- Michel foi embora com o tio dele. - Respondeu Madalena, com um tom casual.- Sr. Bruno? Mas o Michel não estava dormindo? - Perguntou Daulo, surpreso, as sobrancelhas arqueadas em um misto de confusão.Madalena respondeu com indiferença, os olhos fixos em algum ponto distante da sala, como se a situação não lhe causasse nenhuma emoção: - Ele estava dormindo, o Bruno o carregou enquanto dormia. Se você quiser ver o Michel, pode ir buscar ele no Grupo Alves.Daulo ficou em silêncio por um momento, depois soltou um leve suspiro de frustração.- Se Michel não quiser ficar com vocês por alguns dias, podem visitar ele na livraria Aurora. Estou muito ocupada e não consigo cuidar dele o tempo todo. Ele ficará brincando na livraria da Aurora. - Continuou Madalena, a voz calma, como se estivesse explicando uma rotina já estabelecida e inevitável.Daulo franziu a testa, o rosto mostrando sinais de uma luta interna, mas não disse nada. Ele sabia que, se Michel tivesse que escolher, ele preferir
As duas trocaram olhares significativos, a empolgação das fofocas novas iluminando suas expressões. Uma das recepcionistas finalmente entendeu, sorrindo e dizendo: - Ah, então é isso. Deve ser mesmo o sobrinho da esposa do presidente. Não esperava que ele trouxesse o pequeno para a empresa. Vendo a maneira como ele segura a criança com tanto carinho, quem não soubesse pensaria que é o filho dele. - Será que o presidente está querendo ser pai? Talvez a sua esposa esteja grávida e ele esteja ganhando experiência com o sobrinho para se preparar para ser um ótimo pai no futuro. - Sugeriu a outra recepcionista, com os olhos arregalados de surpresa.Michel dormia com tranquilidade. Mesmo quando foi levado pelo tio até a empresa, ele não acordou. Bruno, com cuidado, colocou o menino na grande cama da sala de descanso, ajeitando-o confortavelmente.Bruno se abaixou, tirando com delicadeza os sapatinhos e as meias de Michel, seguido pelo casaco. Cobriu-o com um cobertor macio, ajustando-o par
João ficou em silêncio. Ele estava lá para discutir um projeto de cooperação com seu amigo. Logo, os dois mergulharam na conversa sobre negócios, detalhando cada aspecto do acordo com precisão e profissionalismo.Após finalizarem a discussão e chegarem a um acordo, João se preparou para sair. - Vou dar mais uma olhada no Michel. Se ele estiver acordado, vou levar ele para dar uma volta. - Você? Provavelmente ele vai chorar tanto que você vai ficar tonto e acabar trazendo ele de volta correndo. - Zombou Bruno, com um sorriso malicioso, claramente se divertindo com a situação.João ficou sem palavras. Era verdade, Michel sempre se recusava a ser carregado por ele, o que deixava ele frustrado.Mesmo assim, João abriu novamente a porta da sala de descanso. Pouco depois, gritou: - Bruno, Bruno, venha rápido! - O que foi? - Bruno se assustou com os gritos e correu para a sala de descanso, imaginando o pior.- Michel fez xixi na cama. Olha só como ele molhou o lençol. - Disse João, apont
Naquele momento, o telefone interno tocou, ecoando pelo escritório.Bruno delicadamente colocou Michel no chão e foi atender a ligação. Ele caminhou com passos firmes, enquanto Michel observava com olhos curiosos.Pouco depois, Bruno voltou com um sorriso e disse a Michel: - Michel, sua mãe veio te buscar. - Mamãe chegou! - Exclamou Michel, com os olhos brilhando de alegria. Ele rapidamente enfiou o vestidinho de volta na sacola e começou a procurar suas calças molhadas. Depois de procurar por um momento, ele olhou para Bruno e perguntou. - Tio, onde estão minhas calças? - Aquela calça está na máquina de lavar porque estava molhada. - Respondeu João, que estava observando a cena com um leve sorriso.Michel ficou em silêncio por um momento, processando a informação. Determinado, pegou a grande sacola de roupas e tentou carregá-la sozinho para fora da sala. Seus pequenos braços mal conseguiam levantar a sacola, mas ele não desistia. Após alguns passos vacilantes, ele olhou para Bruno
Madalena se abaixou até a altura do filho, olhando nos olhos dele com um sorriso suave, e perguntou: - Michel, você foi bonzinho? Não incomodou seu tio, né? Michel, com as bochechas coradas de vergonha, respondeu: - Eu fui bonzinho... Mas, mamãe, eu molhei minhas calças.- Você molhou onde, querido? - Madalena perguntou, tentando esconder a preocupação em sua voz.- No colchão do tio. - Michel respondeu, ainda mais envergonhado, seus olhos fixos no chão.Madalena ficou sem palavras por um momento, processando a informação.- Mas o Sr. João me comprou muitas roupas novas, inclusive um vestido. Eu vou guardar o vestido para a priminha que minha tia vai ter. - Continuou Michel, sua voz misturando a inocência e a animação.Madalena ficou surpresa, mas não conseguiu evitar uma risada interna ao imaginar João comprando um vestido para um menino. “Que tipo de distração é necessária para comprar um vestido para um menino?”, pensou ela, ainda sorrindo.João, por sua vez, não mostrava nenhum
Aurora acordou com a sensação de fome. Sentindo-se grogue, estendeu a mão ao lado na cama, mas não encontrou Bruno. Olhou ao redor, notando que o travesseiro ao lado estava vazio e a cama estava fria. Bruno já tinha levantado há muito tempo. Aurora pensou que ainda era cedo, mas quando pegou o celular e viu a hora, arregalou os olhos. Já eram quase doze horas!Não era de se admirar que ela estivesse com fome. Dormir até essa hora não era comum para ela.- Bruno nem me acordou. - Murmurou ela para si mesma, sentindo uma mistura de surpresa e leve irritação. Rapidamente, ela pegou uma roupa do armário e correu para o banheiro, onde se vestiu e escovou às pressas os dentes. Sem se preocupar com maquiagem, desceu as escadas com o celular na mão, ainda tentando ajustar os sapatos.Enquanto descia, seu celular tocou. Era Bruno.- Bruno. - Atendeu ela, parando no meio da escada e reclaman do baixinho. - Você se levantou e nem me chamou. Dormi até agora e já são doze horas.Bruno riu do outro
Vasco se aproximou de Aurora e parou à sua frente, lhe entregando um pequeno saco transparente contendo várias mechas de cabelo. - Sra. Alves, esta é a tarefa que o Sr. Bruno me pediu para realizar esta manhã. Está concluída.Aurora pegou o saco, seus olhos examinando atentamente o conteúdo. - Este é... O cabelo do meu avô?Na noite anterior, ela e Bruno haviam decidido que usariam Ronaldo para obter algumas amostras de cabelo do velho Sr. Garcia para fazer um teste de DNA e confirmar a relação de parentesco. A ansiedade que sentia agora era palpável, como se o saco contivesse não apenas cabelos, mas a chave para um mistério familiar há muito enterrado.- Sim, é isso mesmo. - Confirmou Vasco, sua expressão séria.Aurora sorriu para ele, expressando sua gratidão. - Ronaldo cooperou?- Ele tem medo de você, Sra. Alves. Quando mencionei seu nome e ameacei ele um pouco, ele foi bem obediente e conseguiu as mechas do cabelo de seu avô.Quanto ao modo como Ronaldo conseguiu convencer o ve
Aurora ponderou sobre o assunto por um tempo antes de responder: - A sua família não tem tido filhas há gerações. Deve ser um problema com a configuração energética da casa. Pode ser que a energia da sua família favoreça a prosperidade dos descendentes masculinos.Bruno ficou pensativo por um momento antes de responder: - Pode ser. Houve uma filha na família há muitas gerações, mas ela não sobreviveu. Depois que aquela menina morreu, nunca mais tivemos outra filha. Lembro que minha tia fez de tudo antes de engravidar do Antônio, seguindo dietas ácidas na esperança de ter uma menina. Durante a gravidez, ela parecia diferente das duas anteriores, então todos achavam que dessa vez seria uma menina. Quando o bebê estava mais desenvolvido, um conhecido disse que era uma menina. Todos ficaram empolgados.Enquanto Bruno relembrava, seus olhos brilhavam com a intensidade da memória, acrescentando:- Naquela época, eu já tinha uns dezessete anos, então me lembro bem. Quando disseram que minha