Aurora já havia denunciado o incidente à polícia e deixado o caso para as autoridades competentes. Ela não tinha intenção de negociar uma compensação financeira diretamente com a família Leite. Em relação ao carro danificado, aceitaria uma compensação na forma de um carro novo, desde que fosse do mesmo modelo e marca.Natália, em silêncio, guardou a carteira de volta no bolso da calça, seus dedos trêmulos revelando uma tensão oculta.Após um momento de reflexão, Aurora suavizou sua voz e perguntou com preocupação evidente nos olhos:- Srta. Natália, se eu continuar com a acusação contra Eliana, você conseguirá viver na família Leite?Natália, com um ar calmo e resignado, respondeu com uma voz cheia de peso de anos de sofrimento:- Será um pouco mais difícil, mas minha vida sempre foi assim naquela casa. Independentemente de você processar Eliana ou não, a atitude deles comigo não mudará.A serenidade em sua voz era quase assustadora, um reflexo de sua longa convivência com o desprezo e
A tia de Natália ouviu dizer que um famoso médico milagroso tem aparecido frequentemente na Cidade A e decidiu tentar pedir sua ajuda para tratar os olhos de Natália. Mesmo que não conseguissem encontrar o médico em pessoa, talvez um de seus discípulos talentosos pudesse dar uma olhada.O médico e seus aprendizes representavam a última esperança de Natália.Depois de tantos meses de tratamento, Natália começou a perceber uma leve melhora na visão, embora ainda visse tudo embaçado e indistinto. Mesmo assim, essa pequena mudança a encheu de alegria e renovou sua esperança de recuperar a visão. No entanto, ela manteve isso em segredo, compartilhando apenas com sua tia.Para todos os outros, Natália continuava sendo cega como antes.- Srta. Natália, como soube que havia outras pessoas na minha loja se você não pode ver? - Perguntou Aurora, intrigada.Natália sorriu, um sorriso que não alcançou seus olhos, e respondeu: - Quando entrei, ouvi os passos deles. Seus passos eram firmes e pesad
O som insistente da buzina de um carro cortou o ar, e Natália, apavorada, rapidamente tentou se levantar. No entanto, em meio à confusão, ela não sabia para qual lado deveria ir.Provavelmente estava quase na hora da saída da escola, pois as buzinas continuavam soando sem parar, criando um tumulto ao seu redor.Sem ter certeza de qual direção seguir, ela decidiu ir para a direita, esperando que fosse o caminho certo. Mas o som da buzina voltou a soar, mais alto e insistente. Será que ela estava indo na direção errada?Hesitando um pouco, com o coração batendo acelerado, ela começou a voltar, seus passos hesitantes e incertos.Rivaldo, observando de perto, suspirou e desceu do carro, caminhando rapidamente até ela. Com um movimento decidido, ele pegou seu pulso com firmeza. Por instinto, Natália tentou se soltar, mas quando sentiu o cheiro familiar do perfume de colônia de Rivaldo, uma sensação de alívio a inundou, e ela parou de resistir.Sem perder tempo, Rivaldo a colocou no carro co
No final da tarde, os pais começaram a chegar para buscar seus filhos na escola. Após lidar com essa correria, Aurora planejava jantar na casa da irmã, enquanto Stella tinha um encontro com Paulo. Por isso, a livraria não abriria naquela noite.Aurora comprou duas sacolas de frutas para levar à irmã.A relação entre ela e Madalena continuava a mesma, apesar de Aurora ter se tornado a esposa de Bruno. Nada havia mudado entre elas.Aurora tinha a chave do apartamento da irmã, então entrou diretamente. Ao abrir a porta, viu uma pequena garota... Não, era Michel, mas ele estava usando um lindo vestidinho, caminhando alegremente pela casa, rodopiando e sorrindo.- Michel? - Aurora entrou sorrindo e fechou a porta atrás de si, chamando o sobrinho. - Por que você está usando um vestido?- Tia! - Michel correu até ela, exibindo com orgulho seu vestido. - Tia, estou bonito com ele? Aurora colocou as sacolas de frutas na mesa de centro e pegou o sobrinho no colo, rindo enquanto acariciava seu c
Michel ficou radiante ao ver Bruno e se inclinou para ele. Bruno rapidamente colocou os pacotes que trazia no chão e pegou o garoto no colo.Aurora, sorrindo, abaixou-se para pegar as duas sacolas de frutas e a caixa de leite que Bruno havia trazido. - O que você está fazendo aqui? Você não disse que tinha um compromisso? Eu também trouxe duas sacolas de frutas para minha irmã, e você trouxe as mesmas coisas! - Disse ela, com um tom divertido.- Isso é porque temos uma conexão de alma. - Respondeu Bruno, entrando na casa com Michel nos braços. - O cliente teve um imprevisto e cancelou a reunião, então aproveitei para vir aqui e jantar com vocês.Ele sabia que sua amada esposa estava na casa de Madalena. Essa era uma das vantagens de ter seguranças acompanhando Aurora. Ele não precisava perguntar onde ela estava o tempo todo, mas podia descobrir com uma simples ligação se precisasse.- Oi, Madalena. - Cumprimentou Bruno.Madalena, ao ver Bruno, colocou o garfo de lado e se levantou par
Madalena permaneceu em silêncio.Aurora, porém, interveio, tentando ser diplomática.: - Vocês nunca cuidaram do Michel antes. Levar ele agora não é uma boa ideia, ele não está acostumado e vai chorar muito. Se vocês querem vê-lo, podem vir todos os dias durante o dia para brincar com ele.Cornélio, com um sorriso forçado, respondeu: - Aurora, é verdade que nunca cuidamos do Michel, mas é exatamente por isso que queremos compensar agora. Estamos sem fazer nada em casa e podemos ajudar sua irmã a cuidar do Michel, assim ela pode se concentrar mais no trabalho.Ele então se virou para Michel e perguntou: - Michel, você quer ir para a casa do vovô e da vovó?Michel olhou para Cornélio com um pouco de hesitação e perguntou: - Minha mãe vai também?Cornélio ficou um pouco desconcertado com a pergunta e respondeu: - Sua mãe não vai, mas na casa do vovô e da vovó tem seu pai. Michel, venha para casa conosco, assim sua mãe não precisa se cansar tanto.Michel, com uma expressão decidida, de
Usando as palavras de Arabela, se ela voltasse para a terra natal, seu filho não seria mais dela, pois Juliana o controlaria completamente.Além disso, Daulo e Juliana ainda não tinham feito o casamento oficial. Juliana queria esperar até que o apartamento estivesse reformado para que o casamento fosse mais digno. Agora, morando de aluguel, fazer a cerimônia de casamento seria inconveniente, pois a família dela não teria onde ficar.Se pudessem levar Michel, eles não ficariam tão entediados e poderiam criar um vínculo maior com o neto. Afinal, Michel era o único descendente da família Francisco, e Juliana ainda não tinha engravidado, deixando dúvidas sobre sua capacidade de ter filhos.Madalena estava comendo uma refeição vegetariana e rapidamente ficou satisfeita. Ao ver seus ex-sogros cochichando, ela se levantou e pegou as quatro sacolas de frutas que os cunhados tinham trazido, levando-as para a cozinha.Alguns minutos depois, ela voltou com uma travessa de frutas variadas, enquant
Aurora e Bruno também terminaram de comer, e Bruno disse à esposa: - Aurora, leve o Michel para se sentar um pouco, eu cuido da louça. Em casa, Bruno frequentemente fazia as tarefas domésticas, algo a que Aurora já estava acostumada. Seguindo a sugestão dele, ela pegou Michel e foi se sentar no sofá, ao lado de sua irmã.Assim que se acomodou, percebeu que estava sendo observada por três pares de olhos atentos: sua irmã e os ex-sogros dela. Todos a olhavam fixamente.- Mana, por que estão todos me olhando assim? - Perguntou Aurona, intrigada. - Tenho algum grão de arroz no rosto?Ela passou a mão pelo rosto, mas não encontrou nada.- Aurora, como você pode deixar o Sr. Bruno lavar a louça e fazer as tarefas domésticas? - Arabela repreendeu Aurora. Em seguida, ela acrescentou, tentando explicar seu ponto de vista. - Os homens trabalham fora o dia todo e, quando chegam em casa, as esposas devem cuidar bem deles, proporcionando um ambiente acolhedor para que queiram voltar para casa. A