- Srta. Natália, ao fazer essas tarefas, você nem parece cega. - Observou Rivaldo, admirado, enquanto ela se movia com destreza pela loja. Natália colocou a vara de volta no lugar, seus movimentos precisos demonstrando anos de prática, e respondeu calmamente: - A prática leva à perfeição. Tenho esta floricultura há anos e faço essas tarefas todos os dias. Com o tempo, aprendi a fazer tudo pelo tato. Depois de abrir a porta, Natália deixou sua bengala de lado e começou a mover habilmente os vasos de plantas para fora da loja, um por um, organizando-os cuidadosamente na entrada. Ela conhecia cada vaso, cada planta, como a palma da sua mão.- Sr. Rivaldo, quais flores deseja comprar hoje? - Ela perguntou enquanto carregava os vasos, sua voz suave contrastando com a força necessária para mover as plantas. - Se sinta à vontade para olhar com calma. Rivaldo, vendo-a mover vários vasos sozinha, finalmente decidiu ajudar. Ele se aproximou e começou a carregar os vasos de plantas, organizan
Eliana não suportava ver o irmão sendo carinhoso com Natália. Quando ele ainda estava na escola primária, ela convenceu a mãe a mandá-lo para um internato, reduzindo assim o tempo que ele passava em casa. Mesmo com essa distância, o meio-irmão de nove anos de Natália continuava nutrindo um profundo carinho por ela.O jovem sempre se culpava por não estar presente quando Natália adoeceu, e por não poder forçar os pais a levá-la ao hospital, o que resultou na perda de sua visão. Para Natália, o calor humano vinha exclusivamente do irmão, e essa era a única fonte de conforto em sua família.Rivaldo ouvia Natália falar com uma calma surpreendente sobre as experiências mais dolorosas de sua vida, e sentia uma compaixão crescente por ela. Talvez fosse porque, desde o início, sabia que Natália era a escolha de sua avó para ser sua esposa. De alguma forma, ele já a via como alguém sob sua proteção.- Os tempos difíceis vão passar. - Disse Rivaldo com uma voz grave e consoladora.Natália sorr
Agora, Rivaldo e Natália ainda nem haviam começado uma relação. Ou melhor, Rivaldo havia começado, mas Natália ainda não sabia. Ela recusava dar rosas a ele, e ele entendia perfeitamente, mesmo que isso doesse um pouco, como uma farpa persistente no coração.- Essas flores também são muito bonitas. Obrigado pelo buquê, Srta. Natália. - Agradeceu Rivaldo, admirando o arranjo com uma reverência silenciosa antes de se despedir com um sorriso gentil, um sorriso que escondia uma admiração profunda. - Srta. Natália, vou para o trabalho agora.Saindo da floricultura, Rivaldo voltou ao seu carro, um carro prateado que brilhava sob o sol matinal. Ele abriu a porta do passageiro com cuidado, como se estivesse manejando um tesouro frágil, e cuidadosamente colocou o buquê no assento, ajeitando as flores com um toque delicado. Antes de entrar no carro, olhou para Natália mais uma vez, sentindo uma pontada de ternura por aquela mulher que, sem saber, começava a conquistar seu coração.Natália escuto
Rivaldo, curioso e um tanto incrédulo, perguntou:- Um médico lendário? Ele pode curar problemas de visão?- Um médico lendário pode curar de tudo. Caso contrário, por que o chamariam assim? - Bruno respondeu com um sorriso enigmático, seus olhos cintilando com um conhecimento oculto.Rivaldo, ansioso, sentiu um sopro de esperança renovada em seu peito. - Onde ele está? Vou mandar alguém para chamar ele. - Continuou, seus olhos brilhando como estrelas numa noite clara.Bruno se inclinou um pouco para frente, apoiando os cotovelos na mesa e entrelaçando os dedos. - Ele apareceu na Mansão Tavares, na Cidade A, mas recentemente não está mais lá. Ouvi dizer que sua discípula, Catarina, está muito próxima da família Tavares, especialmente de Tiago, mas não se dá bem com Walter. Talvez Jean possa saber mais. - Explicou Bruno, pensativo, seus olhos fixos em um ponto distante, como se estivesse revivendo memórias. - Essa Catarina é uma mulher extraordinária. Ela e a esposa do chefe da famíli
A tensão no ar era palpável enquanto Aurora tentava manter a calma e a compostura diante do pessoal da família Francisco. A memória do sequestro de Bernardo ainda era fresca na mente de todos, um exemplo claro das falhas e perigos que espreitavam, mesmo em ambientes que deveriam ser seguros.Naquela hora, Carolina estava distraída, entretida com a multidão, e não percebeu que seu filho havia desaparecido até que ele já estava longe, nos braços de um desconhecido. O pânico que sentiu naquele momento ainda fazia seu coração acelerar quando lembrava, uma mistura de culpa e desespero que nunca a deixava.Cornélio, Arabela, Carolina, Daulo e Bernardo vieram para a livraria, enquanto Juliana, que nunca se deu bem com sua cunhada e desprezava o sobrinho, preferiu não participar. Na verdade, Juliana estava apreensiva. Ela tinha medo de encarar Madalena e Aurora, receosa de que percebessem sua culpa e desconfiassem dela. - Michel, vem cá, deixa eu te abraçar. - Chamou Letícia, com um sorriso
- Aurora, ontem foi um dia difícil, e eu realmente não sei como agradecer o suficiente. Se não fosse por você, o Bernardo e o Michel poderiam estar em sérios apuros. Se algo acontecesse com eles, eu não sei como eu viveria. - Disse Arabela, sua voz cheia de emoção.Aurora sorriu, sua expressão serena. - Sra. Arabela, Carolina, vocês já agradeceram ontem. Michel é meu sobrinho, eu faria qualquer coisa para proteger ele.Apesar de ser uma criança travessa, Bernardo não poderia ser deixado de lado. Em situações assim, qualquer um que tivesse a capacidade de ajudar faria o mesmo.- Mesmo assim, precisamos agradecer, Aurora. Você tem um tempo livre hoje? Queremos te levar para jantar. Chame sua irmã também, e não podemos esquecer dos dois seguranças de vocês. São aqueles dois lá fora, certo? Eu quero agradecer a todos pessoalmente. - Sugeriu Carolina com um sorriso, tentando expressar sua gratidão de todas as maneiras possíveis.- Carolina, não precisa nos levar para jantar, mas sim, são e
Depois de espalhar o boato na Santa Teresa de que Joaquim não era filho biológico deles, o velho Sr. Garcia achou que já tinha semeado confusão suficiente. Agora, ele veio ansiosamente procurar Aurora, pensando que poderia intimidá-la com suas mentiras.- O que vocês vieram fazer aqui? - Perguntou Arabela, ao ver o velho Sr. Garcia, sua expressão se transformando em puro ódio. Ela ainda lembrava vividamente que o velho Sr. Garcia tinha recebido algumas milhares de reais dela, prometendo ajuda, mas não tinha feito nada. Quando ela foi cobrar, ele negou tudo, deixando-a furiosa. - Você de novo, velho desgraçado, quer arruinar a reputação da Aurora, não é? - Arabela continuou, seu rosto contorcido de raiva. Ela sabia que a família Garcia era conhecida por causar problemas e desentendimentos por onde passavam.Arabela tinha contado ao marido como as pessoas da família Garcia era sem vergonha. Dez anos atrás, pegaram a maior parte da indenização da morte de Joaquim e ainda expulsaram Aurora
- Olha só, sua esposa está pagando o preço agora, pegou uma doença grave, né? Não adianta tratar, é câncer! Vai morrer de qualquer jeito, então que morra logo e peça desculpas ao seu filho e nora quando chegar no inferno! - As palavras saíram da boca de Arabela como veneno, carregadas de rancor e desprezo, cada sílaba perfurando como uma lâmina afiada.Madalena, ao lado de Arabela, continuava lançando olhares fulminantes. Suas línguas afiadas e suas palavras tão venenosas que fizeram o velho Sr. Garcia saltar de raiva, seu rosto ficando vermelho como um pimentão, os olhos arregalados de fúria.Cornélio e Daulo rapidamente se colocaram na frente dele, bloqueando seus movimentos, impedindo que ele atacasse. O velho Sr. Garcia, com o dedo trêmulo, apontou para Arabela e vociferou: - Isso não é da sua conta! Quem você pensa que é? As questões da nossa família não têm nada a ver com a sua família. - Sua voz tremia tanto de raiva quanto de fraqueza, cada palavra saindo como um rugido impot