Seguiram-se dias com meus pais me tratando como se eu fosse feita de porcelana. Meu pai evitava assuntos sobre o sequestro, sendo fiel à promessa que fez a minha mãe de ao menos me dar tempo para digerir tudo e minha mãe sempre super protetora, me analisava a cada gesto ou palavra minha. Ela tinha uma expressão de desconfiança no rosto por diversas vezes em que falava comigo e minha avó e eu havíamos passado horas conversando ao longo dos dias, onde ela me contou sobre esse acordo dos meus pais e as terríveis noites em que Isabella acordava aos gritos chamando por sua filha e meu pai sempre corria para ampará-la. Também me disse como havia sido o surto dele ao saber que haviam me levado e como Enrico parecia irreconhecível nos dias seguintes quando não tinha a menor paciência de lidar com qualquer um de seus subordinados, apenas com ela e com minha mãe que ele mantinha o controle. Saber o quanto sofreram em minha ausência fez eu me sentir péssima por passar os últimos meses fechada e
Jun estava ao meu lado quando caminhei em direção à porta da enorme mansão dos Provenzano, viemos em uma declaração de paz e quem nos recebeu foi o Consigliere de Enrico que não hesitou em nos guiar para dentro quando aleguei que Paola era minha esposa.- Permita-me fazer as coisas da maneira certa, soldado. Afinal, acredito que isso seja um assunto de família considerando os fatos atuais. – falei, quando Matthia ousou sugerir que falaria com Enrico primeiro e o que recebi foi uma carranca de desaprovação, mas ele assim o permitiu considerando toda a guarda que apontava suas miras para a minha cabeça.Não me incomodei com os homens ao meu redor empunhando suas armas, ordenei que Jun mantivesse as suas para si e agir apenas se de fato fosse necessário, o que eu esperava que não. Mas, ordenei que não matasse se possível, caso as coisas ficassem fora de controle e acima de tudo, que não sacasse arma alguma se Paola estivesse presente.Dei duas batidas na porta e esperei, quando ela se a
Enrico foi na frente, Jun se manteve ao meu lado enquanto caminhávamos para o lado de fora e os soldados da Cosa Nostra se aproximavam em todas as direções, sorrateiramente. Jamais imaginei o dia em que estar numa situação como essa seria considerado algo bom.- Considerando as chances que temos de morrer hoje, quero fazer uma pergunta. – disse Jun, baixo para que só eu o ouvisse.- E qual seria? – olhei atrás do vidro e pude ver um relance da imagem de Haruki e alguns de seus homens que o acompanhavam.- Quando foi que lhe pareceu brilhante dar a vida por uma mulher? – se a situação não fosse tão ruim, eu teria sorrido.- Não faço a menor ideia! – ele bufou ao meu lado.- Espero que Paola faça valer a pena, conheço algumas boas moças que ficariam com o coração partido com a minha morte tão prematura! – não tive tempo de responder à sua observação prepotente, pois saímos para a área onde ficava a piscina, com cadeiras de repouso, mesas brancas e cadeiras estrategicamente decoradas.H
- Odeio quando apelam para o meu emocional, é realmente o meu ponto fraco! – sua zombaria fez meu sangue ferver, provavelmente seus homens interceptaram o carro em que Paola e sua mãe estavam e Matthia não conseguiu tirá-las da propriedade a tempo e era isso que havia informado a Enrico a pouco. – Mas considerando que isso ofende minha honra, Enrico, terá que fazer melhor. E não sairá barato! – ao dizer a última parte olhou para mim. – Quanto será que está disposto a pagar pela moça?- Diga o seu preço. – repeti as palavras de Enrico.Haruki não pestanejou em pedir dois dos resorts mais movimentados de Manhattan, local onde era concentrado a maior parte dos jogos ilícitos dos cassinos subterrâneos e venda de drogas, somada a uma grande quantia de dinheiro. Jun praguejou baixo ao meu lado ao ouvir a proposta, mas ele sabia que eu aceitaria. Faria tudo por Paola.- De acordo! – ele sorriu com satisfação com a facilidade em que aceitei a proposta e exigiu uma boa quantia de Enrico para q
Finalmente, retornamos à nossa casa, Lee e eu, e depois dos acontecimentos dos últimos dias, parece que estamos longe a meses e não apenas dias, pois o desejo que sinto de senti-lo ultrapassa qualquer raciocínio lógico quando adentramos a casa.- Amanhã acenderei velas aos meus antepassados em agradecimento, podemos considerar um milagre estarmos vivos. – sorri com o comentário de Jun, mas Mei sorrateiramente se afastou de nós, seguindo para seu quarto sob o olhar atento e curioso dele, enquanto Lee olhava para a porta de nosso quarto e quando encontrou meu olhar eu retribui de uma forma que soubesse que eu estava pensando na mesma coisa. – Bem, não quero ser empata foda de ninguém, então vou me retirar, apenas… Façam pouco barulho, as pessoas estarão tentando dormir. – e piscou para mim, revirei os olhos enquanto Lee balançava a cabeça negativamente em uma repreensão divertida.- Ora! Não desconte suas frustrações sexuais em nós, Jun. Qualquer moça da cidade que não o conheça aceitar
Após eu voltar para casa, dias se seguiram e acabei por encontrar uma rotina.Pela manhã, Lee levantava para trabalhar e eu o acompanhava no café da manhã, depois que ele saia, eu trocava de roupa e corria pela propriedade assim como eu costumava fazer na Fazenda, mas sempre acompanhada de seus Red Pole, ou Mei quando ela decidia me acompanhar.Eu costumava percorrer o percurso da trilha que rodeava a casa dentre as árvores, o que me pareceu muito melhor do que as estradas desertas da fazenda, onde o sol e a terra não facilitavam muito.Após a corrida, eu voltava para a casa para tomar banho e fazer minha segunda refeição no dia que consistia basicamente em frutas frescas que Jie sempre comprava para abastecer a geladeira. Lee também havia me dito para fazer uma lista de compras do que fosse querer e repassar para ela, já que as compras das frutas eram semanais, eu apenas atualizava uma coisa ou outra caso quisesse adicionar ou retirar.Lee também costumava cozinhar para mim aos fins
Levantei cedo para me reunir com Jun e os Dai Lo para falarmos sobre os demais negócios que faríamos em novas regiões e definir por voto quem seria o líder daquela região. Quando terminamos, Jun me acompanhou de volta para casa, onde Paola e Mei organizavam o Festival da Lua que aconteceria hoje.Eu e Jun havíamos conversado sobre Mei e nós dois achávamos que alguma coisa além estava acontecendo com ela, mas mantive minha decisão em dispensá-la como auxiliadora de Paola no que se tratava de nossa cultura e língua, pedi que ela procurasse outro lugar para ficar, permitindo apenas que viesse fazer visitas periódicas.Já estava se tornando insuportável ver Jun naquela situação, permitindo que ela brincasse com seus sentimentos.- Eu disse que poderíamos tornar oficial se ela quisesse. – disse ele, no dia seguinte depois da cena que Mei causou. Eu estava sentado em minha cadeira no escritório, enquanto ele estava apoiado num móvel do outro lado da sala, encarando as próprias mãos. – Eu fa
Eu estava exausta depois da festa, que terminou tarde da noite. Meus pais foram embora pouco antes de terminar, pois minha mãe estava cansada e meu pai ficou mais do que feliz em atender seu pedido. A energia vibrante do evento ainda percorria meu corpo enquanto eu adentrava o quarto, levemente zonza por ter bebido um pouco demais no after com Jun e Mei após todos terem ido embora. Ela, a propósito estaria voltando para sua casa em Chicago no dia seguinte, pelo visto ela e Jun haviam decidido ficarem afastados um do outro, o que tanto eu quanto Lee duvidamos que fariam por muito tempo.Cambaleei para a cama e tirei minha sandália, Lee vinha logo atrás, fechando a porta atrás de si. Ele me olhou de cima para baixo com aquele olhar faminto que eu já conhecia bem. Me coloquei de pé e joguei os cabelos de lado, em um convite para que me ajudasse a despir o vestido.- Mei vai embora amanhã. – falei e sua resposta foi apenas um grunhido de confirmação. – Jun e ela pareciam estar bem.- Acho