Ponto de Vista de Amélia
Voltei para a minha mesa, ainda em choque. Minha mente estava a mil com tudo o que havia acabado de acontecer. Hoje de manhã, eu tinha saído de casa preocupada, me perguntando como manteria um teto sobre nossas cabeças. Agora, por algum golpe do destino, eu tinha garantido três milhões de dólares.
Não era um noivado de verdade — esse acordo com Marcelo era puramente comercial. Mas, ainda assim, em questão de minutos, eu estava prestes a me casar.
Quando cheguei ao meu cubículo, me sentei, fechando os olhos para me concentrar na respiração. Era a única coisa que me impedia de desmoronar completamente.
“Você está bem?” perguntou Megan, minha amiga e colega de trabalho.
Abri os olhos, tentando acenar, mas de repente as lágrimas começaram a surgir.
“Oh, querida,” disse Megan, com uma expressão cheia de preocupação. “O que aconteceu?”
“Eu... não posso falar sobre isso aqui,” sussurrei.
Ela olhou em volta, compreensiva. “Vão nos matar se sairmos agora, mas na hora do almoço, vamos para algum lugar tranquilo, e você me conta tudo.”
Assenti, embora não tivesse certeza se poderia contar tudo a Megan. Mas ela sempre fora alguém em quem eu podia confiar. E eu precisava desabafar — não dava para guardar tudo isso só para mim.
Contar para minha mãe também não era uma opção. Ela surtaria se soubesse que eu concordei em me casar por dinheiro, mesmo que fosse para nos ajudar a sair das dívidas. Ela diria que, por pior que as coisas ficassem, essa não era a solução. Mas era. As coisas estavam ruins a esse ponto, e eu não iria deixar que fôssemos parar na rua.
Quando finalmente chegou a hora do almoço, Megan e eu escapamos do escritório. Ela insistiu em um café moderno ali perto, apesar da minha hesitação sobre o preço. Quando admiti que estava com pouco dinheiro, ela fez questão de pagar para mim.
Em breve, eu teria mais dinheiro do que jamais imaginei, e retribuiria cada pessoa que me ajudou ao longo do caminho.
“Certo,” disse Megan, assim que nos sentamos no Fresh Roast Bistro. “O que, diabos, aconteceu com você?”
Respirei fundo e contei tudo — as contas se acumulando, a ameaça de despejo, como eu havia roubado sabonetes de hotel em um momento de desespero, e, finalmente, a proposta maluca de Marcelo.
“Você tá brincando,” disse Megan, com os olhos praticamente brilhando. “Aquele homem é o sonho de qualquer mulher.”
Dei uma risada seca. “Fica mais louco.”
Contei o resto da história: o despejo, a condição de casamento que ele impôs e o acordo financeiro que ele me ofereceu. Quando terminei, Megan apenas piscava para mim, incrédula.
“É, foi assim que eu me senti,” murmurei.
“Amélia, isso é insano,” ela finalmente conseguiu dizer. “Você realmente vai fazer isso?”
Suspirei. “Não tenho escolha, Meg. O que mais posso fazer? Sem isso, minha mãe e eu vamos perder tudo. Ela já está com a saúde debilitada, e não posso deixar que isso piore as coisas para ela.”
Ela segurou minha mão e apertou, em sinal de apoio. “Você é uma das pessoas mais altruístas que eu conheço.”
“Para,” disse eu, envergonhada. “Você faria a mesma coisa se fosse por sua mãe.”
Ela assentiu, suspirando. “É, provavelmente eu faria. Mas isso é muita coisa, Amélia. Embora, sejamos realistas, se você vai estar ao lado de alguém tão bonito quanto o Marcelo… Bem, há sacrifícios piores para se fazer!”
Eu ri e balancei a cabeça. “Não é como se eu fosse uma princesa de conto de fadas sendo varrida do chão. Ele nem me quer — só quer o que eu posso fazer pela imagem dele.”
“Você acha que ele pode voltar atrás no acordo do dinheiro?”
Esse pensamento não tinha me ocorrido. “Não… com certeza, ele vai cumprir com o combinado, né?”
“Só… tenha cuidado. Você está entrando em um acordo que é importante demais para não estar atenta.”
Assenti, sentindo o peso do acordo sobre meus ombros. Contanto que ele mantivesse a palavra, isso poderia dar certo. Eu só precisaria garantir que meu coração ficasse fora disso — algo que eu não esperava ser tão difícil. Nós dois sabíamos o que esse casamento realmente era: conveniência mútua.
Mas então, ele deu a entender que a porta do quarto dele estaria aberta...
“E se ele esperar algo a mais de mim?” perguntei, quase para mim mesma.
Megan sorriu. “Isso seria tão ruim? A maioria das mulheres faria qualquer coisa para estar no seu lugar.”
Não é que eu o achasse pouco atraente — ele era quase perfeito demais. Mas eu ainda era virgem, e casar com alguém que só precisava de uma “esposa de fachada” não era o que eu havia imaginado para a minha primeira vez.
Quando voltamos do almoço, me senti um pouco mais tranquila. Mas assim que comecei a voltar ao trabalho, uma mensagem apareceu de Marcelo, pedindo para me ver de novo. Irritada, fui até o escritório dele.
“Eu tenho trabalho a fazer, sabia?” murmurei ao entrar. “Você não pode simplesmente me convocar sempre que tiver vontade. Vou ser demitida se isso continuar.”
“Não se preocupe” ele disse, vestindo o blazer. “Você vai comigo.”
“Aonde estamos indo?” perguntei, cruzando os braços.
“Para casa.”
“A gente nem se casou ainda, e de repente temos uma ‘casa’? Isso já está passando dos limites, Marcelo!” eu bufava.
Ele riu da minha impaciência. “Calma, Amélia. Está tudo mais próximo do que você pensa.”
Ponto de Vista de AméliaTentei acompanhar Marcelo enquanto ele caminhava rapidamente em direção ao estacionamento, parando ao lado do carro de luxo e abrindo a porta para mim. Ele dirigiu até chegarmos a uma mansão absurdamente grande.Meus olhos se fixaram primeiro na cascata no hall de entrada, depois na vista expansiva do oceano através das janelas. Minha boca se abriu enquanto eu observava os pisos de mármore e os móveis ornamentados. Minha cabeça estava girando.Tudo era incrível."Quero que você se sinta em casa aqui. Vai ficar por um tempo," Marcelo disse enquanto me mostrava os cômodos. "Quero que sinta que o que é meu também é seu. Nada aqui é proibido para você."Assenti, olhando ao redor, impressionada com as estátuas de mármore em cada canto e as pinturas a óleo nas paredes. Os acabamentos preciosos e a tecnologia de ponta se combinavam para tornar a mansão digna de uma daquelas revistas de casas de luxo. A escadaria de mármore espiralava para cima com um corrimão dourado
Ponto de Vista de Amélia O mais importante era que ele era educado, gentil e estava disposto a me dar o que eu precisava. Eu não fazia ideia do que esperar de Marcelo durante todo esse processo, mas certamente não esperava isso. Talvez, de alguma forma, eu pudesse passar por esse casamento, desde que fôssemos um passo de cada vez. E se eu não pensasse muito no que estava prestes a fazer. Se eu pensasse demais, teria outro ataque de pânico, e isso não funcionaria. Seis meses, eu disse a mim mesma. Isso era tudo. No grande esquema das coisas, não era nada. E, como Marcelo cuidaria dos meus problemas com a hipoteca e das contas médicas da minha mãe, meu fardo já estava ficando mais leve. Agora, eu só precisava aceitar a verdade, por mais chocante que fosse. Eu estava me casando com um estranho. Ponto de Vista de Marcelo Convencer meu pai a aceitar esse plano foi mais difícil do que eu imaginava. Quando lhe disse que estava me casando com uma mulher respeitável para agrada
AméliaEu estava em frente ao espelho, tentando processar a imagem de mim mesma vestida como uma noiva. Meu vestido era deslumbrante. O véu preso ao meu cabelo caía graciosamente até minhas coxas, e os sapatos tinham detalhes de renda e pérolas combinando."Amélia," minha mãe disse, com lágrimas nos olhos, enquanto olhava meu reflexo sobre meu ombro. "Você está linda."Megan, minha madrinha, estava ao meu lado. Eu não tinha muitos amigos — passava muito tempo cuidando da minha mãe para manter muitas amizades — e as outras duas mulheres do meu grupo de madrinhas eram amigas da faculdade com quem eu ainda mantinha contato. O grupo estava completo e parecia perfeito para os convidados e as fotos.Eu me sentia como se estivesse em transe, seguindo os movimentos esperados de mim. Era como se eu estivesse assistindo a tudo de fora, como se outra pessoa estivesse vivendo esse momento, e não eu.Saímos da suíte nupcial e pegamos o elevador até o saguão do hotel, onde uma das salas havia sido t
Ponto de vista de MarceloApesar do desespero interno e do medo de que tudo pudesse dar errado, tudo saiu como planejado, e se o resto do casamento continuasse do jeito que eu precisava, meu futuro na empresa estaria garantido. Eu permaneceria na cadeira de CEO por um longo, longo tempo.Todo aquele circo não fazia sentido para mim; eu nunca tinha pensado em casamento antes.E ainda assim... quando olhei para Amélia, senti um aperto no peito. Minha cabeça girou mais um pouco. Não tinha ideia de como cheguei a essa situação. Eu estava casado. Casado. Só de pensar nisso, ficava nervoso.Ao mesmo tempo, sentia-me calmo e no controle porque sabia exatamente o que estava fazendo. Talvez o pânico fosse por causa do álcool. Eu havia bebido demais.Agora, sentia tudo menos calma. Olhei ao redor para todos os que tinham vindo ao casamento — havia tantas pessoas bonitas ali. Pessoas que circulavam nas altas rodas. As esposas dos investidores estavam se divertindo, torcendo para que tivessem se
AméliaDormi com as janelas abertas e acordei com o sol batendo no meu rosto. Despertar ali, por um momento, me encheu de desespero. Não era assim que deveria ser a manhã após o meu casamento. Eu deveria estar envolvida nos braços do homem que amava, entrelaçada após uma noite sem dormir, onde nos unimos completamente. Quando chegamos em casa ontem à noite, eu estava muito mais bêbada do que deixei transparecer. Havia lacunas na minha memória esta manhã. Mas eu não tinha esquecido o quão galante ele foi na noite passada. Nós quase nos beijamos, e eu teria permitido muito mais, mesmo não estando pronta para isso. Eu havia bebido demais, e sua confiança masculina era inebriante. Marcelo era intoxicante, mesmo quando eu não tinha uma gota de álcool no meu sistema.
Ponto de Vista de AméliaChegar ao meu novo trabalho na Moretti Enterprises foi uma mistura de ansiedade e excitação. Ao me aproximar do prédio imponente, com suas paredes de vidro refletindo a cidade ao redor, senti como se estivesse entrando em um mundo completamente diferente do que eu conhecia.Fui recebida na recepção por uma atendente simpática, que me entregou um crachá temporário e me direcionou para o 12º andar, onde ficava o departamento de marketing. O elevador subiu devagar, me dando um momento para respirar fundo e me preparar mentalmente para o que estava por vir.Assim que saí do elevador, fui apresentada a Leonardo Moretti, meu supervisor. Ele tinha uma postura séria e profissional, mas me cumprimentou com um sorriso educado. "Bem-vinda à Moretti Enterprises, Amélia. Vou te mostrar onde você vai trabalhar."Segui Leonardo pelo corredor, tentando absorver cada detalhe ao meu redor. As paredes eram decoradas com arte moderna, e os escritórios eram separados por divisória
Ponto de Vista de AméliaMeu segundo dia começou com uma mistura de animação e apreensão. A recepção calorosa do primeiro dia e o encontro inesperado com Marcelo Moretti ainda estavam frescos em minha mente, me motivando a dar o meu melhor. Assim que cheguei ao escritório, Marcelo pediu para Laura, a recepcionista me entregar uma lista de tarefas para o dia, começando com a organização de uma pilha de documentos que precisavam ser levados para a sala de conferências no andar do CEO, o que sempre me deixava sem fôlego.Meu coração acelerava com a possibilidade de ver Marcelo novamente, mas respirei fundo e me concentrei em manter uma postura profissional. Enquanto organizava os documentos, Megan apareceu na minha mesa com um sorriso curioso. "Bom dia, Amélia. Pronta para mais um dia de aventuras?"Sorri em resposta. "Sempre pronta. E você?""Com certeza," ela disse, piscando. "E não se preocupe com a Laura. Ela pode ser rígida, mas é uma boa mentora."Agradeci pela dica e continuei org
Ponto de Vista de AméliaEu estava no banheiro do escritório quando percebi que estávamos sem sabonete em casa, e uma ideia ridícula passou pela minha cabeça: talvez eu pudesse levar alguns sabonetes do escritório. Sim, sabonete! Tinha acabado de receber meu salário, mas o dinheiro mal cobria a comida, quanto mais o básico.E lá estava eu, segurando alguns sabonetes, quando ele entrou. Sua presença repentina me deixou completamente desconcertada, e nossas mãos se tocaram quando tentei me afastar, desesperada."O que está fazendo?" ele perguntou, a voz baixa e divertida.Corei até a raiz do cabelo, lutando para encontrar uma explicação plausível. "Eu... eu... bem, é que..."Uma sobrancelha erguida, ele esperou. "Você está... roubando sabonete?""Não, claro que não!" menti, horrorizada, embora o sabonete estivesse bem nas minhas mãos. "Quer dizer, eu só... estou pegando emprestado."Marcelo riu, um som quente e profundo que fez meu coração acelerar. "Pegar sabonete emprestado é uma algo