As palavras de Ricardo, inicialmente despretensiosas, foram tomadas por Viviane como uma alfinetada de ciúmes. — Ricardo, com quem eu janto não é da sua conta! Não se esqueça, se não fosse para resolver o problema com o Manuel, eu nem precisaria ver você.Em meio à discussão, a racionalidade se dissipou. Ambos desejavam ferir o outro com as palavras mais cortantes.— Então você realmente não quer me ver? — Ricardo pressionou a mão contra o peito, onde a dor ainda o incomodava.Viviane se virou, incapaz de suportar o olhar dele:— Exato, eu não quero te ver! Sempre que te vejo, me sinto como uma macaca sendo manipulada por você.— Muito bem, se você não quer me ver, então saia! Vá embora!— E se eu quiser sair? Você acha que eu estou morrendo de vontade de ficar aqui? — Viviane, cheia de raiva, saiu do quarto de Ricardo.Ao chegar à porta, ela ouviu um tosse violenta vinda de dentro do quarto. Seu passo hesitou, e ela considerou voltar, mas acabou decidindo seguir em frente.Amadeu não
Ricardo decidiu se levantar da cama e foi até a porta do quarto de Viviane. Ele encontrou a porta ainda firmemente fechada, como ela a havia batido na última vez. O silêncio no interior do quarto era profundo; não se ouvia um som.Ricardo imaginou que Viviane provavelmente já havia adormecido. — Desculpe... — Murmurou ele, em voz baixa, do lado de fora da porta. Somente nesse momento, ele conseguiu enfrentar seus próprios sentimentos.Dentro do quarto, no entanto, Viviane não estava dormindo. Ela se sentava na janela, olhando para a lua brilhante no céu. O pedido de desculpas de Ricardo foi tão suave que ela não conseguiu ouvi-lo. Todos os seus pensamentos estavam concentrados naquela lua, e ela não percebeu nada ao seu redor.Continuou a observar a lua em silêncio até que seus olhos começaram a arder. Lentamente, ela baixou a cabeça, mas uma lágrima escorreu de seu olho. Viviane enxugou o rosto com força, como se quisesse apagar qualquer vestígio de tristeza.— Ricardo! Você é um vil
A Flaviane diante de Viviane era extremamente cortês, não parecia carregar nenhuma hostilidade. Viviane respirou fundo, refletindo: "De fato, eu não descansei bem ontem, por isso pensei em algo tão absurdo. Já pedi ao departamento de pessoal para investigar a Flaviane; não deve haver problemas, caso contrário, o diretor do RH não a teria chamado para trabalhar."— Olá, sou Viviane. — Já sabia o nome da Srta. Viviane antes de chegar aqui. Que coincidência, nossos nomes são muito parecidos. — Sim, espero que você se sinta bem aqui. Se tiver qualquer dúvida, pode me procurar a qualquer momento. — Viviane entregou seu número pessoal a Flaviane. Agora, com um número de telefone particular, ficaria mais fácil para se comunicarem. Flaviane olhou para o número em suas mãos, um sorriso sutil se formando em seus lábios.— A Srta. Viviane tem mais alguma pergunta para mim? Se não, posso ir. — Pode ir, sim. Flaviane assentiu e, ao sair do escritório de Viviane e entrar no elevador, seu o
Viviane lançou um olhar para os documentos nas mãos de Flaviane. Então, Flaviane se lembrou da pergunta de Viviane e se apressou a explicar: — Não, hoje é apenas uma entrega de trabalho. Na verdade, não tenho muita coisa para fazer, mas como já estou no Grupo Ribeiro, achei que seria bom entender melhor a empresa. Então, pedi aos líderes de outros departamentos os relatórios dos últimos trimestres.— Ah, entendi. — Viviane desviou o olhar. — A empresa não incentiva horas extras; se você já terminou seu trabalho, pode ir para casa. Com o tempo, vai entender esses documentos.— Certo. — Flaviane respondeu, mantendo o olhar fixo em Viviane.Viviane se sentiu estranha sob o olhar dela. — O que foi? Tenho algo no rosto? — Não, é só que... Srta. Viviane, você é realmente uma pessoa fascinante. — Fascinante? — Sim! Desde que cheguei, todos que falam de você só fazem elogios. É a primeira vez que vejo uma presidente tão reconhecida por toda a empresa.Viviane sorriu. — Isso é só el
— É assim, tenho uma pilha de prontuários que ainda não foram inseridos no computador, você pode me ajudar? — Viviane olhou para a espessa pilha de documentos e, sem hesitar, respondeu: — Claro. — Então vou para o quarto ao lado. — Disse o médico a Viviane, pegando os prontuários e saindo da sala. Com a saída do médico, o ambiente ficou imediatamente silencioso. Viviane, resignada, encarou os papéis e começou a registrar os casos. No entanto, enquanto se concentrava na tarefa, a energia do computador cortou repentinamente. Viviane pressionou algumas teclas, mas nada aconteceu; logo percebeu que não era um problema do computador, mas uma queda de energia no hospital. Viviane ficou em silêncio. A falta de energia era uma grande questão, e o hospital deveria ter geradores; ela só precisava aguardar ali. Nesse instante, dois médicos que se escondiam na esquina do corredor trocavam olhares. — A Sra. Barros está tão calma, eu pensei que ela fosse gritar. — Comentou um médico, um po
Amadeu mal havia virado a cabeça e já se deparou com Viviane, que segurava um copo:— Um fantasma!O grito agudo veio de Amadeu. No instante em que o som ecoou, uma figura apressada saiu do quarto ao lado. No entanto, ao ver a cena do lado de fora, a pessoa estagnou. Viviane estava puxando com força o cabelo de uma "mulher fantasma"... Não, fantasma não podia ser, já que fantasmas não existiam. Era uma mulher, afinal. A mulher gemia de dor e recuava, tentando escapar.Tudo virou um verdadeiro caos. Foi então que o corredor escuro se iluminou repentinamente, revelando o rosto do "fantasma" para todos. Ao reconhecer a figura como Amadeu, tanto Viviane quanto Ricardo ficaram imóveis, chocados.— Como assim, é você? — Viviane segurava em mãos um punhado de cabelos arrancados de Amadeu, perplexa. Logo em seguida, ela se virou para Ricardo, e um lampejo de compreensão surgiu em seu rosto. — Agora entendi. Você planejou essa palhaçada para se passar por um fantasma e fazer alguém vir me res
Amadeu observava, cabisbaixo, a figura de Ricardo se afastando. Embora Ricardo não o tivesse repreendido diretamente desta vez, a indiferença dele foi ainda mais dolorosa para Amadeu do que qualquer bronca. Quando a silhueta de Ricardo desapareceu de vista, Amadeu finalmente se virou e, com um tom tenso, questionou o médico:— Por que você não defendeu o Sr. Ricardo antes?O médico, sem hesitar, respondeu com a calma de quem já havia antecipado a pergunta:— Você viu a situação, não? Mesmo que eu dissesse à Sra. Barros que isso tudo foi ideia minha, você acha que ela acreditaria em mim? Pelo contrário, ela poderia achar que estou do mesmo lado que vocês, e daqui em diante, nada do que eu disser terá crédito. E, caso a situação de hoje se repita, se o Sr. Ricardo se preocupar com ela e não souber como entrar em contato, quem você acha que vai ter que ligar?As palavras do médico tinham lógica, e Amadeu não pôde deixar de ser persuadido:— E agora, o que a gente faz? Pelo jeito, a Sra.
Viviane permaneceu em silêncio. A conversa com Hugo terminou assim, e seus pensamentos logo voltaram ao Ricardo. Aquela noite estava destinada a ser mais uma noite de insônia. Viviane não conseguiu dormir. No dia seguinte, ao acordar, ela encontrou Amadeu na porta. Amadeu a observou, abriu a boca como se fosse falar, mas, por algum motivo, acabou desistindo. No instante seguinte, Viviane finalmente entendeu a razão. Porque Ricardo estava logo atrás de Amadeu. E quando Ricardo viu Viviane, seus olhos nem sequer a encararam. Ele simplesmente passou direto. Uma sensação de irritação cruzou a mente de Viviane. "Ele errou, e ainda assim parece que sou eu quem está errada?" Pensando nisso, a raiva de Viviane aumentou, e ela saiu irritada. No entanto, ela se afastou na direção oposta a de Ricardo. Ao chegar na empresa, ainda muito irritada, Viviane atendeu ao telefonema de Helena, e sua voz carregava um tom de indignação. — O que aconteceu? Quem fez nossa Vivi fica