Enrico foi na frente, Jun se manteve ao meu lado enquanto caminhávamos para o lado de fora e os soldados da Cosa Nostra se aproximavam em todas as direções, sorrateiramente. Jamais imaginei o dia em que estar numa situação como essa seria considerado algo bom.- Considerando as chances que temos de morrer hoje, quero fazer uma pergunta. – disse Jun, baixo para que só eu o ouvisse.- E qual seria? – olhei atrás do vidro e pude ver um relance da imagem de Haruki e alguns de seus homens que o acompanhavam.- Quando foi que lhe pareceu brilhante dar a vida por uma mulher? – se a situação não fosse tão ruim, eu teria sorrido.- Não faço a menor ideia! – ele bufou ao meu lado.- Espero que Paola faça valer a pena, conheço algumas boas moças que ficariam com o coração partido com a minha morte tão prematura! – não tive tempo de responder à sua observação prepotente, pois saímos para a área onde ficava a piscina, com cadeiras de repouso, mesas brancas e cadeiras estrategicamente decoradas.H
- Odeio quando apelam para o meu emocional, é realmente o meu ponto fraco! – sua zombaria fez meu sangue ferver, provavelmente seus homens interceptaram o carro em que Paola e sua mãe estavam e Matthia não conseguiu tirá-las da propriedade a tempo e era isso que havia informado a Enrico a pouco. – Mas considerando que isso ofende minha honra, Enrico, terá que fazer melhor. E não sairá barato! – ao dizer a última parte olhou para mim. – Quanto será que está disposto a pagar pela moça?- Diga o seu preço. – repeti as palavras de Enrico.Haruki não pestanejou em pedir dois dos resorts mais movimentados de Manhattan, local onde era concentrado a maior parte dos jogos ilícitos dos cassinos subterrâneos e venda de drogas, somada a uma grande quantia de dinheiro. Jun praguejou baixo ao meu lado ao ouvir a proposta, mas ele sabia que eu aceitaria. Faria tudo por Paola.- De acordo! – ele sorriu com satisfação com a facilidade em que aceitei a proposta e exigiu uma boa quantia de Enrico para q
Finalmente, retornamos à nossa casa, Lee e eu, e depois dos acontecimentos dos últimos dias, parece que estamos longe a meses e não apenas dias, pois o desejo que sinto de senti-lo ultrapassa qualquer raciocínio lógico quando adentramos a casa.- Amanhã acenderei velas aos meus antepassados em agradecimento, podemos considerar um milagre estarmos vivos. – sorri com o comentário de Jun, mas Mei sorrateiramente se afastou de nós, seguindo para seu quarto sob o olhar atento e curioso dele, enquanto Lee olhava para a porta de nosso quarto e quando encontrou meu olhar eu retribui de uma forma que soubesse que eu estava pensando na mesma coisa. – Bem, não quero ser empata foda de ninguém, então vou me retirar, apenas… Façam pouco barulho, as pessoas estarão tentando dormir. – e piscou para mim, revirei os olhos enquanto Lee balançava a cabeça negativamente em uma repreensão divertida.- Ora! Não desconte suas frustrações sexuais em nós, Jun. Qualquer moça da cidade que não o conheça aceitar
Após eu voltar para casa, dias se seguiram e acabei por encontrar uma rotina.Pela manhã, Lee levantava para trabalhar e eu o acompanhava no café da manhã, depois que ele saia, eu trocava de roupa e corria pela propriedade assim como eu costumava fazer na Fazenda, mas sempre acompanhada de seus Red Pole, ou Mei quando ela decidia me acompanhar.Eu costumava percorrer o percurso da trilha que rodeava a casa dentre as árvores, o que me pareceu muito melhor do que as estradas desertas da fazenda, onde o sol e a terra não facilitavam muito.Após a corrida, eu voltava para a casa para tomar banho e fazer minha segunda refeição no dia que consistia basicamente em frutas frescas que Jie sempre comprava para abastecer a geladeira. Lee também havia me dito para fazer uma lista de compras do que fosse querer e repassar para ela, já que as compras das frutas eram semanais, eu apenas atualizava uma coisa ou outra caso quisesse adicionar ou retirar.Lee também costumava cozinhar para mim aos fins
Levantei cedo para me reunir com Jun e os Dai Lo para falarmos sobre os demais negócios que faríamos em novas regiões e definir por voto quem seria o líder daquela região. Quando terminamos, Jun me acompanhou de volta para casa, onde Paola e Mei organizavam o Festival da Lua que aconteceria hoje.Eu e Jun havíamos conversado sobre Mei e nós dois achávamos que alguma coisa além estava acontecendo com ela, mas mantive minha decisão em dispensá-la como auxiliadora de Paola no que se tratava de nossa cultura e língua, pedi que ela procurasse outro lugar para ficar, permitindo apenas que viesse fazer visitas periódicas.Já estava se tornando insuportável ver Jun naquela situação, permitindo que ela brincasse com seus sentimentos.- Eu disse que poderíamos tornar oficial se ela quisesse. – disse ele, no dia seguinte depois da cena que Mei causou. Eu estava sentado em minha cadeira no escritório, enquanto ele estava apoiado num móvel do outro lado da sala, encarando as próprias mãos. – Eu fa
Eu estava exausta depois da festa, que terminou tarde da noite. Meus pais foram embora pouco antes de terminar, pois minha mãe estava cansada e meu pai ficou mais do que feliz em atender seu pedido. A energia vibrante do evento ainda percorria meu corpo enquanto eu adentrava o quarto, levemente zonza por ter bebido um pouco demais no after com Jun e Mei após todos terem ido embora. Ela, a propósito estaria voltando para sua casa em Chicago no dia seguinte, pelo visto ela e Jun haviam decidido ficarem afastados um do outro, o que tanto eu quanto Lee duvidamos que fariam por muito tempo.Cambaleei para a cama e tirei minha sandália, Lee vinha logo atrás, fechando a porta atrás de si. Ele me olhou de cima para baixo com aquele olhar faminto que eu já conhecia bem. Me coloquei de pé e joguei os cabelos de lado, em um convite para que me ajudasse a despir o vestido.- Mei vai embora amanhã. – falei e sua resposta foi apenas um grunhido de confirmação. – Jun e ela pareciam estar bem.- Acho
Eu estava sentado na grande mesa da sala de reunião na casa de meu pai, Jun sendo o meu braço direito estava sentado ao meu lado e todos os outros Dai Lo, inclusive o novo membro. Informei a todos sobre a situação da organização e os negócios que cederia para a Yakuza, e embora muitos não tivessem gostado, todos tiveram que aceitar. Inclusive meu querido primo que olhava para Jun como se fosse comê-lo vivo e certamente não ajudava que meu amigo ficasse com um sorriso débil e provocador nos lábios encarando-o. No fim de reunião falei com Jun, pedindo que ele organizasse tudo para que as negociações fossem feitas corretamente e enquanto isso eu iria até a casa de Enrico para falarmos sobre a sua parte do acordo e tratar dos detalhes. Paola, que agora tinha um telefone celular, me informou quando liguei que Mei já havia ido embora e então entendi o porquê Jun levantou tão cedo esta manhã, provavelmente a fim de evitá-la. E agora eu entendia melhor seu mau humor e porque parecia tão pre
Os dias de recuperação de Lee se seguiram lentamente, deixando-o cada vez mais impaciente. Ele não suportava mais ficar confinado dentro de casa e enquanto ele se curava, eu observava sua frustração crescendo, entendendo perfeitamente sua inquietação e tentando lhe dar apoio, sabendo que minha companhia era a única coisa que o mantinha nos trilhos, seguindo estritamente as ordens que recebemos do médico.Jun, por sua vez, havia resolvido a questão com a Yakuza e deixado claro que qualquer tentativa futura de atacar o líder deles teria consequências graves. Eu admirava a atitude de Jun, pois sabia que seu orgulho não permitiria que ele deixasse impune qualquer afronta à sua família. Era um lembrete de que a fraqueza não era uma opção.Lee não protestou, sabia bem como Jun era e que seu orgulho não o permitiriam esquecer isso tão cedo. No entanto, eu me sentia culpada, por saber que ele havia feito tudo isso apenas para me manter com ele, pelo amor que sentia por mim.À tarde, decidi aj