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Capítulo Três - A Ideia - 2

Parte 2...

Para mim ele nem ofereceu, mas mandou que eu sentasse. Tinha um pequeno sofá perto da mesa grande de madeira e sentei, bem na ponta. Pensei que qualquer coisa eu poderia sair correndo pela porta.

Roberto sentou em uma cadeira perto e ele sentou na mesa. Tomou um gole olhando para mim, o que me deixou sem jeito. Respirei fundo, apertando a bolsa no meu colo.

— A senhorita santa bebe uísque?

Fiquei surpresa que perguntou. Fiz que não com a cabeça.

— Bom, então vai ser refrigerante mesmo.

Ele foi até um frigobar e pegou uma latinha de guaraná, abriu e me entregou. Nossas mãos se tocaram e eu abaixei o olhar, agradecendo.

— Posso começar? - Roberto perguntou.

— Vai logo, homem - Luca ergueu o copo.

— Bom... Fazendo um resumo da situação, vocês dois estão em uma situação delicada.

Eu olhei para ele erguendo as sobrancelhas, esperando o que viria aí. Luca também mantinha a expressão curiosa.

— Luca, você precisa de uma mulher que faça de conta que é sua esposa, assim pode receber o que tanto quer... Você, Carina, precisa muito melhorar sua vida para fazer o que você mais deseja - ele gesticulou — Cuidar da sua mãe doente.

Luca e eu nos olhamos.

— Vocês já se conhecem... Mais ou menos - ele torceu a boca — Mas existe um contato anterior e já sabem um pouco sobre o outro. O importante é que ambos precisam de ajuda para resolver problemas que infelizmente, depende da ajuda de terceiros.

— Eu... Eu não estou entendendo...

— E você entende algo? - Luca disse.

— Luca, por favor... Segura a língua um pouco, está bem? - Roberto pediu.

Eu puxei o ar fundo. Era só o que me faltava. Vir até a casa dele para ser insultada.

— Olha, Carina - ele deixou o copo em cima da mesa e sentou ao meu lado — Eu sei que você passa por uma grande dificuldade no momento - ele olhou para Luca — E você também, de certa forma - mexeu a cabeça de leve — Os dois precisam organizar a vida para conseguir o que querem e seria bom que um ajudasse o outro. Os dois lados sairiam ganhando com isso.

— Como exatamente? - Luca ergueu a sobrancelha — Explique, porque eu não entendi o que dona santinha pode fazer para mim.

— Será que pode me chamar pelo meu nome? - pedi incomodada — Eu não gosto desse apelido.

Ele deu um sorriso cínico.

— Prestem atenção no que vou falar- Roberto levantou — Luca, você tem pouco tempo para cumprir a regra do testamento de seu pai ou não vai conseguir ficar com a propriedade na Itália.

Vi a cara de meu chefe se fechar.

— Carina, sua situação financeira está muito ruim e você não está conseguindo cuidar direito da sua mãe.

— A dona san.... Carina, tem problemas financeiros, mesmo com o bom salário que recebe? Anda gastando com bobagem?

— Não - respondi depressa — Eu... Eu tenho obrigações que são pesadas... É isso.

Ele me olhou estranho, mas ainda bem que não comentou nada.

— Roberto... Desculpa, mas eu ainda não entendi porque me trouxe aqui - estou nervosa.

— Sendo direto... Vocês dois devem se casar - ele soltou.

— O que? - eu quase gritei.

— Você usou alguma droga, Roberto?

Ele começou a rir, balançando a mão, olhando pra gente.

— Não é nada disso, eu só tive a ideia certa - ele abriu as mãos — Você dois podem se ajudar e resolver dois problemas com uma única atitude. Casando-se!

Eu não sei se estou ouvindo mal ou se é tudo uma brincadeira dele.

— Olha, você me trouxe para fazer uma brincadeira, é isso?

Eu já comecei a imaginar em como sair dali e pegar um táxi ou um ônibus. No caso um ônibus, porque um táxi iria me deixar sem um centavo na mão. A casa era muito longe.

— Apesar de parecer até engraçado o que estou sugerindo, não é brincadeira. É bem sério. A solução para os problemas de vocês, é um casamento.

Houve um momento de silêncio. Não sei quem estava mais surpreso. Se era eu ou meu chefe que continuava de cara fechada.

E do nada, Luca começou a rir muito. Claro, para ele deveria ser muito engraçado pensar em se casar comigo. Não gostei.

— É sério, Luca - Roberto apontou para ele — Pense comigo... Você é um mulherengo e as mulheres com quem sai não são de confiança - ergueu a sobrancelha — Mas se você não estiver casado dentro do prazo do testamento, vai perder para sempre as terras e sabe que não vai adiantar um processo.

Luca respirou fundo mexendo no queixo. Pegou o copo e bebeu tudo que ainda tinha.

— E você, Carina... Sei que tem sérios problemas financeiros para manter o tratamento da sua mãe - ergueu a mão para que eu o ouvisse sem falar — Não sei tudo, mas já descobri que as coisas ficaram bem difíceis para você. Seja realista e pense se a proposta não é a melhor saída.

Eu só fiz que sim com a cabeça.

— Vocês criam um falso relacionamento, dão a entender que há um compromisso sério e que já estavam pensando em casar... Depois disso é só ficarem casados por um período.

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