Celine Acordei antes do sol nascer. Com delicadeza me levantei da cama, tomando cuidado para não fazer barulho e acordar o Renê que dormia profundamente. O corredor estava silencioso enquanto eu caminhava em direção ao quarto do meu pai. Ao abrir a porta, senti uma onda de nostalgia. O ambiente era carregado de memórias. Fui para o closet observando as roupas e os acessórios do meu pai, como se ele estivesse a um passo de voltar. O cheiro do seu perfume pairava pelo ambiente. Suspirei profundamente e caminhei em direção a cama. Me deitei sobre ela envolta ao cheiro familiar que me confortava e me fazia sentir mais próxima a ele, mesmo com sua ausência. Tirei um breve cochilo e me levantei assustada. Ao adentrar o meu quarto, Renê ainda estava deitado em nossa cama, mas estava acordado. Com um sorriso de compreensão no rosto ele estendeu seus braços para mim. Me deitei novamente abraçada ao seu corpo. – Estava novamente no quarto do seu pai? Confirmei com um aceno de cabeça. –
Celine Eu flutuava suavemente na piscina desfrutando de um momento tranquilo, enquanto Glória e Luísa tomavam sol nas espreguiçadeiras à beira da piscina. Sorri quando avistei o Renê próximo a borda da piscina me observando com um olhar de admiração. Com um gesto brincalhão sorri para ele e mandei um beijo em sua direção. Ele sorriu de volta tirando os chinelos, antes de entrar na água fresca da piscina. Com um splash suave, ele se juntou a mim, me envolvendo em um abraço acolhedor.– Está se divertindo com os rapazes?– Sim! Mas dei um tempo. Todos estão perdendo para o Pablo no vídeo game. Sorri com a informação.– Pablo sempre foi viciado em games. Não me admira que todos estão perdendo para ele.– Mas na sinuca, todos perderam para mim. Renê sorriu animado. – E você se divertiu muito com as meninas?– Sim, foi ótimo! Glória e Luísa são um amor. Conversamos bastante. Elas agora resolveram fazer um bronzeado para o casamento. Eu aproveitei para me refrescar um pouco.– Você está
Renê Celine com um sorriso radiante se despediu de mim com um selinho carinhoso após um café da manhã rápido. Ela e a tia saíram animadas em direção ao SPA para o tão esperado dia da noiva. Me mantive ainda na mesa observando meu pai, Richard e Vincent conversando animadamente. Logo minha mãe, Glória e Luísa se aproximaram da mesa em um clima animado, trocando risadas e comentários sobre a equipe de cabeleireiros, maquiadores e manicures que viriam para a mansão para prepará-las para a cerimônia de casamento. Meu pai sorria ao ver as mulheres envolvidas na conversa sobre vestidos e maquiagem. Decidimos marchar em direção à piscina, buscando um momento de relaxamento antes das festividades. – Segura essa! O tom de Vincent era de pura brincadeira, quando senti ser empurrado pelas costas, caindo dentro da piscina de roupa e tudo. Saí da piscina sorrindo, e com um olhar determinado comecei a correr atrás do meu primo que tentava escapar de mim. Fui mais rápido do que ele, e com um movi
Eu sabia que a resposta não era simples, mas a presença de Isadora ao meu lado me encorajava a enfrentar meus medos e a considerar o que realmente importava. Enquanto os passageiros do cruzeiro se dirigiam ao ônibus, cheios de expectativa e alegria, eu caminhava ao lado de Isadora, imerso em uma confusão de sentimentos. O silêncio entre nós era pesado, e a movimentação vibrante de Barcelona ao redor parecia intensificar o que eu sentia. À medida que avançávamos pela avenida, observando a rica arquitetura e a cultura vibrante da cidade, eu finalmente resolvi quebrar o silêncio ao convidar Isadora para um bar quiosque. O local era um verdadeiro banquete de sabores, com pratos típicos como polvo galego e tapas irresistíveis. A refeição foi um momento de descontração, mas a minha mente estava distante, refletindo sobre minha filha.– Obrigada por me acompanhar, sei que não tenho sido um bom companheiro de viagem.– Você não tem que se desculpar, Álvaro. Tem sido dias maravilhosos ao seu
Meu coração batia forte e o mundo parecia parar ao meu redor, quando fixei os olhos e vi que meu pai estava sentado ao meu lado no carro. Nossos olhares se encontraram e todas as palavras não ditas, todas as emoções represadas, foram libertadas, as lágrimas brotaram dos meus olhos quase simultaneamente, transbordando a emoção que preenchia o carro.– Eu achei que você não viria… Sussurrei entre soluços com a voz trêmula, carregada de um misto de alívio e amor.– Olhando em seus olhos agora é que me dou conta do tamanho do erro que eu cometeria se não viesse para o seu casamento. Me perdoa, minha filha. Meu pai respondeu com a voz embargada pela emoção. Lágrimas caiam dos seus olhos.– É claro que eu te perdoo pai. Eu te amo mais que tudo. – Eu também te amo, minha filha. Eu realmente precisava me afastar, mas eu jamais poderia deixar de estar ao seu lado hoje. Reencontrei no cruzeiro uma mulher muito especial. Ela com sua gentileza e paciência em me escutar e conversar comigo dura
Celine O que era para ser um período de felicidades e realizações em minha vida, se tornou um verdadeiro pesadelo. Sou filha do Álvaro Castelli, um dos maiores produtores de algodão do centro-oeste. Suas fazendas somam cerca de 260 mil hectares, sem contar com o milho e a soja, além de várias empresas em ramos diferentes que meu pai é investidor ou sócio. Nasci numa família privilegiada, sempre tive as melhores roupas, estudei nos melhores colégios, cursos de idiomas, viagens internacionais, tudo sempre com luxo e conforto. Mas todo o dinheiro no mundo nunca foi capaz de ocupar o vazio no meu coração pela ausência da minha mãe após sua morte prematura. Fui para São Paulo onde estudei em uma faculdade de alto padrão e me formei no curso de arquitetura e urbanismo. A promessa era que após formada retornaria para Goiânia, minha cidade natal, para exercer minha profissão. Mas tudo desmoronou quando eu retornei. Para bem da verdade os sinais sempre estiveram claros que não era isso
Celine Não tem sido dias fáceis, estou andando de um lado para o outro sem saber o que fazer, ou melhor para onde eu vou quando sair dessa casa. Há uns dois meses que trabalho aqui como doméstica, mas sei que minha estadia aqui será curta, pois a minha patroa não está nada satisfeita comigo. Não com o meu trabalho, mas por ciúmes do marido. Mal sabe ela que a outra empregada que trabalha aqui e ela julga ser de “confiança” por estar aqui há mais de 3 anos, vive de amassos com o marido dela dentro da dispensa. Já percebi que os outros funcionários sabem mas fazem vista grossa, ninguém tem coragem de contar, a nossa patroa é bem megera. Dona Nice a cozinheira, uma senhora de idade, que me lembra minha vozinha, tenta me acalmar todos os dias, mas estou sentindo que de hoje eu não passo. Minhas economias e o dinheiro que ganhei da minha tia, foram roubadas com alguns objetos de valor que eu tinha na pensão do Manolo. Além disso, eu tinha que lidar com um vizinho bem inconveniente
Renê Às vezes tenho a sensação de que estou vivendo no automático. Os dias para mim são sempre iguais. Só tenho me dedicado ao trabalho, o pouco tempo que fico em casa estou dormindo. Desde o falecimento da minha esposa há dois anos atrás, tenho usado o trabalho como rota de fuga. Morando há um ano e meio em uma nova casa em um outro bairro de alto padrão em Brasília, tenho a sensação de não estar no meu lar. Mas as lembranças da Scarlett estavam me matando aos poucos na minha antiga casa. Foi melhor ter me mudado de lá. Não tive coragem de vender a casa. Optei por colocá-la em uma imobiliária para alugar. Desde então também não tive coragem de voltar à minha antiga casa. Minha esposa era uma mulher jovem de 27 anos, mas um acidente de trânsito ceifou sua vida, não tivemos a oportunidade de construir a nossa família, depois de 4 anos juntos, somando namoro, noivado e casamento. Éramos muito diferentes, mas nos dávamos bem. Nossas famílias eram amigas desde sempre, algo que mu