Apesar de sua mãe ter apenas uma mecha de cabelo cortada, Juliana estava apavorada. Aquele gesto, aparentemente simples, carregava uma ameaça silenciosa e mortal. Se eles quisessem realmente a vida dos familiares dela, poderiam facilmente consegui-la. Embora Juliana tivesse brigado com sua família por causa do casamento, afinal de contas, eles ainda eram seus parentes. Ela não poderia deixar que sua família sofresse por causa de Michel, que, no fim, era um estranho.Aquele dia era o dia mais promissor para colocar o plano em ação. Cada detalhe estava meticulosamente planejado, mas a ansiedade de Juliana era palpável, como uma corda esticada prestes a arrebentar.Aurora perguntou a Michel: - Sua mãe também vai?Os olhos de Michel brilharam com entusiasmo infantil. - Sim, minha mãe vai. Tia, você vai também?Aurora pensou por um momento antes de responder:- A que horas vocês vão sair? Preciso ver se consigo organizar meu tempo.- Minha mãe disse que em cerca de meia hora podemos sair.
Letícia olhou para Madalena, tentando confirmar se as pessoas da família Francisco realmente tinham vindo convidar Madalena e Michel para um passeio. Só então o rosto rígido de Letícia suavizou um pouco, e seu sorriso, ainda que tênue, foi dirigido exclusivamente a Michel, e não as pessoas da família Francisco. A presença deles sempre a deixava irritada.- Michel, você quer ir ao zoológico, então eu vou com você. - Disse Letícia, aceitando o convite do garoto.Michel, ainda muito jovem para compreender os detalhes do divórcio dos pais, nunca ouviu Madalena falar mal de Daulo, apesar de todas as mágoas. Madalena, com seu coração bondoso, sabia que alimentar ressentimentos não seria bom para Michel. Afinal, Daulo era o pai do garoto, e encher a cabeça de Michel com sentimentos negativos só prejudicaria seu desenvolvimento emocional.Meia hora depois.Aurora e Madalena estavam prontas para sair. Aurora segurava Michel pela mão, enquanto Letícia ligava o carro. Bruno, sempre preocupado co
Aurora só podia continuar correndo atrás do pequeno travesso. O zoológico estava lotado, com muitas crianças como Michel correndo de um lado para o outro, cheias de energia e curiosidade.Aurora não tinha tempo para apreciar a beleza do zoológico. Seguir Michel já era o suficiente para deixá-la exausta. O garoto, que passava os dias ajudando a mãe na loja e descansando em casa, raramente tinha a chance de sair para brincar. Naquele dia, ele estava aproveitando ao máximo, sua alegria era contagiante.Aurora, graças aos seus anos de treinamento em artes marciais, tinha a resistência e agilidade necessárias para acompanhar o ritmo acelerado do sobrinho. Madalena, que corria regularmente para manter a forma, também estava se saindo bem. Letícia, por outro lado, não estava acostumada a caminhar tanto e já começava a sentir dores nos pés.Quanto à pessoas da família Francisco, já tinham sido deixados para trás há muito tempo. Eles não conseguiam acompanhar o ritmo frenético de Michel.Michel
O homem à sua frente, um estranho de aparência furtiva, murmurou um “desculpe” quase inaudível, enquanto rapidamente deslizava uma pequena nota para a mão de Juliana. Surpresa e desconfiada, ela apertou com firmeza a nota, sem coragem de abri-la ali mesmo, em público. O coração dela batia acelerado, sua mente era um turbilhão de perguntas e preocupações.Juliana olhou em volta, procurando um local mais privado. Notou a placa indicando a direção dos banheiros e seguiu rapidamente a sinalização, tentando parecer o mais natural possível. Ao entrar no banheiro, se certificou de que estava sozinha antes de abrir a nota com dedos trêmulos. A mensagem era clara e alarmante: “Durante o show no aquário, causaremos uma confusão. No meio do tumulto, levaremos a criança. Seu trabalho é garantir que eles estejam no aquário.”Ela ficou parada por um momento, absorvendo a informação. O pânico começou a tomar conta de seu ser. Rasgou a nota em pedaços minúsculos, jogando-os no vaso sanitário e puxa
Madalena segurava Michel com força, seu instinto materno entrando em ação. Seu corpo todo tremia enquanto sentia o calor do pequeno corpo de Michel contra o seu. O olhar dela vagava ansiosamente pela multidão em pânico, procurando qualquer sinal de ameaça. Os guarda-costas formavam um círculo protetor ao redor deles, olhos atentos a cada movimento suspeito. Juliana, ao ver o menino seguro nos braços da mãe e protegido pelos guarda-costas, percebeu que o plano dos sequestradores estava condenado ao fracasso.O ambiente ao redor era caótico. Gritos, choro de crianças, o som de passos apressados ecoando pelas paredes do aquário. O ar parecia mais denso, carregado de medo e confusão. Juliana tentava manter a calma, mas seu coração batia descontroladamente, sua respiração curta e rápida. Mas antes que pudesse relaxar, ouviu um grito desesperado. - Bebê! Bebê! - Era Carolina, em pânico, observando um homem alto levando Bernardo embora. Juliana ficou atônita. “Eles pegaram a criança errad
Se ela tivesse relaxado um pouco, seu filho teria sido levado naquele tumulto.Ao entrar no carro de Letícia, Madalena não ousou afrouxar o aperto, segurando Michel com tanta força que seus braços doíam. Seu rosto estava pálido como cera, e seus olhos refletiam o pânico que ainda não conseguia dissipar. O menino, sentindo a tensão da mãe, estava calmo, mas claramente confuso. Seus grandes olhos curiosos olhavam ao redor, tentando entender o que estava acontecendo.Aurora se sentou ao lado deles, seus próprios nervos em frangalhos, tentando manter a calma. Ela passou a mão nas costas do sobrinho, tentando transmitir alguma sensação de segurança. Letícia, com as mãos trêmulas, pegou o celular e ligou para o irmão. Quando ele atendeu, ela disse com a voz embargada de medo: - Pedro, chame todos os nossos seguranças para virem ao Zoológico da Cidade G imediatamente. Aconteceu algo terrível, alguém tentou sequestrar Michel. Quase o levaram! Ela olhou pela janela, seus olhos vasculhando a
Na entrada do zoológico, Aurora avistou os dois seguranças que haviam ido resgatar Bernardo, carregando-o nos braços enquanto ele chorava sem parar. O choro da criança ecoava pelo lugar, atraindo olhares curiosos dos visitantes do zoológico.- Sra. Alves. - Um dos seguranças se aproximaram de Aurora, visivelmente exaustos e com expressões de alívio misturadas à dor de cabeça. Suas roupas estavam sujas e os rostos cobertos de suor. Colocaram Bernardo no chão com cuidado, e ele continuava chorando e chamar pela mãe, seus soluços rasgando o ar quente da tarde. - Sra. Alves, por favor, ligue para a família dele. Ele não para de chorar, foi assim o caminho todo.- Tia Aurora. - Bernardo estava em prantos, seus olhos vermelhos de tanto chorar e o rosto manchado de lágrimas. Ele nunca tinha visto os seguranças da família Alves antes, e a sequência de ser carregado por estranhos o deixou aterrorizado. Mesmo sendo um garoto travesso, ele ainda era uma criança de quatro anos, assustada e confusa
- Minha irmã segurou Michel com força, e eu rapidamente acertei o sequestrador com um chute, fazendo-o desistir de levar Michel e fugir. - Aurora respondeu, sua voz firme e decidida. Ela se virou para olhar para o carro de Letícia, acrescentando. - Michel ainda está no carro com Madalena e Letícia. Foi através dessa conversa entre Aurora e Bruno que as pessoas da família Francisco souberam que Michel também quase foi sequestrado. Arabela, que estava chorando, se levantou rapidamente, seu rosto uma máscara de preocupação e desespero. Ela imediatamente quis ir ver o neto, suas mãos trêmulas segurando a saia enquanto ela caminhava às pressas em direção ao carro.Madalena, finalmente sentindo-se segura, saiu do carro com Michel nos braços. Ela estava visivelmente abalada, mas aliviada por estarem todos a salvo. - Michel, Michel! - Arabela correu para abraçar o neto, suas lágrimas caindo livremente. Confirmando que ele realmente estava bem, ela disse, com a voz trêmula. - Ainda bem que v