Kristin estava começando a conviver mais com a população da pequena cidade chamada Torrance Falls. Ela já morava ali há um ano e as suas idas à cidade tinham se tornado mais frequentes. Por isso, eles costumavam ir à casa do lago apenas nos fins de semanas e passaram a morar na casa a cima do bar, que era maior, apesar de ter apenas um quarto. Definitivamente Miguel não queria visitas. Ela se pergunta o motivo pelo qual demoraram para se mudarem para essa casa enquanto olhava ao redor. Como se estivesse lendo os seus pensamentos, ele prontamente responde.
— Como você estava enfrentando um trauma recente, achei melhor um local isolado e calmo do que uma cidade movimentada, é pequena, mas, como percebeu, isso não muda o quão barulhenta ela é. — Kristin entendeu o motivo, ele queria lhe dar paz, fazia pouco mais de duas semanas que moravam ali e isso era motivo para a cidade com
A rajada de vento estava muito forte, a ponto de fazer a cabana ranger, o que os fez pensar se realmente valeu a pena eles terem ido para a cabana, como sempre fazem nos finais de semana. Eles foram a cabana pelo fato de o dia ter se iniciado ensolarado. Se tivesse dado sinais de que, em algum momento que o tempo se fecharia completamente e teria ventos tão fortes, provavelmente teriam ficado em casa. Embora fossem à cabana aos finais de semanas, eles retornavam à cidade à noite para cuidar do bar e retornavam à cabana após o fechamento. O local era um refúgio para os dois, um local seguro e isolado de tudo e todos, era onde eles se sentiam em paz.Como em todas as madrugadas, Kristin acordou gritando “Não”, despertando de mais um pesadelo. Miguel e Lupin estavam ali com ela. O homem a apertava contra seu corpo, dizendo que tudo estava bem, que as crianças estavam bem. Lupin, por sua vez, observava a cena deitado sobre as pernas humanas. A mulher chorava contra o peito do mais velho, q
A temperatura na cidade era alta. Elizabeth ainda não havia se acostumado com a temperatura. Odiava calor e, em todas as cidades que morava com Austin, era o próprio inferno. Várias vezes, disse que eles poderiam ir para outro país, até mesmo para outro continente e viver melhor do que ficar apenas no continente americano fugindo de cidade em cidade. Agora, eles estavam morando no Texas em uma cidade pequena e o calor ali era acima dos 37 graus. Não gostava do calor constante, era extremamente desconfortável, se sentia como um bacon frito. Contudo, não poderia comentar mais sobre isso. Austin tem sido bastante agressivo, não era como se ela não esperasse por isso, uma vez que a sua filha era constantemente agredida.Ao contrário de Kristin, ela não tinha nada que a impedisse de abandonar o rapaz e fugir para lugares mais decentes, como Paris, Londres ou Maldivas, lugares que ela achava que era
Kristin se desvencilhou do homem sentando-se na cama ao acordar. Passaram a noite anterior, praticamente, grudados. Em alguns momentos, ela chorou horrores dizendo que morreria de verdade agora. Ele sabia que logo mais tudo seria resolvido. Eles saíram dessa cabana que, pela primeira vez, parecia tão pequena e sufocante, diferente de seu apartamento, que apesar de ter apenas um quarto, era bem maior que esse lugar. Miguel já havia acordado há algumas horas, mas não se afastou da Ruiva. Durante a madrugada, ela parecia mais sensível do que nos últimos dias. Ele compreendia que isso era principalmente a saudade de uma mãe pelos filhos.Ele, por exemplo, sentia falta dos seus filhos, mas ambos decidiram se afastar. Felipe se afastou logo após o divórcio de seus pais e Ryan escolheu forçar Kristin a casar com ele, sabendo que, se ousasse fazer isso, perderia a aproximação que tinha do pai.
Kristin acordou com o outro lado da cama vazio. Suspirou tristemente, imaginando que Miguel havia se arrependido do que houve na noite anterior. Ela estica-se na cama frustrada e abre os olhos para encarar a rejeição. Grita de susto ao ver o homem escorado na porta, com os braços cruzados na altura do peito, coberto de neve. Ela ergue uma sobrancelha em dúvida.— Bom dia, Lírio. — Ela sentiu as bochechas esquentarem no mesmo instante em que percebeu o sorriso dele, ele tira a neve dos ombros, o casaco e tira as botas, a cabana estava quietinha, provavelmente diferente do lado de fora que deveria estar abaixo de 0. — A energia voltou, fomos resgatados e só estava esperando você acordar. — Disse isso, caminhando até ela, que se sentou na cama, sentindo as pernas tremerem. Miguel sentou ao lado dela, encostando as costas na cabeceira. — Imagino que você esteja confusa. Também fiquei
Kristin tem a sensação de estar sendo observada há alguns dias, agora mesmo, ela jurava que viu alguém na janela da cabana, observando enquanto ela e Miguel dormia. Ela estava se virando para voltar a dormir no peito do mais velho quando viu uma sombra na janela. Naquela noite, eles não haviam fechado as cortinas, o homem ao seu lado acordou com o grito dela, os cachorros apareceram no quarto, ela chorava compulsivamente e desde então ela tem ficado mais paranoica, mas sua psicologa a ajudava a superar isso. Miguel também ajudava, da sua forma, com carinho e cuidado, sempre enfatizando que cuidaria dela. Ele iria verificar se havia alguém por perto, mas Kristin pediu para que ele permanecesse com ela. Ela sabia que, caso ele saísse, algo poderia acontecer e preferia que todos ficassem seguros. Ela só permitiu que ele deixasse a cabana depois que a xerife chegou para verificar se havia alguém ao redor, mas devido à neve, não soube informar. Se repetisse, eles teriam que
O tempo estava mais frio do que o habitual. Kristin não queria sair da cama quentinha, mas era necessário. Ela precisava ajudar Miguel no bar, levantou-se da cama, se espreguiçando, e saiu do quarto. Ela estava sozinha na casa. Havia passado o dia todo deitada e com preguiça de fazer qualquer coisa. Sentia saudades de seus filhos, nesses dias Miguel a deixava mais confortável possível. Junto a isso, havia o recente medo de Austin, fazia duas semanas que ele não aparecia.Após comer algo e tomar um banho, ela se vestiu com uma camisa gola alta marrom, uma calça jeans escura e um tênis básico. Desceu para o bar, encontrando o homem de costas para a entrada do apartamento. Os cachorros estavam dormindo abaixo da escada. Ela andou até o mais velho e passou as mãos geladas por dentro da camisa dele. Ele tomou um susto, tanto pelo contato repentino quanto pelas mãos geladas nas su
Ryan tentava ser o melhor pai possível para a adolescente em crescimento, mas estava cada dia mais difícil. Toda semana era uma briga diferente, por motivos derivados. Sentia falta de Kristin, sabia que ela lhe daria muito bem com a sua cópia em miniatura. Ele não se irrita tanto, porque sabe que é uma fase normal para todo pré-adolescente, até ele teve essa fase. Ele realmente tentava ser um bom pai, apesar de ser extremamente protetor. Eles chegaram a um acordo, como ela gostava de ir ao seu escritório, ele permitiu que ela fosse todos os dias após sair da aula sozinha, afinal não era muito longe. Ele estava esperando na frente da empresa, aguardando para irem comer no restaurante preferido dela. Ryan olhou para o relógio pela milésima vez e ficou preocupado. Ela costumava atrasar-se em no máximo 20 minutos. Após ligar para ela mais de cinco vezes, ele resolveu ligar para o colégio. Foi informado que ela já tinha saído a mais de uma hora, ao ouvir isso, sentiu o calafrio percorrer p
Kristin nem se quer ouviu o som de um carro chegando, tomou um susto quando sentiu uma mão tocar seu ombro. Ela ergueu o olhar choroso e viu Ícaro. O homem a olhava com os lábios entre abertos, sem acreditar que era sua amiga ali, Kristin se levantou e abraçou. Ele retribuiu o abraço, acariciando as costas da mais nova, para acalmá-la. — Se acalma, gatinha. — Ele diz a apertando em seus braços, ele sentia tanto a falta dela que não conseguia conter as lágrimas de felicidade, ele sussurra que tudo ia ficar bem e ia dar certo. Ícaro não desejava saber onde ela esteve ou o motivo de ter sumido. Ele não desejava saber nada disso, apenas desejava que aquilo não fosse mais um dos inúmeros sonhos que teve com sua melhor amiga. Na maioria das vezes, eles apenas conversavam sentados em algum lugar aleatório sem sentindo conversando sobre suas vidas. Ele comentava sobre o cansaço do trabalho e ela apenas o ouvia, e às vezes lhe dava broncas. Para ele, o que importava era a sua volta. É claro q