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ORQUÍDEA NARRANDO

Eu saio do meu primeiro dia de trabalho feliz e realizada, eu tinha conseguido o emprego e só precisaria arrumar os meus documentos, minha identidade ainda era da colômbia e não era documento aceitável por aqui. Aqui na Venezuela existia muita burocracia, minha madrinha até me convidou para voltar para Colômbia, por causa da escassez de alimentos e da vida difícil que nós venezuelanos levamos aqui, mas era impossível sair do país sem autorização do governo.

Eu tinha recebido o meu vale alimentação e transporte, não era muita coisa, mas passo no mercado para comprar as coisinhas de Jasmine, frutinhas, bolachas e iogurtes, a gente já não estava sem. As prateleiras dos mercados era algo assustador, a maioria dos itens estão faltando e o que tinha precisava escolher muito bem porque poderia estar vencido, mofado e estragado. A Colômbia não era o melhor país, mas as coisas ainda funcionava por lá de uma forma diferente que aqui.

- Aqui está o seu troco – a mulher do mercado fala e eu sorrio agradecendo.

Eu vou fazendo vários planos até chegar em casa, pensando que com o meu trabalho as coisas seriam mais fáceis para nós duas e que eu iria conseguir honrar com a promessa que eu fiz á minha mãe.

Eu chego em casa vejo uma cena de horror, minha tia chorando e gritando dentro de casa e ao passar pelo portão eu vejo minha madrinha e minha prima Alana.

- O que foi? – eu pergunto entrando pela porta, trazendo o olhar das três, eu olho pela casa toda e não vejo Jasmine – Jasmine está dormindo?

- Levaram ela – Minha tia diz chorando e eu a encaro – aqueles homens a levaram.

- Quem levou ela? – eu começo a entrar em desespero – o conselho? Orfanato?

- O pai dela – Minha prima diz e eu a encaro.

- Quem? – eu pergunto passando mal e minha madrinha se aproxima e me coloca sentada no sofá.

- O pai dela minha querida – AniSofi fala me olhando – o pai de Jasmine esteve aqui e levou ela.

- Como assim o pai dela? Ele aparece agora? Como que leva minha irmã? Eu ainda sou responsável por ela, ninguém poderia ter entregado ela dessa forma – eu falo nervosa e desesperada.

- Você ainda vai fazer dezoito anos em algumas semanas – minha prima fala.

- Tinha policial, oficial – minha tia fala. – eles diziam que sua mãe sequestrou Jasmine.

- Madrinha – eu olho vendo que ela fecha os olhos – você sabe quem é o pai dela, por que ele apareceu agora? 

- Sua mãe tinha um contrato, ela assinou para ser barriga de aluguel em troca de dinheiro para sua cirurgia – eu olho espantada para ela – só que ela não conseguiu lidar com a informação de que iria ter que entregar a criança.

- Meu Deus – eu falo – quem é ele?

- Ele é meu chef Orquídea – ela fala – ele procurou essa criança e sua mãe por meses, até de alguma forma encontrar o paradeiro. Quando eu soube eu peguei o primeiro avião para cá – eu começo a chorar – ele levou sua irmã para Londres.

- Eu vou pegar minha irmã de volta – eu falo chorando – eu preciso pegar a minha irmã de volta.

- Você não vai conseguir sair do país tão cedo – minha prima fala – o governo precisa liberar, seus documentos é uma burocracia enorme.

- Ele levou minha irmã, eu não vou ficar longe dela. Eu prometi para minha mãe que cuidaria dela – eu começo a me desesperar – precisa ter uma forma de eu sair do país.

- Apenas ilegalmente – minha prima fala.

- Você não pode fazer isso – Minha tia fala – não que nem sua mãe e sua madrinha – eu encaro a minha madrinha.

- Orquídea – ela fala – isso seria um erro, se você é pega em Londres você é presa.

-Você trabalha para ele, sabe tudo sobre a sua rotina dele. Você pode me fazer chegar até ele – eu falo.

- Se você chegar até ele e falar, oi eu sou irmã da Jasmine, ele vai te denunciar – ela fala – ainda mais que vai saber que você é ilegal – ela me olha – você é presa e será difícil te tirar da cadeia de Londres, irá ficar anos lá. Você tem noção disso Orquídea?

- Eu não irei ficar sem a minha irmã tia – eu falo nervosa – isso não vai acontecer, isso não pode acontecer – ela passa a mão sobre o meu rosto limpando as lagrimas – eu vou com a sua ou sem a sua ajuda.

- Você é capaz de tudo pela sua irmã? – ela me olha.

- AniSofi não – minha tia fala 

- Você é Orquídea? – ela pergunta.

- Eu sou capaz de tudo para trazer minha irmã de volta – eu falo.

- Então você vai ter que pegar confiança de Rafael, chegar até sua irmã e eu te ajudo a pegar ela e trazer ela embora – ela fala – conheço o coiote que vai te levar até lá, o nome dele é Sodré. Ele cobra caro, mas podemos juntar o dinheiro.

- Como irei me aproximar dele, pegar a sua confiança? Isso é quase impossível – eu falo nervosa e me tremendo muito – eu quero a minha irmã.

- Existe uma boate de imigrantes que ele frequenta todas as noites e se envolve com as mulheres de lá – ela fala.

- Fique aqui Orquídea e entre na justiça – minha tia fala – não faça essa besteira.

- É a sua única chance – AniSofi fala – de ter sua irmã de volta.

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