguindo lidar com o desejo quando o vejo, com as calcinhas molhadas por qualquer gesto, qualquer toque que antes era tão comum, muito menos com as líderes de torcida que sempre o rodeiam à esper
Dizer como me sinto...— Jamais. Eu sei que ele vai fugir.Nego várias vezes com a cabeça.Ela me mostra sua expressão de decepção.— Como sabe? Por acaso lê mentes agora, minha filha?Suspiro ao lembrar daquele dia em que tive o primeiro sonho. Já estou me cansando de suspirar. Droga!— Não, vovó. Eu perguntei a ele o que faria se eu me apaixonasse por ele. Ele disse que não é capaz de amar, nem mesmo a mim. — Minha voz mostra toda decepção que essas palavras me causam.— Isso é mentira, meu anjo. — Ela sorri e aperta meu nariz, causando uma leve vontade de espirrar. — A amizade já é uma forma de amor.Seguro sua mão e acaricio a pele de uma das pessoas que mais amo nesse mundo.— Meu medo é não ter nem mesmo isso se confessar o que sinto. Também tenho medo de ser passageiro e só estragar tudo. Eu vejo tantos namoros começando e acabando mal ao meu redor.Eu gosto demais daquele idiota para me arriscar trocar o que temos por algo passageiro.Minha vó sorri calorosamente. Me aquece o