Vermelho, era só no que Maria conseguia pensar enquanto arrumava-se para o casamento da filha do chanceler.
— Se continuar a suspirar desse jeito vão começar a achar que estás com alguma doença respiratória. — Amily comentou, enquanto penteava os longos e macios cabelos da irmã mais nova.
— Ele é tão maravilhoso minha irmã.
Amily fez uma careta engraçada.— Tudo bem! Se tu dizes quem sou eu pra duvidar.
Maria sorriu animada.— E você com lorde Briene, ele era só sorrisos a você que eu vi.
Amily deu de ombros sem vontade.— Ele foi gentil, somente isso. — Maria olhou para ela sorridente. — Ora não me olhe assim, ele só foi extremamente gentil e respeitoso. — Maria riu mais ainda pela face corada da irmã.
— Se tu dizes, quem sou eu para duvidar.
Amily puxou seu cabelo de leve.— Idiota!
Ambas ficaram em silêncio por alguns minutos.Amily estava dividida entre pensar sobre o noivo, ou pensarVerde, a mais pura e viva cor, Hayel nunca gostou muito de jardins ou campos com verde em excesso, mas estranhamente a estufa de lady Amélia lhe chamava bastante atenção. Talvez a predominância de flores, arbustos e ervas tivessem variadas colorações, tamanhos e cheiros, mas lá estava ele o magnífico verde presente em todas elas, dando contraste ao rosa, vermelho, amarelo e outras infinidades de cores chamativas.Hayel estava a mais de duas semanas no palácio real da Hermania com seu pai e seu noivo Heitor Graham. Estava sendo cortejada oficialmente a dois meses, mas estranhamente seu noivo não transbordava emoção alguma além de apatia para com aquele noivado. Hayel não pediu para casar-se, muito menos com o filho do duque, tentou deixar aquilo bem claro logo no primeiro encontro oficial de ambos, mas ele era tão empossado do próprio orgulho que não escutava aquilo que não lhe convinha.O pai e o noivo estavam a mando do rei Ivan para tratarem de assuntos do reino,
Uma Semana Depois…A casa maior nunca estivera tão quieta em toda sua longa história de moradores, Maria era a única sem motivos para silêncio e melancolia, mas era puxada para aquela aura de qualquer forma. Lady Catarina estava viajando com a nora e o filho para Polimenia, eles estavam estranhos e com cara de choro, mas nada disseram. O conde estava trabalhando como nunca por causa da onda de ataques dirigidas pelos rebeldes de Krivis. Amily estava em seu quarto desde o casamento de lady Emily, só saía para comer e tomar sol, nada mais. Nem quisera falar com a mais nova e isso era completamente estranho para Maria.Islia e Victor viriam em dois dias para casa maior, assim como Heitor e Hayel, exigência do conde por conta dos ataques ele queria toda família em um só lugar. William e Ethan não deram notícias desde o casamento, segundo o conde eles estariam trabalhando muito durante a semana no palácio a pedido do rei e estavam sem tempo para visitas formais as noivas.
(…)Fogo…Calor…Errado…Completamente errado...Porque justo com ele, ela não podia sentir o que estava sentindo à medida que ele movia os lábios junto aos dela, isso era extremamente errado, mas por que ela não conseguia parar? Por que havia fechado os olhos? Esse momento não lhe pertencia, era de William.William...Maria abriu os olhos institivamente lembrando dos belos traços de seu noivo. Empurrou Victor com brutalidade e lhe deu as costas completamente atordoada, e sem rumo certo voltou-se a caminhar cambaleante para qualquer lugar que lhe fizesse esquecer o que lhe aqueceu fervorosamente por breves segundos.Victor olhava o ponto louro desaparecer fora dos estábulos. Podia ir atrás dela e lhe implorar por perdão, mas ele apenas se limitou a sorrir de canto.— Você será minha! — Murmurou sorrindo largamente.Enquanto acariciava seu belo Faizão negro, o beijo lhe voltava a cabeça inúmeras vezes, mas nada se comp
Pálacio Real, dois dias atrás…As passadas imponentes que se seguiam salão a dentro, deixavam todas as pessoas de fora amedrontada por tamanho porte daquele homem. William sempre fora centrado em tudo que fazia, desde criança preferia ser o mais responsável possível, pois nunca se saberia se viria a ser rei um dia, mas sabia que isso jamais aconteceria.Queria poder sair daquele castelo e visitar sua tão estimada noiva, mas estava proibido, assim como todo o resto. Seguia em direção ao salão real, onde sua irmã e o duque de Estival, o esperavam há alguns minutos.A figura loira elegantemente vestida de costas para os vitrais da janela, virou e sorriu largamente ao notar seu querido irmão de braços abertos a encarando.— William! — Safira jogou-se sobre o irmão em um abraço apertado e cheio de saudades.— Safira! — Exclamou o mais novo feliz, apesar de sua feição demonstrar o contrário.— Quanto tempo meu querido. — Safira se pôs a analisa-lo
(...)Pensar rápido!Amily tinha o sangue por inteiro na face, as passadas rápidas de Heitor, a cena logo abaixo de si, sua mente estava desprovida de qualquer coisa, especialmente raciocinar logicamente.— Amily você… Ela não pensou, apenas o beijou desesperada.Literalmente.Heitor que até então estava desnorteado, finalmente circundou a fina cintura da dama e a retribuiu com desejo insano que não tinha a dias.Amily acalmava-se à medida que ele apertava sua cintura e o desejo ia os consumindo lentamente, e mesmo que seus pulmões estivessem sedentos por falta de ar, nem assim soltaram-se.O beijo fora finalizado com delicados selinhos, e por fim apenas testa com testa.— Por que fez isto? — Heitor perguntou ofegante, sem solta-la.Amily ficou tensa e lembrou de o porquê ter feito aquilo. — Me perdoe. — Disse entre um suspiro pesado.Não podia tê-lo beijado, ele mesmo a recusou fielmente quando conversara
Com a respiração pesada e ofegante, Heitor chutou a primeira coisa que viu pela frente.Estava em um misto de emoções que poderiam facilmente desestabiliza-lo em questões de segundos. Não conseguia entender Amily, ontem havia o beijado de forma tão intensa que por um segundo sentiu vontade de largar tudo por ela, mas hoje faz isto.Bater na própria irmã... Grávida!Quando Hayel começou a se explicar noite passada, Heitor esperava qualquer coisa, menos que ela estivesse grávida novamente, mas agora… — Por mil infernos!Victor assistia a cena que seu irmão fazia com os braços cruzados.— Não acho que se descabelar fará alguma diferença irmão. — Comentou o mais novo revelando-se. — Quer conversar?Heitor suspirou pesado e sentou-se no chão perto do mesmo. — Eu sei que a culpa é minha. — Confessou tristemente. — Eu deveria ter parado, ou melhor, não podia nem ter começado, mas…— Você a ama! — Concluiu Victor como se fosse óbvio.Heitor arregalou os olhos c
(…)— Tu e Heitor?Hayel arregalou os olhos sem querer entender. Amily mordeu o polegar procurando um jeito de dizer aquilo sem ferir o ego da irmã mais velha.— Preciso que me escutes antes de fazer ou dizeres qualquer coisa, entendeu? — Mesmo temerosa, Hayel assentiu. — Tu precisas saber, que nem eu ou ele planejamos tal coisa. Quando fomos apresentados, logo senti antipatia por ele. — Hayel lembrava-se bem do momento em que seu marido fora apresentado a irmã, e ela nem ao menos olha-lo nos olhos. — Ele era tudo o que eu esperaria em um cunhado. Sempre perfeitinho, quase nunca mal educado, ou rigoroso com o filho. Particularmente, nunca amoroso contigo, era o que eu percebia, mas foi quando eu torci o tornozelo que tudo pareceu fazer sentido para mim.— Do que estás a falar Amily?A morena já notava a falha na voz da irmã, mas não se permitiu ceder.— Duas noites antes, eu tinha feito uma tolice e Heitor acabou por me dizer coisas desagradáveis, qu
O dia estava bonito, Ethan queria sair e caminhar pelos jardins, mas seu corpo não o obedecia. Tudo em sua cabeça, em seu coração, em seu âmago mais profundo, queria estar com Hayel, tudo nele, desejava tudo nela.Entre um suspiro e outro, embainhou sua espada e seguiu vagarosamente até a sala do trono. Queria conversar com alguém, queria tirar aquela mulher da cabeça, mas desanimou assim que viu o estado deplorável de William, e a face distante de seu primo Nicholai.Ambos pareciam estar em um mundo completamente paralelo a este, e talvez, só talvez, Ethan os entendesse. — Me parece que todos estamos a divagar hoje. — Comentou em um riso contido. — É patética nossa situação. Todos aqui, aceitando o destino designado a nós… — Sentou-se perto da janela, enquanto era observado por Nicholai e William. — E me parece que daqui para frente, tudo só tende a piorar.Nicholai suspirou baixo. — Vivemos em um ciclo limitado, só podemos ser, aquilo que todos esperam de nós.—