- Seus pais te criaram com dificuldade, e os meus criaram eu com facilidade, é? Você quer que eu tolere eles, mas por quê? Sua mãe não me criou, ela me ataca o tempo todo, diz que não sou como a Madalena, me compara com a Madalena e ainda não posso ficar brava? Todo dia na minha frente ela fala como a Madalena é maravilhosa e como eu sou um desastre, que eu não sei viver, não cozinho, sempre peço delivery. Eu também estou ocupada! Ela fica em casa sem fazer nada e ainda espera que eu volte para fazer comida pra ela. Isso não é me explorar? Quando eu cheguei na sua casa, sua mãe era tão boa comigo, até sua irmã me tratava bem. Eu achava que era a Madalena que não sabia lidar com a sogra, mas agora eu vejo que elas são boas em atuar. Eu fui enganada. - Juliana dizia tudo isso com raiva, sua voz trêmula revelava a frustração acumulada. Ela gesticulava com as mãos, tentando expressar a profundidade de seus sentimentos enquanto Daulo a observava, visivelmente desconfortável e sem saber como
Ela havia se esforçado tanto para tirar Daulo de Madalena e se tornar sua esposa, que, por mais difícil que fosse o caminho, estava determinada a seguir em frente. Caso contrário, Madalena só a ridicularizaria, dizendo que ela mereceu o que estava passando.- Durma logo, pare de se revirar na cama. Bernardo nem é seu filho. Minha irmã talvez nem esteja perdendo o sono por causa disso, mas você, como tia, está tão assustada que não consegue dormir? - Disse Daulo enquanto abraçava Juliana e bocejava. Ele fechou os olhos e murmurou. - Estou morto de sono.Juliana resmungou em seu coração. Ela não estava preocupada com Bernardo. Ele era uma criança terrível, destruiu tantos dos seus produtos de beleza e maquiagem. Ela odiava aquele garoto. Quando viu Bernardo ser levado, sentiu apenas um choque momentâneo, sem nenhuma preocupação, até um pouco de satisfação. Ela franziu a testa, olhando para o teto, revivendo a cena na mente.Só Aurora e Madalena eram boas e generosas o suficiente para man
Sra. Erica apenas murmurou algumas palavras, sem continuar com o assunto. - Querido, aquele carro que você me deu de presente no Dia dos Namorados, peça para a dona Izete trazê-lo. Sem carro é muito inconveniente sair. - Pediu Aurora, virando-se para Bruno.- Claro. - Bruno respondeu com um sorriso afável. A felicidade em seus olhos era evidente. Finalmente conseguiu entregar o presente de Dia dos Namorados que havia planejado para sua esposa. Ele se sentiu satisfeito.Sra. Erica se virou para Aurora, que estava sentada ao seu lado. - Aurora, é assim mesmo que deve ser. Seu homem trabalha para ganhar dinheiro para você gastar. Quanto mais você gastar, mais feliz ele fica e mais motivado ele fica para ganhar dinheiro. Se você não gastar, o dinheiro dele vira apenas uma sequência de números, sem nenhum significado ou senso de realização.Aurora riu suavemente, os olhos brilhando com carinho e gratidão. - Vovó, eu não estou precisando de dinheiro. Ela sabia que Bruno frequentemente
- Amor, você precisa dar um jeito de tirar a Eliana da prisão. Ela nunca passou por algo assim na vida. - Disse a Sra. Leite, com uma expressão de profunda preocupação no rosto, os olhos inchados e vermelhos de tanto chorar.O que mais inquietava a Sra. Leite era a sua filha mais nova. Mesmo com o filho no ensino médio, ela não se preocupava tanto com ele. Para ela, Eliana sempre foi a criança mais frágil e sensível, que precisava de proteção constante.Seu filho, um estudante do terceiro ano do ensino médio, morava no internato e só voltava para casa uma vez por mês. Ela só precisava garantir que o saldo do cartão de alimentação dele estivesse sempre cheio. Ele era bem mais sensato que Eliana. A única coisa que incomodava a Sra. Leite era que ele sempre defendia Natália, com uma determinação que às vezes a surpreendia.Quando ele estava em casa, a Sra. Leite precisava ser mais amável com Natália para evitar discussões com ele. O menino, alto e já demonstrando traços da virilidade que
Natália estava na calçada, de frente para o carro que havia acabado de estacionar, erguendo os ouvidos, tentando identificar quem estava ao volante pelo som. A chuva fina da manhã caía suavemente em seu rosto, e ela só podia perceber a fraca luz através da cortina de chuva, sem conseguir distinguir qualquer detalhe. As gotas de chuva caíam em seu guarda-chuva, produzindo um leve som de pingos, misturando-se ao ruído de fundo da rua. Sentia a luz tão próxima, quase ao alcance, mas inatingível, como se uma barreira invisível a impedisse de chegar até ela.- Você caminha todos os dias para voltar à loja? - Uma voz grave rompeu a tranquilidade.Natália reconheceu imediatamente a voz, era Rivaldo. Ele havia sido enganado por Aurora, mas ainda assim a acompanhou até a floricultura. Quando Natália agradeceu e perguntou seu nome, Rivaldo, ao contrário de Bruno, não ocultou sua identidade e lhe disse que era o segundo filho da família Alves.- Sr. Rivaldo. - Disse Natália, esboçando seu sorri
Rivaldo lançou um olhar rápido para ela, seus olhos brilhando com uma mistura de preocupação e curiosidade. - Você não pode ver. Mesmo que o ônibus passe, você não conseguirá sinalizá-lo.Com uma serenidade que contrastava com a sua situação, Natália respondeu: - Os seguranças na entrada do condomínio são muito prestativos. Todos os dias, eles me ajudam a parar o ônibus e garantem que eu embarque com segurança.Rivaldo ficou em silêncio após a resposta. Ele mal a conhecia, e ainda assim, se sentia compelido a protegê-la. Depois de ser enganado por Aurora, se sentia obrigado a cortejar Natália, não apenas por orgulho, mas para não dar ao Bruno e à Aurora, a satisfação de vê-lo falhar. Contudo, Natália permanecia um mistério para ele. Sua avó tinha fornecido apenas as informações básicas. O resto, ele teria que descobrir por si mesmo.A falta de conhecimento e familiaridade criava um silêncio palpável entre os dois. Rivaldo dirigia concentrado, enquanto Natália ouvia atentamente a músi
- Srta. Natália, ao fazer essas tarefas, você nem parece cega. - Observou Rivaldo, admirado, enquanto ela se movia com destreza pela loja. Natália colocou a vara de volta no lugar, seus movimentos precisos demonstrando anos de prática, e respondeu calmamente: - A prática leva à perfeição. Tenho esta floricultura há anos e faço essas tarefas todos os dias. Com o tempo, aprendi a fazer tudo pelo tato. Depois de abrir a porta, Natália deixou sua bengala de lado e começou a mover habilmente os vasos de plantas para fora da loja, um por um, organizando-os cuidadosamente na entrada. Ela conhecia cada vaso, cada planta, como a palma da sua mão.- Sr. Rivaldo, quais flores deseja comprar hoje? - Ela perguntou enquanto carregava os vasos, sua voz suave contrastando com a força necessária para mover as plantas. - Se sinta à vontade para olhar com calma. Rivaldo, vendo-a mover vários vasos sozinha, finalmente decidiu ajudar. Ele se aproximou e começou a carregar os vasos de plantas, organizan
Eliana não suportava ver o irmão sendo carinhoso com Natália. Quando ele ainda estava na escola primária, ela convenceu a mãe a mandá-lo para um internato, reduzindo assim o tempo que ele passava em casa. Mesmo com essa distância, o meio-irmão de nove anos de Natália continuava nutrindo um profundo carinho por ela.O jovem sempre se culpava por não estar presente quando Natália adoeceu, e por não poder forçar os pais a levá-la ao hospital, o que resultou na perda de sua visão. Para Natália, o calor humano vinha exclusivamente do irmão, e essa era a única fonte de conforto em sua família.Rivaldo ouvia Natália falar com uma calma surpreendente sobre as experiências mais dolorosas de sua vida, e sentia uma compaixão crescente por ela. Talvez fosse porque, desde o início, sabia que Natália era a escolha de sua avó para ser sua esposa. De alguma forma, ele já a via como alguém sob sua proteção.- Os tempos difíceis vão passar. - Disse Rivaldo com uma voz grave e consoladora.Natália sorr