Eu deveria estar hesitando. Deveria pensar se valia a pena me envolver nisso, se jogar esse jogo ao lado de Ethan não me transformaria em algo pior do que Isabella.Mas a verdade?Eu já tinha passado do ponto de retorno.— Certo. — Cruzei os braços, olhando para ele com um meio sorriso. — Qual mentira vamos contar?Ethan sorriu, aquele sorriso de quem já havia antecipado minha resposta. Ele girou um anel em seu dedo antes de responder:— Não é sobre inventar algo do nada, Lilith. As melhores mentiras são aquelas que têm um fundo de verdade. Algo que as pessoas já suspeitam, mas têm medo de dizer em voz alta.— Então, o que as pessoas suspeitam sobre Isabella? — Levantei uma sobrancelha.— Que ela não é tão perfeita quanto parece. — Ele deu um passo para mais perto. — E eu sei exatamente onde começar.Eu prendi a respiração por um segundo.— Estou ouvindo.Ethan puxou o celular do bolso e deslizou a tela, procurando algo. Depois de alguns segundos, ele virou para mim. Na tela, uma foto
A segunda-feira chegou como um presente embalado com fita vermelha. O clima na escola estava prestes a mudar, e eu seria a responsável por isso.Entrei pelos corredores com passos mais lentos que o normal, meu olhar fixo no chão, os ombros levemente caídos. Cada detalhe da minha expressão foi cuidadosamente planejado. Eu não era mais Lilith a imbatível, a vilã inatingível. Hoje, eu era a garota traída, devastada pela crueldade do próprio namorado e pela “amiga” invejosa.E funcionou.Assim que pisei no corredor principal, senti os olhares em mim. Murmúrios começaram a se espalhar, olhares curiosos se cruzavam. Eu fiz questão de não encarar ninguém diretamente, apenas seguir meu caminho como se quisesse desaparecer.E então, o primeiro passo do plano se concretizou.— Lilith? — A voz estridente de Natacha ecoou atrás de mim.Lentamente, me virei para encará-la. Ela estava radiante, como se tivesse farejado uma fofoca fresquinha. Seu olhar faminto deslizou sobre mim, esperando que eu de
Desde o momento em que pisei nesta escola, eu sabia exatamente o que queria. Eu não estava ali por acaso, muito menos por um simples desejo de recomeço. Eu tinha um objetivo e, agora, estava mais próximo dele do que nunca.Lilith… ela era a peça que faltava no meu tabuleiro. Eu observei de longe enquanto a notícia da traição de Henry e Isabella se espalhava pela escola como fogo em pólvora. Os olhares de pena para Lilith, os sorrisos disfarçados dos que adoravam ver o drama se desenrolar. E, no centro de tudo isso, ela—minha rainha do caos, interpretando sua nova personagem com maestria.Chorando pelos cantos, escondendo o riso por trás dos olhos brilhantes. Ela estava se divertindo. E eu? Eu estava admirando.— Essa Lilith. - Sorrio pensando nela. Quando Lilith voltou para perto de mim, piscando e dizendo que queria que eu voltasse com ela, eu soube que minha jogada final estava em curso.Eu não estava ali apenas por vingança contra Isabella. Isso era apenas uma fração do jogo. O v
A escola estava em chamas. Não literalmente, mas socialmente falando, e isso me divertia. O caos sempre foi meu terreno favorito, mas dessa vez, eu não estava sozinho. Lilith se movia como se tivesse nascido para isso. Henry mal conseguia andar pelos corredores sem receber olhares de desprezo ou cochichos maldosos. Isabella tentava apagar o incêndio, mas tudo que conseguia era atiçá-lo ainda mais. — Eu nunca faria isso com a Lilith! Henry e eu só somos amigos! — Ela dizia, mas ninguém acreditava. — Nós vimos a foto Isabella, mas que a Lilith tentou avisar. - Disse uma menina, que até agora no seu o nome. — Estamos decepcionada com você. A ironia? Nem precisávamos provar nada. A escola já tinha feito isso por nós. A farsa do choro de Lilith, os boatos cuidadosamente espalhados, a humilhação pública de Isabella… tudo estava funcionando perfeitamente. E eu? Eu só observava, esperando pelo momento certo de fazer minha jogada final. Lilith se aproximou de mim no intervalo, se
Eu já estava acostumada com o caos que se espalhava pelos corredores, mas nada me preparou para o que vi naquele dia. Enquanto caminhava pelas laterais do pátio, tentando compor minha expressão de dor e vulnerabilidade – a personagem que eu sabia interpretar tão bem – meus olhos foram atraídos para o estacionamento. Lá, num recanto pouco iluminado, Ethan e Isabella se encontravam.Fiquei escondida atrás de um carro, respirando fundo para não revelar que estava ali. A cena se desenrolava com uma tensão palpável: Isabella, com a arrogância que sempre acompanhava sua imagem de perfeição, discutia com Ethan de maneira acalorada. Seus rostos, iluminados pela luz fraca do local, mostravam mais do que simples desentendimento; revelavam um embate de vontades, onde cada palavra tinha o poder de virar o jogo.— Você acha que pode me vencer, Ethan? - Vejo ele se aproximando dela, e vi o brilho de desafio nos olhos dele — Eu não preciso vencer, Isabella. Eu só preciso deixar você se destruir soz
A semana passou rápido. A fofoca da traição já havia esfriado, mas eu e Ethan não paramos com nossos planos. Isabella ainda tentava melhorar sua situação, mas o estrago já estava feito. Trair uma amiga nunca cai bem para uma mulher — palavras dos outros, não minhas.Sentada na biblioteca, olhava para Ethan, que, pela primeira vez, parecia realmente concentrado em estudar. Eu nem sabia que ele era capaz disso. Fiquei observando-o por um tempo, notando como ele era bonito. Mais bonito que Henry, na verdade. E nem estou dizendo isso só porque Henry me traiu — é apenas um fato.Segurei um suspiro e voltei para o livro que estava tentando terminar, um romance. Uma ironia, considerando o desastre que era minha vida amorosa.— Ethan, e se eu me apaixonasse?Ele piscou algumas vezes, como se não tivesse certeza se tinha ouvido direito.— Se você… o quê?Cruzei os braços, inclinando levemente a cabeça.— Se eu me apaixonasse. Você sabe, sentimentos, borboletas no estômago, essas coisas. Todo a
A verdade é que eu já esperava que Lilith encontrasse aquela foto.Eu a conheço bem o suficiente para saber que ela não suporta não ter todas as peças do jogo nas mãos. Então, no momento em que seus olhos brilharam com aquela mistura de fúria e curiosidade, eu soube: ela tinha descoberto.Mas o que me pegou desprevenido foi o jeito que ela me olhou.Não foi com superioridade. Não foi com desprezo. Foi com algo que parecia… decepção.— Você foi a peça do jogo da Isabella. — Sua voz carregava um misto de surpresa e acusação. — Essa foto foi quando ela conseguiu te manipular. Seus olhos não estão tristes, você estava feliz. Você não era um jogador, era um observador.A forma como ela disse aquilo me irritou mais do que deveria.— Engraçado como você sempre quer me colocar em algum papel, Lilith. — Cruzei os braços, sustentando seu olhar. — Peça, observador, jogador… talvez eu tenha sido um pouco de tudo.Mas Lilith não se deixou distrair.— Para de fugir, Ethan. Me conta a verdade.Ela q
LilithEu sabia que tinha pegado pesado, mas era a única maneira de arrancar algo dele.Ethan saiu da sala sem olhar para trás, mas eu não ia deixá-lo fugir tão fácil.— Ethan, espera. — Alcancei seu braço, segurando-o antes que ele fosse embora. — Vamos conversar.Ele suspirou fundo antes de finalmente me acompanhar de volta para a sala.O silêncio entre nós era pesado. Ethan me encarava, como se estivesse esperando alguma reação.Mas, pela primeira vez, eu não sabia exatamente o que sentir.Ele dizia que Isabella o criou. Que eu não tinha nada a ver com o monstro que ele se tornou.Mas então por que eu sentia que, de alguma forma, tínhamos nos tornado espelhos um do outro?— Se não for falar nada Lilith estou indo embora. — Então é isso? — Cruzei os braços, mantendo minha expressão fria. — Você só está jogando para destruir?Ele sorriu de lado, um daqueles sorrisos perigosos.— E você não?Ele me pegou ali.Porque, no fundo, ele estava certo.Minha vingança contra Henry, contra Is